Manifestação promete interditar Ponte das Bandeiras hoje, 20/set, em São Paulo

Protesto pedirá sinalização para pedestres e ciclistas nas pontes da cidade. Travessias só são seguras para quem está nos automóveis.

bicicletada das pontes 2013

Ciclistas da Zona Norte de São Paulo prometem para hoje a “Bicicletada das Pontes”. A concentração começa as 17h30 na Ponte das Bandeiras (veja mapa) para sua interdição às 18h30.

Segundo a Ciclo ZN, que criou o evento, o protesto seria contra a DERSA (Desenvolvimento Rodoviário S.A.) e a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego de São Paulo). A CET deveria tornar o trânsito seguro para todos que dele participam, não só para motoristas; já a Dersa declarou recentemente que “estudos concluíram que há baixa atratividade para trânsito cicloviário no entorno da marginal”.

As maiores dificuldades para atravessar as pontes são a velocidade em que os carros chegam das marginais e a falta de faixas de pedestres, redutores de velocidade e semáforos.  A ação pretende alertar sobre a necessidade de uma travessia segura para pedestres e ciclistas e cobrar a implantação, de forma emergencial, de sinalização adequada nas pontes e viadutos.

A Ciclo ZN é um grupo de ciclistas que tem de cruzar as pontes diariamente para acessar o chamado “centro expandido” da cidade, onde se localizam seus trabalhos, instituições de ensino e outros pontos para os quais precisam se deslocar.

Por uma cidade mais humana. Pelo direito de ir e vir. Pelo fim dos “muros” que as pontes da cidade representam para quem se desloca a pé ou de bicicleta!

Milhares de ciclistas cruzam as pontes paulistanas diariamente, pois precisam se deslocar pela cidade. Não há alternativa segura, nem medidas para criar condições de segurança. Foto: Ciclo ZN
Milhares de ciclistas cruzam as pontes paulistanas diariamente, pois precisam se deslocar pela cidade. Não há alternativa segura, nem medidas para criar condições de segurança. Foto: Ciclo ZN

Demanda invisível

A resposta da Dersa é um completo absurdo. Que estudos são esses? Como foram realizados? Qual sua metodologia? Como podem ter sido falhos o suficiente para não enxergar milhares de bicicletas na região?

Uma contagem de ciclistas feita pela Ciclocidade recentemente na Zona Norte contabilizou 1317 pessoas em bicicletas na Av. Inajar de Souza, em um período de 15 horas. Boa parte dessas pessoas cruza uma das pontes para chegar ao centro expandido. Uma página com fotos de ciclistas nas pontes chegou a ser criada, na tentativa de provar a existência desses seres invisíveis aos órgãos públicos.

Interdição será parcial

De acordo com indicações feitas pela Ciclo ZN no Facebook, a interdição será feita de maneira que haja liberação de uma faixa para passagem dos carros, para evitar  um possível conflito com a PM. Pede-se que os cidadãos que forem participar levem cartazes, faixas e apitos.

“A idéia é fechar essa ponte e esperar uma resposta imediata e fixa [definitiva]. Se não surtir efeito, na sexta que vem fechamos outra. Outras ações estão programadas pra pontes e viadutos até o dia das crianças”, diz um dos integrantes da organização, que prefere não ser identificado.

Convite

Leia o convite feito pelo grupo essa semana (texto sem retoques):

Em comemoração do Dia Mundial Sem Carro, gostaríamos de convidar a todos os que usam nossa cidade a uma reflexão e que se juntem a nós num ato de repudio contra a CET e DERSA sobre as pontes em SP, além de separar os moradores ainda servem apenas a um tipo de modo de locomoção os MOTORIZADOS.

Nós ciclistas nos unimos com os pedestres e cadeirante de SP e região e amanhã vamos parar a PONTE DAS BANDEIRAS na Zona Norte de SP, simbolicamente, pois a ponte possui uma grande avenida onde a velocidade maxima é mais que assassina.
Onde uma praça linda não dá acesso as pessoas contemplarem sua beleza, onde ciclistas não podem passar em segurança.
Onde algumas faculdades e espaços de feira não podem ser acessado a não ser por quem está motorizado…

Para isso temos dois eventos [este e este] para você aderir virtualmente, porém, as ações práticas ser darão num só local:

A PONTE DAS BANDEIRAS

Até o fechamento desta matéria, cerca de 300 pessoas haviam confirmado presença, somando-se os dois eventos.

Exibir mapa ampliado

Veja o que o Vá de Bike já publicou sobre as pontes de São Paulo
Criação e reforma de avenidas e pontes em São Paulo devem contemplar ciclovias

São Paulo além das pontes mostra mais de mil bicicletas em contagem da Ciclocidade

Veja neste vídeo como ciclistas atravessam pontes em cidades que valorizam suas vidas

A dificuldade de atravessar as ruas em São Paulo

A inauguração da ponte estaiada (Otávio Frias), que não contempla ciclistas e pedestres

5 comentários em “Manifestação promete interditar Ponte das Bandeiras hoje, 20/set, em São Paulo

  1. Moro na Móoca e trabalho perto do metrô Tietê. São 12km. Atravesso a ponte cruzeiro do sul diariamente, nossa, aquilo ali é um absurdo. Já passou da hora de a prefeitura fazer uma intervenção naquela ponte. Outra tensa também é o viaduto 31 de março. Que liga o Pq D Pedro à Radial. A calçada acaba no nada. Aquilo ali é muito tenso. Enfim, eu particularmente acho que tinha que derrubar tudo e fazer denovo.

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  2. Como morador da Zona Norte, sei como é ter que atravessar essas pontes, e sempre preciso ir com a bike pela calçada (quando esta existe) devido à alta velocidade dos veículos, mas o pior são as alças de acesso, que não tem sequer faixa de pedestres, muito menos semáforos. A ponte da Vila Guilherme, por exemplo, tem só 1 alça de acesso em um dos lados, e tem calçada em condições razoáveis, mas a da Vila Maria é péssima: 2 alças de acesso em cada lado e calçadas que terminam de repente nas pontas (obrigando os pedestres a descerem por escadas sem corrimão). Imagino que existam muitas outras pontes em SP nessas condições, e esse é um dos principais problemas da mobilidade em SP, e também um dos motivos que desencorajam as pessoas de “irem para o outro lado do rio” a pé ou de bike.

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  3. Moro em Cotia, na região metropolitana, e trabalho na Faria Lima perto da esquina com a Rebouças. Sempre que consigo criar coragem, ao invés de continuar no ônibus intermunicipal até o ponto final em Pinheiros, desço no Butantã e sigo a pé (assim evito o caos na Vital Brazil). Porém, cada vez mais eu não consigo criar essa coragem, pq toda vez que atravesso a Ponte Eusébio Matoso a pé é como se minha expectativa de vida diminuísse alguns anos, de tanto stress e poluição que sou submetido nesse trajeto. Pode parecer exagero, mas algumas vezes o simples fato de chegar vivo do outro lado do rio é uma vitória, tamanhos sustos que já tomei ali. E uma vez fiz o trajeto de bike vindo da Cidade Universitária, como é bem escuro à noite e eu não estava com uma roupa muito chamativa, achei mais prudente ir pela área dos pedestres. Que escolha a minha.. Passei por um buraco (afinal nada mais seguro que um buraco numa ponte!) e quase voei da bike. Tudo isso sem falar da falta de segurança (nesse caso não a de trânsito) nas pontes pra travessia de pedestres (espero o tempo que for preciso na Rodoviária do Tietê até aparecer alguém que também vá atravessar a Ponte Cruzeiro do Sul, do mesmo jeito que minhas colegas de faculdade sempre pedem companhia na Ponte Cidade Universitária) e também para ciclistas, visto que um amigo meu já teve sua bike roubada no semáforo embaixo da Ponte Bernardo Goldfarb (ponte essa que nem permite travessia pra pedestres). Não tinha como ir hoje pra capital, mas se outras manifestações desse tipo acontecerem, garanto minha presença, assim como já dou meu apoio!

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  4. Esse (suposto) estudo da DERSA deve desprezar ainda a ENORME demanda reprimida de pedestres e ciclistas que não se arriscam hoje a atravessar, mas atravessariam se seguro fosse.

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  5. O QUE acontece aos ciclistas que se aventurem a atravessarem as pontes da MARGINAL DO TIETE é caso de polícia…nas alças de acesso motoristas entram numa velocidade absurda, e para saírem das mesmas a velocidade é ainda maior.
    DOMINGO quase fui atropelado na PONTE JULIO DE MESQUITA por um ONIBUS que achou legal me espremer entre a guia e a calçada, por pouco, muito pouco não fui atropelado, e mesmo que eu fizesse a opção de ir pelo passeio lateral que é para os pedestres, seria IMPOSSÍVEL pois as placas de concreto estão saindo impossibilitando o trafégo…VAMOS SIM, PROTESTAR , PALHAÇADA TEM LIMITES !!!

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