Pedalando no horário de pico
"Asas" – painel de Mona Caron na Praça do Ciclista (Foto: Apocalipse Motorizado) |
Numa lista de discussão que eu participo, surgiu uma questão sobre ser ou não agradável pedalar no horário de pico, em meio aos carros parados.
Bem, eu sempre me divirto quando preciso ir a algum lugar nesse horário… Ok, às vezes é um pouco complicado conseguir espaço pra passar com a bicicleta em meio a tanto carro parado (e é aí que a gente vê como carro ocupa espaço, atrapalha o trânsito e causa congestionamento). Mas eu acho divertidíssimo avançar, mesmo que lentamente, em meio a tantos carros parados, ficar caçando os pequenos espaços entre eles, passar por aquele sinal que está aberto mas ninguém consegue alcançar, ultrapassar a 10km/h uma perigosa porém imóvel SUV de mais de cem mil reais, ou um carro potente, que em em um mundo de faz de conta alcançaria impressionantes 300km/h…
Isso deve ser algum sentimento desagradável de vingança contra o automóvel, por ele ter me trancado nesses congestionamentos por anos, roubando parte da minha vida. Mas não consigo evitar… E esse sentimento me faz bem, chego sempre com um sorriso no rosto, pensando em quantos carros buzinando deixei para trás, em como me diverti móvel e livre em meio às imóveis celas individuais, em quanto tempo eu economizei por não estar dirigindo.
Nesses momentos lembro da tortura psicológica de estar preso em um congestionamento desses, naquele invólucro de metal parecendo um cofre, com as janelas fechadas para evitar o barulho e as pessoas, o medo de ser abordado por algum predador armado como se eu fosse uma caça amarrada e indefesa, os vidros escuros para me esconder desses predadores, o ar artificialmente climatizado entrando por pequenos respiradouros para que eu não corra riscos abrindo as janelas, a busca desesperada no rádio por alguma distração e algum conforto, uma ligação no celular para não me sentir tão solitário, tão isolado, tão preso, sem nem ao menos poder largar o carro no meio da rua e ir embora a pé…
Que Deus me permita continuar sempre a usar a bicicleta como meio de transporte, ou pelo menos um transporte público de qualidade razoável. O carro estava me deixando louco. Dirigir em São Paulo faz mal ao coração.
Quando passo de bicicleta pelos congestionamentos me sinto livre, me sinto leve, me sinto como se tivesse asas, como as da bicicleta pintada pela Mona Caron na Praça do Ciclista, e me sinto imune a essa doença da cidade (mesmo sabendo ser essa uma falsa sensação).
Enfim: me sinto vivo.
Moro e trabalho no Rio de Janeiro capital,a sete anos descobrí que tenho mais mobilidade no transito u-
sando bicicleta.Faço todos os caminhos possíveis em cima delas,
pois tenho uma todo-terreno e uma
reclinada,no início ,me chamavam de
maluco,hoje pensam antes de falar(
as pessoas mais chegadas).E entre
tudo que vc falou incluo + :Tornamo-
nos tão ágeis por dribar-mos os re –
trovisores ,portas se abrindo,dispu –
tas com motos pelos corredores,ate-
ção com pedestres e cuidados com
ônibus;que nos tornamos melhores
mais antenados.E com certeza ,gen-
te como nós,fazemos outros repen-
sarem na vida,e certo é “evangelisa-
mos”,pois a biciclete ainda é vista a-
penas como laser e não como transporte viável,seguro,correto do
ponto de vista ecológico e acima de tudo saudável tanto física como mental.
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Eu simplesmente ADORO pedalar com o trânsito parado ou lento. As brechas entre as fileiras de carros formam verdadeiros singletracks urbanos, e dinâmicos (quando o trânsito está lento, mas não parado). É ótimo para aprimorar a técnica, e aprende-se muito sobre o tamanho da bike, onde ela cabe ou não, etc. Já cheguei a cortar o guidom da minha bike de cidade (que a gente no MTB-BH costuma apelidar de “anti-seqüestro”). Além disso, adquire-se mais equilíbrio, já que o grande barato é não pôr o pé no chão. O rush é a hora em que a cidade vira trilha.
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Bom!
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