Vem aí o Bicicultura 2017 – uma revolução em duas rodas
O maior encontro de mobilidade por bicicleta e cicloativismo do Brasil acontece esse ano em Recife. Participe!
O Bicicultura, maior encontro de mobilidade por bicicleta e cicloativismo do Brasil, acontece esse ano em Recife, entre os dias 7 e 10 de setembro. Com o tema “A Revolução das Bicicletas” – uma referência aos 200 anos da invenção desse veículo e também da Revolução Pernambucana de 1817 – o evento convida à reflexão sobre novas formas de viver a cidade.
Durante quatro dias, diferentes lugares da capital pernambucana estarão ocupados com uma programação diversa e intensa, promovendo a cultura da bicicleta em todas as suas vertentes: social, cultural, política, econômica e ambiental.
Locais como o Teatro Apolo, Paço Alfândega, Paço do Frevo e Parque Santana receberão representantes de todas as regiões do país, com rodas de conversa com especialistas, oficinas, apresentações de trabalhos, apresentações culturais, mostra de filmes, passeios ciclísticos, jogos, competições e uma programação exclusiva para crianças.
Todas as atividades são gratuitas e abertas à comunidade. Algumas demandam inscrição prévia e estão sujeitas ao limite de vagas.
Palestras magnas
Entre os convidados para as palestras magnas estão Peter Cox e Áurea Carolina, Carmen Tornquist e Leo Vinicius (Ned Ludd).
Peter Cox é Professor da Faculdade de Ciências Sociais da Universidade de Chester, já esteve envolvido em diversos projetos ligados à organização comunitária, sustentabilidade social e ambiental. Além disso, desenvolve pesquisas sobre mobilidade sustentável e a importância do ciclismo para o alcance da justiça social.
Áurea Carolina é militante de causas sociais ligadas à cidade e à mulher, foi eleita vereadora em 2016 (mais votada da história de Belo Horizonte) pelo PSOL e falará sobre a importância do fortalecimento, da união e do intercâmbio entre o ativismo local e nacional para o alcance das mudanças desejadas.
Carmen Tornquist é Mestre em Sociologia Política e Doutora em Antropologia Social pela UFSC e professora titular da Universidade do Estado de Santa Catarina. Tem experiência na área de Sociologia, com ênfase em Sociologia dos movimentos sociais.
Leo Vinicius organizou, sob o pseudônimo Ned Ludd, livros como “Apocalipse Motorizado: a tirania do automóvel em um planeta poluído” (Conrad, 2004). Integrou a Massa Crítica e o Movimento Passe Livre em Florianópolis. É Doutor em Sociologia Política pela UFSC e autor de artigos como “O Uso Político da Bicicleta” e “Bicicleta e Tempo de Contestação”.
Campanha de financiamento coletivo
O Bicicultura é uma iniciativa da sociedade civil brasileira e para acontecer conta com o trabalho colaborativo de uma rede que envolve pessoas e organizações ligadas à mobilidade ativa. Como na última edição, conta com apoio e patrocínio de empresas parceiras e uma campanha de crowdfunding, fundamental para a realização do evento.
A campanha vai até o dia 05 de setembro e oferece diversas opções de recompensas, como kit com broche, adesivo, spoke card e camiseta, livro de fotografias e até mesmo um passeio turístico social pelos mangues de Recife. Num esquema conhecido como “tudo ou nada”, a campanha precisa alcançar a meta para que o evento possa receber as colaborações – do contrário, a doação volta para o colaborador. Mais informações aqui.
Cidades mais humanizadas
O termo Bicicultura tem um significado muito amplo e seus entusiastas defendem a utilização da bicicleta como importante instrumento na humanização das cidades, no empoderamento da população, a partir do momento em que permite que todos transitem de maneira fluida, barata e saudável.
Para Lígia Lima, uma das coordenadoras da Associação Metropolitana de Ciclistas da Grande Recife (Ameciclo), a bicicleta usada como meio de locomoção colabora na desconstrução de modelos de sociedade excludentes, reforçados pelo uso abusivo de veículos automotores: “precisamos de uma quebra de paradigmas tanto do ponto de vista urbano quanto de sociedade, a quebra do individualismo, das diferenças sociais. Precisamos de novo de uma revolução que faça a sociedade dar um passo à frente em busca da convivência pacífica entre os diferentes”.
De acordo com o livro “A Bicicleta no Brasil 2015”, produzido pela União de Ciclistas do Brasil (UCB) nada menos do que 13% da população do Recife usa a magrela como meio de transporte – números maiores do que no Rio (3%) e Brasília (2,3%), por exemplo. Ainda assim a construção da política cicloviária da cidade tem sido conduzida apresentando um enorme distanciamento entre as demandas da população e as ações do poder público, segundo o Diagnóstico de Mobilidade Urbana de Recife, realizado pelo Instituto de Energia e Meio Ambiente (IEMA), publicado em outubro de 2016. Segundo a pesquisa Perfil do Ciclista, realizada pela Transporte Ativo, 95,8% das viagens diárias, realizadas de bicicleta, na cidade, são a trabalho. No entanto, o uso do espaço público não tem respeitado esses dados reservando as vias, quase que exclusivamente, para uso dos modos motorizados, diz o estudo do IEMA.
Nesse contexto, o Bicicultura 2017 pretende favorecer a troca de conhecimentos, inspirando soluções e ideias relacionados ao espaço dos ciclistas nas vias e incentivando os adeptos a prática. Dessa maneira, o evento poderá contribuir para a qualificação das ações locais em favor da bicicleta como meio de transporte, trabalho, lazer, aventura, turismo e esporte;
O encontro busca ainda abrir espaço nas agendas governamentais sobre a mobilidade urbana com bicicleta e assim o fortalecimento da atuação do cicloativismo em nível nacional, garantindo o espaço para o diálogo entre a sociedade civil, o poder público e a iniciativa privada.
Você pode acompanhar a programação ou fazer inscrições pelo site ou pelas redes sociais.
A realização do Bicicultura 2017 é da União de Ciclistas do Brasil (UCB) com organização de Ameciclo (Associação Metropolitana de Ciclistas do Grande Recife e conta com o apoio da Prefeitura do Recife e do Governo de Pernambuco).