Nesse ponto dá para ver o quanto de estrada há pela frente. Lá no fundo, uma cidade, que suponho ser Cubatão.

Cidadãos organizam viagem independente pela Rota Márcia Prado

Indignados com a proibição por parte de órgãos estaduais, ciclistas organizam viagem coletiva independente para a mesma data em que ocorreria a oficial.

Ciclistas decidiram realizar descida independente. Foto: Willian Cruz
Ciclistas decidiram realizar descida independente. Foto: Willian Cruz

ROTA MÁRCIA PRADO
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A proibição por parte de órgãos estaduais da cicloviagem oficial pela Rota Márcia Prado deixou muitos ciclistas indignados. Por isso, foi criado nessa quarta-feira um evento no Facebook convocando para uma descida extraoficial na mesma data em que ocorreria a que estava sendo organizada pelo Instituto CicloBR.

A indignação não é à toa: em 2012 foram cerca de 10 mil pessoas pedalando de São Paulo a Santos e muita gente estava na expectativa de poder fazer essa viagem incrível novamente – ou pela primeira vez. E não houve NENHUM incidente no trecho de rodovia, mesmo com tantas pessoas passando por ali, exercendo seu direito garantido por lei federal de circular no acostamento. Mesmo assim, o Instituto CicloBR foi proibido de realizar a viagem coletiva em homenagem a Márcia Prado.

O ponto de encontro é a praça da Rua Domenico Cimarosa, esquina com a Av. Dona Belmira Marin, às 7h da manhã do domingo, 14 de dezembro. O local fica em frente ao Colégio Carlos Ayres e ao lado de um posto de gasolina, próximo à Estação Grajaú (veja mapa). Mais informações na página do Facebook.

Reproduzimos abaixo o texto de chamada do evento.

O evento foi uma solicitação de vários cidadãos indignados, já que não haverá uma descida oficial esse ano. Trata-se de uma ação popular, INDEPENDENTE, de cidadãos comuns, do povo!

O que não é compreensível é o fato dos órgãos relacionados ao Governo do Estado não terem autorizado um evento popular, sendo que uma concessionária de rodovias deveria ser multada diariamente por descumprir os artigos do CTB, que os obrigam a criar estruturas que protejam os cidadãos em bicicletas ou permitir que ciclistas exerçam seus direitos de trafegar no acostamento da Imigrantes e de qualquer outra rodovia. Algo totalmente contra todas as leis federais, que defendem o cidadão que utiliza a bicicleta como meio de transporte.

Desde quando um veículo que deseja descer a serra precisa de uma autorização para trafegar numa rodovia? Conforme definição do Código de Trânsito Brasileiro, BICICLETA também é um VEÍCULO e, conforme artigos 58 e 244, podem trafegar em rodovias utilizando os acostamentos, que por sinal, são largos o suficiente no sistema Anchieta-Imigrantes. Além disso, a Rota Márcia Prado já tinha o apoio para oficialização do trajeto, através das prefeituras de São Paulo, São Bernardo do Campo, Cubatão e Santos. Só a Ecovias é contra.

Foi relatado falta de segurança, que a PRÓPRIA concessionária Ecovias deveria PROMOVER para o desenvolvimento da circulação e segurança de ciclistas, conforme artigo 21 do CTB. É dever da concessionária de rodovias, criar sinalização adequada ou ao menos permitir o uso do acostamento, conforme a lei. Se a Ecovias relata que é inseguro trafegar na Imigrantes, é devido à sua falta de RESPONSABILIDADE com os ciclistas. A função de todos os órgãos/administradores de trânsito é preservar a vida criando infraestrutura suficiente a todos os modais. E isso inclui a bicicleta, afinal, ela também é um VEÍCULO!

Não vemos até o momento NENHUM embasamento coerente com a lei para impedir a circulação de ciclistas nessas rodovias. E se existe alguma falta de estrutura, que torne inseguro o tráfego de ciclistas ou motoristas, é por falta de PLANEJAMENTO e/ou ORGANIZAÇÃO suficiente por parte da concessionária que administra essas rodovias.

O tráfego nas rodovias é um DIREITO, pois todo cidadão pode ir e vir a qualquer lugar com seus bens, dentro do território nacional. Se houver algum tipo de barreira no sistema Anchieta-Imigrantes, impedindo algum ciclista de exercer seu DIREITO de circular pelo acostamento das rodovias com a devida segurança organizada pelos órgãos de trânsito locais, estará PROVADO que esse é um país de empresas que não cumprem a lei!

A Estrada de Manutenção passa por baixo das pontes e por cima dos túneis da Rodovia dos Imigrantes. Foto: Willian Cruz
A estrada passa por baixo das pontes e por cima dos túneis. Foto: Willian Cruz

Sobre a Rota Márcia Prado

O caminho cicloturístico é uma sugestão de rota feita pelo Instituto CicloBR, para que as autoridades criem um meio atraente e seguro para o ciclista chegar ao litoral paulista. O percurso é inspirado no trajeto da última viagem que a ciclista Márcia Prado realizou em vida. A descida oficial coletiva é organizada anualmente, sempre no mês de dezembro e, tradicionalmente, milhares de ciclistas percorrerem a Rota nesse dia. Muitos grupos de outras cidades e até de outros estados se organizam em ônibus para participar da descida – que é gratuita.

O trajeto passa pelo extremo sul de São Paulo, no bairro do Grajaú; pela península do Bororé, com a travessia de duas balsas; corta o município de São Bernardo do Campo, por estradas de terra e asfalto de baixa utilização; acessa a Rodovia dos Imigrantes por poucos quilômetros, pelo acostamento; desce a Serra do Mar através do Núcleo Itutinga Pilões do Parque Estadual Serra do Mar; passa pela cidade de Cubatão; e chega ao destino final, a cidade de Santos, no litoral sul paulista. E alguns participantes ainda esticam até outras cidades!

Por ser uma rota de cicloturismo com interesse em promover viagens e deslocamentos na região de bicicleta, movimento que une os ideais de sustentabilidade à geração de renda nas localidades por onde passa a rota, muitas delas bastante carentes, é de total interesse da sociedade e de diversos órgãos públicos que a Rota Cicloturística Márcia Prado seja implementada em definitivo, conforme determinado pela Lei Municipal n° 15.094 / 2010.

Histórico de proibições

Por Willian Cruz

Em 2008, um grande efetivo policial impediu que centenas de ciclistas descessem pela primeira vez, de forma coletiva, o que se tornaria no ano seguinte a Rota Márcia Prado. Foto: Leonardo Cuevas

Em 2008, um grande efetivo policial impediu que centenas de ciclistas descessem pela primeira vez, de forma coletiva, o que se tornaria no ano seguinte a Rota Márcia Prado. Foto: Leonardo Cuevas

Em 2008, centenas de ciclistas tentaram realizar uma descida coletiva a Santos pela Estrada de Manutenção, que precisa ser acessada pela Rodovia dos Imigrantes. Embora utilizassem o acostamento e estivessem exercendo seu direito legal de uso da rodovia, foram arbitrariamente barrados pela Polícia Rodoviária, a pedido da Ecovias. Alguns poucos ciclistas conseguiram driblar a proibição e chegar à praia.

Em 2009, após longa negociação com órgãos públicos e contornando tentativas de proibição até a noite anterior à data programada, o Instituto CicloBR realizou um evento teste, sinalizando todo o trajeto proposto para a Rota Márcia Prado para demonstrar sua viabilidade e seu potencial. Publicamos muitas fotos do evento e do trabalho de sinalização, do qual participamos ativamente. Mais de mil ciclistas chegaram ao litoral paulista, tornando o evento um sucesso e fazendo com que o CicloBR decidisse organizar anualmente um grande passeio cicloturístico por esse trajeto – mesmo quando a Rota finalmente for aberta em definitivo à população.

Desde então o Instituto negocia anualmente uma permissão especial para que os ciclistas trafeguem pela Imigrantes, geralmente com escolta da Polícia Rodoviária. Entre 2010 e 2012, a descida foi realizada, chegando a contar com apoio da PR, sem ocorrer nenhum incidente que justificasse a proibição do passeio – nem mesmo em 2012, quando cerca de dez mil ciclistas fizeram a Rota em um único dia (veja aqui).

Em 2013, a descida oficial chegou a ser proibida na justiça pela Ecovias, com base em uma argumentação bastante confusa, que confundia acostamento com passeio e falando em “trechos desprovidos de acostamento, destacando-se os inúmeros túneis”, sendo que a rota não passa por trechos sem acostamento e muito menos pelos túneis. Entre as alegações da concessionária estava a de que, em 2009, os ciclistas trouxeram grande insegurança para os motoristas(?!) ao realizar a descida coletiva. O texto da decisão judicial dava a entender que os ciclistas estariam criando condições para que acontecessem acidentes semelhantes ao que vitimou Márcia Prado na Av. Paulista, o que chegou a soar ofensivo a quem acompanhou de perto a ocasião e a repercussão de sua morte. Por esse motivo, a viagem coletiva oficial daquele ano não foi realizada.

E mesmo com apoio das prefeituras de São Paulo e São Bernardo do Campo em 2014, órgãos públicos estaduais proibiram a realização do passeio novamente. Nem a rota alternativa oferecida pelo Instituto CicloBR, que não levaria mais a Santos, mas circularia pelo Polo Ecoturistico de Extremo Sul de São Paulo, sem utilização de rodovias, foi negada. A viagem oficial, mais uma vez, teve de ser cancelada.

O único empecilho para a viabilização permanente da Rota continua sendo o acesso ao Parque da Serra do Mar, feito inevitavelmente pelo acostamento da Rodovia dos Imigrantes, já que a Ecovias insiste, desde 2008, em não permitir o trânsito de bicicletas na estrada. Veja aqui a argumentação utilizada para nos negar esse direito.

9 comentários em “Cidadãos organizam viagem independente pela Rota Márcia Prado

  1. O POVO UNIDO JAMAIS SERÁ VENCIDO,PRINCIPALMENTE NESTE PAÍS ONDE A CORRUPÇÃO E A IMPUNIDADE FALA MAIS ALTO NÃO ESTAMOS COMETENDO NENHUM DESVIO DE CONDUTA A ÚNICA COISA QUE NÓS QUEREMOS É PEDALAR SÓ MAIS NADA SEM ATRAPALHAR NINGUÉM !!!!!!!!

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  2. Pessoal, recebi a seguinte mensagem do pessoal do PESM:

    “Prezados Ciclistas, boa tarde.

    O Evento “Rota Márcia Prado”, que ocorreria em 14/12/2014, organizada pelo Instituto CicloBR foi cancelado pelo próprio Instituto, motivado pelo veto dos órgãos Estaduais DER, ARTESP e Ecovias durante a tramitação/organização.

    O PESM NIP, via Fundação Florestal apoiaria o evento caso houvesse a anuência, de pelo menos, da Ecovias para formalizar a atividade.
    Durante a organização da “Rota Márcia Prado”, as inscrições foram feitas no portal do instituto CicloBR, não ficando o PESM-NIP, em momento algum responsável por emitir autorizações para as atividades do referido evento.

    Quanto à solicitação para a descida em outros momentos, não se restringindo ao Evento da Rota Márcia Prado, o PESM NIP ainda aguarda uma posição oficial da Fundação Florestal para emitir autorizações para a prática da atividade desportiva.

    Att,

    Vinicius Justo

    Equipe de Uso Público e Educação Ambiental”

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    1. Peraí:
      “Quanto à solicitação para a descida em outros momentos, não se restringindo ao Evento da Rota Márcia Prado, o PESM NIP ainda aguarda uma posição oficial da Fundação Florestal para emitir autorizações para a prática da atividade desportiva.”

      Quer dizer que em outros momentos o PESM pode não autorizar a entrada dos ciclistas?

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  3. Ainda acredito que eles não podem barrar os ciclistas de pedalar fora da rodovia, é mandar ver no Pneu de cravo. Lembro que em 2012 subi o trecho da ponte pelo mato pedalando, foi suave, se não tiver chovendo vai susa.

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  4. Demorou. Se a gente depender de órgãos do governo vão cobrar taxas, podem ter certeza. Deveríamos fazer isso sozinhos mesmo. Pedalo o ano todo pelas estradas e não existe nada para o ciclista. Quando resolvemos fazer algo maior e comunicamos aos órgãos (in)competentes, querem proibir? PQP

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  5. excelente iniciativa! Pena que não posso participar esse fds.

    Aproveitando que está na moda, garantam um juiz no pelotão para dar voz de prisão aos policiais rodoviários ou funcionários da Ecovias que eventualmente tentarem barrar a descida 😀
    Nesse caso seria bem justificado, não?

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