Rapidez e praticidade são principais motivos para aderir à bike no Brasil, diz pesquisa

Com 5012 ciclistas entrevistados em dez cidades brasileiras, estudo traz dados gerais e segmentados. Alguns resultados surpreenderam os pesquisadores.

Imagem: Reprodução/Transporte Ativo
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Para 42,9% dos ciclistas diários que usam a bicicleta nos seus deslocamentos, a motivação para começar a pedalar não foi reduzir seu impacto ambiental, nem baratear o custo com transporte, nem melhorar a saúde. A razão para aderir e permanecer na bicicleta é a rapidez e praticidade desse meio de transporte. É o que diz a pesquisa “Perfil do Ciclista Brasileiro 2015”, produzida pela Transporte Ativo. Outro insight é que 61,8% dos entrevistados usam a bicicleta há menos de 5 anos. “Foi um salto enorme de usuários nesse período. Educação de trânsito se torna uma necessidade”, diz Zé Lobo, diretor da Transporte Ativo.

Imagem: Reprodução/Transporte Ativo
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Na pesquisa foram entrevistados 5012 ciclistas em dez cidades das diferentes regiões brasileiras: Aracaju, Belo Horizonte, Brasília, Manaus, Niterói, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo. Para isso, foram a campo, durante os meses de julho a agosto de 2015, mais de 100 pesquisadores, apenas em dias úteis, e excluindo quem pedala por esporte ou por diversão.

Números esclarecedores

A pesquisa trouxe várias descobertas surpreendentes sobre o uso da bike nos deslocamentos: 88,1% vão com ela ao trabalho, 30,5% vão para a faculdade, 59,2% utilizam para fazer compras e 76% para lazer. “Fazer compras de bicicleta foi uma surpresa, e abre margem para a gente falar com comerciantes, que às vezes são resistentes à bike”, diz Zé Lobo. “E o uso de lazer não é passear de bicicleta: é usá-la para ir ao cinema, casa de amigos, jogar bola. Foi outra surpresa para nós, porque esperávamos basicamente trabalho e estudo. Isso significa que muita gente que usa transporte motorizado no principal deslocamento do dia, pode usar a bike no segundo, a lazer.”

Aproximadamente um terço dos ciclistas está na faixa etária entre 25 e 34 anos de idade, ou seja, em plena fase produtiva da vida. Em Porto Alegre e São Paulo, a fatia nessa faixa etária chega a 39% dos ciclistas.

Aumento nítido no uso da bike

A maioria absoluta pedala 5 dias por semana ou mais: a média brasileira é de 73,6%. Mas em Recife, por exemplo, o uso é mais intensivo ainda: 89,6% usam a bicicleta praticamente todos os dias. É nessa cidade que os dados apontam para um uso mais consolidado pelo costume: 41,9% dos ciclistas usam esse meio de transporte há menos de 5 anos. “Rio e Recife têm uma tradição de uso da bicicleta, o aumento foi de cerca de 40% nos usuários, mas mais da metade dos usuários pedalam há mais de 5 anos”, afirma Zé Lobo.

Imagem: Reprodução/Transporte Ativo
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Em outras cidades, o uso da bike como reflexo de mudanças na mobilidade urbana é mais nítido: em Belo Horizonte, 79,8%, ou seja, 8 em cada dez ciclistas pedalam há menos de 5 anos. Em Brasília, esse número é de 74,4%, dado que se alinha com uma maior preocupação ambiental: 4,8% se motivaram a começar a pedalar por esse motivo, e 8,1% afirmaram que esse era um fator decisivo para continuar usando. “Em todas as cidades, o uso da bike levou a uma conscientização ambiental maior. Mas percebemos que não é esse fator que leva a usar bicicleta”, diz Zé Lobo. Em Aracaju, por exemplo, a pesquisa constatou que 0% das pessoas aderiram a bike por razões ambientais – apesar de 4,5% terem adquirido essa consciência posteriormente.

Outra característica que emerge é o fato de a bicicleta ser um meio de transporte popular: 30%, cerca de um terço dos usuários, tem renda entre 1 e 2 salários mínimos, sem que haja oscilações gritantes entre as cidades pesquisadas.

Intermodalidade e viagens rápidas

Uma parcela significativa dos ciclistas urbanos do Brasil conjuga a bike com outros meios de transporte: 26,4%. Esse uso intermodal acompanha a infraestrutura disponível. Em Manaus, apenas 0,7% alia a bike a outros meios para chegar no destino, enquanto em Brasília, 52,2%, mais da metade, modulam os deslocamentos usando a bike para torná-los mais convenientes e efetivos.

“Nas cidades sem integração, ou os deslocamentos são pequenos ou o transporte público é tão ruim que nem existe a possibilidade de integração. Em Brasília, ficou bem claro que existem várias cidades-satélite que levam a um uso intermodal: o cara vai de bike até o transporte público. Em cidades como Niterói e Aracaju, tem integração com as barcas, por exemplo”, esclarece.

No geral, as viagens de bicicletas são curtas em termos de tempo, consagrando o uso prático nas cidades como uma alternativa rápida, simples e barata para pequenos e médios deslocamentos: 56,2% levam entre 10 e 30 minutos, no máximo. Em algumas cidades, esses deslocamentos rápidos são ainda mais relevantes: 64,4% em Niterói, 66,9% em Porto Alegre, 63,7% em Recife.

Imagem: Reprodução/Transporte Ativo
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4 comentários em “Rapidez e praticidade são principais motivos para aderir à bike no Brasil, diz pesquisa

  1. Ando de bike quase todos os dias, faço compras, vou ao médico , quase todo o lugar que preciso ir vou de bike. No final de semana uso a bike para fazer exercício . Vendi meu carro e comprei um bike elétrica , para fazer às compras , mas uso a normal também . Quando viajo para o exterior , levo a bike normal e pedalo lá fora também . Além de ser super econômico faz bem para saúde.

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  2. Pessoal, essa pesquisa é excelente, mas gostaria muito de entender o porquê de não ter sido feita em Fortaleza, que é a cidade que mais tem se destacado no país com o uso da bicicleta para deslocamentos urbanos, especialmente depois do excelente trabalho realizado para incremento significativo da malha cicloviária, em paralelo ao desenvolvimento do projeto das bicicletas compartilhadas.
    Se nossa cidade tivesse sido incluída na pesquisa, tenho certeza de que os dados teriam sido incrementados.
    De qualquer modo, é sempre bom saber que o uso da bicicleta como meio de deslocamento urbano no nosso país só tem crescido.
    Falta aos nossos governantes enxergarem que a população quer isso.

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