Foto: Willian Cruz

Por que há ciclistas que andam no meio da rua?

Entenda por que ocupar a faixa de rolamento é uma conduta importante, recomendada por órgãos de trânsito e regra oficial em cidades do exterior.

Ciclista ocupando a faixa. Imagem: CicloLiga/Reprodução
Ciclista ocupando a faixa. Imagem: CicloLiga/Reprodução
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compartilhamento da via é uma das principais soluções para integrar as bicicletas ao trânsito. Onde não houver ciclovia ou ciclofaixa, sempre recomendamos aqui no Vá de Bike que os ciclistas ocupem a faixa de rolamento. Mas nem sempre esse procedimento é compreendido pelos motoristas – e até mesmo por alguns ciclistas.

Veja como exemplo o comentário postado por um leitor, que se identifica apenas como Paulo:

“Ok. Também ando de bike, mas cicloativistas como qualquer outro ativista exigem respeito mas não respeitam… 1,5m eu acho muita distância, principalmente levando em consideração que os ciclistas ultrapassam nossos carros a 10 20cm e andam na esquerda da pista e seguram o trânsito a 20 ou 30 por hora. Se ficassem na direita da faixa a ultrapassagem seria possível. mas ficam na esquerda [da faixa] obrigando os carros a ultrapassarem pela contramão se não quiserem andar a 20km/h. Respeito ciclistas. Detesto ciclo ativistas que se acham donos da rua.” (sic)

Ultrapassar o ciclista na mesma faixa em que ele está é colocar sua vida em risco. Um leve toque no guidão ou até mesmo o deslocamento de ar do veículo em velocidade podem levá-lo para debaixo das rodas, ou derrubá-lo no meio da via com mais carros vindo atrás.

Paulo explicita, de forma rude, sua opinião de que as pessoas deveriam pedalar junto à sarjeta, para que os carros pudessem passar na mesma faixa onde o ciclista está. Dessa forma, ele “não atrapalharia o trânsito”.

Essa opinião é comum, derivada da ideia de que as ruas seriam feitas para os carros, não para o deslocamento de pessoas. Por essa ótica, as bicicletas seriam intrusas, podendo usar as vias apenas quando não interferirem na circulação dos automóveis. Ou seja: ocupar a faixa com a bicicleta seria um desrespeito a quem está de carro. Alguns chegam a afirmar que as bicicletas deveriam usar a calçada, para não atrapalhar os carros.

Mas por que ocupar a faixa?

É muito mais seguro para o ciclista ocupar a faixa, pois isso força os motoristas que não aceitam cumprir o 1,5 m a mudarem de faixa para fazer a ultrapassagem. Pedalando sobre a sarjeta, o ciclista acaba vítima de motoristas que acham 1,5 m muita distância e insistem em passar quase raspando.

Melhor um motorista mal educado que buzina e xinga, pensando que é o ciclista quem se acha o dono da rua (mesmo que esteja compartilhando a via em vez exigir exclusividade), do que o mesmo motorista mal educado passando a 10 cm do guidão – pensando que “tem espaço, acho que dá” – e derrubando o ciclista que teve que desviar de uma grelha aberta na sarjeta.

Motorista, ultrapasse com segurança

Quando há um caminhão ou ônibus trafegando devagar, os motoristas aguardam um momento seguro, mudam de pista e ultrapassam. O mesmo deve ser feito com a bicicleta. Basta entender que ela também é um veículo, tem o mesmo direito de circulação que os demais e possui sua limitação de velocidade, que precisa ser compreendida e aceita.

Mude de pista quando for seguro e ultrapasse a uma distância adequada, sem colocar em risco o ciclista. Você sabe fazer isso. Se não der para ultrapassar, é só aguardar. Sua pressa não vale uma vida, uma perna ou um braço de alguém.

E por mais que um ciclista ou pedestre esteja errado, nunca, mas nunca mesmo ameace sua vida com o carro para lhe dar uma lição. Algo pode dar errado e você terá que carregar consigo para sempre o peso de ter matado ou mutilado alguém, destruindo a vida dessa pessoa e de sua família.

Sarjeta não é lugar de bicicleta. Rua sim.

Ciclista, ocupe a faixa para se manter mais seguro – e seja gentil com os motoristas.

Motorista, compartilhe a via, aceitando a presença da bicicleta. As ruas são de todos.

Por que 1,5m e como fazer para respeitá-lo

Quem utiliza a bicicleta nas ruas diariamente – não apenas em parques, ciclovias e Ciclofaixas de Lazer – percebe claramente que 1,5 m é uma distância importante para não haver contato caso o ciclista se desequilibre, precise desviar de um buraco, de um desnível do asfalto ou de alguém que começa a atravessar a rua sem olhar.

Ao ocupar um espaço maior da faixa, o ciclista obriga o motorista a aguardar um momento em que possa ultrapassar com segurança.

Quem pedala nas ruas também sabe que nem sempre é possível manter uma trajetória continuamente reta e previsível, principalmente em nossas vias esburacadas, com asfalto irregular, caçambas estacionadas, motoristas abrindo a porta do carro sem olhar e carros saindo de garagens e esquinas sem se preocupar com pessoas que estejam passando.

A lei do 1,5 m (art. 201 do CTB) visa acima de tudo a segurança viária. Essa distância não foi tirada da cartola: nos exemplos do parágrafo acima, frear poderia significar uma queda – que também precisa do 1,5 m de segurança para não se transformar em tragédia.

Para ilustrar, algumas pessoas afirmam que Antônio Bertolucci, morto em junho de 2011 em São Paulo, caiu sozinho de sua bicicleta e por isso foi atropelado pelo ônibus que o matou. Seria dele, portanto, a culpa por sua própria morte. Mas ainda que isso fosse verdade e que ele tivesse desequilibrado do nada e caído sozinho, se o motorista tivesse guardado a distância de 1,5 m Antônio continuaria comprando seus pãezinhos com a bicicleta, todas as manhãs.

E como conseguir essa distância?

Sabemos que, para quem está no carro, nem sempre é possível avaliar a distância do ciclista. Mas conseguir esse metro e meio é, na verdade, algo bem simples: basta mudar de faixa, como haveria de ser feito com qualquer outro veículo lento, como um caminhão carregado, por exemplo.

Bicicletas têm uma limitação óbvia de velocidade, que precisa ser compreendida e respeitada. A aceleração da bicicleta não é como a do carro, em que basta engatar outra marcha e pisar num pedal sem fazer esforço.

Mas…

– E quando não há espaço para a ultrapassagem, por só ser uma via de mão dupla com uma única faixa em cada sentido?

– E se a rua for de mão única, com carros estacionados, de forma que não caberiam o carro e a bicicleta lado a lado com 1,5m entre eles?

Para responder a essas perguntas, imagine que na sua frente há um carro andando devagar, um caminhão, um ônibus ou outro veículo qualquer ocupando o espaço adiante. Como você faria a ultrapassagem? Seria obrigado a esperar? A resposta está aí, a situação é a mesma.

Tire de sua cabeça esse preconceito de que a bicicleta tem menos direito de ocupar a rua e que por isso “atrapalha” por circular devagar. Ela circula na velocidade que lhe é inerente, como um caminhão carregado ou um trator que esteja se deslocando na via. Tenha paciência.

E os ciclistas no corredor?

O leitor Paulo ainda comenta que os ciclistas ultrapassam seu carro “a 10-20 cm de distância”. Bem, provavelmente isso acontece quando o carro está parado (afinal, o mesmo comentário diz que bicicletas circulam a 20km/h). Não vejo que risco bicicletas poderiam oferecem a alguém em um carro, ao ultrapassá-lo quando parado ou em velocidade inferior a 20 km/h.

Poderíamos usar a mesma argumentação desse comentário e dizer que um carro parado ocupando a faixa “obriga as bicicletas a ultrapassarem a 10-20 cm se não quiserem ficar paradas”. Poderíamos também dizer que “respeitamos motoristas que não congestionam”, mas “detestamos quem faz isso”, generalizando-os como “carroativistas que se acham donos da rua”. Mas não seria muito justo, não é?

É melhor compreendermos por que razões um carro fica parado ocupando a faixa toda, muitas vezes por longos minutos, até conseguir se mover por 3 ou 4 metros e parar novamente. Melhor ultrapassá-lo com tranquilidade e ir embora do que começar a gritar para que o motorista saia da frente porque está atrapalhando ali parado, como muitos que dirigem costumam fazer com os ciclistas que estão em movimento.

Quando os carros estão parados, o ciclista tem todo o direito de ultrapassá-los pelo corredor. Tem esse direito até mesmo nos casos em que outros veículos não podem fazê-lo, como em uma interdição temporária da via ou uma fila de balsa (art. 211 do Código de Trânsito). E, desde que haja espaço adequado para isso e os carros não estejam em movimento, não estará se colocando em risco ao fazê-lo. Também não colocará em risco nenhum motorista, afinal é um pouco difícil derrubar um carro com o guidão de uma bicicleta.

Mas o ciclista deve ficar atento ao sinal que vai abrir e ao movimento dos carros adiante. Quando perceber que os carros começarão a se mover, deve sair do corredor e voltar a ocupar a faixa, para sua própria segurança. Sempre pedindo espaço e agradecendo a gentileza com um sorriso. Os bons motoristas compreenderão sua atitude.

285 comentários em “Por que há ciclistas que andam no meio da rua?

  1. Tanto o ciclista quanto o motorista devem respeitar as leis de trânsito, inclusive a que diz que a velocidade mínima é igual a 50% da velocidade máxima, portanto não recomendo o trânsito de bicicletas em vias de 60km/h, é muito perigoso, sem contar que tem motoristas que andam a mais de 80 km/h na cidade. Tenho bicicleta e não me acho com coragem de andar em ruas muito movimentadas, prefiro lugares mais seguros. Por outro lado quando estou dirigindo meu carro, tomo todo cuidado na hora de ultrapassar uma bicicleta e só faço isso quando tenho serteza da segurança. Sonho com o dia em que o ser humano se respeitará independente de leis, mesmo que seja apenas um “sonho”.

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    1. Oi Jeronimo, em parte você está certo, só que tem que observar o restante do texto da lei sobre a velocidade mínima:
      A lei ainda estabelece que a infração só se concretiza se o veículo, devido sua lentidão, retarda ou obstrui a via, isentado o veículo que se preserva à faixa da direita , caso esta apresente duas vias, por haver a possibilidade de os demais veículos ultrapassá-lo – Art.219 CTb.

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      1. Jeronimo, é isso mesmo que o Daniel comentou, na faixa da direita não há velocidade mínima:

        “Art. 219. Transitar com o veículo em velocidade inferior à metade da velocidade máxima estabelecida para a via, retardando ou obstruindo o trânsito, a menos que as condições de tráfego e meteorológicas não o permitam, salvo se estiver na faixa da direita

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    2. Jeronimo, faz bem em procurar ruas mais tranquilas para pedalar. Nelas, os motoristas se tornam menos impacientes, pois já esperam circular em uma velocidade menor, e oferecem menor risco. O problema é quando não há uma rua alternativa, ou ela é uma montanha russa de subidas e descidas. Nesse caso, precisamos ir pela avenida mesmo e precisamos ter nosso direito de circulação respeitado do mesmo modo. Grande abraço!

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  2. Sim. Claríssimo. Na rua, junto com os carros. Do jeito que você sugeriu. Meio de transporte. Já estamos programando os primeiros passeios. Obrigada pela ideia da pesquisa, ajudou a formar o grupo.

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    1. “Obrigada pela ideia da pesquisa, ajudou a formar o grupo.”

      Fico feliz em contribuir… e curioso para ver como serão os seus relatos de interações de seu grupo com motoristas.

      Polêmico. O que acha? Thumb up 6 Thumb down 9

      1. O Ricardo só pode ser pago pelas montadoras de automóveis para pentelhar quem trabalha por uma mudança positiva ou apenas quer ver a lei cumprida e ter seu direito reconhecido

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        1. As montadoras não são contra bicicletas… A Volkswagen reformou a ciclovia no Parque Ibirapuera, BMW e Mercedes já fabricam bicicletas, algumas marcas de bicicleta esportiva trabalham em conjunto com empresas automobilísticas para desenhar suas bicicletas… As montadoras já viram que a bicicleta está voltando com tudo, e quer sua fatia do bolo. Até os bancos, símbolo da economia tradicional e formal, investem pesado em bicicletas (vide Itaú e Bradesco).

          A briga não é entre carros e bicicletas… É entre usuários de bicicleta e gente ignorante, que “ataca” qualquer um que tente dividir espaço com eles. Sempre vai existir gente ignorante no mundo, e sempre vai existir alguém lutando contra eles.

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    1. Exato. A ideia de andar de bicicleta na rua só é descabida em São Paulo e em outras cidades por aqui porque o pensamento padrão Dirani ainda encontra alguma popularidade. Nós sabemos que todos os dias quando sairmos de casa poderemos encontrar um assassino em potencial que conta com a impunidade caso decida debater, usando o peso do carro como argumento, nosso direito de transitar.
      Para resolver o problema das más intenções do Dirani e assemelhados, a aplicação da lei é muito bem vinda.
      Por outro lado, o congestionamento permanente da cidade está diminuindo a capacidade de ameaça. É bem difícil alguém me dar uma fechada ou mesmo buzinar de forma descortês sem ser em seguida abordado, fotografado e questionado sobre suas disposições em levar a agressão adiante. É bem difícil atropelar alguém e fugir em seguida em São Paulo.

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  4. “…perguntar para pessoas que *não* estejam engajadas na discussão”. Perguntei, a maioria adorou a ideia de sair na rua de bicicleta, sendo que um mandou revisar a bicicleta que estava na garagem e outra pesquisou preço de aluguel para tentar no fim de semana. Alguns porém acharam a ideia estranha, mas concordam que uma bicicleta a mais é um carro a menos. Espero ver bastante gente de bicicleta; mesmo quando estiverem na frente do meu carro, vou ficar contente que são bicicletas e não mais carros.
    E, em tempo, não estou “engajada em discussão” (de onde veio essa ideia!), estou alarmada com a situação da minha cidade e vendo uma solução viável bem no canto da garagem do meu prédio, mais exatamente no bicicletário.

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  5. Só para dar um exemplo da frase “os incomodados que se retirem”…. Agora mesmo tem um aloprado na frente da casa do meu sogro tocando um “panpanamericano…” no som do carro, sem se preocupar quem está a sua volta…
    Tudo se resume à educação , a saber respeitar os outros, a saber viver em sociedade, a saber que não posso dirigir igual a um loco, passando por cima das pessoas, porque estou dentro de um carro e a outra pessoa em cima de um bike.

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  6. O fato de morar ou não fora do país, ou viajar ou não para fora do país, não qualifica e nem desqualifica o comentário das pessoas. Apenas nos trás exemplos concretos, não estatísticas tiradas da internet, do que está acontecendo em países mais sociais e civilizados que o nosso, infelizmente. Nos mostra que não são todos os países que há essa guerra no trânsito, e isso não está restrito a Sao Paulo, qualquer cidade de 50k de habitantes tem maluco na direção de um carro. Um loco dirigindo com a síndrome do atraso, síndrome da pressa.

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    1. Sou uma motorista que há poucos dias achava que os ciclistas estavam ocupando um espaço que não lhes pertencia. achava um absurdo ter que desviar o carro de bicicletas que andavam tão distantes do meio-fio. Certa vez, por pura ignorância, cheguei até a buzinar para um ciclista por esse motivo. Agora, que penso em comprar uma bicicleta (recomendação médica), procurei todo tipo de informação possível sobre o assunto “ciclismo” (tipos de bicicletas, acessórios de segurança, etc) e acabei descobrindo o quão ignorante e desinformada eu era. Lendo o texto e todos esses comentários, entendo que a utilização das vias públicas é direito de todos, independente do meio de locomoção que utilizem. O grande segredo, sem querer ser piegas, para uma boa convivência no trânsito, como em todo o resto, é o RESPEITO. Como obter isso em nossa sociedade é muito complicado devido as instruções e exemplos tortos que recebemos durante a vida, acredito que os sensatos devam cumprir sua parte e esperar e torcer para que os que estejam à nossa volta também tenham essa mesma ideia em suas mentes. É claro que vez ou outra iremos nos deparar com seres como o amigo Ricardo, que dispensa comentários, pois todos já foram feitos e não creio ser necessário repetí-los aqui.
      Enfim, ainda nou sou ciclista (espero ser em breve), mas agora, com os olhos abertos, enquanto motorista, procurarei agir de forma respeitosa com quaisquer outros transeuntes e espero que o mesmo seja feito comigo quando estiver sobre duas rodas.

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  7. Respondendo à pergunta “Bicicletas devem ser permitidas na mesma faixa que veículos auto-motores (sic)?”: sim.
    PS: não sou cicloativista nem conheço o pessoal aí do blog. Tenho carro. Não vou pro trabalho de bicicleta. Não morei fora. Isso qualifica minha resposta?

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      1. Vamos lá, já que o método científico agora é perguntar a opinião das pessoas, vamos perguntar se elas preferem andar de carro ou transporte coletivo. Todos sabemos qual vai ser a resposta da maioria esmagadora. Carro, lógico, ou existe alguém que prefere andar de ônibus a andar num carro, sentado, confortável, e que sai de dentro da sua casa direto ao destino na hora que vc quiser. Legal, descobrimos que carro é melhor que transporte coletivo. E aí, com esse método solucionamos o problema do transporte nas grande cidades? Alguém tem a ilusão que é possível, mesmo investindo pesado em abrir novas avenidas, construção de pontes e tuneis, em se ter um modelo de transporte em massa baseado no automóvel? Na minha opinião não é. Sendo assim, temos que abrir espaço a outros modelos. Falar que temos que tirar as bicicletas das ruas, justamente as pessoas que já aderiram a um modelo de transporte viável, é como querer melhorar o trânsito reduzindo o número de ônibus, é uma coisa simplesmente sem sentido. Bom, claro, toda minha argumentação se baseia no fato de eu achar que será impossível se locomover num futuro onde todos que puderem ter um carro usem esse meio de transporte. Eu gostaria de saber do Ricardo, já que ele é contra a bicicleta na rua, como ele vê as pessoas se locomovendo no futuro. Cada um dentro do seu carro? Todos de transporte coletivo? Ou, se for continuar o método atual, coletivo+carro, como fazer com que uma parcela significativa das pessoas que tiverem condições de ter um carro (esse número aumenta a cada dia) a deixar o carro em casa?

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          1. O Trem Bala São Paulo – Campinas é a solução para os problemas do trânsito da capital paulista? Como não fizeram isso antes, uma idéia tão simples e barata, a passagem seria acessível para todos…e mandariam todos os paulistanos morar em Campinas, uma cidade que não tem trânsito…

            Bem mais rápido, barato e simples do que fazer ciclovias e ciclofaixas em São Paulo…

            E quanto às outras cidades do Brasil? Curitiba, Porto Alegre, Florianópolis, Recife, Fortaleza, etc…?

            Estou começando a entender você melhor Ricardo, você é um gênio…pupilo do Jayme Lerner…

            Phd em urbanização

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          3. Bom Ricardo, então você concorda que temos que tirar uma parcela dos carros das ruas. Se você conseguir isso, certamente haverá espaço para as bicicletas. Para que essa discussão então? Vamos desestimular ou proibir quem já aderiu a um transporte viável, piorando o problema, para depois fazer o inverso, tentar retirar uma parcela dos carros das ruas e, estimular novamente o que foi proibido (lembrando que voltará a haver espaço)?
            Mas há também alguns pontos falhos nos seus argumentos:
            1 – O problema do trânsito não se restringe aos países subdesenvolvidos. Pesquise na internet: Transito em Londres, Transito em Paris, em Roma, Suécia, Nova Iorque, Tóquio. Você verá que em toda grande cidade do mundo a mobilidade é um problema. Londres adotou o pedágio urbano. Paris, uma das cidades com malha metroviária mais completa do mundo, adotou o aluguel de bicicletas e vem adotando restrições ao trânsito de veículos no centro. Na Suécia, os pedágios são altos e há preferência de pedestres e bicicletas sobre carros. Pesquise nas outras capitais tbm, e vc verá que praticamente todas tem programas para desestimular o uso de carros.
            2 – Por mais que se melhore o transporte coletivo, o carro sempre será mais confortável. O negócio sai de dentro da sua casa até o destino, a qualquer hora, e carregando tudo que vc quiser! E se vc tenta tirar carros das ruas, cada vez os carros ficam mais tentadores, é um paradoxo! Veja, se há menos carros nas ruas, andar de carro se torna mais rápido e mais conveniente, logo mais pessoas vão querer ter carros, invalidando todo o esforço anterior. Você verá que o esforço que obteve resultados no combate ao trânsito envolveu além do estímulo ao transporte coletivo ou alternativo, o desestímulo ao uso do carro. Veja: eu não estou falando como eu acho que tem que ser, nem como eu gostaria que fosse, estou falando como é. Basta pesquisar (e refletir um pouco, fica claro isso).
            3 – Por fim, temos a questão da poluição. Você mesmo usou um argumento de que o carro é uma máquina de 1T de metal e plástico. Pois é, Você tem uma máquina de 1T, ocupando uns 10m2, apenas para carregar uma pessoa de, em média, 80Kg? É uma coisa muito ineficiente. Claro, se nós vivêssemos num mundo com 1/10 da população atual, e houvessem recursos suficientes para esse esbanjamento, tudo bem. Não sou radical sobre isso. Mas estamos sentindo fisicamente os efeitos dessa festa energética, seja por conta do trânsito, seja pela poluição. Não é papo de ambientalista, em São Paulo se sente o efeito da poluição, principalmente nos dias de inversão térmica. Aliás, no mundo todo, esse é um dos fatores, além do trânsito, que levaram ao desestímulo do carro.
            Veja bem, não estou dizendo que a bicicleta é a solução de todos os problemas, mas simplesmente que ela é parte da solução. E volto a bater na tecla, porque vc quer retirar das ruas as pessoas que já aderiram a um transporte que se encaixa num modelo sustentável, que estão reduzindo os congestionamentos e a poluição? Se os problemas, que vc mesmo admite, são o excesso de carros (ou pessoas, que é o mesmo se o transporte é baseado em carro), e a falta de transporte coletivo, porque vc quer retirar das ruas justamente as bicicletas, que não estão poluindo e ocupando pouco espaço? Para dar mais espaço ainda para os mesmos carros que tem que sair? Eu não entendo sua lógica.

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          5. “Você pelo menos entende por que bicicletas correntemente não são permitidas em vias expressas?”

            Sim, pelo mesmo motivo que não são permitidos carros nos corredores de ônibus. Uma coisa é você ter, em casos particulares, um espaço específico para um modal de transporte, outra TOTALMENTE diferente é vc querer afirmar que todas as ruas e estradas são de uso exclusivo e prioritário dos automóveis.
            Eu não sou contra haver espaço para os carros, sou contra retirar (ou proibir) o espaço das bicicletas e outros meios de transporte.
            Se vc provar que a construção de mais vias expressas exclusivas para carros é viável e resolverá os problemas de mobilidade e qualidade de vida nas cidades, eu vou ser o primeiro a apoiar. Infelizmente não acredito que você encontrará um exemplo para provar isso.

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  9. Bah tcê, que cara engraçado esse Ricardo. Fala a verdade Ricardo, nem você acredita no que está escrevendo?. Você por acaso está fazendo algum estudo psicológico sobre a paciência das pessoas?

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  10. Estou “ensaiando” adotar a bicicleta como meio de transporte mas tenho medo. Por quê? Porque ando de moto, e os motoristas de carro não respeitam nem as motos quando estão na faixa normal de rolagem! Quando quero ficar tranquilamente atrás de um carro porque o trânsito está andando bem e não há necessidade de andar no corredor, os carros fazem de tudo para ficar ao lado da moto e forçá-la de alguma forma a ocupar o corredor, tipo “saia daqui, esta pista é minha, vá para o corredor que é o seu lugar”. Claro que, quando falo “os carros”, é um modo de falar, nem todos fazem isso e há motoristas muito gentis que surpreendem (é uma pena que a gentileza é que surpreenda, e não a grosseria…). Mas essa briga por espaço – por hegemonia, melhor dizendo – é realmente irritante. E desnecessária. Há espaço para todos – carros, motos, bicicletas e pedestres – simplesmente porque as ruas, as calçadas e as cidades são de todos.

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  11. “Eu gosto da bicicleta como solução de transporte. Mas no modelo escandinavo, planejado, de cima para baixo. Esse modelo guerrilha, de uma minúscula minoria, em sua maioria de alta renda (eu vivo recebendo comentários aqui de que “obviamente” nunca viajei fora do país, como se isso não fosse a regra para a esmagadora maioria dos brasileiros) que se coloca de mártir no meio de um trânsito que pessoas razoáveis evitam enfrentar até de carro.”

    Ricardo, seguinte….todos nós sabemos que não existe planejamento brasileiro de ciclovias ou ciclofaixas, e isso é uma das bandeiras desse Fórum.

    Eu morei na Dinamarca e nos USA, e posso te dizer o seguinte: lá não dá acidente por que são C I V I L I Z A D O S !!! sabem viver em sociedade, sabem respeitar os direitos dos outros. o maior problema do Brasil, é a corrupção e a educação!!…e também uma frase esdrúxula que diz OS INCOMODADOS QUE SE RETIREM…

    Lá existe planejamento nas cidades maiores, mas não em todo país…e em todo país há bicicletas!!!!

    Aqui no Brasil todos dirigem com o pensamento de ESTOU ATRASADO, PRECISO CHEGAR LOGO, ninguém se programa, todos estão atrasados. Já ouviu falar no STOP SIGN nos USA??? Impossível ter uma sinal de trânsito daquele no Brasil, Porque? Por que não somos civilizados, não aprendemos a viver em sociedade…somos individualistas!!! De quê adianta eu ter uma Range Rover se o meu vizinho também tem? preciso ter mais que ele….é assim que se resume o Brasil…

    E isso se reflete no trânsito…toda a educação se reflete no trânsito !!! Não importa por onde vou passar, com que velocidade, e por cima de quem? Importa que vou chegar no MEU horário e antes do pessoal que deixei para trás!!!!

    Esse seu discurso é o mesmo da pessoa que diz: “NÃO VOU PAGAR IMPOSTO, PORQUE OS POLÍTICOS SÃO TODOS BANDIDOS”…ao invés de cobrar dos políticos, sonega!!!! mas grande maioria dessas pessoas que fazem isso, APOSTO, que se a empresa dele participar de uma licitação que sairia beneficiada, ele faria o mesmo!!!!

    Eu usava a bike para ir à Escola na Dinamarca, andava 8 km na estrada, no acostamento, e todos me respeitavam!!! é a cultura das pessoas de viver em sociedade…

    E qual o problema se pessoas que participam desse fórum fossem de alta renda???

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    1. [Comentário oculto devido a baixa votação. Clique para ler.]

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      1. Desculpe-me Dr. Ricardo por ser birrento e infantil. Deve ser problema materno!!! Tenho que trabalhar isso com uma psicóloga…

        Polêmico. O que acha? Thumb up 8 Thumb down 6

  12. “Plus boa parte dos atropelamentos de pedestres acontece justamente quando o pedestre invade o espaço dos carros fora do tempo e espaço alocado para si, i.e. atravessa fora da faixa e com o sinal aberto.”

    Tente atravessar numa faixa de pedestre onde não há sinal para você ver o que acontece. O motorista não vê faixa, não vê pedestre, não vê patavina nenhuma! Na maioria das vezes, simplesmente não pára!

    Você é bom com números, gosta de estatísticas? Faça um teste. Primeiro, leia o artigo 214 do CT. Depois, procure por uma faixa de pedestre sem sinal numa rua movimentada. Por fim, diga-me quantos porcentos dos motoristas obedeceram a lei. A minoria! Então, que moral tem essa gente para dizer onde pedestre vai atravessar?

    Virtualmente todos os motoristas desrespeitam de forma consistente o mínimo espaço reservado para o pedestre — a calçada — e aquele espaço onde ele tem preferência — a faixa. Mais uma vez, que moral tem essa gente para reclamar quando o pedestre “invade” o espaço dos carros? O pedestre é estúpido e o motorista é criminoso.

    A cidade é feita para uma minoria que anda de carro, uma minoria extremamente arrogante, prepotente, agressiva. Não há motorista que não diga que o trânsito é perigoso, violento; raro mesmo é ver um motorista que assuma a sua parte nisso. É como naquela cena ridícula do motorista preso no engarrafamento buzinando para os outros, como se fossem apenas os outros que engarrafassem o trânsito.

    “Isso não tem como não acontecer, Roberto. Temos como minimizar os acidentes, mas não temos como eliminá-los. Quem vive em cidades grandes paga um preço. Maiores oportunidades profissionais e culturais, maiores riscos.”

    Você perdeu completamente os senso das proporções. Vai-me dizer que o trânsito de São Paulo é igual ao de Tóquio? Que há tantos “acidentes”, feridos e mortos no Japão quanto no Brasil? Queria ver você dizer uma imbecilidade dessas depois de ser atropelado por um motorista bêbado e ficar paraplégico. Já disse, aceito os acidentes, mas não as agressões.

    “Eu gosto da bicicleta como solução de transporte. Mas no modelo escandinavo, planejado, de cima para baixo. Esse modelo guerrilha, de uma minúscula minoria, em sua maioria de alta renda (eu vivo recebendo comentários aqui de que “obviamente” nunca viajei fora do país, como se isso não fosse a regra para a esmagadora maioria dos brasileiros) que se coloca de mártir no meio de um trânsito que pessoas razoáveis evitam enfrentar até de carro.”

    Fale isso para a maioria dos ciclistas, a qual é composta por gente pobre. Eu sou classe-média baixa. Eu não posso comprar carro, nem quero comprar, pois não preciso. Se puder e precisar, comprarei. Não sou ativista de nada. Só quero ter o direito de locomover-me pela minha cidade com segurança. Quem tem de mudar é quem causa problema.

    O motorista pode falar o que quiser, mas ele teme que seus filhinhos morram pelas mãos de outros motoristas, e não pelas mãos de pedestres e ciclistas.

    Polêmico. O que acha? Thumb up 6 Thumb down 3

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  13. Sinceramente pessoal, esse tal de Ricardo só está querendo confusão….não é coerente em nada que fala….parece aquela pessoa que nunca viajou para outros países, vive dentro de um biblioteca lendo livros de psicologia que põe todos os defeitos da humanidade na figura da MÃE….

    Go Bike

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  14. “O típico motorista de carro está apenas tentando ir do ponto A ao ponto B sem se chocar com outro carro.

    O mesmo querem o ciclista e o pedestre, o que não querem é ser mutilados ou mortos no caminho.

    Como você mesmo colocou, a motorista provavelmente nem viu você.

    Se não viu, foi porque não olhou, porque não teve consideração, porque não soube guiar o veículo de forma segura.

    Quem guia uma máquina de mais de uma tonelada de massa e que alcança 100 km/h em questão de segundos tem o dever moral e legal de zelar ativamente pela segurança dos outros.

    Ela não viu, mas eu vi. Eu vejo. Mas eu não ameaço a vida de ninguém no trânsito, então não faz diferença para os outros, só para mim mesmo. “Eu não vi” é desculpa antiga, mas ainda cola.

    “Se você tiver um mínimo de honestidade intelectual, vai admitir que se mijaria de medo de abordar um bandido de verdade, armado com uma arma de fogo de verdade, para discutir. Que se esse for o seu critério de covardia, então você também é um covarde. E basicamente qualquer pessoa que não tenha impulsos suicidas.”

    Você tem uma séria dificuldade em fazer a mais básica distinção entre agressor e vítima. Minha caracterização de um covarde está escrita em vernáculo logo acima. Não me vou repetir.

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      1. HEHEHEEH, QUE CARA ESTRANHO….DIVERTIDO, MAS ESTRANHO…

        ME DIGA UMA COISA…ONDE A BIKE VAI ANDAR SE NÃO FOR NA RUA SR.? OU SR. VAI QUERER QUE O GOVERNO CONSTRUA CICLOVIA EM TODA A CIDADE??????

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      2. “Exato. Só que pedestres se esbarram uns contra os outros, e esses esbarros não são agressão. São acidentes. Você assume o risco de acidentes quando coloca sua bicicleta do lado de um carro que pode esbarrar em você.”

        Não seja ridículo, Ricardo! Os esbarrões entre pedestres são tão inofensivos que na maioria das vezes um diz “desculpe-me” e o outro responde com um “que é isso, não foi nada”. Um esbarrão é um acidente; um soco na cara é uma agressão. Estou falando de socos na cara desde o princípio.

        Hoje eu vi vários motoristas furarem o sinal vermelho de forma flagrante, descarada mesmo. Se um deles, ao fazer isso, tivesse atropelado e matado um pedestre ou mesmo colidido com outro veículo e ferido o condutor ou passageiros, você diria que foi um acidente? Pois é exatamente disso que estou falando, o resto é fantasia de sua cabeça.

        Aliás, ponha nela, na sua cabeça, que a diferença entre um pedestre/ciclista e um motorista é, repetindo para ver se você entende, uma carcaça de metal que pesa uma ou mais toneladas e chega a 100k/h em questão de segundos. A capacidade de alguém destruir, ferir ou matar é imensa justamente por conta disso. Portanto, a responsabilidade de um motorista é bem maior do que a dos demais. Não há discussão possível se você não tiver isso em mente.

        Eu não abro a boca para dizer um “ah” contra um bom motorista; pelo contrário, quando vejo um, dá vontade de ir lá e apertar a mão do sujeito.

        Na verdade, a questão real não é “motoristas X pedestres/ciclistas”, e sim “civilizados X bárbaros”. A maioria das pessoas, quando em trânsito, esteja a pé, de bicicleta ou de carro, é bárbara.

        A diferença entre um e outro é que o bárbaro a pé tem na mão uma pistola de água; o bárbaro de carro, uma bazuca. Eu sei que você tem dificuldade de entender analogias, mas deu para entender essa pelo menos? Para constar: quando falo em bárbaros, estou usando uma figura de linguagem. Por favor!

        “Você alterca com motoristas quando você não fica satisfeito com a conduta deles.

        O que você chama de conduta, eu chamo de agressão gratuita e leviana.

        “Eles respondem com irritação à sua abordagem, e você conclui que se você fosse um bandido com uma arma, eles não teriam coragem de expressar essa irritação com sua abordagem. E eu contra-argumento que se eles fossem bandidos com armas, você não teria coragem de abordá-los na rua. E você se perde no raciocínio.”

        Quem se perdeu no raciocínio foi você que não foi capaz de entender o por que de eu chamar de bandido um motorista que assim se comporta. É simples assim: quem age como bandido tem de ser tratado como bandido. Parece que, ao juntar as palavras “motorista”, “bandido” e “covarde” toquei numa ferida exposta. Hum… o que a psicologia de internet teria a dizer sobre isso? (hehehe)

        Diga-me, Ricardo, o que é “melhor”, ser morto por um assaltante ou por um motorista INFRATOR? A morte seria diferente no segundo caso? A pessoa estaria menos morta? Nota de rodapé (no meio do texto) só para Ricardo: motorista infrator é que aquele flagrante, consciente e deliberadamente desrespeita a lei e, acima de tudo, dirige de forma imprudente e perigosa, pondo em risca a integridade física e a vida dos outros.

        “Sim. E talvez você não devesse trafegar pela mesma via que essas máquinas de uma tonelada, como essas máquinas não trafegam por trilhos de trem. A lei permite que você trefegue, mas a lei também permite que você dê cabeçadas na parede.”

        Adiantaria dizer para você que antes de haver carros nas ruas já havia bicicletas? O carro tomou as ruas na força mesmo, como um… bandido (hahaha).

        Eu temo que meus entes queridos morram atropelados por carros ou em “acidentes” quando dentro deles. Você deve temer que os seus sejam mortos ao ser atropelados por em esbarrões na calçada ou atropelados por bicicletas com cestinhas.

        Se alguém tem de sair das ruas, certamente não é o ciclista, que mal pouco ou nenhum faz para os demais usuários. O custo benefício do carro só é positivo para quem o usa. E mais: o espaço público não está à venda — pouco me importa quanto de imposto um motorista paga — e deve ser por todos compartilhado da melhor maneira possível.

        Segundo as estatísticas, morrem muito menos ciclistas do que pedestres, então os pedestres têm de sair das ruas também? E os outros motoristas e passageiros que morrem em “acidentes”? Eles devem sair das ruas também?

        Aliás, tanta gente morre em colisões de veículos a motor, sem a presença de pedestres/ciclistas para “atrapalhar”, que os motoristas infratores deveriam ter vergonha na cara de apontar o dedo para pedestres/ciclistas. Isso por si mesmo já prova quem representa perigo para quem.

        Eu não proponho que os carros sejam banidos das ruas, basta simplesmente que seus condutores respeitem a vez, o direito e a vida das demais pessoas, e que a cidade seja organizada tendo em vista todos os seus habitantes, e não apenas aqueles que andam de carro. Isso é pedir demais? No Brasil, com certeza.

        Eu aceito acidentes, no trânsito ou em qualquer situação, afinal somos criaturas imperfeitas; o que não aceito são agressões deliberadas, que tanto piores são por que os agressores sequer se importam se causarão ou não mal.

        Motorista, certo, mata; pedestre/ciclista, errado, morre.

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          1. “Pois a sua história é a de um quase esbarrão, e não de um soco na cara.”

            Minha história? Você quer ouvir todas as minhas histórias? Que tal aquela vez em que um motorista de ônibus disse que se eu passasse na frente dele ele iria atropelar-me? Isso também é um esbarrão?

            Não vou mentir, não tenho muitas histórias como essa, não. Sabe por quê? Porque me locomovo de forma segura, evito o conflito, antecipo as situações de risco. Faço isso a pé e de bicicleta. Faria o mesmo se dirigisse carros. Estou o tempo todo me esquivando de socos, portanto.

            O problema, novamente, é que é um esbarrão entre um elefante e uma formiga. Você, a formiga, foi reclamar ao elefante, que com toda razão respondeu “fique fora do caminho dos elefantes”. Um excelente conselho, e um que a esmagadora maioria das pessoas segue, não se colocando na rua entre carros em movimento.”

            É… as pessoas são atropeladas quando estão sentadas no sofá de casa assistindo à novela, e não andando pelas ruas em meio a “elefantes”. Diga-me que cidade maravilhosa essa é a sua, Ricardo, na qual as pessoas não têm de atravessar ruas a pé. O que elas fazem, saem voando de “jetpack” nas costas? Não, e o seu elefante pisa as formigas de propósito.

            “A interpretação de maior risco para pedestres que para ciclistas é furada. Ela é baseada em mortes por milhas percorridas. Deveria ser por tempo. É óbvio que a bicicleta vai percorrer muito mais milhas do que um pedestre, e isso vai gerar uma taxa de mortes menor. O número que eu achei dá uma taxa duas vezes menor para a bicicleta… mas um ciclista, em média, percorre trechos muito mais longos do que um pedestre. Então a taxa de mortalidade por tempo para ciclistas é muito maior.”

            Puro chute de sua parte. Sem números, seu arrazoado não passa de especulação. Apesar disso, eu não deveria ter mencionado estatísticas, pois cada um sempre achará uma que lhe dê razão. Fontes independentes são escassas.

            Em todo caso, o que quis dizer permanece: motoristas matam outros motoristas/passageiros aos milhares todos os anos em “acidentes” nos quais não estão envolvidos os estúpidos pedestres/ciclistas.

            E, então, Ricardo? Quem mais terá de sair das ruas para que isso não aconteça?

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  15. Só para reforçar o texto: eu morei um tempo na Espanha e usava as estradas vicinais de lá para treinar ciclismo. Mesmo em estradas com acostamento, enquanto eu estava no acostamento, os carros mudavam de pista para realizar a ultrapassagem. E caso a mesma não fosse possível, aguardavam sem “stress” atrás da bike.

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    1. Rafael, você bem que resumiu muita coisa e o problema envolve isso: cultura.

      As pessoas continuam rotulando as outras pessoas. Usam termos como “pedestres”, “motoristas”, “motociclistas”, “ciclistas” de forma que parece que são indivíduos independentes. A grande verdade é que, quando um ciclista desse da bicicleta, vira pedestre. Quando um pedestre entra num carro, vira passageiro ou motorista. E quando um motorista utiliza sua bicicleta… vira um ciclista. Quem é mau educado como pedestre também será como motorista, ciclista e etc. O problema é de base.

      O meu medo, quando falam tanto em direitos de A ou B é que os menos protegidos acreditem nisso sem contestar que esta arriscando sua própria vida, e eu acho que nada, mas nada mesmo neste mundo vale isso. É uma regra básica de direção, que a maioria realmente parece ter esquecido ou nunca ter escutado, é dirigir defensivamente. Sempre! Melhor perder a vez mas manter a vida do que estar certo e perder a mesma. Os motoristas devem ter punições mais rigorosas, mas não apenas eles. Todos. Não é para dividir o mesmo espaço? Então todos DEVEM ser responsáveis. E criar um convívio em conjunto. Pode não ser amistoso, mas deve ser pelo menos seguro.

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