O caso de Juliana Dias também é contado no filme Luto em Luta. Foto: Gilberto Kyono

Como ocorreu o atropelamento de Juliana Dias

Veja a análise do Vá de Bike sobre o atropelamento e o cenário mais provável para o que aconteceu naquela manhã, na Avenida Paulista.

Um sorriso apagado para sempre. Foto: Gilberto Kyono

Matéria publicada originalmente em março de 2012. Importante esclarecer que naquela época a Avenida Paulista ainda não tinha ciclovia. Depois da implantação da estrutura, casos como esse não aconteceram mais. Ao menos naquela avenida.

No dia 2 de março de 2012, uma sexta-feira, eu estava na maternidade com minha esposa quando começo a ver as notícias pelo twitter. Ciclista atropelada e morta por um ônibus na Av. Paulista. Mulher, bike prata, com caixote no bagageiro. A história se repete.

Aperto no coração. Muitas amigas passam por ali diariamente e, mesmo sendo alguém que eu não conhecesse, sofreria como se fosse uma amiga próxima. Relatos iniciais no twitter afirmavam que o ônibus teria furado o sinal vermelho e acertado a ciclista em cheio, o que aumentava a revolta com o ocorrido.

Conversando com alguns amigos, descobri ainda na parte da manhã que a vítima era a Julie, mas não podíamos divulgar a informação em respeito à família, que ainda não tinha sido avisada.

Não, eu não a conhecia pessoalmente. Mas devo ter trocado um “oi” aqui e ali, já que tínhamos muitos amigos em comum e provavelmente estivemos no mesmo lugar ao mesmo tempo, em mais de uma ocasião.

Julie era mais uma de nós sendo levada.

Segunda faixa e a falta de sinalização

Juliana estava na segunda faixa da avenida, comumente usada por ciclistas. E por que usam essa faixa? Justamente PARA NÃO ATRAPALHAR OS ÔNIBUS. A faixa da direita é exclusiva dos coletivos e, como eles têm dificuldade para ultrapassar, já que os motoristas dos carros não os deixam sair dali, muitos ciclistas optam por trafegar pela segunda faixa. Tanto que bicicletinhas foram pintadas ali bicicletinhas no asfalto, por diversas vezes, aumentando a segurança de quem circula de bicicleta na avenida.

Quando havia sinalização no chão, os motoristas aceitavam melhor a presença dos ciclistas na Paulista. Mas, infelizmente, a CET preferiu apagá-las, com o argumento de que “confundiam os motoristas”. Em junho de 2011, alertamos aqui no Vá de Bike sobre o perigo de apagar essa sinalização e esclarecemos o motivo pela qual deveria ser oficializada em vez de ser retirada (leia aqui).

Mas como aconteceu?

Juntando os depoimentos de testemunhas que circularam pela imprensa, o relato do colega Rene Fernandes (que esteve na delegacia) e a experiência prática de quem já sofreu muitas agressões parecidas nas ruas, é possível fazer uma suposição mais realista sobre o que aconteceu.

O que descrevo abaixo é o cenário mais provável, em um exercício de entendimento das informações e depoimentos encontrados até o momento.

Dois criminosos

Testemunhas afirmam que um primeiro carro, de passeio, havia fechado Julie e a obrigado a fugir para a faixa do ônibus. Esse foi o primeiro criminoso, que com sua conduta irresponsável poderia ter sido o culpado direto pela morte da menina. Mas desse ela conseguiu escapar.

Julie então retornou para onde estava. Mas a ação desse motorista certamente incentivou o condutor do ônibus que vinha atrás a fazer o mesmo. Vendo o automóvel forçá-la a sair da rua, deve ter pensado em seu íntimo que a ciclista estava atrapalhando, que ela não deveria estar ali e que teria que se virar para sair da sua frente. Afinal, estava no lugar errado. Que criasse asas.

À direita de Julie havia nesse momento um ônibus, trafegando normalmente na sua faixa de direito. Então esse condutor irresponsável jogou seu veículo grande e pesado sobre a ciclista, ameaçando-a. No vídeo veiculado pela Rede Globo é possível ver o ônibus amarelo ultrapassando o outro a uma distância lateral muito pequena, com a ciclista ali no meio, o que demonstra que esse motorista, Reginaldo Santos, não lhe deu nenhuma chance.

O ônibus da esquerda deve ter tocado seu guidão. Ou, no desespero, ela se desequilibrou entre os dois veículos. Não faz diferença. Ao cair, o ônibus que estava à sua direita – e não tinha nada a ver com a história – passou por cima de seu corpo. Julie criou asas.

O motorista desse ônibus, apesar de consternado, conseguiu anotar a identificação do ônibus que causou sua queda. Desceu, olhou, se desesperou com o que viu. Mas não poderia fazer mais nada. A atitude daqueles dois motoristas – o do carro, que a ameaçou primeiro, e o do ônibus, que saiu sem prestar socorro – é indesculpável. E deveria ser inafiançável.

Fiança

O motorista que havia fugido do local do crime se apresentou durante a tarde. Foi preso em flagrante, mas o sindicato pagou a fiança de R$1.500,00 para que fosse liberado. Ele está sendo indiciado por homicídio culposo, com o agravante de estar dirigindo um veículo de passageiros.

Talvez esteja afastado da empresa, mas é bem provável que tenha dirigido seu carro particular no final de semana. O ideal seria seu direito de dirigir ser retirado por um longo tempo, para evitar que matasse mais pessoas pelas ruas. Uma pessoa assim não pode dirigir, por representar um risco à sociedade, da mesma forma que alguém que atira em local público e mata alguém “acidentalmente”, não deve mais ter porte de arma.

A Avenida Paulista não é perigosa

A Avenida Paulista é plana, reta, com quatro faixas e boa visibilidade, tornando fácil aos motoristas ultrapassar os demais veículos com segurança. Não é um local para correr, embora a sinalização permita 60 km/h e a fiscalização de velocidade seja inexistente. Aliás, 60 km/h é um limite ainda alto para uma via com um tráfego tão intenso de pedestres.

Quem matou Juliana Dias não foi a Avenida Paulista. Foi o motorista do ônibus. E, indiretamente, também o motorista do carro que a fechou.

Finas e fechadas

Infelizmente, Juliana não está mais aqui para contar o que houve. Apenas a versão do motorista que a matou será ouvida, o outro lado calou-se para sempre. As investigações terão que se basear em depoimentos de testemunhas que, talvez à exceção do skatista, não conhecem na prática a condução de uma bicicleta nas ruas, vendo a situação pela ótica de quem está dirigindo um carro. Para essas, Julie se desequilibrou e caiu por si só, “uma fatalidade”. Afinal, bicicleta é perigoso e as pessoas caem sozinhas o tempo todo. Esperamos que as imagens registradas possam ajudar a investigação.

Mas quem pedala nas ruas sabe: há motoristas que se irritam com a simples presença do ciclista na via e fazem questão de passar no espaço onde o ciclista está, mesmo que haja pistas livres para ultrapassagem. O motorista buzina, ameaça com o tamanho do carro e o barulho do motor. O ciclista que se vire para desaparecer magicamente da sua frente. Ou, pior, dão a conhecida “fina educativa”, passando propositalmente perto do ciclista para “educá-lo” a não utilizar as vias. E é isso que o motorista desse ônibus e daquele carro parecem ter feito.

Por isso dizemos #naofoiacidente. O simples respeito ao artigo 201 do Código de Trânsito Brasileiro, que determina distância de 1,5m ao ultrapassar um ciclista, teria evitado essa tragédia. Quem o desrespeita, deve levar em consideração o risco de uma lesão corporal ou morte. Se ainda assim o faz, não se pode dizer que foi um acidente. Acidente é o que não poderia ter sido evitado.

O que diz a lei

Art. 201. Deixar de guardar a distância lateral de um metro e cinqüenta centímetros ao passar ou ultrapassar bicicleta:
Infração – média;
Penalidade – multa.

Art. 192. Deixar de guardar distância de segurança lateral e frontal entre o seu veículo e os demais, bem como em relação ao bordo da pista, considerando-se, no momento, a velocidade, as condições climáticas do local da circulação e do veículo:
Infração – grave;
Penalidade – multa.

Art. 38. Antes de entrar à direita ou à esquerda, em outra via ou em lotes lindeiros, o condutor deverá:
(…)
Parágrafo único. Durante a manobra de mudança de direção, o condutor deverá ceder passagem aos pedestres e ciclistas, aos veículos que transitem em sentido contrário pela pista da via da qual vai sair, respeitadas as normas de preferência de passagem.

Art. 170. Dirigir ameaçando os pedestres que estejam atravessando a via pública, ou os demais veículos:
Infração – gravíssima;
Penalidade – multa e suspensão do direito de dirigir;
Medida administrativa – retenção do veículo e recolhimento do documento de habilitação.

Art. 58. Nas vias urbanas e nas rurais de pista dupla, a circulação de bicicletas deverá ocorrer, quando não houver ciclovia, ciclofaixa, ou acostamento, ou quando não for possível a utilização destes, nos bordos da pista de rolamento, no mesmo sentido de circulação regulamentado para a via, com preferência sobre os veículos automotores.

Art. 220. Deixar de reduzir a velocidade do veículo de forma compatível com a segurança do trânsito:
(…)
XIII – ao ultrapassar ciclista:
Infração – grave;
Penalidade – multa;

Como deveria ser

Em Bristol, na Inglaterra, um motorista de ônibus que jogou o veículo propositalmente em cima de um ciclista foi condenado a 17 meses de prisão, por direção perigosa e lesão corporal. Além do relato de testemunhas, o tribunal se baseou em imagens de uma câmera de segurança.

Por aqui, R$ 1.500,00 de fiança pagos pelo sindicato garantem que o motorista continue livre – e dirigindo.

Manifestação em dezenas de cidades

Em apoio ao ocorrido com Juliana Dias e para que não precisemos de mais Julianas, Márcias, Antônios e Anônimos, dezenas de cidades brasileiras realizaram uma manifestação conjunta na noite da terça-feira, 6 de março. Veja aqui.

Como foi a manifestação na noite do ocorrido

Veja abaixo uma bela videorreportagem sobre a manifestação realizada na mesma noite, com depoimentos de ciclistas presentes. E aqui, muitas fotos.


135 comentários em “Como ocorreu o atropelamento de Juliana Dias

  1. Uma perda irreparável, como todas outras que acontecem diariamente. Como aqui no Brasil não se respeitam as leis, resolvi aderir a esse comportamento típico do brasileiro e tb não respeito. Faço isso pela minha vida. Em vias de mais trânsito, vou pela calçada. Nunca nem assustei um pedestre, e posso me garantir quanto a respeitá-los. Esse respeito não existe dos motoristas para com os ciclistas. Fui atropelado duas vezes tentando seguir o que manda a lei. Na segunda, minha veia coxo-femural ficou com apenas 0,5 milímetros de espessura devido a um grande edema e hematoma que tive na virilha, mais um pouco eu estaria um cadeirante amputado hoje em dia. Preferencialmente procuro as ruas menos movimentadas, mas não hesito em usar a calçada nos trechos mais perigosos. É triste, muito triste isso, somos uma nação cheia de “Sr. Volante”, aquele personagem do pateta que, incapaz de pisar em uma formiga, virava um animal na direção do carro, agressivo com todos. Enauqnto não houver educação no trânsito. Continuarei um “fora-da-lei”, pedalando na calçada pela minha vida.

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  2. DEVERIA SER INAFIANÇÁVEL!

    A fiança foi de R$ 1500,00 pq ela estava de bicicleta, pois se ela estivesse alcoolizada e tivesse passado o farol vermelho com sua Tucson, a fiança seria de R$ 300.000,00!

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  3. É por isso que eu acho que ciclofaixa pouco tem feito na educação dos motoristas. Eu ando de bike há 2 anos e sempre vou pela Ricardo Jafet/Ipiranga. Sei lá o que aconteceu esse ano mas o fato é que trânsito ali está mais agressivo, os motoristas mais impacientes e estou estudando seriamente uma mudança de trajeto. Porque não panfletamos nos fárois aos finais de semana com um explicativo sobre direitos da bicicleta? Precisamos fazer algo.

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    1. Sergio, genial sua ideia. Peguei uma bike há pouco tempo e muito do que tem na lei que “protege” o ciclista eu não tinha conhecimento. Atarvés desse blog aprendi e muito! Eu topo participar da divulgação do direito e respeito ao ciclista. É necessário conscientizar a galera. Com certeza muitos motorista nem imaginam que existem leis que garantam proteção ao ciclista. Vamos panfletar! verisfranco@yahoo.com.br

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      1. Vera, por incrível que pareça tem motorista que pensa que é proibido andar de bicicleta nas vias públicas. E é muita gente. O certo mesmo seria uma campanha em rádio e televisão sobre o assunto.

        A panfletagem poderia ser na Paulista.

        Eu não quero uma ghost bike. Eu quero respeito.

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  4. Fiquei muito triste pelas mortes dos ciclistas em São Paulo e Brasília, também ando de bicicleta, dirijo automóvel, e vejo muitos abusos nas ruas, de ambas as partes.

    Na minha opinião, falta bom senso no artigo 201, não adianta ficar levantando esse artigo em todo acidente quando sabemos que na realidade o trânsito de São Paulo não permite que motoristas bem intencionados se mantenham longe dos ciclistas em vias públicas, ao mesmo tempo que permite que motoristas covardes pratiquem atos estúpidos contra os ciclistas. Eu ainda acho que a questão tem que ser discutida de outra forma. O artigo 201 é inviável em muitos locais de SP. de quem é a culpa? Não sei, mas ficar nesse blá blá blá de 1,5m não nos levará a lugar algum. Infelizmente mais uma ciclista morreu, não foi a primeira e nem será a última. Falta respeito dos motoristas, dos ciclistas, dos pedestres e, principalmente, da Prefeitura/Governo que não dá a mínima.

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    1. Pedro,

      Concordo contigo!
      Acredito que seja a hora de irmos lá na frente do prédio da prefeitura/governo/CET e realizarmos a Massa Critica, Bicicletada, Protestos e tudo o que mais for necessário para acabarmos com isso. Uso o carro como meio de transporte principal, mas 1x por semana venho para o trabalho. Depois que comecei a andar de bike, melhorei 250% em relação as minhas atitudes no trânsito. Infelizmente, a maioria não pensa como eu. A maioria acredito que respeite, mas já que na concientização não conseguimos educar o motorista, faremos através e nossos governantes! Cansei disso!Estive na sexta na homenagem a Juliana e amanhã estarei de novo. Nosso foco devem ser os governantes.

      abs

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    2. Pedro, concordo com voce no que diz respeito à falta de cuidado inclusive de alguns ciclistas. Indo para a Praça do Ciclista na sexta-feira, vi outros ciclistas furando farol e cruzando a faixa de pedestres quando havia pessoas atravessando. Como exigir respeito dos maiores se não respeitamos os menores que nós??!!

      O que aconteceria se um ciclista fosse atropelado e morto ao furar um farol vermelho? A quem exigiriamos explicações e modos e conscientização?

      Quanto à questão do art. 201, não penso que falte bom senso nele, acho que falta um discernimento a uma questão básica que o “precede”: antes de cumprir a distância de 1,5 m, os motoristas precisam se conscientizar de que é preciso, também, DIMINUIR a velocidade. Ou seja, cumprir o art. 220 que o William nos informa acima…

      Bom pedal!

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      1. Obrigado pelo comentário Thiago e Luciana. Acho que a base da convivência no trânsito é respeito, por parte de todos. Eu, como motorista, já fui “ofendido” por um ciclista sem ter feito nada, estava parado no semáforo quando ele jogou um panfleto na minha cara. Nem por isso eu generalizo todo ciclista como xiita. A generalização é burra, existem bons e maus em todas as posições no trânsito. Acho que aqui entra a questão que o Thiago citou, quando mudamos de posição no trânsito, respeitamos mais, pois sabemos como funciona o “outro lado”.

        Mas uma coisa que eu não defendo é o artigo 201, ele tem que ser revisto, mesmo diminuindo a velocidade, muitas vezes é impossível passar a 1,5m do ciclista e isso é um perigo para quem está pedalando. Eu acho que tem que ser discutido um novo código de trânsito, que seja atual, não adianta usar um artigo com mais de 10 anos se tudo mudou na cidade, a frota de veículos, de ciclistas, as vias…Temos que ter um fórum permanente de discussões, um fórum mensal para testarmos soluções e chegarmos em um convívio menos estúpido no trânsito. Estamos em época de eleição para prefeito, algum deles mencionou a palavra bicicleta?

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        1. Pedro, o 1,5m é viável sim, leia este artigo.

          Se não dá para ultrapassar, o motorista deve esperar, como faria como qualquer outro veículo lento, como um ônibus ou caminhão. Um caminhão na subida o motorista espera e, quando dá, ultrapassa. Se não der, segue atrás. Reclamando, mas sem colocar A SUA vida em risco. Mas como é só uma bicicleta, como a vida que está em risco é a do outro, tudo bem.

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          1. Nossa, olhando em BH, vejo motoristas, em vias de mão dupla avançando na contra-mão só pra não esperar alguns segundos atrás de outro carro, tanto que já presenciei um atropelamento (segurei a vítima para que não se movesse) e muitos outros “quase acidentes”. Por aqui muitos motoristas chegaram em uma condição de falta completa de noção, não sabem agir em sociedade, alguns se bobear batem o carro pra não esperar alguns segundos.

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        2. Pedro,

          A única candidata que sei que levanta a bandeira da bicicleta como meio de transporte é a Soninha Francine que disputará as eleições para prefeitura em São Paulo.
          Há diversas alternativas para melhorarmos o cenário atual. Campanhas educativas para todos (Não apenas aos motoristas, pois o que vejo de ciclistas mal educados, desrespeitando os pedestres), utilização melhor das vias para o transporte de bicicletas (vide 23 de maio que tem um canteiro inutilizado. Muito bonito, mas que poderia ficar igual houve em Bogotá).
          Mas enfim. Acredito que quanto mais ciclistas na rua, menos pior será o nosso dia-a-dia.

          abs

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  5. Na minha visao, acredito q o problema seja maior do q o transito caotico, principalmente nas grandes cidades. Dentro de um carro quente, cercado de inumeros veiculos, com horarios e compromissos a cumprir, uma pessoa deixa de ser humana e passa a um animal acuado, que eh imprevisivel nos seus atos e invariavelmente agressivo com tudo. Se existe solucao? Tambem acredito que sim, pois os carros e o estilo de vida agitado em busca do sucesso na vida existiam e existem nas cidades grandes pelo mundo afora, sejam em cidades modernas como Copenhagem ou congestionadissimas como Mumbai. Nessas cidades existe um enorme contingente de bicicletas e mesmo na caotica Mumbai, onde mal existem guardas de transito, os veiculos se respeitam e procuram uma convivencia pacifica. Se no nosso pais existem leis para as bicicletas, elas estao sendo totalmente ignoradas, exatamente na contramao de paises desenvolvidos que almejamos ser…
    Vai em paz Juliana, algum dia pedalaremos juntos.

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  6. Srs diretores da CET, não da mais para fazer vista grossa ao crescente número de bicicletas que são usadas como transporte no dia a dia paulistano, porque apagar as sinalizações feitas pelos ciclistas, sem custo nenhum para o estado ou município, na minha opinião os senhores foram os culpados pela perda de mais essa vida, talvez caiba ai uma ação coletivas contra esse órgão, então os senhores acordarão.

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  7. ando de byke em são paulo a mais de 10 anos , sempre como meio de transporte. Por diversas vezes tomei fechada de motoristas tanto de carros particulares quanto de transportes publicos. Principalmente na av elizeu de almeida por onde ando todos os dias. Gostaria de saber porque as autoridades ainda colocaram a faixa de onibus da av paulista na esquerda igual a av 9 de julho e tantas outras principalmente porque la os onibus não entram a direita simplesmente atravassam de ponta a ponta! Eles gastaram fortumas reformanda a avenida custava planejarem um corredor de onibus ?

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  8. Cada um de nós, que utiliza a bicicleta em seu dia-a-dia, deveria tentar elaborar pequenos panfletos com o conteúdo do quadro azul acima, com toda a legislação e infração pertinentes, circulando diariamente com algumas cópias na mochila. A cada intercorrência com motoristas, deveríamos entregar um panfleto e dizem simplesmente: “respeite a lei”. Grande parte do povo brasileiro é, infelizmente, de baixo nível cultural e não teve acesso à educação, inclusive de trânsito, já que educação há muito deixou de ser prioridade de nossos governantes. Muita gente realmente desconhece o código nacional de trânsito por completo e pensa que a rua não é feita para ciclistas.

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    1. Mauro, respondi o comentário do Sergio que também propôs uma panfletagem. É necessário conscientização! Estou aprendendo agora a andar de bike, peguei uma recentemente. E só fui ter noção dos nossos “direitos” lendo este blog. A verdade é que muito motorista nem deve imaginar que esse tipo de coisa consta em lei. Topo panfletar, divulgar, o que for preciso eu to dentro. verisfranco@yahoo.com.br

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      1. Verônica, hoje mesmo eu enviei um e-mail do “Vá de Bike” com alguns questionamentos sobre quem é quem no “movimento” cicloativista de S. Paulo. Há pouco menos de um ano eu venho procurando usar minha bike nesta cidade e me inteirar a respeito dos sites e blogs cicloativistas. Mas percebo que é ainda algo disperso, com alguns abnegados como é o pessoal do “Vá de Bike”. Havia ciclistas criticando duramente as manifestações da útima 6a.feira e a Bicicletada Nacional de amanhã no Facebook, neste final de semana. Acho que toda iniciativa é imensamente válida, mas as pessoas precisam buscar um mínimo consenso e chutar a bola no mesmo sentido. Tomara que consigamos nos tornar um verdadeiro “movimento” para que panfletagens públicas ou distribuição de adesivos(por exemplo) sejam organizadas. Mas isso não impede o trabalho de formiga que cada um possa desempenhar no seu dia-a-dia.
        PS: achei muito interessante o comentário do colega que disse que sua atitude no trânsito melhorou 250% quando passou a andar de bike. Isso também aconteceu comigo…

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        1. Boa Mauro!
          Eu que falei sobre minha absurda melhora no trânsito depois de utilizar a bike como meio de transporte. Isso começou com os passeios dominicais pelas CicloFaixas de Lazer(acredito que devemos também fazer um trabalho forte nesses locais, pois ali temos a grande maioria, motoristas durante a semana).
          E após meu uso da bike 1x por semana para vir trabalhar, todos lá em casa passaram a respeitar imensamente pedestres e ciclistas. É aquela velha história. Senão acontecer com sua família ou alguém próximo, as pessoas não se mexem. É legal hoje meu pai, sempre que tem alguma noticia sobre bike como meio de transporte, me chamar, gravar a reportagem ou buscar o link na internet. Se cada um conseguir fazer que seus entes próximos tenham essa visão, logo teremos motoristas mais acostumadas e respeitando o ciclista.

          abs

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    2. Mauro, acho uma boa ideia. Mas tem que motoristas rejeitem, blindados dentro de seus carros… Eu admito que muitas vezes me irrito com os modos dos motoristas e acabo “bradando” aos valentoes que devem eh ler o Codigo de Transito… Para quem pedala diariamente, chega um momento que fica dificil manter a calma, mas sua sugestao pode resultar num belo exercicio de tranquilidade e civilidade… Nao eh o que se diz, mas como se diz – isso jah sabemos, nao?

      Na sexta-feira mesmo, voltando pra casa com meu marido, depois da bicicletada, levamos buzinadas e finas “educativas”. No entanto, outros motoristas foram cuidadoso, desaceleraram e nos deram passagem. O que dizer sobre isso? Ha motoristas e motoristas…

      Acho que vou tentar usar o panfleto e pagar pra ver…

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      1. Luciana, creio realmente que agressão gera agressão, violência gera violência, sobretudo nesta cidade louca em que vivemos. A maioria não está aberta ao diálogo, mas se isso for possível, nada melhor do desmontar um(a) troglodita destes, com uma atitude de não violência… Você já se imaginou entregando uma flor e uma palavra de paz a alguém que comete uma atitude agressiva contra um ciclista? Será que este indivíduo responderia com mais agressão?

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  9. Pior que ouvir o que disse a manicure, foi ouvir um PM afirmar que a Juliana não deveria estar na rua (!!).

    Se o atropelamento gerou tanta comoção na sexta-feira, por que ainda não ouvi nada sobre imagens terem sido já obtidas pelas autoridades? Alguém sabe se algo foi noticiado a esse respeito?

    Eu sempre falo aqui da subida no final (pra quem vem do bairro) da Rua Heitor Penteado, na altura do numero 200, antes de chegar ao cruzamento desta com o final da Alfonso Bovero e inicio da Dr. Arnaldo. Aquele pedaço é MUITO perigoso, com motoristas sempre acima da velocidade e passando muito perto de mim, que normalmente estou em baixa velocidade. Sempre que posso, tomo meia faixa para que nao me peguem… E hoje vim particularmente com medo… Haja anjo da guarda…

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    1. Mas por que a manicure está errada? Ela é parente do motorista? Ela tinha algo contra a Juliana? (com certeza nem a conhecia…) Por que ela não poderia estar falando o que viu? Acredito que a manicure esteja sendo honesta com a sua própria impressão.

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  10. Adotei a bike como meio de transporte e percebe-se como ainda há milhares de motoristas imbecis, assassinos ao volante que atentam contra a vida de ciclistas, pedestres, cadeirantes, mães com carrinho de bebê, idosos… É o horror das ruas

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  11. Essa velocidade máxima de 60 km/h permitida na Av. Paulista é realmente alta demais para os ciclistas e também para os pedestres. Fui para lá no sábado de manhã e fiquei observando o trânsito, os carros andam MUITO mais rápido que todas as bicicletas. Então, a situação do ciclista lá é a de sempre estar sendo ultrapassado em alta velocidade pelos carros, e você pode imaginar a situação, considerando que existe a faixa exclusiva de ônibus à direita. Acho que seria melhor um limite de 40 km/h. Para demonstrar isso, observe na Av. Helio Pellegrino: nessa avenida, a velocidade permitida durante a semana é de 60 km/h mas aos domingos, durante o funcionamento da ciclofaixa, o limite é reduzido para 40 km/h. Quando os carros trafegam a 40 km/h, muitos ciclistas até conseguem andar na mesma velocidade, praticamente acompanhando o fluxo e tornando menos necessárias as ultrapassagens. Acho que uma redução de velocidade na Av. Paulista a tornaria mais segura e menos estressante para todos, e de quebra diminuiria também o nível de ruido. Um abraço.

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    1. Paulo, se olharmos bem o CTB, era pra Av. Paulista e várias outras de Sampa, Av. Afonso Pema, Av. Amazonas e outras (em Belo Horizonte) terem como velocidade maxima 40km/k, uma vez que não são vias “arteriais” (ou já deixaram de ser), mas coletoras, mas a incrível cegueira, talvez provocada pelos gases que saem dos escapamentos dos carros, fazem com que nossas CETs, BHTrans e outras enxerguem até ruas de bairro (onde o máximo deveria ser 30km/h) como vias de velocidade máxima de 40, 50km/h, além da cegueira também de nossos motoristas, que acreditam plenamente que qualquer lugar não sinalizado dentro da cidade tem velocidade máxima de 60km/h (independente do tipo de via).

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      1. Olá André, obrigado pela informação. Hoje de manhã tive uma idéia: talvez fosse possível reduzir a velocidade das faixas da direita nessas grandes avenidas para 40 km/h. Na Av. Paulista por exemplo, reduziria a velocidade de duas das quatro faixas. Acho que para os ônibus não faria muita diferença, pois eles já têm que parar a toda hora mesmo. E os carros que quisessem andar mais rápido usariam as faixas da esquerda. Seria uma solução intermediária. Haveria controle rigoroso por lombada eletrônica nas duas faixas da direita. Ninguém corre quando tem essas lombadas, dói muito no bolso…E encheria de desenho de bicicleta nessa segunda faixa, claro…

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  12. Tão revoltante quanto o ocorrido é ler os comentários de pessoas, que mesmo que estejam fazendo “só pra provocar”, incentivem o comportamento agressivo no trânsito.

    acho que todo mundo ouviu: “Av. Paulista não é lugar de bicicleta”. Como sempre Tentam colocar a culpa na vítima

    Por conta do grande aumento do número de bicicletas na cidade estamos tanto um “ataque” contrario de motoristas que não querem perder espaço para as bicicletas.

    Tudo isso só me deu mais vontade de pedalar, de lutar pelos nossos direitos e por um política pública que priorize as pessoas e não obras para ganhar mais dinheiro!

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  13. Willian,

    Uma queda acidental é pouco provável, embora não impossível. Quero crer que as imagens venham à tona e desnudem para toda a sociedade aquilo que, parte dela, faz com toneladas de metal em alta velocidade e sequer se dão conta. No entanto, é preciso ter cuidado ao fazermos uma leitura do ocorrido: vi muito ciclistas convictamente apontando os culpados. Infelizmente, precisaremos aguardar as imagens.

    Ademais, o depoimento da manicure foi bastante negativo, ao afirmar que ela se “desequilibrou, caiu e foi uma fatalidade”. São palavras MUITO sutis para descrever a perda de uma vida.

    Embora ainda seja possível que ela não tenha sido acintosamente agredida, uma coisa não muda: ela foi vítima de imprudência, de impunidade, de falta de consciência dos motoristas e do “Sr. Wheeler que toma conta do Sr. Walter sempre que ele segura um volante”.

    Hoje, vim pedalando ainda mais convicto de que faço o certo: essa cidade precisa mudar!

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  14. Fico imensamente triste e revoltada…histórias se repetindo..vidas sendo tiradas e nada sendo feito, efetivamente. Me aconteceu recentemente (moro em Belo Horizonte) ser fechada criminosamente por um ônibus, ao abordar o motorista ele reagiu como louco, completamen alterado, perguntando o que fez p mim…ele jogou novamente o ônibus sobre mim…felizmente tive sorte e proteção de Deus e estou aki p contar..anotei hora, linha e placa e formalizei uma reclamação na BH Trans…não sei se de fato algo vai ser feito mas pelo menos cumpri meu dever de cidadã…o que me assusta é ter no trânsito, guiando pessoas e compartilhando com ciclistas, motociclistas e outros maotoristas, pessoas desiquilibradas como esses dos casos citados…é preciso uma avaliação mais profunda do psicológico de quem dirige, pessoas com alto nível de agressividade NUNCA poderiam ter habilitação…abraços a todos, na esperança de um mundo melhor…Onira.

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  15. Caro Willian

    Aqui, em São Bernardo do Campo, juntarei o pessoal para que possamos manifestar o nosso repudio a tais atitudes. Pois aqui, tambem, os motoristas de onibus, constantemente, jogam os seus veículos em cima dos ciclistas.

    Abraço

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