Tudo sobre o ciclismo nas Paralimpíadas Rio 2016: veja fotos, vídeos, saiba quem são os atletas brasileiros e consulte o calendário!
Handbikes no ciclismo de estrada. Imagem: IPC/Reprodução
Sim, também temos ciclismo nos Jogos Paralímpicos! Há duas modalidades, estrada e pista, mas toda uma diversidade de atletas e equipamentos. Neste canal do Youtube é possível ver vídeos de vários esportes, incluindo o ciclismo.
Para garantir a igualdade de condições nas disputas, os participantes são divididos em “classificações”. Quanto aos equipamentos, além das bicicletas convencionais há também tandems, handbikes e até triciclos.
Até hoje, o Brasil nunca conseguiu uma medalha paralímpica no ciclismo, seja de estrada ou de pista. Por isso, vamos torcer para nossos atletas. Saiba quem são eles no box do final da matéria.
Ciclistas competindo com triciclos. Imagem: IPC/Reprodução
Classificações
Os atletas são diferentes entre si, por haver vários níveis de deficiência. Por isso, desde a década de 50 é utilizado um sistema de “classes” para garantir o equilíbrio entre os competidores. No Ciclismo, essas classes também definem o tipo de ciclo em que o atleta compete: bicicleta, triciclo, handcycle (ou handbike, a bicicleta que se pedala com as mãos) e tandem (bicicleta para duas pessoas).
As classes de competição são definidas de acordo com o esporte. Para o ciclismo há quatro classes, de acordo com o site oficial dos Jogos Paralímpicos Rio 2016:
C1 a C5 [Conventional] – Atletas amputados, com potência muscular ou coordenação limitadas, que competem com uma bicicleta convencional, geralmente com adaptações. A adaptação das bicicletas varia bastante, indo do acionamento de freios e câmbios até as próteses e órteses voltadas para a competição, como as que seguram o guidom.
H1 a H5 [Handbike] – Atletas com capacidade limitada nas pernas, nos braços e no tronco, que competem usando uma handbike.
T1 e T2 [Tricycle] – Atletas com coordenação e equilíbrio limitados, que competem usando um triciclo.
B [Blind] – Atletas com deficiência visual, que competem em uma tandem com um piloto vidente na frente.
Nas classes C, H e T, quanto menor o número da classe, maior o impacto da deficiência na sua habilidade em pedalar. Assim, um ciclista C1 terá uma deficiência com mais impacto na sua habilidade em pedalar que um ciclista C5. Isso equilibra as disputas, tornando-as ainda melhores.
Atletas da categoria B participando de uma prova do ciclismo de estrada. Imagem IPC/Reprodução
Ciclismo de Estrada
O ciclismo de estrada faz parte dos Jogos Paralímpicos desde 1984, estreando com eventos para competidores com paralisia cerebral. Em 1988, ciclistas com outros tipos de deficiência foram incluídos. Os atletas com deficiência visual passaram a participar em 1992. Mas o uso de handbikes iniciou apenas em 2004, em Atenas
Os atletas usam capacetes com diferentes cores, que representam sua classe. Há eventos separados para homens e mulheres, mas há uma competição mista de revezamento. Na corrida de estrada, todos os competidores largam juntos e o primeiro a cruzar a linha de chegada conquista o ouro. No contrarrelógio, os competidores saem a intervalos de 60 segundos e o ganhador é o ciclista com menor tempo no circuito.
As competições de ciclismo de estrada são extremamente estratégicas. Além da imensa força e resistência necessários, os ciclistas vencedores são aqueles que sabem dosar seu ritmo e posicionamento de forma perfeita ao longo da prova.
Curiosidade: O ex-piloto de Fórmula 1 Alessandro Zanardi conquistou três medalhas em Londres 2012. Foram duas de ouro (estrada e contrarrelógio) e uma de prata (revezamento misto). Zanardi sofreu um acidente em 2001, em um Grande Prêmio na Alemanha, onde perdeu as duas pernas. Desde então, encontrou no ciclismo de estrada sua nova paixão, atingindo o alto nível de um atleta paralímpico.
Atletas em uma tandem no ciclismo de pista. Imagem IPC/Reprodução
Ciclismo de Pista
As primeiras competições em pista nos Jogos Paralímpicos ocorreram em Atlanta, em 1996. São utilizadas apenas tandems e bicicletas tradicionais- portanto, só temos atletas das categorias B e C1 a C5, pois veículos de três rodas não são adequados a competições em velódromo devido à inclinação da pista. Como nos Jogos Olímpicos, as bicicletas de pista são fixas, ou seja, sem marchas e sem roda livre.
Segundo o site oficial, há provas de “contrarrelógio, perseguição e velocidade, além de velocidade por equipes”. Entretanto, não é possível identificar provas de sprint (velocidade) individual no calendário. Como o texto também diz que “As provas são semelhantes às do ciclismo Olímpico”, entendemos que “perseguição e velocidade” referem-se ao mesmo tipo de prova (perseguição individual), já que a prova de velocidade tem regras diferentes.
Aliás, cabe aqui uma forte crítica: as páginas que descrevem os eventos de ciclismo paralímpico não dão nenhum detalhe de como funcionam as provas, ao contrário das páginas sobre os Jogos Olímpicos. Vamos usar nosso conhecimento prévio sobre o ciclismo de pista olímpico para descrever as provas do ciclismo paralímpico, pedindo já de antemão desculpas por qualquer incorreção.
Atleta paralímpica classe C comemora seu resultado no ciclismo de pista. Imagem: IPC/Reprodução
Contrarrelógio
No Contrarrelógio, a distância é de 1km para os homens e 500m para as mulheres. Os atletas percorrem a pista sozinhos, um a um, com seu tempo sendo medido. Aquele que fizer o menor tempo conquista o ouro.
As provas de contrarrelógio juntam algumas das classificações de atletas. Há provas para a categoria B, provas que unem as categorias C1, C2 e C3 e provas que juntam C4 e C5, tanto no feminino quanto no masculino.
Perseguição
Na Perseguição, dois oponentes iniciam cada um em um lado do velódromo. O vencedor é o que conseguir alcançar o outro competidor, ou registrar o menor tempo total. A prova masculina tem 4km. A feminina, 3km.
Há uma rodada de qualificação, ao final da qual os dois atletas com os melhores tempos competirão pelo ouro e os ciclistas com terceiro e quarto melhores tempos disputarão o bronze.
Velocidade por equipes
Dois times largam em posições postas no velódromo, cada um com quatro atletas. Ganha a equipe que fizer o menor tempo ou, na final, a que alcançar a outra. A competição tem equipes mistas, com homens e mulheres, e junta no mesmo evento todas as classificações C, de C1 a C5. A classe B não participa, pois o tipo de prova não é adequado a tandems.
Nessa modalidade os atletas revezam seus posicionamentos com muita técnica e precisão. A mudança de posições acontece para alternar quem puxa a fila, maximizando a performance de todos. Após completar a primeira volta, o ciclista que está puxando sobe pelo lado direito da parede do velódromo, se posiciona em último da fila e dá lugar ao segundo, que passa a comandar o ritmo. Essa “dança” acontece sucessivamente, até o fim. São 4 quilômetros de prova.
Vídeo
O vídeo abaixo explica, em inglês, como é o ciclismo paralímpico, com imagens sensacionais. Vale a pena assistir, mesmo que você não compreenda a língua.
Atletas Brasileiros
Foto: Divulgação
Lauro Cesar Mouro Chaman
Foi um dos destaques do Brasil no ParaPan de Toronto, com duas medalhas de ouro e uma de prata, e premiado como o melhor paratleta do ciclismo brasileiro em 2015.
Márcia tem cinco anos de carreira no ciclismo e Mariane Ferreira, sua pilota, tem sete. Competindo juntas há dois anos, as atletas são campeãs brasileiras na classe Tandem e atualmente lideram o ranking nacional da categoria.
Medalha de ouro na Perseguição do Parapan de 2007, campeão mundial de estrada em 2009 e 2010, campeão mundial de ciclismo de pista em 2014, vice-campeão mundial de pista em 2015, além de ter conquistado diversos títulos brasileiros. Foi escolhido como o melhor ciclista paralímpico de 2014. O cara é fera.
Idade: Soelito fará 43 anos em 14 de setembro, dia em que compete no contrarrelógio masculino C5
Os Jogos Paralímpicos Rio 2016 acontecem de 7 a 18 de setembro de 2016. As provas de pista ocorrem entre os dias 8 e 11, enquanto as de estrada serão realizadas entre 14 e 17 de setembro.