Faixa de ônibus da Ponte das Bandeiras foi sinalizada para indicar a presença também de bicicletas. Foto: Silvia Ballan

Pontes devem ser sinalizadas para proteger a vida de ciclistas

As pontes das cidades brasileiras representam pontos de risco para ciclistas, que em muitos casos precisam cruzá-las diariamente.

Faixa de ônibus da Ponte das Bandeiras foi sinalizada para indicar a presença também de bicicletas. Foto: Silvia Ballan
Faixa de ônibus da Ponte das Bandeiras, em São Paulo, foi sinalizada por cidadãos, para indicar a presença também de bicicletas. Foto: Silvia Ballan
A faixa de pedestres começou a ser utilizada imediatamente por cidadãos que precisam atravessar no local. A primeira pessoa a utilizar foi essa senhora. Foto: Silvia Ballan
A faixa de pedestres começou a ser utilizada imediatamente por cidadãos que precisam atravessar no local. A primeira pessoa a utilizar foi essa senhora. Foto: Silvia Ballan

Num final de tarde de sexta-feira, aproximadamente 35 ciclistas se reuniram na ponte das Bandeiras, Zona Norte de São Paulo, para realizar uma ação popular buscando mais segurança para os ciclistas da região. Foi a “Bicicletada das Pontes”, que aconteceu no dia 20 de setembro de 2013. O evento havia sido convocado via Facebook pela Ciclo ZN, um grupo de ciclistas que dependem da travessia das pontes todos os dias nos seus deslocamentos.

Além da falta de planejamento e de sinalização para a travessia de pedestres e ciclistas, um grande problema no local é a velocidade dos carros. “Mais importante do que ter passarelas e ciclovias é reduzir a velocidade”, afirma Odir Juge, na videorreportagem de Murilo Azevedo, no Bike é Legal. “A ponte, que é feita pra unir os dois lados, na verdade só separa. Ela só une realmente quem é motorizado”, opina outro ciclista, Almeida Silva, no mesmo vídeo.

Para sinalizar essa redução de velocidade e forçar o poder público a tomar uma atitude de forma emergencial, os ciclistas pintaram uma faixa de pedestres na alça de acesso – que logo foi inaugurada por uma senhora que passava. A falta de pontos seguros de travessia é um problema da maioria das pontes da cidade. Bicicletinhas também foram pintadas na faixa dos ônibus e uma linha foi pontilhada simulando uma ciclofaixa.

Uma mensagem de protesto também foi deixada na faixa de ônibus da Ponte das Bandeiras. Foto: Thiago Ciclista Urbante
Uma mensagem de protesto também foi deixada na faixa de ônibus da Ponte das Bandeiras. Foto: Thiago Urbante

Ponte do Pacaembu

Na sexta-feira seguinte, 27 de setembro, era dia de Bicicletada. E dessa vez a massa se dirigiu à ponte do Pacaembu, para repetir a sinalização.

Veja neste vídeo feito pelo Roberson Miguel, a “inauguração” da nova sinalização e o perigo na travessia. Repare como não há passagem para pedestres nessa ponte, as pessoas se espremem em 20 cm de calçada – uma situação criminosa.

Mesmo com a sinalização, que ficou bem próxima à oficial, no vídeo é possível notar duas fechadas colocando o ciclista em perigo, além da dificuldade da circulação de pedestres.

Milhares de ciclistas cruzam as pontes paulistanas diariamente, pois precisam se deslocar pela cidade. Não há alternativa segura, nem medidas para criar condições de segurança. Foto: Ciclo ZN
Ciclistas cruzam ponte em São Paulo. Não há alternativa segura e não são tomadas medidas que criem condições de segurança. Foto: Ciclo ZN

Sinalizar e reformar pontes é essencial

Por Willian Cruz

Milhares de ciclistas precisam cruzar diariamente as pontes paulistanas. E a maneira como foram construídas – servindo como alça de acesso para vias de alta velocidade – coloca em risco qualquer pessoa que não esteja em um veículo automotor.

O motivo do risco é bastante claro. O ciclista vem por uma avenida principal, na faixa da direita, quando de repente, “surge” uma nova faixa à sua direita, com veículos entrando em alta velocidade. E isso justo no momento em que começa a subida e a velocidade do ciclista, por consequência, diminui.

Mesmo após passar por essa entrada, o risco continua sobre a ponte, pois a velocidade da bicicleta diminui cada vez mais em razão do aclive e os veículos, que vêm da avenida abaixo em alta velocidade, vêem a ponte como uma extensão dessa via e tentam manter a velocidade que imprimiam anteriormente. O ciclista passa a ser visto como obstáculo e não raro ocorrem agressões que leh colocam a vida em risco, como finas e fechadas.

Mais adiante, quando tem início a descida, o risco continua, agora com os motoristas que querem chegar à saída na direita, para acessar a via rápida abaixo. Muitos não têm paciência com o ciclista e o fecham descaradamente, mesmo sabendo que com isso pode ocorrer um grave acidente.

E como mudar tudo isso? As melhores soluções, em termos de segurança viária, são:

  • Retirar dessas pontes a característica de alça de acesso, fazendo os motoristas entrarem na próxima rua para retornar à avenida abaixo. Sem isso, é muito difícil fazer uma travessia segura para pedestres um acesso para ciclistas.
    .
  • Sinalizar a presença de bicicletas e a prioridade de circulação garantida no código de trânsito, através de sinalização horizontal (ciclofaixa, ainda que compartilhada com ônibus) e vertical (placas).
    .
  • Realizar blitzes de fiscalização para coibir o comportamento desumano e criminoso de muitos motoristas ao entrar e sair das pontes, punindo exemplarmente por direção perigosa. Impunidade estimula o desrespeito à lei.

A omissão do poder público em relação às pontes, principalmente estando cientes do problema, também é criminosa.

Veja também
Ciclistas sinalizam pontes com placas de compartilhamento, montadas com discos de vinil

A dificuldade de atravessar as ruas em São Paulo

Consertando as cidades com iniciativas populares

Nossas cidades podem mudar para melhor hoje mesmo – e sem gastar muito

Sempre há espaço para estrutura cicloviária

Priorizar pessoas no planejamento das cidades é tendência mundial

6 comentários em “Pontes devem ser sinalizadas para proteger a vida de ciclistas

  1. Apesar de ser uma boa medida, não resolve o problema de trânsito. É como tentar enxugar um bloco de gelo. O problema de mobilidade não está sendo resolvido. A questão das pontes é a sua readequação, não sua sinalização. A melhor solução é a construção de pontes, exclusivas para pedrestes e ciclistas. Exemplos disto existem: as passarelas de Osasco sobre o rio Tietê, há 4 delas ! Uma integrada a ponte numa solução interessante, e 3 exclusivas para pedestres/ciclistas.
    Em São Paulo, creio que não há solução semelhante. A proposta de ciclopassarela da USP é uma solução cara, vai atender a uma pequena parcela do trânsito de pessoas e biciclestas, enquanto que a readequação das pontes é mais barata e mais aplicável às pontes existentes.

    Thumb up 0 Thumb down 1

  2. pelamordedeus..quase fui impiedosamente atropelado, uma vez na ponte do LIMÃO e duas na JULIO MESQUITA. De tanto medo que fiquei agora só vou pelo passeio, e na alça de acesso da ponte do LIMÃO fico esperando desmontado já fora da ponte, na alça de acesso a marginal não vir ninguém, ai atravesso levando a bike desmontado, só ai então monto na bike pra seguir meu caminho.Não é fácil..aquilo é pior que roleta russa, é brincar com a vida..não sei até quando isso vai continuar, sem contar também que na ponte do LIMÃO colocaram postes de iluminação NOVINHOS (uma beleza) só que as lâmpadas estão apagadas direto !!! é uma escuridão tremenda ali em cima, a ILUME diz que os bandidos roubam os fios nas madrugadas e por essa razão não tem ILUMINAÇÃO….

    Thumb up 1 Thumb down 0

  3. Se o problema fossem os carros estava bom demais, mas nas pontes das marginais ser assaltado é o verdadeiro perigo! Fiquem espertos com a ponte jaguaré, levaram minha spz crosstrail (marquei bobeira, estava na passarela de pedestres, é lógico q se a travessia fosse segura de bike eu iria pela pista) lá e um colega de trabalho teve o parabrisa quebrado por uma pedra arremessada por um animal (jogam a pedra e ficam esperando que o motorista pare para assaltarem de bando, coisa que nem com travessia segura iria salvar os ciclistas).

    Thumb up 2 Thumb down 1

  4. Eu estava presente na pedalada em que esa ciclofaixa foi realizada e realmente é uma ponte muito perigosa. O grupo foi chingado várias vezes por alguns motoristas. Mesmo na hora que estávamos atravesando vi várias pessoas atravesando a pé a ponte (bem no centro, naquela parte que tem um murinho nem “calçada” tem).

    Thumb up 2 Thumb down 0

  5. Entre as melhores soluções faltou a maid fácil: reduzir a velocidade máxima permitida. E a não tão fácil: fiscalizat a vel. Max. permitida (que demanda a instalação dos imprescindíveis haddares*).

    *by zé simão.

    Thumb up 2 Thumb down 0

  6. Parabéns, Willian pela cobertura dessa pauta que é de extrema importancia para a cidade, pois se tivermos exito na redução e cuidado com pedestres e ciclistas nas pontes, nao será mais difícil conseguir e lutar no resto da cidade. E cada vez que fazemos uma ação a revelia do poder publico fazemos com que a sociedade realmente preste mais atençao do que quando fazemos pelo poder publico.

    Comentário bem votado! Thumb up 8 Thumb down 0

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *