Primeiro trecho da Ciclovia da Eliseu de Almeida, em São Paulo, ficará pronto em menos de um mês
Depois de anos de espera, finalmente as obras da ciclovia da Av. Eliseu de Almeida começaram. Saiba o que está sendo feito e o que vem depois.
Quem passa pela Av. Eliseu de Almeida, Zona Sul de São Paulo, já percebeu que as obras da lendária ciclovia do canteiro central finalmente começaram. O Vá de Bike e o Bike é Legal estiveram com o subprefeito do Butantã, Luiz Felippe de Moraes Neto, que nos esclareceu o que está sendo feito, com que verba e qual o prazo.
O projeto e a verba
O projeto apresentado em reunião na Câmara Municipal, em setembro de 2013, não foi aprovado pela CET, que havia disponibilizado 2 milhões para a realização da obra. Essa verba, portanto não pôde ser aproveitada para a Eliseu e, segundo informado por Ronaldo Tonobohn (CET) em uma reunião na Câmara na semana passada, foi direcionada para outra ciclovia (José Bonifácio, na região do Jardim Helena – falaremos em breve sobre isso por aqui).
“A gente só consegue executar se a gente tem dinheiro. E a gente só consegue dinheiro se a gente tem o projeto. Se a gente tem o projeto, já faz de um ano pro outro a previsão do que vai ser feito, aí consegue verba para fazer as obras. Nesse caso, os dois atrasaram, o projeto e a verba. Ficamos meio perdidos, porque o projeto a gente não conseguiu aprovar e aí o dinheiro que era pra ter vindo, não veio”, justifica o subprefeito. Cada vez mais, a falta de projetos adequados atrasa avanços cicloviários.
Com o projeto e a verba descartados, a subprefeitura buscou uma alternativa para conseguir iniciar a obra da ciclovia. “É uma coisa complicada, tem que ter verba destinada um ano antes para o que você vai fazer no ano seguinte. Então a solução vai ser fazer a ciclovia aos poucos, com o dinheiro que dá”, explica. A saída foi encontrada em uma verba reservada para calçadas vinda de emendas de vereadores, que terminaria o ano sem ser utilizada, e em um projeto antigo do ITDP, que foi adaptado para servir de base para o trecho inicial da ciclovia. “Estamos fazendo um pavimento e, se tudo correr bem, no ano que vem a gente vai transformar em uma ciclovia, com toda a sinalização e tudo o mais”.
Sinalização e prazo
Nesse momento, o que está sendo feito é apenas o pavimento, já na cor vermelha. A sinalização está sendo discutida com a CET. “Já tivemos umas quatro reuniões com a CET para resolver os ‘nós’, que são os cruzamentos”, conta Moraes Neto. “Já resolvemos o da R. Camargo, o da R. Antônio Mariani e já resolvemos, ou quase resolvemos, o da Jacob Salvador Zveibil, onde tem o Shopping Butantã, que é um mais complicado. Você tem um retorno, tem uma escola onde as crianças atravessam, é um nó bastante complexo.”
Esses “nós” serão desatados em 2014. “O dinheiro que a gente tem hoje só dá pra fazer o piso. E é isso que vai ser feito”, esclarece. Se a subprefeitura fosse esperar a definição sobre sinalização (e a liberação de verba correspondente), os recursos que estão sendo usados nessa pavimentação seriam perdidos, pois são destinados apenas a calçadas e precisam ser utilizados ainda esse ano, sob pena de serem devolvidos ao orçamento se não fossem utilizados até o final desse mês.
O que se fez foi aproveitar a oportunidade do recurso para, de alguma maneira, dar início à ciclovia, garantindo sua continuidade. Utilizando essa verba para calçadas, pôde ser realizada uma tomada de preços – caso contrário seria necessária uma licitação, em um processo que levaria cerca de quatro meses. “A gente não consegue fazer tudo de uma vez, mas consegue fazer certo aos poucos”, resume Moraes Neto.
Além do pavimento, serão feitas as rampas para descer da laje, com inclinação de 8%. Também serão feitas algumas adequações, como por exemplo no retorno do Shopping, onde haverá uma “acomodação viária” no canteiro central, que atualmente é estreito demais para passar a ciclovia.
A previsão da subprefeitura é que o pavimento será concluído até 28 de dezembro de 2013. Em poucas horas entre nossa ida e nossa volta, eu e Renata Falzoni pudemos ver o pavimento avançar bastante.
Pavimento
O piso da ciclovia está sendo feito em concreto usinado, que já vem pigmentado da usina. “É um concreto pesado, que resiste muito bem na ciclovia, é um concreto que dá para andar com carro em cima”, descreve Moraes Neto. O concreto é armado, para evitar rachaduras, com 15 cm de espessura. “É uma laje, moldada em bloco, que suporta 250 kg por cm². Se não houver depredação, [dura] pelo menos uns 10 anos.”
Alguns ciclistas levantaram dúvidas sobre as lajes que já existem, se aguentariam sem problemas a circulação dos ciclistas. O subprefeito foi enfático ao afirmar que essas lajes suportam as bicicletas: “a gente anda com máquina em cima da laje do rio, máquina que pesa 25 toneladas. Tem umas janelas de serviço, pra poder entrar e tirar o lixo que está lá dentro, e a gente passa com essas máquinas em cima.”
Traçado atual e futuro
O trecho que está sendo construído “começa na esquina da Eliseu com a Camargo e vai até a Santa Albina”, em um extensão de quase 3 km, informa o subprefeito. O sistema inteiro que a subprefeitura pretende implementar tem 16 km, indo até a divisa do Taboão (e conectaria à ciclovia que foi desativada pela prefeitura de lá), “com um ramal subindo pela Jorge João Saad e até o estádio do Morumbi, segue pela Jules Rimet e entra na futura continuação da Av. Hebe Camargo”. O outro ramal irá ligar a Eliseu com a USP, que já está em projeto para ser iniciada no ano que vem.
A ligação da ciclovia da Eliseu (que se chamará Ciclovia Pirajussara) com a estação de Metrô Butantã será feita com uma calçada que será alargada. Essa ligação terá “um trecho compartilhado com os carros e outro compartilhado com os pedestres”, com uma “calçada estendida”, conta o subprefeito. “Se tudo correr bem, no começo do ano a gente já vai prologar essa ligação até a USP.”
Esta tudo muito bonito, agora as praças continuam um horror, para complementar porque não fazer uma limpeza nos matos da região? na rua hideo oshima tem uma praça que esta medonha. Vamos corta o mato da região?
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A Eliseu que ficava vazia à noite agora tem gente andando, correndo, pedalando e andando de skate na calçada/ciclovia.
Uma pena não ter continuado até o Taboão, evitaria a morte que ocorreu ontem na Av.Pirajussara.
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Há uma “ciclovia” na Av. Politécnica, que vai da pontaria da USP até altura do McDonald´s da Av. Jaguaré:
http://www.youtube.com/watch?v=8VNc2rkQ-cs
Contudo a sua utilidade é questionável pois aapenas serve para alguns alunos da USP e moradores da região … que não a usam frequentemente.
Deveria haver uma ciclovia na Av. Jaguaré, inclusive usando a velha ponte do Jaguaré ( http://arvoresdesaopaulo.wordpress.com/2010/10/05/uma-floresta-sobre-o-rio-pinheiros/ ), sendo uma alternativa a obra custosa da passarela da USP ( http://raquelrolnik.wordpress.com/2012/12/12/ciclopassarela-ligando-a-usp-ao-villa-lobos-mais-um-projeto-solto/ ), que obriga a passar pela USP para o seu uso.
Não sei como se chama esta falta de planejamento do uso do dinheiro público …
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Independente dos benefícios para os ciclistas, é necessário ter imparcialidade e enxergar as “trapalhadas” de uma má administração. Para se fazer a ciclovia, foi gasto dinheiro que seria utilizado para fazer (ou reformar calçadas). Ou seja, ganha-se ciclovia, mas algo tão importante quanto uma ciclovia, que são as calçadas, deixam de ser feitas.
Não vou me estender muito, mas o subprefeito Luiz Felippe de Moraes Neto não é bonzinho nem competente, é apenas mais um político tentando se promover como todos os outros. Se fosse competente, buscaria recursos para as calçadas, ciclovias e demais demandas necessárias.
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A respeito de ciclovias, gostaria de ver uma reportagem com avaliação do novo trecho de ciclovia da marginal Pinheiros, agora na margem esquerda: http://saopaulo.sp.gov.br/spnoticias/lenoticia.php?id=234930
A obra é bonita, talvez a primeira “obra de arte” voltada prioritariamente para a bicicleta, mas fico apreensivo quanto à conexão, tanto com as avenidas da região que poderia ser as artérias para alimentá-la (Guarapiranga e Atlântica), como com a nova ciclovia em construção como alternativa ao fechamento da margem direita.
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Essa ciclovia é essencial, a Eliseu é um trecho duro de se passar, não temos boa alternativas paralelas a ela e os motoristas estão sempre abusando da sorte. Pena que não existe uma previsão para ser concluída, pois o segundo trecho entre o Macro e a avenida Pirajussara também é bem complicado, já levei muito susto por lá. Espero que seja concluída o quanto antes.
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Acho ótimo que essa ciclovia seja feita. Não sei se o projeto prevê isso mas acho que deveria existir uma grade de proteção nas laterais da ciclovia. Como ela fica no canteiro central, e ele fica acima do asfalto para os carros, se alguém se desequilibrar ali, pode acabar caindo na via e sendo atropelado.
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Parabéns pela reportagem, provavelmente a melhor que eu li nos últimos tempos.
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Obrigado, Tom.
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Precisará de manutenção, e, os usuários e os moradores do entorno, estão interessados em acompanhar os problemas e exigir o conserto. Senão vira o fenômeno descrito pelo Arturo Alcorta: “Pelo menos fez algo” ? (http://escoladebicicleta.blogspot.com.br/2009/07/pelo-menos-fez-algo.html)
Acredito que será bem acompanhado, pois sendo uma das bandeiras da Ciclocidade e simpatizantes e ativistas.
Vai ser um bom exemplo para o pessoal do entorno, a se manifestar para a melhoria da região.
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Eu acho bonito as ciclovias serem na cor vermelha, porque distingue bem de outras vias e tal, mas uma coisa que não entendo, será que invés deste tal concreto usinado vermelho, não seria melhor fazer de asfalto mesmo.
É que eu as vezes uso e pedalo na Ciclovia da Radial Leste, e vira e mexe está sempre detonada em algum trecho, buraco, rachadura, placa do piso levantada e por ai vai, me parece que este material não é dos melhores e eu duvido que dure mesmo 10 anos, ainda acho que o ideal seria mesmo asfalto, ai sim ia durar!
Mas enfim, parabéns ao pessoal ai da região que poderá usufruir desta ciclovia !
Bom Pedal a todos!
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Concreto dura bem mais que asfalto, não é à toa que os corredores de ônibus estão sendo refeitos com toda estrutura em concreto nas áreas de mais tráfego. Asfalto derrete e não possui estrutura de ferro armado por baixo dando resistência. A diferença tá no preço pois o o concreto é bem mais caro porém os benefícios para quem trafega são inigualáveis.
Se a ciclovia da Radial está detonada é porque foi mal feita.
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Vixi! Bota mal feita nisso ! Pois nunca andei naquela ciclovia para não ver alguma obra de remendo, que fica pior ainda! A pouco tempo rasgaram a lateral para passar algum tipo de tubulução, só sei que remendaram tão mal feito mas tão mal feito que até eu que não sou pedreiro e nem entendo de obras acho que faria melhor! KKKK ! Dizem que vão reformar ela toda, espero que sim pois ano que vem tem Copa do Mundo e ela começa no Tatuapé e termina justamente em frente o estádio do Corinthians em Itaquera onde será a abertura da copa, seria bem legal poder ir assistir aos jogos de bike em uma ciclovia que não pareça um campo de guerra! Sim outra que foi feita de concreto que segundo é melhor que asfalto, foi a do Parque Ecológico do Tietê que em alguns pontos as rachaduras brotam do chão, nunca vi asfalto rachar tanto quanto estas ciclovias, sei lá é a impressão que passa, mas vamos ver se daqui pra frente o pessoal usa um concreto de qualidade né!
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primeiro agente público que está mostrando vontade política para realizar a tão falada ciclovia da eliseu. mesmo não conseguindo a verba própria para a obra usou a cabeça e deu um jeito dela começar a acontecer. parabéns!
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Foi iniciada isso é ótimo…
Me dá medo por ser “feita aos poucos” pois assim é muito mais fácil passar a mão no dinheiro…
Mas no fim da matéria o projeto me deixou emocionadíssimo!
Seria um trajeto ótimo para as ciclovias!!!!
uso a Eliseu a mais de 4 anos já me acidentei feio e fui atropelado, com certeza com essa ciclovia a vida de muitos ciclistas ficará melhor!
E como diz o funk: “não para, não para, não para não!”
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Já é alguma coisa! Pedalo muito de São Paulo a Vargem Grande Paulista e já testei algumas alternativas à Raposo Tavares (inclusive as vezes vou por ela). Um dos caminhos que faço é por Osasco, Carapicuíba, Itapevi e depois atravesso uma reserva até Vargem Grande. Esse trecho da Eliseu ainda é pequeno, mas gera um pontinho de esperança que um dia ele se ampliará!
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Muito legal! Atravesso a Av. Francisco Morato de bike todo dia para ir ao trabalho. Essa ciclovia será uma mão na roda!!! Ansioso!
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