Foto: Aline Cavalcante/arquivo pessoal

Bicicletários nos Centros Culturais da Av. Paulista

Vídeo com o resultado de um teste de receptividade com quem chega de bicicleta nos centros culturais da Avenida Paulista. Veja como o ciclista anda sendo recebido na avenida símbolo da cidade de São Paulo.

Em agosto de 2011, eu (Aline), João Lacerda (da Transporte Ativo) e Vitor Leal Pinheiro (do Quintal) saímos de bicicleta num sabadão ensolarado e gostoso para testar a receptividade dos equipamentos culturais da Avenida Paulista – uma das principais e mais famosas avenidas de São Paulo.

A idéia era agir como turistas que não sabem onde tem estrutura de bicicletários e abordar os seguranças (e/ou responsáveis) para saber como seríamos orientados a estacionar. Vejam como fomos recebidos:

1- INSTITUTO CERVANTES – Av. Paulista, 2439

O instituto fica bem em frente à Praça do Ciclista, um local provido de um bicicletário ao ar livre, o nosso ponto de partida. O recepcionista, bastante solícito, disse que não havia local para deixar a magrela, mas se comprometeu a “vigiá-la” durante nossa estada. Deixou-nos estacionar na frente do instituto, porém o local não era seguro e não dispunha de nenhum aparato para trancar a bicicleta.

Nota: 1 (de 0 a 5)

Pessoal não treinado para receber ciclista e falta completa de estrutura. As vezes não é necessário dispor de um bicicletário próprio, apenas o fato de saber informar (no caso, havia um bicicletário na praça, há poucos metros dalí) já ajuda e muito.

2- CONJUNTO NACIONAL – Av. Paulista, 2073

Perguntado sobre onde poderíamos estacionar a bicicleta, o segurança do tombado Conjunto Nacional nos informou sobre o estacionamento “UseBike” dentro do prédio. Nos foi dado o direcionamento e permitido a entrada com a bicicleta por dentro do edifício.

Nota 4 (de 0 a 5)

Deixou de levar a nota máxima pela estrutura inapropriada que nos obriga a prender pela roda, podendo danificar a ela ou ao câmbio, e que por vezes não comporta alguns tipos de roda. Veja como deve ser um bicicletário adequado.

3- PARQUE MÁRIO COVAS

Nem foi preciso perguntar a ninguém. A placa na entrada já nos recepcionava da melhor forma possível: informando a existência do bicicletário e o seu horário de funcionamento. Para nossa satisfação total o modelo do paraciclo era perfeito. Permitia prender a bicicleta pelo quadro e roda, além de estar posicionado num local ótimo.

Nota 5 (de 0 a 5)

Serve de exemplo para todos. Modelo ideal e comunicação visual eficiente.

4- MASP

Local de forte concentração turística, marco da arte e da arquitetura brasileira idealizado por Lina Bo Bardi. Nos sentimos completamente excluídos. A recepcionista foi grosseira e nos disse um “não” com todas as letras. “Não tem onde estacionar sua bicicleta”. “Pare ali atrás, se quiser, mas não nos responsabilizamos por nada”.

Nota 0 (de 0 a 5)

Não dispor de um local apropriado para estacionar a bicicleta é um problema (principalmente por termos uma Lei Municipal que obriga a tê-lo), não receber orientações para indicar um local próximo para fazê-lo é um forte agravante. Pela desconsideração com os ciclistas, a nota do MASP é zero.

5- FIESP

No momento acontece o FILE, Festival Internacional de Linguagem Eletrônica. Ao nos ver chegando com nossas bicicletas, o segurança já apruma o corpo certo de sua resposta. “Não”, antes mesmo de terminarmos a frase. “Não tem onde estacionar. Tenta esse estacionamento de carro aí ao lado”. Não gostamos do tratamento, mas resolvemos tentar mesmo assim: “Não senhora, esse estacionamento é só para carros”.

É, este ano não vamos ver o FILE.

Nota 0 (de 0 a 5)

O mesmo caso do MASP. Quem sabe, pro FILE de 2012, não pensem no público ciclista que quer visitar ao festival!

6- RESERVA CULTURAL

Cinema cult da avenida. O simpático recepcionista (do Teatro Gazeta) nos dá a má notícia da falta de bicicletário, porém se recorda de ter um estacionamento de carros com um quiosque da “UseBike” logo alí ao lado. Na frente do tal estacionamento, nenhuma placa informa a existência de bicicletário. Encontramos apenas um “proibido moto”. Descemos para conferir e sim, havia alí um local seguro e decente para estacionarmos.

Nota 3 (de 0 a 5)

Apesar de não ter um lugar próprio, nos deram a informação correta. A falta de placas na entrada e o modelo inapropriado do bicicletário (que prende pelas rodas) foram pontos negativos.

7- ITAÚ CULTURAL

O segurança do instituto nos informa da existência de um bicicletário próprio logo ao lado. Nos empolgamos com a notícia mas não foi tão bom quanto poderia. O local foi parcialmente adaptado para incluir o ciclista. Existe um degrau na entrada e algo como um duto de ar condicionado bem baixo, onde se pode bater a cabeça facilmente.
Por fim o modelo de bicicletário é pouco seguro pela falta de estrutura para prender a bicicleta pelo quadro. Além disso, os modelos “açougue” são de difícil utilização por exigirem que o ciclista erga a bicicleta.

Nota 3 (de 0 a 5)

Nos deram a informação correta sobre o local do bicicletário e a solução para melhorar o lugar é fácil. Uma simples reforma e colocação de placas informando do bicicletário já faria do Itaú Cultural um local amigo do ciclista.
A retirada da placa informando sobre o bicicletário ser uma “cortesia” e insentando sua responsabilidade sobre a bicicleta seria de bom tom. Já que ter um bicicletário é lei (Lei Municipal 14.266/07) e o código de defesa do consumidor diz que a responsabilidade sobre o veículo é do estacionamento.

8- CASA DAS ROSAS

Um dos locais mais agradáveis da cidade, possui um restaurante em meio às árvores e também um bicicletário patrocinado instalado em local nobre. Não precisamos perguntar e nem descer a lugar algum, alí estava ele, azul e pronto para servir-nos.

Nota 4 (de 0 a 5)

Perdeu a nota máxima pelo modelo inapropriado escolhido, desses que prendem pela roda. Mas ganha nosso respeito e admiração pelo fato de existir e não estar colocado na sarjeta.

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Mandem sugestões de pauta! Vamos tentar produzir material audiovisual sempre que possível. Quem sabe assim os empreendimentos começam a entender como tratar bem o ciclista e agradá-lo, especialmente porque somos tão cidadãos e consumidores quanto todo mundo!

=)

42 comentários em “Bicicletários nos Centros Culturais da Av. Paulista

  1. Ótima reportagem!
    Trabalho no FILE e ia até lá todos os dias de bicicleta.
    Como já sou conhecido por lá e já briguei bastante, somente EU tinha autorização para entrar com minha bici no backstage do File dentro da galeria pelo período de 10 dias, e depois eu que me virasse.
    Não sou uma pessoa muito pontual, me dá preguiça acordar cedo, e num lindo dia cheguei muito tarde, e na pressa decidi deixar meu cavalo ali naquele mesmo orelhão que vc se recusou a estacionar. Para minha “surpresa”, numa linda noite roubaram minha magrela!!
    Me senti impotente e tentei recorrer ao ombro de alguns amigos da bicicletada que me emprestaram uma linda bike e me fizeram algumas recomendações.
    Reclamei com a direção do FIESP que cientes do ocorrido (e para evitar maiores problemas “com uma tal nova lei”), decidiram liberar a entrada da minha bicicleta emprestada nos dias seguintes (acho que fui o primeiro na história que pedalou no estacionamento da FIESP) e para a nossa felicidade montaram um bicicletário depois de anos de briga!!
    Mas para a infelicidade de todos, o FILE acabou no domingo, e esse bicicletário foi montado nesta segunda-feira.
    Tá aí a dica. FILE 2012, vá de bike! hehe

    Comentário bem votado! Thumb up 4 Thumb down 0

    1. NOSSA ALONZO!!!! que demais receber essa mensagem!!!! sabe dizer se o video chegou pros cabeças da Fiesp/File???? é uma vergonha o que andam fazendo. ABSURDO!!! ainda mais que eles tem uma comissão “ambiental” lá dentro.
      Uma pena vc ter perdido sua bike, nao tem como entrar com processo de ressarcimento???
      beijos e obrigada

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      1. Bom, acho que este video não chegou a nenhum cabeça da FIESP, mas o barulhinho que eu fiz lá dentro resultou no bicicletário instalado na entrada da rua de trás que pode ser usado para quem quiser ir ao teatro ou outras exposições que acontecerem naquela galeria, e claro, o FILE de 2012.
        Quanto aos curadores do FILE, eles me prometeram uma ajuda pra comprar uma bici nova, estou negociando, viva! 🙂

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  2. Legal isso, hein? a proposta do texto, o fato de irem lá e comprovarem (não querem ensinar nossa ‘imprença’ como se faz?), mostrar a todos o que temos e do que precisamos… muito legal.

    A parte ruim é exatamente constatarmos que falta muito para o ciclista urbano. Se for um turista e conhecer pouco a cidade, estará de mal a pior.

    Muitas vezes vou a alguma reunião ou visitar cliente e sei que no lugar não terei segurança para deixar minha bicicleta; acabo indo de metrô.
    Já sofri muito com seguranças, síndicos e porteiros de prédios comerciais ‘durões’, manda-chuva, donos do pequeno poder. Nem adianta levar a lei escrita. O que sobra é fazer uma denúncia para a sub-prefeitura. Mas pergunta se consegui algo fazendo isso? então, quando sei que não tem jeito, vou de metrô mesmo.

    Parabéns pelo texto e iniciativa, pessoal. Espero mais!
    bjs e bom pedal

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    1. Wadilson,
      valeu pelas palavras! vc tem toda razão, mas sempre vale reclamar. sempre.
      começamos pela av paulista que, em tese, seria o lugar ideal para o ciclista urbano. lugar de bicicletadas, protesto, pedalinas.
      mas a ideia é percorrer outras regiões e empresas.
      beijos

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  3. Pena que não vieram até a Vila Mariana, o bicicletário do Museu Lasar Segall foi inaugurado há menos de um mês e acho que receberia uma boa nota, há sinalização na entrada, porteiros que acompanham a entrada e saída, e bicicletário em formato de U invertido. Fica a dica!

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  4. Aline,

    A foto do cartório de pinehrios me aparece ser do 14° Tabelião de Notas, ali na Rua Antonio Bicudo. Aproveito para informar que eles estão em reforma. Que tal sugetionar?

    Quanto ao comentário do Wolfgang sobre o Extra Jaguaré, fica notório que uma mesma empresa possui diferentes políticas entre seus estabelecimentos. Em duas ou três oportunidades minha esposa (ciclista de verdade) e eu (ciclista de fim de semana) participamos de passeios promovidos pelo CAB (Clube dos Amigos da BiKe), onde entre os patrocinadores, está o Extra. Vários dos passeios deste clube tem seu início e fim em estacionamentos das lojas do Extra. Quem sabe se o Wolfgang entrar em contato com o CAB, eles não podem ajudar e intervir junto ao Extra Jaguaré?

    Ah! Parabéns pela matéria

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  5. Oi Ana. Valeu pelo apoio!!

    Só justificaria a gente ir no bicicletário do Santa Catarina se alguém tivesse indicado pra gente, afinal de contas estávamos como “turistas desinformados”. A proposito, fiquei sabendo que o UseBike fechou esse bicicletário do hospital, preciso até confirmar!

    No Sesc não fomos pq está em reforma. Assim que inaugurar vamos fazer um especial “SESC” hahaahahah!

    ADOREI a idéia das repartições públicas e cartórios!!!!!
    Olha o que eu fiz recentemente quando precisei ir no cartório de Pinheiros: http://twitpic.com/61ghjw

    Isso aí gente. Quem quiser ajudar nesse trabalho, grava um video e manda pra gente ou então sugere pautas que na medida do possivel vamos averiguando!

    beijos

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      1. O novo SESC Bom Retiro já virá obedecendo a lei, pelo menos foi o que disseram numa reportagem. Espero que o da Paulista após a reforma também obedeça. O último que estive de bike foi o de Pinheiros a muiiiiiiito tempo atrás e não tinha, só improvisado junto com as motos. Absurdo por ser um lugar voltado as práticas esportivas e ao bem estar.

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  6. No Extra eu também prendo a bike perto das motos, e o guardador sempre se mostrou muito amigável, é a postura do estabelecimento que me incomoda. Vou questioná-los sobre o cumprimento da lei 14.266/07, vamos ver no que dá.

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  7. Acredito que a Lei Municipal Lei 14.266/07 pode ser uma boa pauta.
    Ir a locais perguntar sobre o bicicletário, informar que é lei, deixar cópia… E verificar em quanto tempo irão se adequar.
    Isso aconteceu quando fazia faculdade, muito próximo da Paulista, no Paraíso. Queria me impedir de estacionar a bike na faculdade. Levei uma cópia da Lei, com principais pontos sublinhados, deixei meus contatos e exigi meus direitos. Só assim consegui fazer valer.
    Mas acredito que da mesma forma que aconteceu comigo, a maioria dos locais não conhece essa lei e por isso (e não só isso) ela não é cumprida! No que precisarem de mim, estou super a disposição!

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  8. Muito boa a matéria!
    Sou ciclista em SP há mais de 15 anos… e sei bem como é essa luta na busca de lugares para deixarmos nossas magrelas com segurança!
    Na Av. Paulista tem um bicicletário que vocês não foram que fica dentro do Estacionamento do Hospital Santa Catarina, que é muito bom, porém não tem bicicletário no Sesc (em frente)!!! Um absurdo a Fiesp e Sesc não terem! Desconhecem a legislação municipal que obriga todo estabelecimento com grande afluxo de pessoas ter um bicicletário!
    Lei 14.266/07
    Art. 8º- Os terminais e estações de transferência do SITP, os edifícios
    públicos, as indústrias, escolas, centros de compras, condomínios,
    parques e outros locais de grande afluxo de pessoas deverão possuir
    locais para estacionamento de bicicletas, bicicletários e paraciclos
    como parte da infra-estrutura de apoio a esse modal de transporte.
    PARABÉNS PELA MATÉRIA!

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  9. Gostaria de sugerir uma avaliação das condições de estacionamento para bikes em supermercados da cidade.
    Na entrada do estacionamento do Extra Jaguaré, por exemplo, há uma placa proibindo a entrada de bicicletas e avisando que não há lugar para elas.

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    1. Eita… agora descobri pq me olham tão torto quando eu entro de bike lá! Eu nem me toquei dessa placa! rs

      Mas no extra jaguaré tem como parar as bikes, é um quebra galho, colocar elas presas ao lado do estacionamento de motos (um cano que fica a uns 30-40cm do solo, dá para prender a bike pelo quadro e pelas rodas… apesar de ser uma gambiarra, é mt melhor dq a maioria dos bicicletários por ai…), que tem um vigia…. na primeira vez que eu fui lá de bike, esse vigia foi solícito e disse que poderia parar a bike lá sem problema algum e que ele iria ficar de olho na magrela! Detalhe é que em todas as vezes que eu fui lá sempre tinha mais de 1 bike estacionada no local…

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  10. Sugiro que o Vá de Bike faça o encaminhamento formal das avaliações aos equipamentos citados.
    Desta forma eles poderão tomar conhecimento e talvez se mexer, exatamente como o fez o Incor.

    Willian ou Aline, gostaria de pessoalmente conduzir a avaliação do Masp com a Secretaria de Cultura. Vocês me enviariam um descritivo por e-mail? danielguth@prefeitura.sp.gov.br

    Abs!
    Guth

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