Descer a Serra do Mar pela Rota Cicloturística Márcia Prado é uma aventura que vai ficar para sempre na sua memória. Foto: Willian Cruz/Vá de Bike

10 dicas para a descida a Santos pela Rota Márcia Prado

Vou ser barrado? Qual o caminho? O que levar? Essas e outras informações sobre a Rota Cicloturística Márcia Prado estão aqui no Vá de Bike

Descer de São Paulo a Santos pela Rota Cicloturística Márcia Prado (RMP) é uma aventura inesquecível, que todo ciclista merece experimentar. Feita em um único dia, é uma ótima primeira experiência para quem quer começar no cicloturismo.

Apesar de próxima a grandes centros urbanos, a rota passa dentro de duas Unidades de Conservação da Mata Atlântica: Bororé-Colônia, ainda no município de São Paulo, e Itutinga-Pilões, em Cubatão. Apesar disso, o caminho pode ser feito totalmente em asfalto, se você optar por cortar a parte off-road da viagem (veja abaixo).

O caminho é lindo, a vista na Serra do Mar é incrível e a distância é acessível a quem pedala com regularidade. A RMP é inspirada na última cicloviagem que a ciclista Márcia Prado realizou em vida.

1Escolha o percurso

O trajeto original da Rota Cicloturística Márcia Prado passa por estradas de terra e inclui duas travessias de balsa, na Ilha do Bororé. Depois disso, o caminho é de asfalto, mesmo dentro do Parque Estadual da Serra do Mar.

Vale a pena fazer o percurso completo, que tem um pouco mais de 90 km. Mas há a opção de cortar caminho pela Rodovia dos Imigrantes, seguindo pelo asfalto desde São Paulo.

Consulte nosso mapa completo da rota Márcia Prado, onde apontamos as opções de percurso e até marcamos alguns pontos de comida e água pelo caminho.

Se for sua primeira experiência no cicloturismo, recomendamos fazer o trajeto em pelo menos duas pessoas, para se ajudarem caso necessário e também para tornar o deslocamento mais seguro.

Passar pelas balsas e curtir as estradas de terra ou cortar caminho pelo asfalto da rodovia? Você decide. Foto: Willian Cruz/VdB

Viagens e deslocamentos não estão sendo barrados

A RMP passa por diversos municípios. Na cidade de São Paulo, é oficializada pela Lei Municipal 15.094/2010 e regulamentada pelo Decreto 51.622/2010. Ainda assim, ciclistas vinham sendo impedidos de realizá-la nos últimos anos, chegando até a receber multas por crime ambiental. 🤦‍♂️

Graças às nossas negociações no Ciclocomitê Paulista, atualmente os ciclistas não estão sendo barrados, nem na Rodovia dos Imigrantes e nem na Estrada de Manutenção. Neste vídeo falamos sobre essa e outras conquistas, além de esclarecer o que é e como funciona o Ciclocomitê.

Mas se você estiver fazendo a descida em um grupo muito grande, existe a chance de entenderem isso como “evento” e nesse caso pode haver problemas. Se houver essa preocupação, divida os ciclistas em subgrupos menores e reagrupem ao chegar na Estrada de Manutenção.

Se a descida for realizada de forma que possa vir a ser considerada profissional (por ex. com organizador, inscrição, exposição de marcas, etc.), você terá que negociar antecipadamente com o DER e cumprir o estabelecido na Portaria SUP/DER-130.  As regras são bastante restritivas e tornam bem cara a realização do evento.

2Prepare seu corpo

A Rota Márcia Prado é indicada para pessoas que já pedalam com certa regularidade e que não tenham nenhuma condição física restritiva.

Um bom teste consiste em pedalar 40 km na cidade em no máximo 3 horas. Se conseguir fazer sem grandes dificuldades, é bem provável que esteja apto. Mas é importante ter regularidade: nas semanas anteriores à descida, pedale duas vezes por semana em trajetos de pelo menos 30 km.

Apesar de ser uma cicloviagem do planalto ao litoral com desnível de 800 m, o caminho não é feito só de descidas. Há algumas subidas, até na Estrada de Manutenção. Mas não desanime, dá pra encarar!

Só não gaste toda sua energia no começo e no meio da viagem, para não se esgotar ainda na serra: desmonte e empurre nas subidas mais fortes, para economizar esforço. Depois de descer a Serra do Mar, você ainda terá bastante asfalto até chegar na praia.

Se estiver com receio, reduza a distância e o esforço começando na estação Jabaquara do Metrô e seguindo direto pela rodovia, o que elimina o trecho de terra. Você também pode ir de trem até o Grajaú, se quiser cortar caminho mas ainda assim passar pelas estradas de chão. Veja no mapa.

Apesar de curtas, as subidas que existem na Estrada de Manutenção são bastante inclinadas. Economize suas energias! Foto: Willian Cruz/VdB

3Prepare sua bike

Leve a magrela numa loja de confiança e peça para fazerem uma revisão completa. Peça para regularem freios, câmbio e verificarem se não há nenhuma peça com defeito ou risco de quebra. Aproveite para instalar uma fita antifuro.

Coloque sapatas de freio novas, porque se houver chuva elas desgastarão muito rápido. Se possível, compre as de melhor qualidade (pergunte na loja), porque apesar de mais caras duram muito mais.

É possível usar pneus slick se você não for fazer o trecho de terra, mas os pneus devem estar em bom estado para não escorregarem no asfalto da serra. Veja nossas recomendações sobre tipos de pneu e calibragem.

Para não ficar na mão no caminho, deixe a bike regulada e revisada. Foto: Willian Cruz/VdB

4O que levar

Água: Recomendamos levar dois litros. Se não tiver mochila de hidratação, leve em garrafas plásticas grandes. Congele parte da água, ou encha o recipiente com gelo para depois completar com o líquido.

Comida: Você vai sentir fome no caminho e há um longo trecho sem comércio. Tente levar algo salgado, que pode ser desde um lanche até um biscoito de polvilho. Se sentir fome, pare e alimente-se. Coma antes de sentir fome e beba antes de sentir sede, são avisos de que o corpo já está no déficit. No mapa há sugestões de onde comer antes de chegar na serra.

Equipamento: Bomba de ar, ferramentas, câmara reserva, kit remendo – e é importante saber usar ou estar com alguém que saiba. Tenha sempre algumas abraçadeiras de nylon, conhecidas popularmente como “enforca gato”, porque elas podem ser úteis em muitas situações.

Protetor solar: Você vai pedalar o dia todo, portanto aplique mesmo com tempo nublado.

Sacolas plásticas: Ensaque tudo que estiver na mochila, para não molhar em caso de chuva. E reserve um saco plástico para carregar seu lixo; quando chegar na cidade, descarte em uma lixeira. Seja responsável e não deixe nada na estrada e nem na mata.

Documentos: RG, carteirinha do plano de saúde ou do SUS e uma anotação junto aos seus documentos, que indique seu o tipo sanguíneo e telefones para avisar em caso de emergência.

Lanternas: dianteira e traseira, para usar na volta depois de desembarcar do ônibus ou caso ocorra algum contratempo e você chegue na praia ao anoitecer.

Óculos e luvas: para não entrar poeira nos olhos no meio da descida e para não ter bolhas nas mãos depois um dia todo segurando o guidão.

Mapa impresso: imprima o mapa para o caso de seu celular ficar sem bateria, sem internet ou sofrer algum dano. Tenha em mente que não há sinal de celular em boa parte do trecho de serra.

Opcionais:

  • Capa de chuva – que pode ser daquelas simples, vendidas em banca de jornal
  • Desodorante, uma toalha pequena e uma muda de roupa para a volta (umedeça a toalha e limpe o corpo antes de se trocar).
  • Gel de carboidrato e isotônico
  • Chinelo ou sandália, para descansar os pés na volta e não ter que ficar com o tênis molhado
Além de evitar bolhas, luvas de ciclismo protegem as mãos em caso de queda. Foto: Divulgação

5Como carregar

Pedalar longos percursos com uma mochila pesada pode deixar suas costas e ombros doendo. Recomendamos instalar um bagageiro para prender a mochila nele.

Assim você pode até levar uma bolsa maior, de outro tipo, para que caiba tudo. Prenda com um elástico com ganchos nas pontas (“aranha”) para que não caia pelo caminho.

Se você é do tipo prevenido, que acaba carregando bastante coisa mesmo que não chegue a precisar, recomendo usar alforges – bolsas de cicloviagem presas nas laterais do bagageiro (foto abaixo).

Seja com mochila, bolsa ou alforges, levar a carga no bagageiro ajuda a evitar dores nos ombros e nas costas. Foto: Raquel Jorge/VdB

6Pedale com tranquilidade

Cicloturismo é mais sobre aproveitar o caminho do que chegar ao destino. É admirar as cachoeiras, fotografar a paisagem, ouvir o som dos animais na mata. É desfrutar o silêncio, a vista, a paisagem. Aproveitar cada minuto da viagem.

Claro que o prêmio a esse desafio é a chegada na praia. Mas pedale com tranquilidade, tanto para ter mais lembranças da cicloviagem quanto para não esgotar suas energias na metade do percurso.

O trajeto completo, saindo da Ciclovia Rio Pinheiros e passando pela Ilha do Bororé, costuma levar entre 6 e 10 horas. Comece o passeio bem cedo, para fazer o trajeto com tranquilidade e chegar em Santos ainda com o dia claro.

Saindo cedo, você consegue aproveitar bastante a cicloviagem, sem se preocupar tanto com horário. Mas tenha a meta de chegar no final da serra até no máximo as 16h, quando pode começar a escurecer na mata.

Começando a viagem bem cedo, você consegue fazer paradas para descansar, se alimentar e curtir as paisagens deslumbrantes da Estrada de Manutenção. Foto: Willian Cruz/VdB

7Atenção no trecho de serra

Há bastante limo na Estrada de Manutenção, principalmente no alto da serra, pois o clima é bastante úmido. Costuma aparecer nas laterais da estrada, mas em algumas épocas pode chegar quase ao meio da pista. Fuja do limo, é muito escorregadio!

Não deixe a bike pegar velocidade demais. As descidas sempre terminam em curva, muitas vezes com limo. Se estiver muito rápido, não conseguirá frear. E há só um guardrail ou uma pequena mureta antes do barranco, que não vão te segurar.

E importante: a Estrada de Manutenção é de mão dupla e vez ou outra passam carros ou motos subindo! Mantenha-se sempre na mão correta, para não ser pego em uma colisão frontal.

Alguns trechos são escorregadios, com limo na lateral da pista. Não deixe a bicicleta pegar muito embalo e esteja com os freios em dia! Foto: Willian Cruz/VdB

8Olha o trilho!

Próximo à Usina Henry Borden, há uma pequena ponte sobre o Rio Cubatão, que você precisa atravessar. Nessa ponte, há trilhos sobre o asfalto.

Cuide para que o pneu da bicicleta não entre no vão do trilho, senão é queda na certa. Se não se sentir seguro, desmonte e cruze a pé.

Esse ponto está sinalizado no nosso mapa. Veja também o local no Google Street View e fique atento!

Trilhos na ponte: atenção! Imagem: Google Street View

9Não pedale no calçadão

A cidade de Santos já teve muitos problemas com ciclistas pedalando no calçadão, em meio aos pedestres. Por isso, adota protocolos bem rígidos quando à circulação na orla.

Na avenida da praia, pedale só na ciclovia. Fora dela, você pode ter sua bicicleta apreendida, tendo que retornar num dia de semana para pagar uma taxa e assistir uma “aulinha” sobre não trafegar na calçada. Mesmo no asfalto da avenida você pode ter problemas.

Quando quiser ir até a areia ou a algum quiosque, desmonte e empurre desde a ciclovia. Não custa nada e evita uma bela dor de cabeça.

Nem no calçadão, nem na avenida: na orla da praia, mantenha-se na ciclovia para evitar contratempos. Imagem: Google Street View

10Volte de ônibus

As empresas de ônibus que operam na rodoviária de Santos estão acostumadas a transportar cicloturistas e suas bicicletas. Sim, elas deixam colocar a bike no bagageiro.

Coloque a bicicleta em pé no bagageiro, para evitar danos. É provável que você precise baixar o banco e remover a roda dianteira para que ela caiba.

Usando elásticos com ganchos nas pontas (aqueles usados por motociclistas), prenda a bike em uma estrutura vertical do bagageiro, para que ela não caia nem fique pulando na estrada.

Pronto! Agora é hora de deitar o banco do ônibus e tirar aquele cochilo merecido depois de toda essa aventura… 😉

As empresas de ônibus na rodoviária de Santos estão habituadas a transportar bicicletas e não criam caso com isso. Mas leve elásticos com ganchos (conhecidos como “aranhas”) para que a bike não fique pulando dentro do bagageiro ao longo do caminho. Foto: Willian Cruz/VdB
Veja também
Como o Ciclocomitê Paulista trabalha pelo direito de pedalar nas estradas
O regramento que por pouco não proibiu de vez a bicicleta em rodovias

12 comentários em “10 dicas para a descida a Santos pela Rota Márcia Prado

  1. NÃO É POSSÍVEL FAZER O PERCURSO INVERSO DE BIKE? JAMAIS DEIXARIA MINHA BIKE EM UM BAGAGEIRO DE ÔNIBUS APERTADO JUNTO COM UM MONTE DE OUTRAS BICICLETAS, POIS NÃO IMPORTA O QUANTO VOCÊ TOME CUIDADO, SEMPRE ACONTECEM AVARIAS DURANTE A VIAGEM!

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    1. Dá pra fazer sim, Alexandre. Precisa ter muita perna, mas tem quem faça. Sobre o bagageiro, você pode colocar uma folha de papelão de cada lado da sua bike, prendendo direito vai proteger bem.

      No último Pedal Anchieta, nós do Vá de Bike organizamos 5 ônibus para voltar, com 35 a 40 bikes em cada um, desmontadas/montadas e organizadas pela nossa equipe. Tivemos um total de zero reclamações. Fazendo direito, não dá problema. 😉

      Comentário bem votado! Thumb up 6 Thumb down 0

  2. Infelizmente os marginais que moram ou frequentam a favela no final da Manutenção, cerca de 500m a 1000 m após passar pela cancela de acesso ao Parque Itutinga Piloes, já roubaram dezenas de ciclistas tanto em pequenos como em grandes grupos!
    Eu não recomendo a ninguém passar por aquele trecho .

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      1. Sim, tem….
        A Rota oficial Macia Prado não joga vc de volta para Rodovia mas infelizmente passar pelo Bairro do Cota não é aconselhável.
        Ao ver uma Placa indicando(Bairro do Cota – Saída de Emergência) vá no sentido contrário da indicação e saia pela balança para voltar ao acostamento da rodovia, é a última saída!

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