Fonte: Pesquisa Datafolha (jul/2016)

Pesquisa mostra que seis em cada dez paulistanos aprovam as ciclovias da cidade

Pesquisa feita pelo Instituto Datafolha aponta aumento na aprovação das ciclovias e no número de pessoas que possuem bicicleta em julho de 2016, em relação a outubro do ano anterior.

Ciclistas em ciclovia do bairro de Higienópolis, numa manhã durante a semana. Foto: Willian Cruz
Ciclistas em ciclovia do bairro de Higienópolis, numa manhã durante a semana. Foto: Willian Cruz

A maioria da população paulistana continua aprovando a implantação de ciclovias na cidade. É o que aponta a última pesquisa feita pelo Instituto Datafolha, onde 58% dos entrevistados se mostraram favoráveis à política pública de infraestrutura cicloviária. No mesmo estudo, 36% se mostraram contrários, 5% indiferentes e outros 2% não opinaram.

Fonte: Pesquisa Datafolha (jul/2016)
Fonte: Pesquisa Datafolha (jul/2016)

O índice de rejeição às ciclovias caiu na comparação com o último levantamento feito em outubro de 2015, onde 39% dos entrevistados se mostravam contra a medida. Naquela ocasião, 56% era favoráveis.

Os mesmos dados traçam um panorama da população que apoia a construção dos espaços para as bicicletas. Entre os mais jovens, o índice de aprovação é maior, na ordem de 76%, e entre os usuários das ciclovias diretamente beneficiados com as estruturas, 78%.

Outro ponto em destaque é a aprovação da política pública afinada com a aceitação da administração do atual prefeito, Fernando Haddad. Entre os que estão satisfeitos com o governo municipal, 87% aprovam as ciclovias. Em contrapartida, entre os que reprovam o petista, metade são contrários as estruturas cicloviárias: 51%.

Foto: Willian Cruz
Foto: Willian Cruz

Maior uso da bicicleta

O Datafolha mostra ainda que, desde 2014, aumentou o índice de moradores que possuem bicicletas. Naquele ano eram 32%, passando para 33% em outubro de 2015, e neste ano alcançou 36%. O mesmo cenário é comprovado com o índice de moradores da capital que costumam utilizar as bikes compartilhadas: foi de 11% (em outubro passado) para 13%.

Aumentou também o número de pessoas que já utilizaram as ciclovias. Em setembro de 2014, 47% usaram pelo menos alguma vez; em outubro de 2015 eram 57%; agora são 62%.

Para Yuri Batista, mestre em Administração Pública pela Fundação Getulio Vargas (FGV), o projeto apresenta uma alta aceitação, e os números do Datafolha mostram que parte da população critica uma eventual “falta de planejamento” nas execuções das obras.

“É perceptível que a aceitação das ciclovias mantém-se alta na cidade. Não diria que esse dado vai diretamente contra os críticos do projeto, pois em geral eles falam em ‘falta de planejamento’ das ciclovias e não necessariamente se colocam contrários a elas. Porém, é nítido que a aceitação das ciclovias se mantém alta a despeito das críticas constantes que são feitas”, afirma Yuri ao Vá de Bike.

Falta de planejamento

Se o objetivo era atrair mais ciclistas
e diminuir sua exposição ao risco,
o planejamento teve sucesso

O especialista, no entanto, discorda da tese de que as estruturas foram feitas sem planejamento, uma vez que a administração conseguiu reverter dados de acidentes e aumentar o número de ciclistas. “Em relação à ‘falta de planejamento’, principal argumento contrário às ciclovias, é preciso esclarecer uma coisa: em Administração, tanto de empresas quanto pública, um bom planejamento é aquele que toma as medidas certas para alcançar objetivos previamente estabelecidos. Qual é o objetivo de expandir a malha cicloviária da cidade? Em grande parte é atrair mais ciclistas na cidade e diminuir sua exposição ao risco. Olhando dessa maneira, tudo aquilo que não se pode falar da expansão da malha cicloviária de São Paulo é justamente em falta de planejamento pois, como aponta o Datafolha, o número de ciclistas subiu muito e, como aponta a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), as mortes de ciclistas em relação ao total de ciclistas na cidade diminuíram”, diz o especialista.

Foto: Willian Cruz
Handbike em ciclovia de São Paulo: estruturas permitem maior mobilidade também a pessoas com deficiência. Foto: Willian Cruz

Batista ainda comentou sobre locais em que o pavimento apresenta problemas, como buracos e desnível, e disse que a administração municipal pode ter errado na comunicação. “Há que se dar o mérito às críticas justas que são feitas às ciclovias: sua execução, em alguns lugares, não é a melhor possível (caso das ciclovias esburacadas) e, em alguns casos, desgastes à política pública poderiam ter sido evitados se houvesse uma maior oitiva dos cidadãos daquela localidade (caso do imbróglio envolvendo o colégio no bairro da Vila Mariana, por exemplo). Se houvesse mais cuidado com a execução e maior oitiva, talvez até a rejeição às ciclovias fosse menor. No entanto, olhando de forma geral, essas são questões que podem ser consideradas ‘toleráveis’ frente às grandes mudanças que as ciclovias estão trazendo à cidade”, afirma o especialista.

Queda em relação a 2014

Ainda que os números se mostrem elevados em relação à aprovação das ciclovias, em setembro de 2014 este índice era maior, com 80% de apoio, segundo estudo do mesmo instituto. Para Yuri, este cenário pode ser derivado da aprovação do prefeito.

“Sobre a aceitação às ciclovias ter diminuído entre uma pesquisa e outra eu diria que 1) pode estar associada à exposição dos problemas das ciclovias nos veículos de comunicação e 2) a uma reprovação de forma geral à gestão do atual prefeito, estendendo a crítica então para seus projetos principais (efeito ‘Halo’, em que o cidadão avalia mal uma determinada política pública porque ele não aprova o atual prefeito)”, pontua.

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