Conversa de elevador

Ciclista entra no elevador da empresa com a capa de chuva pingando, segurando o capacete. Entram mais duas pessoas. Em seguida uma mulher de classe média alta, trinta e poucos anos, com a chapinha em dia, entra e se espanta:

– Nossa, que coragem pra vir de bicicleta, hein?

– Coragem tem que ter pra vir de carro, brinca o ciclista.

– Ah, pra mim não funciona. Imagina, eu vindo de bicicleta?

– É só ver a vida com outros olhos…

Alguns segundos de silêncio. As pessoas se entreolham, pesquisando reações.

– Você vem de onde? – ela pergunta.

– Praça da Árvore. Dá uns 10 km.

– É, não é tão perto…

Mais alguns segundos de silêncio, a porta se abre, o ciclista desce e se despede, com o mesmo sorriso que usa para pedalar nos dias de sol.

2 comentários em “Conversa de elevador

  1. O melhor diálogo é o:
    – Não tenho coragem de vir de bike. É muito perigoso.
    – Na verdade, é tranqüilo. É só vir por esse, esse e esse caminho.
    – Ah, tá?
    – Então por que você não vem.
    – Ah, não tem onde guardar a bicicleta.
    – Instalaram um bicicletário no subsolo.
    – Ahm…
    – E então?
    – Ah, e para trocar de roupa, muito complicado.
    – Olha, você traz a roupa dobradinha, usa o vestiário…
    – Ah…
    – E aí, decidiu vir?
    – Não, na verdade prefiro vir de carro mesmo.

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  2. Hehehe. Hoje de manhã a minha aluna chegou uma hora atrasada, dizendo que achava que eu, vindo de bike, ia me atrasar por causa da chuva. Expliquei pra ela que o meu tempo de trajeto não é consideravelmente influenciado pelo clima ou trânsito.

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