Uma das ciclovias que compõem as vias cicláveis existentes em Paris. Foto: Wikimedia Commons

França quer pagar para quem for ao trabalho pedalando

O Ministério dos Transportes francês quer subsidiar o trajeto entre a casa e o trabalho e pagará aos trabalhadores que se deslocarem de bicicleta.

uma das ciclovias que compõem os atuais 371 quilômetros de vias cicláveis existentes em Paris. Crédito: Wikimedia Commons
Uma das ciclovias que compõem os atuais 371 quilômetros de vias cicláveis existentes em Paris. Crédito: Wikimedia Commons

Com diversos sistemas de bicicletas públicas que serviram de exemplo ao mundo todo, como em Paris e Lyon, a França está a ponto de obter mais um avanço no setor da ciclomobilidade: o Ministério do Transporte francês anunciou a intenção de subsidiar trabalhadores que forem de bicicleta ao trabalho.

A proposta, encabeçada pelo ministro Thierry Mariani, a exemplo de outros países que já adotam a prática, como a Bélgica, visa pagar a cada ciclista 21 centavos de euro por quilômetro percorrido no trajeto de casa ao trabalho. O valor será repassado pelas empresas em troca de isenções fiscais. A estimativa do governo francês é de que a medida represente uma economia de 5,6 bilhões de euros na área de saúde, em contrapartida a despesas de 20 milhões de euros com o projeto.

O Vélib, de Paris, é um dos sistemas de bicicletas públicas pioneiros no mundo. Crédito: Wikimedia Commons
O Vélib, de Paris, é um dos sistemas de bicicletas públicas pioneiros no mundo. Crédito: Wikimedia Commons

O incentivo apresentado integra um programa amplo de melhoria das condições de transporte dos usuários de bicicleta nas cidades francesas, incluindo também iniciativas como a construção de bicicletários e paraciclos em pontos estratégicos como estações de trem, bonde, e terminais de ônibus, além de medidas de segurança para coibir furtos e roubos. O anúncio, porém, sofreu questionamentos de ativistas do segmento, que pleiteiam a obrigatoriedade do subsídio para todas as empresas francesas, já que, por enquanto, a adesão ao programa não é obrigatória.

Ações constantes

O ministro Mariani também apontou que outras medidas estão em estudo, como a modificação das regras de circulação para permitir que os ciclistas avancem o semáforo vermelho quando virarem à direita, além da construção de mais ciclovias. Estimativas apontam que, se cada europeu pedalar 2,6 quilômetros por dia em vez de usar um carro, haveria uma redução aproximada de 15% das emissões de gás carbônico provocadas pelo uso de veículos motorizados.

Cidades como Paris contam, atualmente, com uma ampla gama de serviços públicos destinados a favorecer o transporte por bicicleta. O próprio site da Prefeitura parisiense conta com um portal interno para esclarecer dúvidas tanto dos munícipes quanto dos turistas, com mapas, roteiros, simuladores de trajeto e dicas diversas sobre turismo e a conduta do ciclista na via.

14 comentários em “França quer pagar para quem for ao trabalho pedalando

  1. Realmente é um sistema que não daria certo no Brasil exatamente como é, porque foi concebido em um contexto muito diferente. Imagine que logo apareceria reembolso de gente que supostamente pedala 500km por dia. Mas é uma idéia que pode ser adaptada e muito bem aproveitada. Veja o nosso sistema de empréstimo de bicicletas, que é muito mais burocrático do que o francês. Mas funciona.

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  2. A idéia é muito boa , mas….aqui no Brasil não sei se daria certo não ! Aqui tudo que envolve dinheiro vira corrupção, superfaturamento etc, além disto alguns aproveitam os beneficios como bolsa familia, seguro desemprego etc para se encostar e ficar vivendo de renda aqui e ali, como bem sabemos.
    Se não fosse tudo isto, se o pais fosse SÉRIO, seria uma exelente maneira de popularizar a bike para o uso diario , veriamos muito mais bikes nas ruas e os motoristas teriam que acabar aceitando a realidade da bicicleta e acabariam tendo que respeitá-las no seu espaço e conviver civilizadamente com elas, realmente seria muito bom mesmo mas….

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  3. Já seria um bom começo se o estado e a prefeitura dessem descontos no IPVA para motoristas que deixassem os carros nas garagens. Caso o motorista agraciado com o desconto fosse flagrado dirigindo seu carro, seria severamente punido com o pagamento integral do imposto + multas.

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  4. Como comentei na reportagem da ESPN sobre o assunto…

    Em São Paulo, gastando duas passagens por dia para ir trabalhar e voltar para casa, se gasta 120 reais no fim do mês. Se fossem pagos 40 centavos (equivalente a 12 centavos de euro) por km rodado ao ciclista em São Paulo, um ciclista que roda 16 Km para ir e vir do trabalho (uma distância de 8 Km), receberia 128 reais/mês (contando 20 dias de trabalho), compensando o vale transporte.

    Se fazer as contas, quem mora longe do trabalho em sampa mora na média a 12 km eu acredito, este receberia 192 reais mensais (e normalmente é um trajeto de menos de uma hora).

    Com uma rápida pesquisa se descobre que estas pessoas conseguiriam comprar bicicletas de até 1500 reais em 12x só pedalando. Ótima maneira de fomentar o mercado ciclístico, reduzir trânsito, melhorar a saúde da população, entre outras coisas…

    Comentário bem votado! Thumb up 16 Thumb down 0

  5. Aqui se fizerem mais ciclovias e ciclofaixas jã estarei plenamente satisfeito.
    As empresas não precisam de incentivos fiscais sendo que os benefícios para elas são óbvios… Menor numero de atrasos, menor estresse, funcionários mais saudáveis…
    O que poderia ser revisto no Brasil é o modelo de vale transporte. Que diferença faz entre vc dar uma vale transporte em dinheiro ou num bilhete único, por exemplo? Pagando o valor em dinheiro, a pessoa que vai de bicicleta pode usar o dinheiro da condução para outra coisa, isso incentivaria muito a utilização de bicicletas. Pra ir e voltar de ônibus em São Paulo, 22 dias por mês, se gasta no mínimo R$ 132,00… Pra muita gente um dinheiro que iria fazer a diferença no orçamento mensal.

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      1. Sim, porém o público alvo dessa medida seria o pessoal de baixa renda, até uns 2 a 3 salários mínimos, que são isentos de IR de qualquer forma. Quem ganha acima do teto de isenção poderia optar entre receber o valor com desconto do ou receber em créditos no bilhete único, sem desconto.
        Essa seria uma das alternativas possíveis.

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  6. No Reino Unido existe um esquema para a compra de uma bicicleta para ir ao trabalho. Além de comprar a bicicleta sem impostos, o esquema começa com a compra da bicicleta de sua escolha pela sua empresa, que “aluga” ela pra voce por um tempo, descontando o pequeno valor do aluguel do seu salário bruto (e vc paga menos imposto por causa disso). Depois, a bicicleta é “vendida” a você pelo valor ajustado como bicicleta usada…

    Aqui está explicado melhor:
    http://m.bikeradar.com/gear/article/guide-to-the-uks-cycle-to-work-scheme-18360/

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  7. usando o pensamento do brasileiro, um dos povos mais fraudadores do mundo, como será feito o controle de quilometragem que definirá o pagamento? porque já dariam um jeito de fraudar, o cara vai de carro leva a bike e só chega no trabalho com ela kkkkkk

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    1. Bem, se pagam salário para família necessitadas, por que não para ciclistas. Acho que para o esquema funcionar no Brasil, vai ter que ter influência dos sindicatos.

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      1. Aproveitando esta oportunidade. O Sindpd está fazendo campanha à lá metalúgicos e bancários, por … maiores salários … faz isto porque basicamente para manter as cadeiras no sindicato. Como os grandes ativistas de ciclismo estão no setor de TI, que tal também pressionar o Sindpd para melhorar a mobilidade … fazendo campanha por mais paraciclos e condições para mobilidade das bicicletas. Afinal sindicatos não servem para melhorar a vida da categoria ?

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    2. Vamos ter que vender esta idéia para o Ministério do Trabalho. Para as empresas, como forma de benefício. Vamos integrar a cultura ciclística nas empresas, no setor público, … No Brasil, estas coisas estão distantes porque não há ainda uma articulação suficientes nos ambientes para incentivar desta maneira … mal fazem instalação de paraciclos nas empresas … Exemplo, há paraciclos até mesmo bicicletário no CENESP ( Centro Empresarial São Paulo ) … embora poucos o usem. Em conjuntos comerciais como Castelo Branco Office Park ( Barueri Tamboré ), não há nenhum paraciclo, os poucos ciclistas tem que se contentar em estacionar no local das motos. Então, é possível, mas vai necessitar uma mudança no entendimento da mobilidade no Brasil.

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