"O que acontece durante um passeio de bicicleta é uma troca de olhares com o espaço público. Como um flerte. Essa foi a forma que escolhida para explorar todas as cidades que serão visitadas pelo projeto Cidades para Pessoas."

Projeto Cidades para Pessoas – próximos passos

Boa notícia: o Projeto Cidades para Pessoas conseguiu juntar os recursos necessários e será realizado. O Vá de Bike conversou com a jornalista Natália Garcia, para entender como foi essa fase de captação de recursos e quais os próximos passos.

Boa notícia: o Projeto Cidades para Pessoas conseguiu juntar os recursos necessários e será realizado. Graças a pessoas como eu e você, que contribuíram com pequenas (ou grandes) quantias, será possível realizar esse trabalho jornalístico e de pesquisa, que trará informações e histórias que podem mudar nossas cidades.

O Vá de Bike conversou com a jornalista Natália Garcia, responsável pelo projeto, para entender como foi essa fase de captação de recursos e quais os próximos passos nesse trabalho.

"O que acontece durante um passeio de bicicleta é uma troca de olhares com o espaço público. Como um flerte. Essa foi a forma escolhida para explorar todas as cidades que serão visitadas pelo projeto Cidades para Pessoas."

Vá de Bike: Como foi essa fase de captação de recursos por crowdfunding (ação colaborativa em que todo cidadão pode contribuir com pequenas quantias)? Ajudou a criar repercussão? Fez com que novas idéias surgissem?
Natália Garcia: Eu apostei no modelo de crowdfunding sem saber ao certo no que ia dar. Descobri crowdfunding por causa de uma matéria que escrevo sobre o assunto em dezembro, conversei com os meninos do Catarse sobre lançar meu projeto lá com eles e, logo que a plataforma foi lançada, meu projeto estava entre os primeiros. Foi impressionante. Em dois dias eu já tinha em torno de R$ 1.500. Em um mês, mil pessoas tinham postado o projeto no facebook. Um monte de gente se engajou na campanha, cada um como pode. Essa é a parte mais legal da coisa: criar uma comunidade com interesses em comum em torno do projeto. Rolaram novas ideias ao longo do processo sim. A principal delas foi lançar todo o conteúdo em Creative Commons, para que fosse livre para ser reproduzido ou utilizado na produção de conteúdos derivados.

 

Você chegou a achar que o projeto não bateria o custo necessário?
Achei isso até o último dia, pra ser sincera! rsrsrsrrsrs. Achei que teria que colocar uma grana do meu bolso, pra completar o custo. Mas rolou. E foi MUITO emocionante quando vi que tinha rolado. E quando comecei a receber mensagens e mais mensagens de parabéns… não cabia em mim. Não era só a emoção de ver um monte de gente me apoiando. Era principalmente a emoção de ver que tem tanta gente preocupada com a mesma coisa que eu: fazer de São Paulo um lugar melhor.

O que você recomenda a quem pensa em custear um projeto pessoal com crowdsourcing? O que é importante para que isso dê certo?
Em primeiro lugar, é preciso ter noção de que crowdfunding é um jogo entre cotas de financiamento e recompensas. Por exemplo, houve um caso de um sujeito que inventou um tripé de iphone e queria produzí-lo em larga escala. Vendeu cotas por crowdfunding que davam direito a um tripé. BOMBOU de gente comprando – gente interessada na recompensa. Há casos, como o meu, que o apoio é mais ideológico. Mas muita gente tb queria ganhar os posters das cidades. Então, primeiro, é preciso pensar bem nas recompensas. Depois, fazer uma campanha forte de divulgação, que engaje as pessoas. Também é importante que o vídeo explicativo do projeto seja criativo e tenha apelo ideológico entre as pessoas. Pelo que li e estudei sobre o assunto, todo projeto bom atinge a cota.

Como foi o apoio recebido de pessoas, instituições e mídia, em termos de divulgação e incentivo?
Foi surpreendente. Diversos jornalistas me procuraram, algumas empresas também me contataram para comprar as cotas maiores. Fiquei super feliz de ver tanto resultado que escapou do meu trabalho de apuração. O projeto atingiu gente que eu nem esperava. E, com todo esse sucesso, o projeto acabou por chamar a atenção de investidores graúdos. Gente que nunca nem saberia quem eu sou ou que acharia arriscadíssimo investir no meu projeto. Mas que viu uma comunidade de gente em torno do projeto acreditando nele e tirando dinheiro do próprio bolso para financiá-lo. Então aconteceu de empresas graúdas me procurarem para serem financiadores mais parrudos. Ainda não há nada fechado, mas só de isso ter acontecido já me mostra o poder desse modelo de negócios. E, principalmente, o poder da rede.

Há algo mais que você ainda precisa providenciar para a viagem, como equipamentos, passagens, hospedagens, etc.?
Tudo… rsrsrss. Não, brincadeira, as coisas estão bem encaminhadas. A passagem de ida e a passagem para a segunda cidade já estão compradas. Estou negociando com uma empresa aérea que talvez me dê as outras passagens como forma de patrocínio. Eu devo me hospedar 70% nas casas das pessoas, em couch surfing. E estou negociando para que o restante do tempo seja doado por albergues do hostel international. Vamos ver se rola… O que falta mesmo é equipamento. Eu quero MUITO comprar uma câmera Sony NEX-VG10. Mas não acho que logo de cara será possível não… talvez com o tempo, se eu conseguir vender reportagens freelas durante a viagem, consiga comprar.

Já fechou quais serão as cidades e a ordem em que serão visitadas?
Quaaaaaase. prometo que te conto assim que fechar. Eu tenho a lista, mas a submeti mais uma vez ao Jan Gehl, o urbanista dinamarquês que inspirou o projeto, para que ele apenas dê o aval final.

Quais os próximos passos para o projeto e a partir de quando teremos notícias?
Bem, agora eu vou produzir um piloto em curitiba, para acertar a publicação das notícias no site e para testar o tempo de produção das reportagens. Estamos fechando como será o site de publicação das notícias. Nesse meio tempo, tenho entrevistas marcadas e vou cuidando da pré-produção e pré-apuração das cidades. Também estou cuidando de detalhes buricráticos, como visto, passaporte, etc etc.

Imagino que você pretenda usar o blog durante a viagem. Pretende usar twitter?
Sim, terei um twitter e uma página no facebook que serão alimentados com o conteúdo do projeto.

Se tiver algo mais que considere importante divulgar, fique à vontade.
Eu sou jornalista. O que sei fazer é ouvir e contar boas histórias. E, no fundo, é o que estou indo fazer. Mas eu espero de verdade poder trazer algumas das ideias e das pessoas geniais que eu encontrar na viagem para melhorar, na prática, a vida de quem mora em São Paulo e outras cidades brasileiras. E, para isso, conto com o engajamento de TODOS que estiverem lendo esse texto.

Parabéns mais uma vez.
Beijo enorme e muito obrigada pelo apoio!

Vá de Bike vai divulgar e comentar os resultados do projeto Cidades para Pessoas, conforme forem publicados.

5 comentários em “Projeto Cidades para Pessoas – próximos passos

  1. Parabéns Natália. Como eu fico feliz em ver algo tão bonito tornar-se realidade. São pessoas desbravadoras e guerreiras como vc que criam a chance de um futuro mais harmônico e melhor para as “nossas” cidades. Abraços e boa sorte de toda a equipe Megariders.

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  2. Que ótimo que isso rolou. Traga boas idéias pra melhorar nossas cidades 😀
    Mas uma dúvida que ficou é a seguinte: como isso será colado em prática aqui, as idéais e soluções que ela for adquirindo lá?

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