Mobilidade Corporativa: inovar em transporte para os funcionários é o futuro para as empresas
Consultor em “mobilidade corporativa” mostra vantagens de se oferecer estrutura para colaboradores que usam a bicicleta como meio de transporte.
Sob a ótica das empresas, investir em mobilidade urbana significa investir na qualidade de vida de seus funcionários, gerando a redução do número de faltas, redução da taxa de turn over (rotatividade) com a retenção de talentos e melhoria da produtividade e do estado de ânimo das pessoas. Ou seja, mais saúde e menos gastos com doenças.
O termo mobilidade corporativa representa a gestão da demanda por transportes através de ações da empresa e engajamento dos colaboradores, para reduzir a necessidade de deslocamentos, compartilhar meios de transporte ou optar por alternativas mais sustentáveis. Para ser bem sucedido, esse estímulo requer a participação dos colaboradores no desenvolvimento das soluções, de programas de comunicação interna, de mudanças nas políticas das empresas, de revisão dos incentivos e benefícios. Em um cenário onde a iniciativa privada apoia o uso de bicicletas, alguns investimentos são feitos para a instalação de bicicletários, vestiários e horários flexíveis de trabalho, de modo a estimular o uso eficiente da infraestrutura já existente na cidade com um menor impacto.
Em conversa sobre o tema com o Vá de Bike, Maurício Born, consultor da Report Sustentabilidade, informou que existem dois lados para tratar o assunto. O lado da oferta são os investimentos públicos em infraestrutura ou reorganização dos espaços públicos para acomodar a maior diversidade dos modais. Por outro lado, há a demanda vinda de pessoas que são funcionários das empresas que empregam um grande contingente de colaboradores, principalmente em áreas urbanas. Elas acabam por mobilizar um conjunto muito amplo de fatores, tais como gestão de fretados, vale transporte, estacionamentos, uso de táxis, etc. De acordo com o especialista, “os custos são altos e impactam na produtividade e qualidade de vida dos colaboradores. Algumas passam a adotar estratégias como trabalho flexível, uso de caronas e home office, mas sem a efetividade necessária”, afirmou.
No entanto, Born é otimista. Para ele o cenário está evoluindo bastante, apesar de muitas empresas estarem no estágio de descoberta das vantagens dessa iniciativa. “Algumas empresas mais inovadoras, com políticas mais arrojadas de sustentabilidade ou com necessidades específicas [tais como mudança de sede corporativa], já têm trabalhado no assunto com bons resultados”. A Report Sustentabilidade está encarando o desafio de conduzir um projeto piloto dentro da Serasa Experian em São Paulo. Dessa forma, “à medida que os bons exemplos e resultados forem mais divulgados, a tendência é crescer a demanda pela mobilidade corporativa”, explica Maurício Born. Além da Serasa Experian, o Santander, o Grupo Abril, a própria Report e o Itaú são empresas que estão aderindo a esse novo modelo de gestão.
O assunto é multidisciplinar e para ser bem conduzido depende do engajamento de diversas áreas da empresa. Já vimos aqui no Vá de Bike alguns exemplos de cidades que optaram pelo caminho da sustentabilidade e da maior convivência de pessoas nas áreas urbanas. Apostas desse tipo poderão favorecer bastante o investimento empresarial em mobilidade corporativa. Algumas vantagens são claras para as organizações que optam por esse caminho. Algumas pelo porte e visibilidade possuem o poder de influenciar a sociedade e promover mudanças em prol da mobilidade que vão além dos seus quadros.
Veja abaixo a lista dos principais desafios para a mobilidade corporativa se tornar realidade, de acordo com o consultor de sustentabilidade, meio ambiente e mobilidade, Maurício Born:
Governança
O maior desafio é a governança deste tipo de projeto. Ainda não se encontram profissionais que respondam pelo assunto nas empresas. Algumas vezes é a área de facilities, em outras o RH, e para todas elas esse tema ainda não faz parte do conjunto mais conhecido e tradicional de atividades.
Lobby automobilístico
O uso do automóvel está muito arraigado nas empresas. Em grande parte delas a concessão de automóveis e o acesso a estacionamentos são benefícios altamente desejados. Isto precisa ser reconhecido para que a iniciativa alcance o apoio necessário da alta liderança em direção à mudança.
Incentivar o abandono do carro
Precisamos fazer uso de modais mais sustentáveis. Nesse novo modelo de gestão os automóveis devem ter um papel menor. O compartilhamento e o maior uso de transporte não motorizado e transporte público ganham mais relevância. O objetivo é encontrar meios de tornar esses novos modais tão ou mais atrativos que o uso dos automóveis.
Como começar
É possível preparar Planos de Mobilidade Corporativa com metas de melhoria. Já existem algumas exigências e normativas relacionadas ao licenciamento ou à obtenção de certificações como o Green Building, mas o ideal seria a adoção voluntária da mobilidade corporativa. O primeiro passo é realizar uma pesquisa ampla em todas as áreas da empresa verificando os custos com transporte, viagens feitas, km rodados, gasto com gasolina e a manutenção de carros. Também precisamos verificar se é possível a adoção de modais e em quais casos. Identificar quem sabe pedalar (ou quer aprender), quem já faz uso da bicicleta para o trabalho e quem gostaria de fazer. Após isso, surge o momento de investir em melhorias locais como instalação de armários e vestiários, mas principalmente a adoção da bicicleta pelos altos executivos da empresa.
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Esse comentário não tem feito muito sucesso. 1 7
Errado. Muita gente combina a intermodalidade bicicleta + Metrô ou trem. Vai se informar sobre intermodalidade antes de vir vomitar asneiras aqui.
Comentário bem votado! 8 1
Se usa transporte coletivo, então tem de ter vale transporte. Se usa só a bike, então não precisa.
Ninguém quer perder a boquinha, né? Usando-se a mesma lógica, então quem usa carro também pode receber vale transporte. Não existem dois pesos e duas medidas, meu caro.
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Se pode/precisa usar o próprio carro/táxi/carona/bicicleta até uma estação de Metro ou terminal/parada de ônibus e daí seguir para o trabalho, é o óbvio ululante, vale transporte pra essa(e) cidadã(o).
Agora, se for seguir à risca a sua “lógica”, Tarantino, pro(a) andarilho(a), para aqueles e aquelas que vão, todo o trajeto ou parte dele, a pé pro trabalho, nada da boquinha, é? rs.
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Pra quem anda a pé, precisa do vale-sapato.
Não entendo a estranheza, vale transporte serve pra pegar transporte público, se não usa, então pra quê?
Trabalhei em uma empresa em que davam “ajuda de custo”, a pessoa usava como quisesse, podia usar no ônibus, colocar gasolina, etc…era cerca de 300,00 por mês, em uns três meses dava pra comprar uma bicilceta legal, rs…
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Desculpa a sinceridade, Tarantino, a estranheza, da minha pelo menos, é você ser tão cabeça dura. Pior: e também pra discussão de temas cujos consensos são extremamente simples de se chegar. Acontece, acredito eu, que você “padroniza” as coisas de tal forma, que a percepção da variabilidade delas vai rapidinho pras cucuias.
E isso sobre vale-transporte é super exemplar de como você “opera”: aí o cara ou a cara só tem direito a vale-transporte se ele for a ferro e fogo obrigado a utilizá-lo todo santo dia?
Mas ele(a), vai, comprou um carro, e o Tarantino: “Ah, então perdeu o direito ao VT”. Mas ele(a) mesmo assim vai começar a ir de bici ao trabalho, pra ver se dá, pra ver como é que é…, e o Tarantino: “Ah, então nada de VT”. Mas ele(a) e mais não sei quem do trampo organizaram um grupo de carona pra uma, duas vezes por semana, e o Tarantino: “Ah, também aí nada de VT. Mas ele(a) utilizam mais de um modal até o trampo (de novo esse argumento cristalino, né?), e o Tarantino: “Ah, então…” E etc. e tal.
Então é estranho pacas esse seu partidarismo ferrenho pra tudo. E que parece nem merecer a nobreza de um “fiat justitia, et pereat mundus”, né?
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Falei em ajuda de custo, em dinheiro mesmo. A maioria das empresas não dá o dinheiro diretamente, geralmente elas simplesmente recarregam o Bilhete Único.
Quanto eu ser cabeça dura, você tem toda razão. Fui extremamente teimoso há alguns meses atrás quando falei que as ciclovias eram mal projetadas, e logo depois, aconteceu aquele acidente fatal na ciclovia do Minhocão. Quando vejo nitidamente que há algo errado, não abro mão de minha opinião.
Muito bom debater com você, Cícero Soares. Tens educação, artigo raro hoje em dia.
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Ah, sim, agora esclarecido. Mas com o VT, não sendo de natureza salarial, há vantagens (encargos, etc.) tanto pro trabalhador como pro empregador, e… Mas enfim.
Então, mas a teimosia cobra um preço alto, né, Tarantino? Como no caso dessa fatalidade sob o Minhocão. Foram logo culpando a ciclovia (e, por extensão…), e então a perícia elucidou o que realmente ocorreu: o ciclista (claro, um idiota) estava fora dela, na faixa de rolamento da esquerda, com intenção de entrar na ciclovia no próximo cruzamento; e o senhor algo idoso resolveu atravessar a avenida num ponto que parecia livre de trânsito, mas sem todos os cuidados necessários.
Reforço: sim, o ciclista foi um idiota, porque é nossa obrigação proteger os pedestres, assim como é função do motorista zelar pela segurança destes e de nós ciclistas, mesmo quando pedestres e ciclistas, usando as mesmas palavras de um comentário meu anterior, “saem da linha”.
Eu, por exemplo, constantemente tenho que dar um trim-trim e/ou reduzir, quase parando até, em ciclovias bidirecionais ao perceber pedestres as atravessando sem olhar o contra-fluxo, idosos na maioria (claro, é falta de hábito, cultivar isso só com o tempo). E se der até converso com o tal, explicando o perigo… Se não, só o fato de o pedestre observar que eu reduzi para a segura travessia dele, já serve como uma pedagogia, né?
Eis então o tal preço da opinião teimosa, de opinar pelo opinar, só pela razão de que o direito de opinar é “cláusula pétrea”: reconhecer que a opinião “de mão fechada” tornou-se um castelo de cartas, voltar atrás nela… demanda um esforço hercúleo, quase impossível.
Mas é isso aí, Tarantino, estamos aí, com todo respeito mesmo para com os cabeças duras…rs. Que, afinal, há cabeças duras em todo o “espectro partidário”, né?
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VT é obrigatório por lei. Todo trabalhador registrado pela CLT, tem direito ao VT. Agora, se ele quiser ir de bike, carro ou qualquer outro meio de transporte e quiser ficar com o dinheiro do VT, ai vai do funcionário.
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O ideal seriam vias “à prova de idiotas”, mas talvez seja impossível…
Até mesmo no Japão, um país reconhecidamente avançado, os trechos do trem de alta velocidade que são mais rápidos são cercados por alambrados, quer dizer, lá também existem imprudentes.
Sugestões?
Eu outro post eu havia sugerido implantar jardins nos trechos junto aos pilares do Minhocão, de forma a desestimular a travessia de pedestres naquele ponto de visibilidade crítica.
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Bicicletários lotados das estações da CPTM nos extremos da cidade mandam lembranças….
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Gostaria apenas de lembrar dessa iniciativa, acho ela superválida e de grande impacto na produtividade das instituições…
http://g1.globo.com/pernambuco/noticia/2015/02/servidor-do-mpf-pe-que-ao-trabalho-de-bicicleta-ganhara-folga.html
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