Shopping Bourbon: a saga continua

Depois da mobilização dos ciclistas contra o tratamento preconceituoso ao chegar de bicicleta no Shopping Bourbon de São Paulo, a empresa tentou readequar seus procedimentos. Mas ainda precisa melhorar.

Ciclismo investigativo

No mês passado ciclistas se mobilizaram para reclamar com o Shopping Bourbon, localizado na Zona Oeste de São Paulo, sobre a discriminação que sofriam ao tentar acessar as dependências do centro comercial pela mesma entrada que os outros veículos. Sempre mandavam o ciclista desmontar da bicicleta e entrar empurrando pela passagem de pedestres.

Tal atitude não pode descartar a possibilidade de que o ciclista prefira entrar no estacionamento pedalando e se direcione até os paraciclos do UseBike. Uma das vantagens da bicicleta é a característica “híbrida” que ela oferece, ou seja, ao mesmo tempo que somos tão veículo quanto carros e motos, é só descer dela para voltarmos a ser pedestres. Isso acontece graças à leveza, praticidade e baixa periculosidade deste meio de transporte para com outros cidadãos.

Ter estrutura segura de estacionamento para bicicletas não significa necessariamente que os ciclistas estão sendo bem tratados! Muitos estabelecimentos em São Paulo – desde bares, restaurantes, pizzarias, padocas – apesar de não possuírem paraciclos, tratam o ciclista de maneira IMPECÁVEL. Atitude que fideliza e atrai mais clientes! (Falarei mais sobre esse assunto em breve. Aguardem)

Depois de e-mails, telefonemas e diversas reclamações registradas, a equipe do Vá de Bike recebeu esta resposta da Assessoria do Shopping:

“O Bourbon Shopping SP informa que possui estacionamento exclusivo para ciclistas, o Use Bike, com 20 vagas, visando o bom atendimento dos clientes do empreendimento. Para facilitar o acesso dos ciclistas às vagas, o Bourbon Shopping está adotando duas entradas:

Pela passagem de pedestres, o ciclista deve descer da bicicleta para ter acesso ao estacionamento, garantindo assim a sua segurança e a de pedestres, principalmente crianças, idosos e cadeirantes.

Já pela cancela de veículos, o ciclista pode acessar normalmente, dirigindo sua bicicleta.”

Em seguida, o leitor Diego Aguiar comentou no facebook que os próprios seguranças do Shopping alertaram “que poderia entrar pedalando sem problema algum”.

Pensando nisso, fui lá pessoalmente conferir:

Impressões:

Como vocês puderam perceber, há controvérsias sobre que postura adotar diante do ciclista. Resultado: Desinformação, funcionários confusos e ciclistas desorientados.

Na saída do estabelecimento passei por uma situação ainda pior, o funcionário me parou pra avisar que eu não podia pedalar ali (como se eu estivesse brincando ou passeando num parque). Questionei por onde poderia ir e ele disse com convicção: “pelo acesso junto aos pedestres” / “Mas eu sou um veículo” / “Não é não! Aqui só pra carros!”

Como eu já estava quase na rua, continuei meu caminho e não precisei retornar, mas fui embora com a sensação – repetida – de não querer nunca mais voltar ali. Déjà-vu infeliz!

35 comentários em “Shopping Bourbon: a saga continua

  1. e minha resposta ao Sr. Ivan :

    “Prezado Sr. Ivan,

    Obrigado pela resposta, pois sinceramente, eu não esperava receber resposta alguma.

    E posso deduzir que meu meio de transporte oferece mais riscos do que as motos e carros que circulam livremente dentro do campus, e certamente é mais fácil proibir do que educar os futuros cidadãos desse país a conviverem de forma harmônica com os diferentes meios de transporte, a apresentar soluções viáveis para a mobilidade urbana, desmistificando o uso das bicicletas apenas como atividades lúdicas. É um grave erro considerar que bicicletas são utilizadas apenas como forma de lazer, ou que são necessárias ciclovias para o uso adequado das bicicletas.

    A bicicleta é a antítese mais perfeita ao carro particular: é a melhor forma de utilizar a energia para o transporte individual terrestre, é bastante racional na utilização do espaço, desenvolve velocidades compatíveis com a segurança urbana, promove o bem estar e permite a integração com a cidade, características diametralmente opostas àquelas oferecidas pelo automóvel (por exemplo).

    Esse pensamento do parágrafo anterior provavelmente é o meu grande motivador para tentar abdicar do transporte motorizado em meu cotidiano, e enfim, se eu e meu meio de transporte não somos bem-vindos, como se trata de uma instituição privada, creio que não há muito mais a ser feito a não ser o meu boicote e o repúdio já manisfestado.

    Recomendo, caso haja interesse, os artigos sobre mobilidade urbana e bicicletas:

    http://vidasimples.abril.com.br/edicoes/070/grandes_temas/indexbike.shtml
    http://vadebike.org/2006/06/por-que-ir-de-bicicleta/
    http://www.escoladebicicleta.com.br/
    http://www.apocalipsemotorizado.net/sociedade-do-automovel/

    Uma ótima semana !

    Davi Marski Filho”

    Comentário bem votado! Thumb up 5 Thumb down 0

  2. Prezado Willian, veja só a resposta oficial do IASP… é a velha descula do “nós não temos uma ciclovia”… e as “bicicletas oferecem perigo”….:

    “Sr. Davi,

    Este assunto seria melhor uma conversa pessoal para o Sr. entender os motivos desta medida preventiva.

    Apesar de estar aqui a pouco tempo, esta decisão existe praticamente em todos os nossos internatos por onde trabalhei.

    No nosso caso não se trata de discriminação alguma, longe disso, mas um prevenção para evitarmos acidentes dentro do nosso campus que poderiam causar danos a nossos alunos internos, externos e comunidade.

    Um exemplo claro disso é o nosso internato com mais de 430 adolescentes que se pudesse trazer suas bicicletas de casa ou usar bicicletas emprestadas poderiam causar problemas, andando em nossas calçadas por onde passam professoras com alunos pequenos no IASPINHO, ou andando irresponsavelmente pelas ruas.

    Se tivéssemos em nosso campus uma ciclovia, este assunto seria tratado totalmente diferente.

    Conto com a compreensão desta decisão que preza pela segurança dos alunos internos, externos e comunidade.

    Grato,

    Ivan de Almeida
    ivan.almeida@unasp.edu.br

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    1. Resolvi não aceitar calado sua resposta padrão, IASP.

      Sr Ivan, Sra Charlise

      Reitero minha posição anterior: é inaceitável para um instituto de educação adotar políticas discriminatórias perante as pessoas e seus meios de transporte, meios este legitimados pelo Código Nacional de Trânsito em todas as vias.
      A política de se evitar acidentes deveria começar pela restrição aos abusos cometidos por pessoas a bordo de veículos automotores, que, caso o Sr. não esteja informado, são a maior causa de morte entre pessoas de menos de 24 anos no Brasil, causa esta definida como ‘acidental’.
      O abuso criminoso da velocidade, a negligência e o desrespeito à vida é que deveriam em primeiro lugar ser combatidos para diminuir as mortes por acidentes contribuindo, como instituição de ensino, para o aprimoramento das relações humanas no Brasil.
      A adoção de meios de transporte não-poluentes, e que promovem a melhoria da saúde de seus usuários, deveria estar na pauta de todas as instituições de ensino do Brasil. A proteção das pessoas deveria ser privilegiada, e não a priorização do tráfego de veículos automotores.
      Agradeço pela sua atenção e manifesto minha indignação com a sua postura e a de sua instituição, que considero incompatível com qualquer pretensão de educação em um país civilizado.
      De minha parte pretendo assegurar que esta sua atitude seja divulgada amplamente, para conscientizar as pessoas que se importam com a preservação da vida e com a educação de seus filhos.

      Saudações,

      Tiago Barufi

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  3. Hoje aconteceu um negócio mais do que bizarro comigo… fui barrado – barrado mesmo – por seguranças truculentos e irônicos em uma ESCOLA !!! na verdade, dentro da tal escola tem um mercadinho, e fui lá, de bike, comprar arroz integral, etc… quando fui sair, na portaria da escola, os seguranças chegaram e disseram que “não podia entrar de bicicleta”… eu até tentei argumentar… mas tive que ouvir quieto que “de carro pode, de bicicleta não”…

    Fiquei tão estarrecido com a visão retrógrada do estabelecimento de ensino que até fiz um post sobre isso no meu blog: http://www.blog.marski.org/?p=2120

    E mandei email para o mercadinho e para a administração da escola, mas duvido muito que alguma coisa mude… enquanto isso, o que me resta é boicotar tanto a escola, quanto o mercadinho 🙂

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  4. HAHHAAH! galera!! valeu o apoio. demais mesmo a recepção.
    aceito criticas e sugestões de pauta heim
    =)

    sobre o que colocaram nos comentários alguns esclarecimentos:

    1- abrir a cancela só é um detalhe se o acesso puder ser feito de outra maneira, fácil, sem ter um funcionário pra carregar minha bicicleta. vcs notaram que ele me tira da bike pra me “ajudar”?? será que ele fez isso pq eu sou menina?? será que ele faria isso com vcs tb???

    2- o pão de açúcar da vila mariana tem uma cancela com espaço lateral suficiente para uma bike passar.

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  5. Aeh Aline, parabéns pela reportagem, que seja a primeira de muitas denúncias.
    Cria um bordão no final, tipo: “estando bom para ambas as partes, Pedaline se despede até o próxima reportagem de Pedaline em ação”.

    Valeu Va de bike pela contratação, aproveita antes que a Globo tome conhecimento dessa menina.

    Palmas

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  6. Como cicloativista, recente, vejo com alegria o resultado de algumas reclamações, que levam os prestadores de serviços a repensarem o tratamento, que devem dar aos ciclista. Por aqui, em São Bernardo do Campo, não tenho do que reclamar, o Shoping Metropole, oferece vaga a ciclista, mas esta vaga é na area descoberta. Mas, enfim, ja é alguma coisa e, nenhum segurança impede que voce adentre ao shopping pedalando.
    No mais fica, aqui, a certeza de que so seremos ouvidos se fizermos bastante barulho. Precisamos mudar este paradigma, de que bicicleta é coisa de pobre, bicicleta é “Chic” !!
    Qaunto ao comentario que prega a cobrança do estacionamento das Bikes, só posso imaginar que ele não seja um ciclista e, portanto, esta participando de uma comunidade que não tem nenhuma afinidade com ele.

    Abraço a todos

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  7. INFELIZMENTE vivemos num mundo de aparencias!!Muitas vezes as pessoas tem vergonha de usar bikes…usam os carros ate para andar alguns quarteirões!!Bike é um veiculo e como todo o veiculo nao deveria ser surpresa pra ninguem ver voce num shopping passando pela cancela com sua bike!!Quem dizer que bike nao é um veiculo esta apenas assinando seu atestado de ignorancia!!!

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  8. Não faz mto sentido cobrar estacionamento de bicicletas, afinal elas quase não ocupam espaço, e não há disputa de lugares para estacionar bikes como há para estacionar carros…Não tiramos a vaga de ninguem, e utilizamos de um meio de tranporte que só traz beneficios a sociedade, portanto acho q um empreendimento comercial como um shopping deve exercer tbm o seu papel social incentivando o uso da magrela. Eles devem criar mecanismos que funcionem para todos, um ciclista deve conseguir passar sem problemas pela cancela.

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  9. Os seguranças, que me receberam na entrada principal, me trataram bem e me deram orientações. Óbvio que da maneira deles.
    O único problema que tive até agora lá, e isso foi semana passada, foi quanto à saída.
    Tentei sair pelo local que estava acostumado, mas um dos seguranças me abordou e disse que eu tinha que sair por onde entrei.
    Porém, o local que havia entrado não havia saída, era só entrada mesmo!
    Aí ele ficou meio sem jeito e tentou corrigir o que disse, dizendo que era pra sair por determinado lugar.
    Engraçado é que eu tinha o costume de sair por ali, e ninguém até hoje havia me falado nada.
    De fato, existe sim uma desinformação e funcionários confusos, mas comparando com o antigo tratamento que davam aos ciclistas, referente à cordialidade e etc, melhorou.
    Parabéns mais uma vez pelo blog e parabéns pelo vídeo, Aline!

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    1. Smuca, o do Santa Cruz é pelo elevador de serviço… numa entradinha meio tosca para caminhões que serve também para levar a bicicleta até o G-1, onde você estaciona gratuitamente junto das motos. Desta forma não é preciso subir a rampa dos carros (não sei se é proibido).
      Achei a implementação meio precária, não sinalizada, mas a gentileza das pessoas compensa a má-impressão inicial.

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    1. Ninguém aqui sequer mencionou pagamento de estacionamento. Se quer argumentar qualquer coisa coerente, leia o post antes, por gentileza.

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  10. Mas a cancela abrir ou não é um detalhe, não? Para abrir, é preciso apertar o botão e pegar o ticket de cobrança. A bicicleta paga estacionamento (é uma dúvida honesta, não estou sendo irônico)?
    abs!

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  11. Exemplo e do Extra Freg. do Ò. Que tem um passagem em que as motos e as bike passam sem atropelos. E otimo eu uso todos os dia e muitas outras pessoa tambem, sem incomodar os carros e alguns pedestres.

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