Foto: Willian Cruz / Vá de Bike

Para não voltarmos a ser invisíveis

O local da morte de Antonio Bertolucci faz parte do caminho diário do ciclista Ravhy, que interrompe seu trajeto para exibir cartazes aos motoristas durante um bom tempo. ‘Se não fizer isso, ninguém vê’.

Ao lado da sombra de Ravhy, o asfalto ainda mostra as marcas da tragédia. Ao fundo, o grafite na caixa de serviço já pedia respeito há mais de um ano. - Foto: Willian Cruz / Vá de Bike
Foto: Aline Cavalcante (@pedaline)

Eu, Aline Cavalcante e Renata Falzoni fomos hoje, 16 de junho, ao local onde morreu Antonio Bertolucci na última segunda-feira, para gravar matéria com a equipe do CQC, para o quadro Documento da Semana.

Quando chegamos ao local, encontramos o ciclista Ravhy parado no ponto onde Antonio foi morto pela irresponsabilidade de um motorista de ônibus fretado, mostrando cartazes aos motoristas, em um protesto silencioso mas muito representativo.

Ravhy conta que por ser esse seu caminho diário, ele interrompe o trajeto para exibir os cartazes aos motoristas durante algum tempo. Os mesmos cartazes que estão ali do lado, onde a homenagem foi feita. “Se não fizer isso, ninguém vê”, ele diz. Ravhy quer ter a certeza de que a mensagem será passada, na esperança que também seja compreendida.

Foto: Willian Cruz / Vá de Bike

É essa também a intenção das Ghost Bikes: tentar fazer com que aquela morte nao seja esquecida, que os ciclistas não continuem invisíveis e que os motoristas reflitam: equilibrada na bicicleta, segue uma vida. Uma pessoa que também tem sua família, apesar de não colar adesivos para mostrar isso. Uma pessoa com amores, sonhos, esperanças e alegrias, que não merecem serem interrompidos pela pressa de outro alguém.

Foto: Willian Cruz / Vá de Bike

Terminada a entrevista, Ravhy pendurou um dos cartazes na árvore, para ficar visível, e fomos os quatro almoçar em um restaurante vegetariano ali perto, para celebrar a vida.

Uma cidade melhor depende de todos nós. Por um trânsito mais humano, vá de bike – ou, se prefere dirigir, proteja nossas vidas. Somos todos um.

(mais fotos da manifestação aqui)

5 comentários em “Para não voltarmos a ser invisíveis

  1. Meus sentimentos aos familiares do Srº Bertolucci.
    Ao mesmo tempo, congratulações aos familiares que optaram em reverter qualquer benésse da ação que moverão contra a empresa de ônibus, para a causa dos ciclistas ai na capital. Parabéns.

    Não concordo com o tal “ponto cego” alegado pelo motorista do ônibus. Quem dirige automóveis sabe “dos seus pontos cégos” e então, imagina quem precisa dirigir tamanha máquina pelos trânsitos caóticos. por que não tripiclar a atenção em manobras que são assim, tão perigosas? Que se assuma agora essa tragédia e não se recorra a justificativas pífias. Uma vida foi extirpada por consequência do ato de alguém. Que sirva de lição a todo motorista de veículos automotores, verdadeiros canhões de guerra quando conduzidos por pessoas despreparadas, que pouco valorizam a vida em primeiro lugar, tentando impor suas frustrações, raivas, insucessos, dissabores, sobre o que aparecer pela frente, principalmente se ele for o “mais fraco”.

    No interior de São Paulo não é diferente. Ser um motorista eventual já é extressante, imagina um motorista “profissional”. Nada justifica, mas potencializa o poder de destruição destes colossos. Salvem-se os mais fortes e maiores, literalmente.

    Nos mobilizemos para que as prefeituras coloque cadeirantes, amputados, viúvas, mutilados e até acamados nos semáfaros para tentar impactar os motoristas e motociclistas. São 100 mortos por dia em todo o país vítimas do trânsito. É uma guerra velada.
    Prisão inafiancáveis, bafômetros incostestáveis, apreensão da habilitação por longo tempo, fiscalização intensa, extinção da habilitação na reincidência, enfim, trabalho sério, como na Espanha, para baixar tanto sofrimento.

    Ciclistas, cuidado e muito respeito também.

    Emerson
    Ribeirão Preto-SP

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  2. realmente nao existe adjetivo para esse fato brutal, absurdo… agora, ao inves das pessoas (motoristas) perceberem que a atitude deles tem que mudar, eles aproveitam pra falar “viu como e perigoso”… desincentivam totalmente o uso da bike. Como pode alguem que dirige falar que e perigoso???? Ou o cara tem nocao do quanto ele e agressivo e dirige mal, ou ele e muito inocente de achar que SO ele e o melhor motorista da cidade! Fico P* de ver que um homicidio como esse serve de desculpa pro cara ter a “certeza” de que andar de bike em Sampa e impossivel… ai, so um desabafo… desculpa….

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  3. ACHEI ESPETACULAR, TEMOS QUE MOSTRAR Q SOMOS VISIVEIS E ESTAMOS TB FAZENDO UM BEM P/ A CIDADE P/ UM MELHOR TRANSITO E MENOS POLUIÇÃO, POIS GARANTO Q MUITOS USAM SUAS BIKES P/ O TRABALHO E MUITOS DEICHAM SEUS AUTOS EM CASA. TEMOS Q NOS UNIR P/ PROTESTAR CONTRA O NOSSO GOVERNO P/ OLHAR MAIS P/ NÓS CICLISTAS.

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  4. Eu vi vcs hj lá no local,não parei pois estava de moto,mas vi a homenagem silenciosa do ciclista amigo,parabéns e vamos lutar para não ser mais invisiveis.Abs

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