Imagem: Arturo Alcorta/Reprodução

Exemplos de convivência entre carros, ônibus e a bicicleta

Dizem que cidades europeias só são cicláveis por terem ciclovias até no teto, mas nem sempre isso é verdade. Veja exemplos em vídeo.

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Dizem que as cidades europeias só são cicláveis por haver ciclovias até no teto. Nem sempre. Vejam esse exemplo em Paris, onde o ciclista compartilha a faixa dos ônibus sem o menor problema. O ônibus aguarda pacientemente atrás da bicicleta – que, por sinal, está em baixa velocidade.

Mais adiante, quando o corredor de ônibus termina, o ciclista passa a circular junto aos carros, também sem ser incomodado. Ele é reconhecido como um veículo e sua presença na rua é aceita e respeitada. E é esse o ponto chave para tornar o uso da bicicleta seguro.

Os motoristas respeitam não só por uma questão cultural, mas também porque o desrespeito é punido fortemente.

E por aqui, quando os órgãos de trânsito começarão a cumprir a lei, fiscalizando e punindo quem coloca em risco o ciclista nas ruas? A cidade de São Paulo tem aplicado multas a motoristas que põem em perigo quem está em duas rodas. Não temos notícia de outras cidades brasileiras seguindo essa iniciativa – que, embora importante, não é suficiente sozinha para resolver essa questão.

O mau motorista deve ter a certeza de sua punição caso leve a vida de alguém como resultado de uma ação irresponsável – que ele chamará, certamente, de “acidente”. Hoje, infelizmente, a certeza é de impunidade, ou de conversão da pena em cestas básicas ou trabalho comunitário.

Cultura ciclística se cria. Segurança para os ciclistas, também.

O vídeo é de Arturo Alcorta, cicloativista “das antigas”
e autor do site Escola de Bicicleta.

Outro exemplo

O vídeo abaixo mostra um ciclista circulando pela via dos ônibus em Berlim e foi enviado pelo leitor Thomas Kedor:

Código Brasileiro de Trânsito

Art. 201. Deixar de guardar a distância lateral de um metro e cinqüenta centímetros ao passar ou ultrapassar bicicleta:
Infração – média;
Penalidade – multa.

Art. 220. Deixar de reduzir a velocidade do veículo de forma compatível com a segurança do trânsito:
XIII – ao ultrapassar ciclista:
Infração – grave;
Penalidade – multa;

Art. 170. Dirigir ameaçando os pedestres que estejam atravessando a via pública, ou os demais veículos:
Infração – gravíssima;
Penalidade – multa e suspensão do direito de dirigir;
Medida administrativa – retenção do veículo e recolhimento do documento de habilitação.

Art. 29. O trânsito de veículos nas vias terrestres abertas à circulação obedecerá às seguintes normas:
XI – todo condutor ao efetuar a ultrapassagem deverá:
a) indicar com antecedência a manobra pretendida, acionando a luz indicadora de direção do veículo ou por meio de gesto convencional de braço;
b) afastar-se do usuário ou usuários aos quais ultrapassa, de tal forma que deixe livre uma distância lateral de segurança;
c) retomar, após a efetivação da manobra, a faixa de trânsito de origem, acionando a luz indicadora de direção do veículo ou fazendo gesto convencional de braço, adotando os cuidados necessários para não pôr em perigo ou obstruir o trânsito dos veículos que ultrapassou.

O Código de Trânsito tem claramente em suas regras o conceito fundamental de proteção à vida. Só o que falta é fiscalização, para que a lei seja levada a sério.

16 comentários em “Exemplos de convivência entre carros, ônibus e a bicicleta

  1. Em São Paulo deveríamos usar dois modais para nos deslocar pegando ônibus e deixando a Bike pendurada em algum local do ônibus como em países desenvolvidos. Isso amplia muito os nosso horários permitindo pegar ônibus na hora certa.

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  2. Sempre andei de biker, já fui roubado com a minha bicicleta várias vezes, roubaram as bikes, agora nem posso comprar outra, e eu preciso, como forma de exercício para a minha saúde, eu observo que as leis de trânsito para bicicleta é falho, no papel é uma coisa, na realidade é outra, ninguém respeita um ciclista, o Brasil não incentiva ninguém com ciclovias, o Brasil é pobre em ciclovias, em outros paises exigem leis para ciclistas, com faixas exclusivas, os veiculos respeitam as bikers, nos EUA e Colômbia não se paga imposto sobre bicicletas, no Brasil as bicicletas são as mais caras do mundo, devido a carga tributária que responde por 40% do valor final do produto no mercado. Peço por favor, me doem uma biker, não posso comprar outra, isso é um apelo. Também um desabafo.

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  3. Thiago Motta,

    Transporte de alta capacidade a mais de 40km/h tem que ser reservado aos trens metropolitanos e metrô (onde há estrutura segura para isto). Aumentar a velocidade dos ônibus (nos corredores, principalmente) significa sair dos 13km/h atuais e passar a uma condição de maior fluidez (velocidade média), com intervalo menor entre os ônibus. Hoje nós temos, em SP, ou ônibus travados no trânsito ou acelerando loucamente para compensar alguma coisa.
    A lógica dos corredores de ônibus – BRTs – permite compartilhamento tranquilo com bicicletas, desde que se execute medidas importantes como redução da velocidade máxima, fiscalização mais intensa, treinamento dos motoristas de ônibus, redução da jornada de trabalho deles, diminuição do intervalo entre ônibus nos pontos de parada, retirada dos taxis destes corredores, diminuir cruzamentos com paradas para ônibus. Enfim, um BRT completo.
    Eu acredito nesta possibilidade.

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  4. Talvez tenha a ver com a própria mentalidade, Ricardo, e por isso as iniciativas pró-bike não sejam ainda tão populares por aqui. São Paulo e Brasil, de modo geral, me parecem ainda muito mais voltados a cultura americana, de valorização de automóvel, até como um símbolo de status. Não sei exatamente em Paris, mas já estive em algumas cidades europeias em que as pessoas andam com carros que tem anos e anos de uso, e não se incomodam com isso, necessariamente. Sem contar que na Europa o sistema de transporte público é realmente muito melhor que em São Paulo, possibilitando outras alternativas ao transporte indivivual…

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  5. E mesmo com todos os problemas citados pelo Ricardo Lage, ainda tem uma coisa que parece muito diferente: a cidade em si parece muito menos hostil, né? Digo, São Paulo parece muito maior, mais poluída, mais caótica…

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  6. Moro em Paris há 2 meses e vou todos os dias de bicicleta para o trabalho. O trajeto mais curto, em torno de 7km, passa por avenidas movimentadas e de trânsito pesado. Antes, morava na Dinamarca e experimentei as ruas de uma cidade média (Aalborg) e da capital, Copenhague. Também já andei de bicicleta por diversas vezes em cidades da Holanda.

    Primeiro, não dá para comparar Paris com as cidades Holandesas e Dinamarquesas. A capital francesa tem o pior trânsito da Europa e uma infraestrutura que só agora comeca a ser pensada também para a bicicleta.

    Segundo, esse respeito com o ciclista é eventual. Depende da intensidade do trânsito e do motorista. Já fui fechado algumas vezes principalmente por taxistas e motoristas de vans. Também falta educacão por aqui, ao contrário da impressão dada no vídeo. Falta também espaco. A via do vídeo mostra apenas um ônibus mas é comum a presenca de vários. O ciclista então tem que passar apertado entre o meio-fio e os veículos, ou esperar atrás deles.

    Também faltam ciclistas. Paris é modelo no sistema de compartilhamento de bicicletas mas seu uso não é rotineiro. Quem o usa são: 1) turistas; 2) moradores em dias de sol e mais quentes; 3) fins de semana. Nos 7km do meu trajeto, vejo em média umas 10 bicicletas. Em Aalbog, cidade de 100 mil habitantes na Dinamarca, num dia frio de inverno havia mais bicicletas no meu trajeto.

    O exemplo de Paris é bom para citar iniciativas do governo. Motoristas de ônibus são treinados, ruas são denominadas “cicláveis”, o uso das bicicletas compartilhadas é encorajado. Na prática, entretanto, o trânsito ainda precisa melhorar muito – ou mais vias segregadas precisam ser construídas.

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  7. essa semana estava andando numa rua bem tranquila, só haviam carros estacionados, mas dos dois lados de modo que não tinha espaço para uma bicicleta e um carros passarem paralelamente. quando entrei na rua, um carro apareceu atrás de mim e começou a buzinar para eu sair da frente, como não tinha como sair, ele continuou buzinando até que eu fui obrigado a entrar com a bicicleta atrás de um carro estacionando para o senhor todo poderoso passar. fiquei muito revoltado, só porque o veículo dele é maior e mais caro, ele teve mais direitos que eu sobre a rua?

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  8. Sou a favor de ciclofaixas embora reconheça que não há espaço em todas as vias públicas em SP. Porém, sou abertamente contra ciclistas em corredores de ônibus. Na verdade, sou contra qualquer veículo nesses corredores além de viaturas policiais, ambulâncias e bombeiros. A via do ônibus é um local para o transporte coletivo que obrigatoriamente deve se locomover a uma velocidade acima dos 40km para que seja agil e eficaz. Não dá pra ficar atrás de bicicletas independente da velocidade que o ciclista tenha. Os carros porém não dou a mínima. Já há carros demais e pensamentos egoístas demais para eles.

    Polêmico. O que acha? Thumb up 5 Thumb down 3

    1. Thiago, concordo com você desde que a faixa de ônibus esteja na esquerda, o que inclusive torna seu deslocamento muito mais rápido por não ter que dividir espaço com os carros que viram à direita (e que usam isso como desculpa para trafegar ali por duas ou três quadras).

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  9. É um assunto bastante discutido, vou para o trabalho todos os dias de bike, + ou – 24 Km ida e volta e infelizmente passo por sérias situações de perigo, pq aqui em Belo Horizonte infelizmente os motoristas ainda não acostumaram com o fluxo de ciclistas que vem aumentando a cada dia. Mas eu creio que isso irá mudar, devemos ser respeitados como integerante desse trânsito que a cada dia se torna mais caótico.

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  10. Hoje eu quase fui atropelado por não ser reconhecido como parte do trânsito, estava indo pela ciclovia da rua de maior fluxo a uns 23 km por hora, quando em um cruzamento com uma rua coletora um astra vinha a uns 35km por hora, eu estava obviamente mais perto do cruzamento e a preferência era minha, resumo: o carro não diminuiu a velocidade, eu tive que freiar encima dele, virar a roda da frente pro lado pra ele não me bater.

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  11. Realmente isso acontece bastante. Em 2007 eu já havia visto comportamento similar em Londres por diversas vezes. Entretanto, vale ressaltar uma coisa importante para que isto funcione de verdade: Os ônibus nestas cidades circulam com velocidades muito abaixo das praticadas em São Paulo e eu acredito que isso deva ser modificado por aqui também. Quantas vezes não vemos os motoristas de ônibus passando com velocidades altíssimas? Se pensarmos ainda no tamanho que um ônibus tem, é de certa maneira uma insanidade permitir que circulem em velocidade alta sempre que houver uma avenida livre, sem corredor e fiscalização.

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