A importância do Cycle Chic
É incrível como causa espanto chegar em algum lugar de bicicleta e roupa social. E pedalar bem vestido é uma das formas de cicloativismo. Entenda por que.
Chegando pedalando e bem vestido a um restaurante para almoçar, o maitre logo me sugeriu colocar a bicicleta dentro do estabelecimento, numa espécie de quintal com mesas existente na entrada. “Pode deixar ela aqui e prender numa cadeira mesmo”, disse ele, solícito. “A gente fica de olho, mas não custa prender, né?”. Tá certo. Esperei o amigo que vinha almoçar comigo, prendi as duas bicicletas e entramos.
O maitre me acompanhou até a mesa perguntando:
– O senhor já morou na Europa?
– Não. Por que?
– É que lá é que o pessoal anda de bicicleta assim, né?
– Bom, então transformemos aqui em uma Europa! – respondi, sorrindo. – Vamos melhorando nossa cidade e um dia chegaremos lá.
O maitre saiu sorrindo, mas pensativo. E eu sentei na mesa lembrando do texto do Denis Russo Burgierman, “não somos dinamarqueses“. Não somos como os europeus, mas podemos ser (nos pontos que importam, claro). E essa mudança depende de todos nós.
Cycle Chic é cicloativismo
É incrível como causa espanto chegar em algum lugar de bicicleta e roupa social (ou “esporte fino”, como dizem). Até quando vou ao banco vestido desse jeito – e de bicicleta – todo mundo fica olhando admirado. É uma cena inusitada. Não é o que as pessoas esperam ver. Não se encaixa em suas certezas.
Pedalar bem vestido é uma das formas de cicloativismo. É uma negação viva, presencial e à prova de contestação da crença popular de que o ciclista sempre chega ao destino sujo, suado e cheirando mal. Faz com que as pessoas entendam que ciclista não precisa ser sempre um adolescente sem camisa, um homem com roupa de atleta ou alguém que pedala por falta de dinheiro para a condução.
Bicicleta é para todos. Não é coisa de esportista, de desocupado, de pobre: é coisa de gente. Gente que pode ser esportista ou preguiçosa, desocupada ou trabalhadora, pobre ou rica. A bicicleta é democrática e inclusiva.
Ah, aproveitando o post, ontem à noite quando pedalava a outro restaurante para encontrar com amigos (dessa vez de bermuda e camiseta), passou por mim de bicicleta um rapaz de roupa social e gravata balançando ao vento. São Paulo também é Cycle Chic.
Saiba mais
Cycle Chic – artigo do Vá de Bike explicando o assunto
Copenhagen Cycle Chic – o site que inspirou o mundo
Curitiba Cycle Chic – site nacional muito bem produzido
Gata de Rodas e Hoje vou assim de bike – sites das estilosas Verônica Mambrini e Joana Rocha
Casamento de bicicleta – Fotos, vídeos e relatos do meu casamento cycle chic
O verão europeu ultrapassa facilmente os 30º. Mas nem por isso deixam de pedalar… Eu sei que nã oconsigo nã otranspirar..já tentei de tudo levo uma muda de roupa e pronto! 😀
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Sou totalmente favorável ao uso de bicicleta, ciclovias, etc, contudo não pode-se esquecer que morando em um país tropical, algumas coisas comuns em países temperados do norte não são tão viáveis no Brasil, ir ao trabalho é uma lástima, você sem dúvida vai chegar encharcado, aqui em Vitória no Espírito Santo, no inverno faz mínima de 20, um verão para os europeus!
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Eu também uso a mesma roupa que trabalho para pedalar. Sempre achei que esta seria uma forma de mostrar que não é preciso roupas especiais para pedalar, além da praticidade. No começo ficava suado e levava com uma camisa extra. Com o tempo fui dosando a velocidade e os trajetos, procurando ruas mais arborizadas e menos movimentadas. O resultado é que hoje gasto de 5 ~ 10 min a mais, mas quase nada de suor.
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Quase esqueci: William (e quem quiser), se quiser divulgar as fotos que tirei no Japão, escrever posts, artigos, o que seja, fique à vontade. Acabei de abrir o flickr e não sei como definir licensa no álbum, mas elas são livres. Só cite a fonte =)
Abraço
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Falei que tinha fotos do uso de bicicleta no Japão:
http://www.flickr.com/photos/61325915@N04/sets/72157626290022601/
Acho que os japoneses começaram com o cycle-chic sem saber o que é isso, hehehe. Simplesmente pegaram a bike e saíram pedalando…
Detalhe: quase não há ciclovias no Japão. É evidente, visível, óbvio — a redundância é de propósito, pois está mesmo na cara — que tratá-las como a solução é só um mito, como já mostrou o William.
Abraços.
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Amei a postagem!
Desde que acessei o Cyclechic faço questão de sair de bike arrumadinha, principalmente porque uso metrô também. O bom é que não transpiro muito porque a maior parte do caminho de ida é descida. Na volta, como é pra casa mesmo, não tem problema.
E quanto às saias e vestidos, muito bem vindos! É só arrumar direitinho que não tem nada de ficar com bunda de fora…rs…
Valeu Willian!!!
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Vou para trabalho todos os dias de bike, não ligo por transpirar, sempre levo roupa reserva na mochila.
Foi a coisa melhor que fiz para minha saúde fisíca e metal.
Na cidade com São Paulo não se dá mais para ficar horas no trânsito, perdendo tempo.
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Moro em Goiânia e aqui o clima não é tão ameno. A solução que encontrei foi:
Durante o dia (para ir ao trabalho, etc, etc) uso uma roupa mais leve no minimo levo uma camisa sobressalente.
Durante a noite vou de Cycle Chic o/
É claro que eu prefiro pedalar com o tempo nublado, mas ninguém morre por transpirar um pouco.
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Quando eu pedalava em São Paulo, eu concordava com essa tua visão. Bicicleta é meio de transporte, e se estou indo pra empresa trabalhar, vou com as roupas do trabalho.
Aqui, em Porto Velho, sempre chego completamente molhada ao local de trabalho. Sei que é “completamente” por causa do ar condicionado…
Em São Paulo, eu não usava as minhas roupas de esportista, (porque afinal de contas, bicicleta não é só esporte),mas aqui são elas que ficam molhadas. As únicas vezes em que não percebo que estou suando é quando chove, mas daí chego suja de lama (pernas e pés), apesar dos paralamas.
Cycle-chic é legal, mas depende das condições climáticas.
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William, você é muito chique:)
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ah, meu chapeu-veneza comprado na St. Charles Avenue, New Orleans, Luisiana…
(só falta minha gravatinha borboleta para o suave inverno reconvexo que se aproxima cá na Diaspórica)
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Trabalho no governo e venho pedalando 8km de calça social, sapato social… a única coisa que mudo para pedalar é a camisa de manga longa por uma de manga curta. E nem tenho vestiário no trabalho. O suor não é tanto assim, desodorante e duas camisas já resolvem. Higiene é um costume que independe da bicicleta.
Outro dia, depois do almoço, pedalei até um café a quase 3km do escritório. Cheguei de roupa social e bicicleta, só tirei a gravata porque o sol do meio-dia castiga, mesmo pedalando trechos na sombra. As caras que fizeram para mim quando cheguei foram impagáveis.
Essa coisa de dizer “não somos dinamarqueses” é desculpa. A mesma desculpa furada que os dinamarqueses deram, dizendo que não eram italianos, quando resolveram fechar ruas e usar bicicletas em Copenhague nos anos 50.
Aqui no Brasil dizem que não podemos pedalar como na Europa porque lá é mais frio. Engraçado que os dinamarqueses de novo usaram a mesma desculpa, mas com o sinal trocado: disseram que lá era muito frio para pedalar. É tudo balela; o verão europeu é muito mais quente do que em Brasília ou Sampa, às vezes até do que no Rio, e não deixam de pedalar por causa disso, nem por causa da neve.
Recentemente passei uma temporada no Japão e vi o pessoal pedalando pra tudo que é lugar, homens, mulheres, estudantes, executivos, velhinhas, com compras, com crianças, debaixo de chuva, debaixo de neve… tenho as fotos que não me deixam mentir. Aqui, qualquer nuvenzinha cinza é desculpa para usar o carro de guarda-chuva.
Abração, William! Seu blog continua referência =)
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Prefiro ficar transpirando mesmo!
Já abracei meu lado esportista mesmo… Transpiro mas sou feliz! Vem trablahr de bicicleta todos os dias, mesmo transpirando!
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Phil, eu tinha o mesmo problema e acabava não usando a bike pra trabalhar. Mas em dezembro comprei uma Bike Elétrica que substituiu o meu carro! Estou feliz da vida! Na subida só alegria. E pedalo normalmente nas retas.
Fica a dica!
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Vanessa, que bike elétrica é essa? Há uns 2 anos, no salão das duas rodas, a Yamaha apresentou umas bicicletas elétricas que não tinham auto-propulsão. Elas “auxiliavam” o ciclista em ladeiras, mas o cara ainda era obrigado a pedalar. Pareceram interessante, mas a Yamaha é mto cabeça dura e nem considera trazer essas novidades para o Brasil.
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Por diversas vezes tentei sair de cycle chic o o problema é que transpiro d+.
Quando é uma reta até consigo não transpirar porem numa subida não importa a velocidade que vou sempre transpiro!
Mas parabenizo que consegue!!!
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Mais ou menos isso que vc escreveu. É bacana pra quem pode…. mas pra quem precisa encarar 20km de ladeiras e trabalhar de roupa social, é impossível.
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