Em São Paulo, a Pedalada Pelada está em sua sétima edição. A nudez como protesto tem sido respeitada pelas autoridades e o evento ocorre tranquilamente, em clima de festa. Foto: Rachel Schein

Como foi a Pedalada Pelada 2013

Saiba como foi a manifestação, veja fotos e entenda por que uma panicat levou um banho de tinta na Praça do Ciclista…

Foto: Rachel Schein
Foto: Rachel Schein
John Mcinroy, 30, natural da cidade do Cabo (África do Sul), aproveitou pra participar do evento, vestindo uma sunga com a bandeira de seu país. Foto: Rachel Schein
John Mcinroy, 30, natural da cidade do Cabo (África do Sul), aproveitou pra participar do evento, vestindo uma sunga com a bandeira de seu país. Foto: Rachel Schein

A chuva que caía em São Paulo – e que não deu trégua em todo o percurso – não desanimou os manifestantes da Pedalada Pelada (ou World Naked Bike Ride), que aconteceu neste sábado em três cidades brasileiras e em várias outras no mundo.

“Melhor pedal da minha vida.
Na próxima vou de novo
e levo mais gente.”
(comentário de uma participante,
na página do evento)

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Por causa da chuva, muitos ciclistas infelizmente não conseguiram chegar a tempo de acompanhar o grupo. Ainda assim, cerca de 200 pessoas saíram da Praça do Ciclista e circularam pelos Jardins e Vila Madalena, passando por avenidas como 9 de julho e Faria Lima e atraindo a atenção de muita gente que estava nas ruas, de forma descontraída.

Policiais escoltaram os ciclistas até parte do percurso. Ao contrário do que acontecia até o ano de 2011, a polícia não reprimiu ninguém. Em 2012 também houve muita tranquilidade e nenhuma intervenção.

No estacionamento do Shopping Iguatemi, o grupo gritava: “mais peladão, menos ostentação”. Na Vila Madalena, algumas esquinas foram tomadas durante alguns minutos. Bicicletas foram erguidas e os gritos “você ai parado, vem pedalar pelado” se misturavam com o barulho e a música dos bares.

Imagem: UOL/Reprodução
Imagem: UOL/Reprodução

Panicat levou banho de tinta

Durante a concentração, a equipe do programa Pânico tentou gravar entrevistas na praça e foi duramente repreendido. Tinta vermelha que era usada pra pintar os ciclistas foi jogada na “panicat” Ana Paula Minerato.

Segundo o UOL, a assessoria de imprensa de Ana Paula disse que ela ficou “muito chateada” e que o Pânico não estava ali para “zoar” (SIC) a manifestação. “Eles queriam entrevistar as pessoas e até iriam andar de bicicleta. Uma louca chegou perto da Ana Paula e fez isso”.

Para Letícia, programa Pânico reforça preconceitos e padrões machistas. Foto: Rachel Schein
Para Letícia, programa Pânico reforça preconceitos e padrões machistas. Foto: Rachel Schein

Vá de Bike entrevistou Leticia Shimoda, que a assessoria da assistente de palco chama de louca. E ela nos pareceu bastante sã.

“A bicicletada pelada tem a proposta de dar visibilidade para o ciclista, pra ver que não é carro só que está na rua. Mas a gente chega aqui e vê que tem uma emissora de TV que se aproveita das pessoas, que vieram com uma proposta legal, pegaram chuva pra estarem aqui, etc. Ficam usando a gente como cenário pra gravar um programa que só vai reforçar preconceitos e padrões super estereotipados e ainda mais machistas com as mulheres que já sofrem no pedal. A gente sempre reforça que as mulheres estão em luta contra esses preconceitos, e aí chega gente com uma proposta babaca que vai ganhar dinheiro em cima de um movimento que devia ser político”, desabafou Leticia.

Veja aqui um exemplo dos problemas que as mulheres já enfrentam com assédio ao pedalar. A erotização disso só prejudica a convivência nas ruas.

Sobre a Pedalada Pelada

Com o nome de Pedalada Pelada, o objetivo da manifestação é chamar atenção para a situação de fragilidade e quase invisibilidade do ciclista no país, tanto por parte dos motoristas como pelo poder público. A edição brasileira é uma versão da manifestação internacional World Naked Bike Ride.

Várias razões levam as pessoas a participarem da Pedalada Pelada, seja aqui ou lá fora: reivindicar melhores condições para o uso das bicicletas nas cidades, denunciar o descaso e a omissão do poder público, promover a visibilidade dos ciclistas, denunciar as guerras por petróleo, celebrar o corpo e a bicicleta, estimular reflexões sobre a cultura do automóvel, alertar sobre os perigos do aquecimento global e outras mais.

Nus ou seminus, os manifestantes costumam pintar os corpos com frases de efeito, passando cada qual sua mensagem.

Se muitos motoristas afirmam que não nos enxergam, hoje enxergaram muito bem. Alguns até aplaudiram…

40 comentários em “Como foi a Pedalada Pelada 2013

  1. Jogar tinta em indivíduos pacíficos eh agressão. Além do mais sair pelada pelas ruas e dizer que um programa que usa a nudez como audiência eh machista, torna-se incoerência. Sou ciclista e não eh por ai que vamos chegar ao objetivo de compartilhar a rua. O discurso deve mudar, e se eh um protesto político devemos aceitar que quanto mais emissoras cobrindo o evento melhor será.

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  2. Que pedalem de qualquer forma, pelados, vestidos, numa roda só, levantem as bicicletas, gritem, sou muito a favor de qualquer manifestação, ainda mais uma que chama atenção para todos nós ciclistas. Mas jogar tinta em alguém é tão baixo quanto o conteúdo desse programa.
    Conseguiram com essa atitude atrair mais atenção como intolerantes do que para a causa da manifestação, que prega exatamente o contrário…

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  3. “Eles iam ATÉ pedalar”.
    Será mesmo que para ter visibilidade como ciclista o pessoal prefere dar mídia pra Programa Pânico?

    Com a proposta de Panicat pelada estavam ironizando não somente a bicicleta em nosso cotidiano, mas também todas as pessoas que foram lá se manifestar.
    Ridículo é fulano bem trajado atrás de um computador escrevendo coisa machista e se achando o arauto da coerência.

    Se bicicletada pelada é ridículo? depende de quem analisa. Ao menos, as pessoas se vestem e continuam sendo pessoas engajadas em algo, e quem não fica nu e critica com moralismo de boteco, não tem como mudar muita coisa mesmo.

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  4. Bom dia,

    Estou fazendo um estudo com os ciclistas de São Paulo, que utilizam a bike como meio de transporte casa-trabalho/estudo. O projeto visa melhorar o relacionamento com os ciclistas de São Paulo e quebrar barreiras no destino.
    A pesquisa é rápida, tem apenas 8 perguntas. Se os amigos ciclistas puderem responder e divulgar, estaremos dando um passo para a melhoria nos serviços prestados para ciclistas.
    O link da pesquisa é: http://www.surveymonkey.com/s/Z9YJSF7

    Gostaria de entrar em contato com os amigos ciclistas para poder explicar melhor, meu e-mail é
    ro7verde@hotmail.com

    Desde já agradeço,
    Rodrigo.’.

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  5. Ridículo atirar tinta nos outros! Os caras estão pelados em cima da bicicleta e quem não bate palmas para eles é agredido!

    Pense se fosse o contrário, se o pessoal do Pânico estivesse jogando tinta nos ciclistas pelados aí iam chamar de nazistas e etc.

    Manifestação babaca, um monte de filhinho de papai metidos a revolucionários…

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  6. Aprovo a tinta e a manifestação. É gratificante ver uma pessoa se posicionar contra o sensacionalismo sexista e a vulgarização promovidos pelo programa de TV. A meu ver, só ficou faltando jogar tinta no apresentador e na câmera.

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  7. Não sou fã do Pânico, nem na TV nem no rádio, mas achei extremamente desnecessário o que a manifestante fez.
    Era só ignorar… não precisava ter jogado a tinta.

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  8. Já gostava do movimento antes, ainda mais dando lição de moral no Pânico… sou fã incondicional agora.
    Ciclista no dia-a-dia aqui em Piracicaba onde não temos 1 metro de ciclovia durante a semana, e compadecido pelo cara que teve o braço amputado 🙁

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  9. Eu apoio as bicicletadas pois são uma forma de protesto e incentivo ao uso da bike como transporte (fui durante todo o ano de 2012 na de Ribeirão, infelizmente parei de ir pq voltei a estudar este ano), mas esta pedalada pelada eu não curto mesmo. Entendi o recado que é mostrar a fragilidade do ciclista perante o trânsito, mas a grande maioria não vai entender isso. Vão levar pro lado maldoso da coisa. E essa de ter jogado tinta na panicat, acho que vai ficar mal pro movimento. Primeiro convidavam ela pra pedalar (elas aparecem quase peladas no programa, não seria dificil rs) e se fosse visto que a ideia deles era simplesmente zuar o movimento, ai o banho de tinta até seria justificado…
    Particularmente eu não iria, mas que a pessoa que vai se sente bem, sem problemas. E mesmo na chuva foram 200 pessoas! Legal.

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    1. tb não concordo com os protestos da maneira que são realizados. Protestos são super importantes. Mas só trazem resultados se bem pensados. Tanto a pelada com as bicicletadas tradicionais, no meu ponto de vista e nas pessoas “não ciclistas” que eu converso, trazem uma visão negativa, de baderna, de dedoscupados que não trabalham e que só querem atrapalhar a vida dos outros.
      Não adianta me negativarem, não precisam concordar, mas devem ou deveriam pelo menos pensar sobre o tema: Qual o real impacto dos atuais formatos dos protestos em prol da ciclomobilidade?
      Cito o exemplo de protesto realizado pelo Cicloiguaçu aqui de curitiba: faixas com os códigos de trânsito expostas em um cruzamento extremamente ruim para pedestres e ciclistas. A ação deles foi muito elogiada, causou um impacto noticiado nos meios de comunicação e abstraiam os motoristas de argumentos contrários ao protesto.
      Sempre acreditei que bicicletadas “organizadas” fechando apenas uma pista, parando nos sinais, com faixas exemplificando o código de trânsito, seriam mais eficientes para a ciclomobilidade do que o formato caótico atual.
      Enfim, talvez falte um pouco de “auto-critica” aos movimentos…

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  10. Acho que sempre tem que pesar o significado global e o local. Aqui no Brasil não consigo acreditar que ganhe outro significado que não seja “baderna”, “pouca vergonha” e assim por diante. Em nosso país hipócrita e com nudez institucionalizada pelo carnaval deveria ser adptado.

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  11. É vamos ficar pelados, mais um ciclista essa manha foi atropelado na Paulista…tanto trabalho em organizar um protesto desse (a meu ver estúpido, pelado? sério?) que um psicopata não só atropelou o ciclista mas pegou o braço amputado e jogou num córrego. Sim, um psicopata chamou mais a atenção das autoridades do que esse protesto estúpido pra gringo ver e essa classe média postar no Instagram

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