Bicicletário fechado na estação Vila Mariana. Foto: Willian Cruz/Vá de Bike

Bicicletários fechados no Metrô de SP trazem transtornos a ciclistas

Veja um caso em que a bicicleta ficou retida por dias, saiba a causa do problema e o que está sendo feito para restabelecer o serviço.

Bicicletário fechado na estação Vila Mariana do Metrô. STM tenta regularizar situação.
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No coração de São Paulo,
ciclista ainda é mal recebido

Ciclistas que tentam utilizar os bicicletários das estações do Metrô, em São Paulo, têm dado com a cara na porta. O que vinha sendo um problema ocasional desde o segundo trimestre de 2012 foi se agravando, com bicicletários de portas baixadas por dias seguidos.

Houve até casos de funcionários fazendo “rodízio” entre as estações, fechando uma delas para ir correndo abrir outra para alguém que havia ficado com a bicicleta presa. É o que parece ter acontecido no final do ano com o ator e cantor de 34 anos Nick Vila Maior, que entrou em contato com o Vá de Bike para contar o ocorrido.

Bicicletário fechado na estação Marechal Deodoro do Metrô. Foto: Nick Vila Maior

Bicicleta retida

Na manhã de 14 de dezembro, Nick estacionou no bicicletário do Metrô Marechal Deodoro, às 9h45. Quando voltou para buscar a bicicleta, por volta das 13h30, o local estava fechado. “Imaginei que fosse horário de almoço do funcionário e fiquei de voltar mais tarde”, conta o ciclista.

“Voltei as 19h30 para pegar a bicicleta e ir para o trabalho, mas continuava tudo fechado”. Para chegar a tempo ao seu trabalho no musical A Família Addams, que estava em cartaz em São Paulo, no centro da cidade, Vila Maior precisou pagar um táxi.

Na manhã seguinte, um sábado, ele voltou ao bicicletário às 10h. Estava fechado. Tentou novamente às 13h. Fechado. Além de ficar sem seu meio de transporte, seus planos de pedalar na Ciclofaixa de Lazer na madrugada naquela noite tiveram de ser abandonados.

Ainda no sábado, enviou um e-mail ao Instituto Parada Vital, anexando a foto do comprovante de estacionamento, mas o retorno só veio na terça-feira 18. “No final da tarde [da terça] fui buscar minha bike, que permaneceu estacionada lá na estação, ao menos em segurança”, disse Nick ao Vá de Bike. Foram quatro dias sem nem ao menos notícias da bicicleta.

Plano de contingência

O Metrô informou em nota que um plano de contingência começou a vigorar em 15 de dezembro, garantindo o atendimento em algumas estações. Leia a íntegra:

Os bicicletários disponíveis nas estações metroviárias são operados e mantidos pelo Instituto Parada Vital, por meio de convênio para cessão dos espaços firmado com o Metrô em setembro de 2008. O Metrô esclarece que jamais repassou verba para este instituto. Há cerca de 90 dias, o Metrô constatou, a partir de reclamações, que o conveniado passou a apresentar problemas operacionais, ocasionando prejuízo para o funcionamento de alguns bicicletários.

Desde então, o Metrô e a Secretaria dos Transportes Metropolitanos vêm se reunindo com o Instituto para exigir deles a adequada prestação de serviços. Foi estabelecido um plano de contingência visando minimizar os transtornos aos usuários, o qual começou a vigorar a partir do dia 15/12/2012.

O atendimento de contingência está sendo feito nas seguintes estações metroviárias: Anhangabaú, Palmeiras-Barra Funda, Guilhermina-Esperança e Butantã (da Linha 4-Amarela, operada pela ViaQuatro).

Nos bicicletários Anhangabaú, Palmeiras-Barra Funda e Guilhermina-Esperança não haverá mais empréstimos de bicicleta. O horário de funcionamento continua sendo das 6h às 22h.

Os demais bicicletários ficarão fechados temporariamente até que o Instituto regularize o atendimento. Caso isso não ocorra rapidamente, o Metrô e a STM buscarão alternativas.

Bicicletário fechado na estação Liberdade. Foto:Fausto Inomata

Falta de patrocínio

O Vá de Bike entrou em contato com o Instituto Parada Vital, para entender o motivo dos transtornos. A restauração dos serviços “depende de patrocínio”, nos relatou Ismael Caetano, presidente do Instituto. “Temos buscado novos patrocinadores, que estão retomando as conversações agora no início do ano. A expectativa é que tenhamos um cenário definido no início de fevereiro”.

Segundo Ismael, a utilização dos bicicletários e do sistema de empréstimo e locação é alta. “Temos,  na plenitude do sistema, cerca de 10 mil utilizações por mês, sendo 60% estacionamento e 40% empréstimo de bikes. Empregamos 120 jovens em situação de risco social, oferecendo-lhes a oportunidade do primeiro emprego”.

Novos parceiros

Como o plano de contingência do Metrô já está em vigor há cerca de um mês, fizemos contato para obter um novo posicionamento. A Secretaria dos Transportes Metropolitanos nos respondeu, em nota, que já busca novos parceiros para operar o serviço de bicicletários:

A Secretaria de Estado dos Transportes Metropolitanos (STM) busca novos parceiros para a oferta do serviço de bicicletários nas estações do Metrô. Por problemas de gestão, o Instituto Parada Vital não cumpriu o acordo que tinha com o Metrô, deixando de oferecer o serviço em algumas estações. Para minimizar o impacto aos usuários, enquanto não celebra acordo com outro parceiro, a STM exigiu que a entidade mantivesse a operação nas seguintes estações: Anhangabaú, Palmeiras-Barra Funda, Guilhermina-Esperança e Butantã (da Linha 4-Amarela, operada pela ViaQuatro).

Ruim para o ciclista, ruim para a cidade

Um serviço de bicicletários seguros é importantíssimo para estimular o uso da bicicleta na cidade. Uma das principais dificuldades para a adoção da bicicleta como meio de transporte é a falta de locais para estacionar em segurança, o que os bicicletários das estações de Metrô (junto aos da CPTM e de outras iniciativas) vêm suprir, ainda que parcialmente. Além disso, os bicicletários nas estações estimulam o uso do transporte público com a prática da intermodalidade: você pedala até a estação, deixa a bicicleta em segurança e segue o resto do trajeto com o Metrô.

Sem a certeza de ter onde deixar a bicicleta ao chegar o destino, muita gente acaba desistindo e usando o automóvel. Com isso, a cidade também perde, uma vez que a troca do carro pela bicicleta ajuda a reduzir os congestionamentos e todos os custos e prejuízos decorrentes deles. São custos indiretos, em termos de produtividade, saúde pública, operação, manutenção e expansão do sistema viário. Se fossem levantados detalhadamente, mostrariam que a cidade paga muito mais para manter o modelo falido da preferência ao automóvel do que gastaria para incentivar o uso da bicicleta. Nesses termos, bicicletários fechados custam muito caro.

Chegou a encontrar um bicicletário fechado quando precisava utilizá-lo?
Conte aqui nos comentários.

37 comentários em “Bicicletários fechados no Metrô de SP trazem transtornos a ciclistas

  1. Trabalhei no instituto que administrava os bicicletários no metrô e em algumas instituições de ensino como PUC e os CEUS por aproximadamente 1 ano e posso dizer que esse transtorno foi causado pelo próprio instituto. Patrocinio havia sim, da Sabesp, Porto Seguro, da Eletropaulo e do proprio governo, a administração que era péssima. Funcionarios eram demitidos sem mais nem menos e chegou uma hora que simplesmente não haviam funcionarios capazes de suprir os horarios dos bicicletarios. Os patrocinadores foram abandonando o projeto e o instituto foi ficando sem dinheiro e sem funcionarios que tinham constantes problemas com seus salarios até o ponto do instituto praticamente fechar as portas esse ano.

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  2. Pior é a falta de informação, moro no tremembé z/n, trabalho na Saude, vou de bike, trabalhei a noite inteira, quando peguei minha bicicleta tava com o peneu furado, procurei um bicicletário par deixar e pegar a tarde e não achei, tive que adar mais de 20 km pra chegar em casa.

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  3. Olha, há muito tempo só encontro o bicicletário da estação Liberdade fechado. Várias achei que fosse uma fase, mas hoje mesmo (15 de março) aquilo lá continua fechado. Não há um local seguro para deixar a bike na região da Liberdade…. é um transtorno enorme

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  4. Eu moro na vila matilde e ando sp toda de bike eu vo da avenida aricanduva pra aulista de bike,eu pressizei utilissar o bicicletario no metro de itaquera ando omesmo emcotrava se feichado sera que os impressarios tão afim de apoia os ciclistas onde oproprio poderia utilissa o servisso.

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  5. Será que é inviável alocar emergencialmente um funcionário do Metrô por turno e estação p/ operar os bicicletários? Nesse momento, nem precisaria ter o serviço de empréstimo de bicicletas.

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  6. Eu amo biclicleta, tenho todos os equipamentos e tal…
    Mas de fato o que me impede ir a lugares só de bike é a falta da certeza de ter um lugar seguro para parar. E essa situação dos bicicletários só faz os novos ciclistas ficarem desmotivados.
    É impressionante mesmo como há cegueira nos orgãos públicos e nos empresários. Será que ninguém enxerga mesmo que bicicleta é uma das únicas soluções que podem ajudar o trânsito não parar São Paulo?

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  7. Pessoal, infelizmente também tive o mesmo problema, na ocasião no metrô Marechal Deodoro em meados de Dez12. Tenho um escritório nas Perdizes e precisava me deslocar para um evento na Vila Olímpia. À princípio ia de bike, mas resolvi testar a integração dos modais bike+metrô+trem. Deixei a bike no bicicletário do metrô Marechal pela manhã, até aí tudo bem. Na volta, por volta das 15h00, fui surpreendido ao encontrar o bicicletário fechado. Fiquei sem saber o que fazer, então fui até a SSO para ter alguma orientação. Eles alegaram que SIM, estava aberto, e eu aleguei que NÃO, não estava. Passado um tempo de convencimento eles resolverem me ajudar. Ligaram para uma central, que depois vim saber que era o Instituto Parada Vital (ou Cardíaca, como preferirem…).A central falou que iria localizar algum funcionário próximo, já que o rapaz que estava cuidando do bicicletário no período foi embora!!! Esperei por cerca de 40 min, o suficiente para compreender que o metrô não tinha a mínima responsabilidade pelo bicicletário e aquela situação (abandono de posto) era rotineira. Enfim apareceu o mesmo rapaz à quem entreguei a bike pela manhã com a chave do local onde estava a minha bike. Minha primeira reação foi perguntar, bravo, por que ele foi embora e ele se defendeu, com razão, dizendo que eles cumpriam períodos de 6 horas e que entregou o posto no horário correto, mas o segundo rapaz infelizmente o abandonou no meio do serviço. Resumindo, ele me acompanhou, abriu o bicicletário e então pude resgatar a minha bike. Foi a minha primeira experiência e confesso que foi péssima. Mas ainda sim, mesmo após os comentários da SSO, saí com a sensação de ter sido algo pontual, mas lendo os relatos aqui vejo que não. Minha indignação fica com o Instituto Parada Cardíaca e o Metrô, este último principalmente, pois somos claramente induzidos a acreditar que o bicicletário É do metrô!
    Apesar disso, não me acanho em deslocar-me de bike pela cidade. Acredito que somente a somatória destes movimentos diários e independentes podem criar a pressão suficiente para a mudança. Penso que uma formiga apenas não faz diferença, mas juntas, com propósito, podem mudar uma paisagem inteira.

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  8. Antes do natal, combinei com a minha mulher e filho de nos encontrar no Shopping D para ir ao cinema.
    Peguei uma bike no Anhangabaú e avisei que ia devolver na Armênia.
    Chegando lá, dei com os burros n’água, estava fechado.
    Tive que socar a maior bota até Santana, para devolver a bike, e para pegar um ônibus no gás para não perder a sessão.

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  9. Willian Cruz, primeiramente Parabéns por esta matéria.

    Tive problemas com o bicicletário do Palmeiras-Barra Funda, e na epoca reclamei na ouvidoria do metro, segue abaixo o Email que o metro enviou-me.

    Resposta Metrô – Protocolo: 323724/2012 Atendimento: 1‏

    12/12/2012

    Relacionam​ento com o Cliente – Metrô-SP
    Prezado sr. DELSON DA ROCHA

    Sua reclamação tem fundamento.

    Os bicicletários nas estações do Metrô não estão com horários regulares de funcionamento.

    Esta situação ocorre porque o Instituto Parada Vital-IPV, responsável pela operação dos bicicletários, está com alguns problemas administrativos que estão afetando o funcionamento dos bicicletários.

    O Metrô vem procurando ajudar o IPV além de buscar novas alternativas, sempre em busca de soluções que mantenham o padrão de qualidade exigido pelo Metrô.

    Atenciosamente,

    Ouvidoria
    Companhia do Metropolitano de São Paulo – METRÔ
    Rua Augusta 1626 – 3º andar – CEP 01304-902
    (11) 3371-7274 / 7275

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