Imagem: Adventure Cycling Association/Reprodução

80 mil km de rotas cicloviárias ligarão os Estados Unidos de ponta a ponta

Rotas já estão sendo mapeadas: dos 80 mil km previstos, 18,3 mil km já se distribuem entre as 21 “rotas-mãe” e seis rotas secundárias. Veja o mapa.

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Imagem: Reprodução/AASHTO

Imagine sair do Recife (PE) e ir até Manaus (AM) margeando o velho Rio São Francisco ou fazer o percurso São Paulo-Chapada Diamantina, tudo de bicicleta? Calma! No Brasil, essa possibilidade ainda é um sonho bem futurista (ou um desafio para poucos). Mas é essa a proposta do United States Bicycle Route System (USBRS), um mapeamento de rotas cicloviárias que está interligando os Estados Unidos de ponta a ponta, norte-sul e leste-oeste. A boa notícia é que as rotas já estão sendo mapeadas: dos 80 mil km previstos, 18,3 mil km já se distribuem entre as 21 “rotas-mãe” e seis rotas secundárias através de 23 estados e no Distrito de Columbia.

A rede cicloviária nacional americana é uma prova de que é possível integrar um país de dimensões continentais – e de culto ao automóvel e ao consumismo – por meio de estradas exclusivas para a bicicleta. “O país do automóvel é mais parecido com o Brasil do que países da Europa. E tem alguns projetos interessantes em andamento na área de infraestrutura cicloviária, como o USBRS. Mas tudo está vindo às custas de muita pressão, de uma sociedade civil unida, organizada e que pressiona com consistência e perseverança. Nada está vindo de mãos beijadas”, pontua o cicloativista brasileiro Paulo Sultanum, que atualmente mora em Chicago (EUA).

Imagem: Adventure Cycling Association/Reprodução
Imagem: Adventure Cycling Association/Reprodução

Estruturas e terrenos variados

O United States Bicycle Route System é uma rede composta por diversas infraestruturas cicloviárias, como ciclovias interestaduais, intermunicipais e estradas de ciclismo “off-road”. Tal como o sistema de estradas rodoviárias, cada rota do USBRS também é numerada, de acordo com a extensão e o alcance. Por exemplo, as rotas interestaduais recebem nomenclaturas semelhantes às das rodovias federais, resguardadas as devidas proporções.

Apesar do avanço em relação à implantação, a freeway cicloviária não é um projeto recente. As primeiras rotas foram definidas em 1978 e implantadas em 1982. A US Bicycle Route 1 (USBR1), que faz o trecho Carolina do Norte a Virgínia, e a USBR 76, que liga Illinois a Virginia através de Kentucky. Esses dois trechos permaneceram como únicos até 2011.

O USBRS foi um sistema criado pela Associação Americana de Rodovias do Estado e Funcionários de Transporte (AASHTO), o mesmo órgão que coordena a numeração das estradas nacionais dos EUA. De acordo com a associação, para que uma rota possa ser incluída como um Bike Route US, precisa fazer a conexão entre dois ou mais estados, fazer a ligação entre rotas interestaduais ou conectar um Bike Route US com uma fronteira nacional. As rotas de números pares ligam o país de leste a oeste e as rotas de números ímpares cruzam de norte a sul.

Expansão

Em maio de 2011 foi feita a primeira grande expansão do sistema, com a implantação de cinco rotas-mãe, duas rotas secundárias e uma rota alternativa. As que já existiam sofreram algumas alterações nessa época. Os estados beneficiados com o sistema nacional de rotas são: Alaska (possui seis das 21 rotas), Arizona, Flórida, Geórgia, Kentucky, Idaho, Illinois, Indiana, Kansas, Maine, Maryland, Massachusetts, Michigan, Minnesota, Missouri, New Hampshire, Carolina do Norte, Ohio, Tennessee, Utah, Vermont, Virgínia e Washington.

Mas se engana quem pensa que o USBRS é uma iniciativa de cima para baixo. Apesar de ter sido criado pela AASHTO, movimentos sociais, sobretudo organizações cicloativistas, estão envolvidos profundamente para tirar do papel o projeto, como a Federal Highway Administration, a Associação de Ciclismo de Aventura, promotores e líderes comunitários.

“Os americanos já perceberam que esse sistema de rotas de bicicletas vai trazer diversos benefícios, na medida em que fomenta o turismo sobre duas rodas, conecta pessoas de diferentes regiões do país e movimenta as economias locais”, disse em sua página a Associação de Ciclismo de Aventura.


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