O catador e o motorista
Não deu tempo de fotografar o catador, até sair do restaurante ele já tinha ido embora. |
Um engarrafamento enorme. Um sinal que abre, fecha e ninguém passa. Três pistas cheias de carros parados em uma rua que um dia foi tranqüila.
Os motoristas se sentem presos. Sufocados. E não podem nem desistir e ir embora, porque estão carregando uma tonelada de metal com eles, que não tem por onde passar.
Em um dos carros, um homem começa a buzinar, descontando sua frustração na buzina. É um absurdo um carro que custou tanto e que deveria levá-lo a todo lugar ficar parado ali, às 4 da tarde!
Outro homem, com pelo menos uns 60 anos, puxa uma carroça cheia de papelão embaixo da chuva fina. Ao ver o primeiro em seu acesso de fúria que não levará a nada, ele ri. Com seu riso sem dentes, diz a quem quiser ouvir:
“É só comprar um avião que não tem mais trânsito! Vai por cima, zupt!” – e faz um gesto com a mão, como se fosse o avião passando por cima.
O homem que puxa a carroça ri e segue feliz, esperando os carros andarem para ele andar também, no seu ritmo de sempre. Ele vai chegar lá no sinal junto com o homem que buzina. Um feliz, o outro alguns passos mais perto de um ataque cardíaco. Escassez versus excesso, simplicidade versus ostentação, sorriso versus stress.
achei muito interessante o q eles falaram
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Um amigo meu presenciou algo um pouco mais grotesco..mas parecido…
http://medeiros.tiamat.com.br/blog/2006/pode-encher-sua-piscina-mas-nao-esvazia-a-minha-bacia/
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Também sou fã dos catadores e seus silenciosos veículos!
Abs
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Adorei a crônica!
Muito boa mesmo. Fico imaginando o sorriso do catador, hehehe!
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Muito boa a matéria,é questão de tempo até as pessoas entenderem que os carros não são necessidade, são apenas cultura…
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