Europa em duas rodas

Um artigo do jornal espanhol El País, publicado no último dia 10, fala sobre os incentivos ao uso da bicicleta em algumas cidades da Europa. Em resumo, o que diz o texto é o seguinte:

ParisLondres, na Inglaterra, investe em educar, informar e incentivar os ciclistas, mais do que em ciclovias ou estrutura viária. Todo ano se organiza uma semana dedicada à bicicleta, divulgação das rotas mais seguras (o que me lembra o projeto ciclo rede) e revisões gratuitas para verificar se estão em boas condições de uso. O maior problema para os ciclistas lá é o trânsito pesado e a falta de locais seguros para estacionar as bicicletas (lembra algum lugar?).

Paris, na França, tem 200km de vias exclusivas para bicicletas e mais 70km de vias compartilhadas (com ônibus, pelo que entendi). Lá os ciclistas podem ser multados. Luzes, freios em bom estado e buzina são obrigatórios. Quando chega a primavera, é comum ver grandes grupos de turistas conhecendo a cidade de bicicleta. Há muitas ofertas de pacotes turísticos para se conhecer a cidade (e o país) desse modo. “Fantastique!”

AmsterdamEm Amsterdam, Holanda, 50% dos 750 mil habitantes usam a bicicleta todos os dias. Há muitos roubos de bicicletas, 50 mil por ano. Há uma rede cicloviária por toda a cidade, exceto no coração dos canais, onde as ruas são estreitas e cheias de carros. Os ciclistas também podem ser multados e luzes na bicicleta são obrigatórias. Há alguma dificuldade de encontrar espaço para estacionar, mas creio que seja mais pela enorme quantidade de bicicletas.

Em apenas cinco anos, Estocolmo, na Suécia, quadruplicou a quantidade de viagens diárias em bicicleta. Os motivos principais para o aumento foi a conscientização quanto aos benefícios à saúde (individual e coletiva) e à preservação do meio ambiente. Foram construídas pistas específicas ao lado das vias de tráfego automotivo e estima-se que existam 350km de vias específicas para bicicletas. O órgão que cuida do tráfego da cidade tem um departamento dedicado ao uso da bicicleta como meio de transporte. Uma das vantagens trazida pelo aumento do uso da bicicleta foi a perceptível melhoria na qualidade do ar.

Em Roma, na Itália, a utilização da bicicleta encontra dificuldades, pois as ruas são estreitas, há desníveis e calçamento antigo. As ciclovias e ciclofaixas são poucas e mal conectadas, possivelmente também mal planejadas (lembra algum lugar?). Os dados oficiais falam em 150km, mas a Critical Mass de lá diz que apenas 50km são realmente úteis para transporte. Entretanto, a prefeitura está empenhada em favorecer o uso da bicicleta e tem atuado através da integração com o transporte público, adaptando ônibus, trens e metrô para transportar bicicletas em determinadas faixas de horário e criando estacionamentos nos terminais de metrô e trem. Os ciclistas têm aumentado em número graças a diversas campanhas, entre elas um guia para os ciclistas elaborado pela Federação Italiana dos Amigos da Bicicleta, que pode ser comprado em todas as bancas.

Videos de “commuting”

Pesquei na internet alguns vídeos que mostram as pessoas indo para o trabalho de bicicleta na Europa e também um nos EUA, só para contrastar. Divirtam-se.

EUA (não dá para saber a cidade): dá para perceber bem a estrutura viária feita só para carros, a estrada não tem nem acostamento, só uma calçadinha muito estreita para os pedestres.

Amsterdam: muitas, muitas bicicletas!

Dublin (Irlanda): esse vídeo é o melhor! Veja meus comentários sobre ele aqui.

Bruxelas, na Bélgica: o ciclista está usando uma bicicleta dobrável.

Paris: nesse vídeo o ciclista está em uma via compartilhada com os pedestres, longe dos automóveis.

Londres: Video muito bom, com legendas contando o nome dos lugares onde o ciclista passa. O chão molhado e o tempo fechado não tiram a beleza do passeio (porque ir para o trabalho de bicicleta é sempre um passeio). Gostei da trilha sonora. 🙂

5 comentários em “

  1. Oi Leonardo. A intenção não foi mostrar prosperidade e sim as políticas públicas efetivas quanto ao uso da bicicleta como meio de transporte, que praticamente inexistem por aqui. Temos até bastante coisa no papel, mas pouca na prática.

    Pelo seu comentário, de que teve duas bicicletas roubadas e está na terceira, entendo que você faça uso freqüente dela, provavelmente como meio de transporte. Aqui na cidade de São Paulo, dá para contar nos dedos de uma mão os médicos que usam esse modal e é aí que está a diferença que eu tento ressaltar. Não quero dizer para todos aqui fugirem para a Europa, muito pelo contrário! Quero mostrar boas idéias que podem, até certo ponto, serem implementadas aqui, além de mostrar a diferença de mentalidade dos governantes dessas cidades em relação a esse meio de transporte.

    Meu texto inclusive cita a falta de segurança para estacionar em Londres e a grande quantidade de roubos de bicicletas em Amsterdam, o que vai ao encontro de seu comentário. Infelizmente a matéria do jornal El País que eu utilizei como base para escrever esse artigo não fazia referência a roubos de bicicletas na França. Seu comentário vem, portanto, complementar a informação desse post, pelo que lhe agradeço.

    Um abraço,

    Willian Cruz

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  2. Seria ótimo que houvessem ciclovias em muitas partes da cidade ….diminuiria a poluição e incentivaria ao mesmo tempo a prática de exercícios melhorando a saúde do ser humano , diminuiria o trânsito de carros …enfim é uma ótima!

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  3. Olá! Uso bicicleta como meio de transporte há 15 anos, desde os meus tempos de estudante em Porto Alegre (e olha que POA é megaacidentada), de pessoa feliz em NY, e agora, tempos de trabalhadora no Rio de Janeiro. É uma pena que a cultura “bike” no Brasil seja vista apenas como lazer. A pessoa tem que pegar o carro, equipar com suporte de bicicleta para só então poder pedalar à vontade em algum parque. Ciclovias deviam ser mais que estimuladas, deviam ser obrigatórias! Imagine Sampa com vias especiais para bike? Com certeza, além de melhorar a qualidade do ar, melhoraria a saúde e o humor do brasileiro, que nestes tempos pós-Copa-fiasco têm estado tão caidinho… Adorei o post, parabéns!

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  4. Sou médico na França tem pouco mais de um ano. ja estou na terceira bicicleta ( ja me roubaram duas). Pra quem pensa que a Europa é um mar de prosperidade e segurança é melhor se informar mais.

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