Uma subida de respeito em San Francisco, Califórnia (EUA). Como lidar?

Aplicativo pretende ajudar a identificar rotas e a construir ciclovias com topografia amigável

Iniciativa começou em Lisboa e já possui planos de estudo em outras capitais, incluindo São Paulo.

Uma subida de respeito em San Francisco, Califórnia (EUA). Como lidar?
Uma subida de respeito em San Francisco, Califórnia (EUA). Como lidar?

Ladeiras e inclinações nas ruas não devem ser mais um empecilho para quem quer adotar o uso diário da bicicleta. É com esse lema que um arquiteto paisagista, um profissional de TI e outro de marketing se uniram e criaram a Lisboa Horizontal, uma iniciativa que coloca o uso da bicicleta acima de qualquer desvantagem topográfica. E uma boa notícia para os brasileiros: São Paulo está entre as cidades em estudo pelo grupo para receber rotas que promovam a circulação de bikes com o mínimo de esforço.

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A ideia nasceu quando o arquiteto paisagista Kobe Vanhaeren mudou-se da Bélgica para Lisboa, em 2007. “Eu tinha o hábito de usar a bicicleta todos os dias na Bélgica, mas não conseguia usar em Lisboa, porque a cidade é muito inclinada. São sete colinas aqui. Eu precisava buscar o caminho mais plano que me levasse ao trabalho”, lembra o arquiteto. Nessas tentativas, ele aliava o uso da bicicleta dobrável a trechos percorridos em metrô.

“Até que consegui o mapa da topografia de Lisboa e decidi fazer um estudo para andar de bicicleta de maneira mais fácil. E percebi que mais de 50% das ruas da cidade têm inclinação inferior a 4%, o que as torna bastante acessíveis”, afirma. O estudo levou cinco meses para ser concluído. Hoje, ele serve de base para o desenvolvimento de um aplicativo e para negociações com a Câmara Municipal para implantação de novas ciclovias.

“Quando juntei os dados todos do estudo, percebi que há possibilidade de fazer uma rede de ciclovias com um mapa mental bastante óbvio para pessoas que não sabem muito bem como andar de bicicleta em Lisboa”, ressalta Vanhaeren. “Nossa conversa atual é com a Câmara Municipal para saber como é possível colocar em prática esse projeto.”

Aplicativo indicará caminho mais rápido e com menos inclinação entre dois pontos. Imagem: Reprodução
Aplicativo indicará caminho mais rápido e com menos inclinação entre dois pontos. Imagem: Reprodução

Rotas inteligentes

Além da participação em negociações públicas para popularizar a bicicleta em Lisboa, a equipe está desenvolvendo um aplicativo para colocar essas ideias todas em prática. Após vencer um concurso de soluções para cidades inteligentes, a Lisboa Horizontal conseguiu uma vaga em uma incubadora tecnológica. Hoje, parcerias com Microsoft, IBM e Amazon, além do suporte tecnológico da incubadora da Vodacom, deixam o lançamento do aplicativo mais próximo da realidade.

“O aplicativo terá como base o mapa topológico de Lisboa e será totalmente integrado ao GPS, para dar o caminho mais rápido e com menos inclinação entre dois pontos da cidade. O lançamento será em 25 de março de 2016, primeiro dia da primavera em Portugal, quando as pessoas costumam tirar as bicicletas de casa”, planeja Vanhaeren.

Com o lançamento do aplicativo, será possível utilizar as rotas em smartphones, smartwatches e em planos para o desenvolvimento de mapas acessíveis em outras cidades. Segundo o co-fundador da Lisboa Horizontal, já estão sendo mapeadas as ruas de Bruxelas – e São Paulo é uma das cidades que estão em estudo para replicação do modelo.

“São Paulo tem muitas ladeiras, é uma cidade mais complicada em termos de topografia, mas estamos estudando. A cidade tem 15 vezes o tamanho de Lisboa, mas a importância que a bicicleta tem ganhado lá tem nos estimulado a fazer mais estudos no local”, declara Vanhaeren.

Mapa colaborativo

Em Belo Horizonte, outra iniciativa busca tornar mais fácil o uso da bicicleta no centro da cidade. A ideia não é baseada em tecnologia, mas no conhecimento e na troca de informações.

“Temos o projeto de ciclorotas na área central da cidade, onde os participantes, com suas experiências, falam sobre as regiões mais tranquilas para se pedalar. A ideia, que nasceu em 2014, é de colocarmos sinalização nessas rotas, indicando o melhor caminho para o ciclista”, explica o voluntário da BH Em Ciclo, Associação dos Ciclistas Urbanos de Belo Horizonte, Vinícius Mundim.

Desde 2014, foram feitas algumas oficinas e reuniões sobre esse projeto, inclusive com participação da Empresa de Transportes e Trânsito da capital mineira (BHTrans), mas ainda não há previsão para implantação.

6 comentários em “Aplicativo pretende ajudar a identificar rotas e a construir ciclovias com topografia amigável

  1. Eu queria entender o critério das ciclovias em São Paulo… o meu maior drama é com a ciclovia da avenida Jabaquara, que no lugar de seguir pela domingos de Morais, que é quase plana, é direcionada para ruas paralelas dotadas de ladeiras cabulosas, varias esquinas chatas e trechos de asfalto horrorosos…

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  2. William, Bom Dia!

    Sou de Teresina (PI) e aqui a Prefeitura concluiu a elaboração do Plano Diretor Cicloviário, que prevê 200km de ciclovias/ciclofaixas. Porém, há um debate quanto à questão das ciclorrotas, que não estão previstas no Plano. Qual o direcionamento que os ciclistas daqui devem tomar? Propor a inclusão das Ciclorrotas, com a participação dos usuários de bicicleta?

    Ressalto que se trata de uma cidade predominantemente plana, com um centro limitado e que apresenta algumas lacunas. Existe alguma diretriz para a criação das ciclorrotas? Como podemos colaborar com o poder público nesse sentido?

    Se puder, diga-me como proceder!

    Um abraço, e parabens pelo site!

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  3. Nem precisa de aplicativo pra saber que, em Perdizes, a Rua Turiaçu é plana e suave, enquanto na paralela João Ramalho, onde foi colocada ciclofaixa, a ladeira é doída. Olhando só no mapa parece que dá na mesma, mas quem pedala sabe que a ligação da Lapa com o Centro TEM que passar pela Turiaçu, atrás do Parque da Água Branca. Tão óbvio…

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