Malditos animais suicidas
“A natureza é a responsável pelas mortes, jamais o Rodoanel”
Quem nos brinda com a pérola acima (com pequena adaptação – ele disse “jamais o empreendimento”) é o gerente de gestão ambiental da Dersa-SP, Marcelo Arreguy Barbosa, a respeito da morte de 79% dos animais silvestres que alegam ter encaminhado para tratamento, após ações de manejo.
Ele cita o exemplo de um veado catingueiro que foi atacado por um cão, diz que o traslado é feito pela Polícia Ambiental e se justifica dizendo que não fazem acompanhamento dos animais que são encaminhados para tratamento. Em outras palavras, não sei quem foi, mas não foi a rodovia.
O Sr. Barbosa só se esquece que se a rodovia não estivesse ali, nenhum animal morreria.
A desculpa esfarrapada justificativa da Dersa é uma defesa pública a respeito da multa de R$ 282 mil emitida pelo Ibama, por terem coletado animais sem autorização, pelo menos 12 deles de espécies ameaçadas de extinção.
(via blog do Milton Jung, da CBN)
O que esse funcionário não pode fazer é ignorar que o tráfego motorizado é causador da morte de milhões de animais em todo o mundo. Como informa Bill Bunn em “Walking restores the world and humanity”
“Wildlife expects humans to walk, and it has trouble with other forms of transport. North American drivers kill one million animals each day, nearly 12 animals per second. 400 million animals are killed by drivers in North America each year. Almost two million deer are killed on North American roads yearly.
According to National Institute for Urban Wildlife and U.S. Fish and Wildlife Service 50 to 100 million birds are killed each year by vehicles. Research reports that road kill is a significant factor in the decline of amphibians. Motorized transport dramatically reduces insect populations”.
Fonte:
http://culturechange.org/cms/index.php?option=com_content&task=view&id=372&Itemid=1
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Trabalho próximo desse pessoal de estradas há cinco anos e não dá para dizer que as rodovias não causam um impacto enorme na vida selvagem que existia no local. Estou falando desde colônias de formiga até famílias de veados e gatos do mato.
Solução definitiva não há, mas existem alguns paliativos, que algumas concessionárias de rodovias implantam com o objetivo de tentar amenizar as perdas. Os faunodutos, passagens subterrâneas ou aéreas (para macacos) evitam que os animais passem pela pista. No entanto, não são todos os bichos que topam usar esses caminhos e muitos deles vão continuar morrendo atropelados.
Uma vez entrevistei um engenheiro da área de rodovias e ele me falou sobre o impacto “espinha de peixe” causado pela implantação de uma nova rodovia. Diferente do que acontece com uma ferrovia, por exemplo, em que a concentração de pessoas e vias fica limitada ao arredor das estações, as rodovias criam ramificações desordenadas em todo o seu curso, que se assemelham mesmo ao desenho de uma espinha de peixe.
Não dá para ficar sem estradas, nem ferrovias, nem todas as outras infra-estruturas que fazem a gente ir de um lado para o outro. O que é preciso rever é por onde essas vias devem passar e o que dá para fazer para evitar mortes. O trabalho deve ser feito ANTES dos bichos começarem a ser atropelados.
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