Antes dos reparos: balde desenterrado, canteiro desarrumado, placas caindo.

Memorial Márcia Prado sofre tentativas de depredação e precisa de sua ajuda

A ghost bike de Márcia Prado tem sofrido tentativas recorrentes de retirada. Nessa quinta 21, ciclistas se encontrarão para ação de manutenção, a partir das 11h

Nessa quinta-feira, 21 de abril (feriado), ciclistas se reunirão no Memorial Márcia Prado (veja mapa) para fazer a manutenção da ghost bike, a partir das 11h da manhã.

Toda ajuda é bem vinda, mesmo que seja apenas sua presença. Mas, se puder colaborar, flores são sempre bem vindas. Alguns pretendem plantar mudas no canteiro.

Também será necessário usar pá de jardinagem, tinta spray branca, martelo, pregos, arame, alicate, hastes de madeira, uma pequena serra. Se você tiver alguma dessas coisas, leve, serão úteis. E se alguém puder providenciar, seria interessante afixar no canteiro pequenas placas com os dizeres “os ciclistas de São Paulo cuidam desse local” – ou o que sua imaginação mandar.

Divulgue a ação e, se estiver em São Paulo no feriado, apareça. Nos vemos na quinta-feira.

Depredação

O memorial em homenagem a Márcia Regina de Andrade Prado tem sido vítima constante de tentativas de retirada e depredação.

Note pela foto que o principal balde de concreto foi desenterrado, numa provável tentativa de retirar a bicicleta de lá. O painel atrás está soltando, as placas pequenas foram todas arrancadas, a faixa sumiu. As mudas também desapareceram do canteiro.

Há apenas três meses, quando foi feita a última homenagem no local, o balde de concreto foi corretamente enterrado, havia várias placas pequenas ao longo do canteiro e uma grande faixa. A placa que se vê ao fundo, à esquerda, encaixada em uma árvore, estava afixada em hastes de madeira.

Histórias suspeitas

Em 2010, a parede lateral do canteiro, onde se lê “Márcia Vive”, foi misteriosamente coberta por tinta para esconder a frase. A tinta foi aplicada somente onde havia os dizeres, não em todo o canteiro, o que praticamente exclui a hipótese de ter sido uma obra de manutenção da administração municipal. Aliás, a Prefeitura de São Paulo tem respeitado o Memorial desde sua instalação.

No dia 6 de fevereiro de 2011, um domingo à tarde, um carro sem placas estava estacionado próximo à ghost bike e três homens mexiam nela. Interpelados por um ciclista que parou para ver o que acontecia, disseram estar “arrumando” a bicicleta para não cair. Quando saíram, ela estava com o balde de concreto desenterrado, numa clara tentativa de retirada. Alguns dias depois, ciclistas reenterraram o balde de concreto e ajeitaram sua posição.

Agora, em abril, percebe-se novamente que o balde está desenterrado. As placas foram retiradas, as mudas arrancadas e o memorial está sendo descaracterizado.

Mas por que retirar a ghost bike dali? A quem ela incomoda? Não se pode afirmar com certeza, mas a reportagem abaixo faz pensar. Assista.


Mantenha a lembrança viva!

A importância maior do Memorial é tentar impedir que uma agressão como a que ocorreu com Márcia seja vista como algo normal, que simplesmente “acontece” e que deve ser aceito bovinamente como preço por andar de bicicleta nas ruas de uma grande cidade. Não! Nos recusamos a aceitar que a cidade seja assim e vamos continuar nos esforçando para que isso mude.

É preciso lembrar o absurdo do ocorrido e mostrar a todos – motoristas, imprensa, poder público e até mesmo os outros ciclistas – que esse tipo de agressão é intolerável, não será digerido nunca e não pode ocorrer novamente. Não podemos deixar que tamanho desrespeito à vida de alguém se repita por aí. Em lugar nenhum.

Se a ghost bike for retirada, tenho certeza de que reaparecerá tão misteriosamente quanto se desaparecimento. Aquele espaço é místico, coisas inexplicáveis acontecem ali. E o que desaparece, volta a surgir rapidamente.

Quem foi Márcia Prado

Em 14 de janeiro de 2009, Márcia foi morta por um motorista de ônibus irresponsável, que lhe tirou a vida covardemente em plena Av. Paulista, como punição pelo “crime” de andar de bicicleta na faixa da direita em uma avenida com três outras pistas disponíveis.

Ao fazer o que chamamos de “fina educativa” (passar perigosamente perto de um ciclista para ensinar-lhe a não pedalar na rua), a lateral do ônibus tocou no guidão de Márcia, que caiu sob o ônibus sem oportunidade de tentar escapar.

No dia seguinte, foi realizada uma homenagem, com a presença de parentes, amigos e muitos ciclistas. Dois dias depois de sua morte, foi instalada uma bicicleta branca em frente ao local, numa homenagem conhecida no mundo todo como ghost bike.

Entenda melhor os motivos para essa homenagem e conheça as outras ghost bikes de São Paulo, clicando aqui (role a página).

3 comentários em “Memorial Márcia Prado sofre tentativas de depredação e precisa de sua ajuda

  1. Vão acabar arrancando e pronto.

    “Qué que esses ciclistas otários tão pensando, que eles são donos daqui? Essa porra vai sair é já! Quero ver fincarem outra, vão tomar é porrada!”

    Preparem-se pra enfrentamento com os seguranças da obra.

    Ou, vamos precisar de apoio político, ou fazer uma sentinela militante, ou lamber uma botinha, de leve: “Este minumento é uma iniciativa e cortesia de CONSTRUTORA TAL e de SHOPPING X, onde você faz suas compras com muito mais segurança e o estacionamento é grátis nos primeiros 30 minutos”

    KDF

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