Cuidado com a sarjeta “mata-ciclista”

As sarjetas de muitas cidades vêm sendo reformadas para dar lugar a um modelo que coloca em grande risco o ciclista. Veja por quê e o cuidado necessário para não cair.

Nessa esquina onde o ciclista tem de virar à direita, o risco do pneu entrar no vão é enorme. E, se encaixar ali, é chão na certa. Foto:Willian Cruz

As sarjetas para escoamento de águas pluviais (água das chuvas) das ruas das cidades brasileiras têm sido reformadas na última década, sendo substituídas por um novo modelo. Antes grandes depressões, passaram a ser mais rasas, com um vão em forma de canaleta no meio, para que a água escorra por dentro dele.

O modelo antigo fazia com que os motoristas precisassem reduzir bastante a velocidade, passando com cuidado para não estragar o carro. E esse é o principal motivo para sua substituição: tornar o tráfego dos automóveis mais rápido. Nas sarjetas novas, basta uma leve redução na velocidade para fazer a transposição, muitas vezes nem isso.

Essas novas sarjetas têm duas consequências péssimas. Uma é aumentar a velocidade dos carros em vias locais, o que é ruim para todo mundo: para os pedestres, que precisam atravessar a rua correndo e correm maior risco de morte em caso de atropelamento; para os próprios motoristas, que se arriscam a colisões piores, com menor tempo de reação e maior potencial de estrago; e para os ciclistas, que precisam pedalar ao lado de veículos trafegando rápido em vias que deveriam ser as alternativas seguras às grandes avenidas.

Maneira segura de passar por uma sarjeta “mata-ciclista”.

A segunda consequência afeta apenas aos ciclistas, mas é bem grave e espanta que até hoje a imprensa tradicional não tenha publicado nada sobre esse assunto (talvez porque só quem pedala sabe). Os pneus das bicicletas, mesmo os mais largos, ENCAIXAM PERFEITAMENTE no vão da canaleta. É preciso passar por ele na perperdicular sempre, pois se a roda entrar ali não há o que fazer: a queda é certa.

Quando você cruza uma canaleta que está acompanhando uma rua transversal, o problema não é tão grave, mas torna-se preocupante nas esquinas, principalmente quando você vai entrar numa rua. Nesses pontos, os encontros das canaletas muitas vezes parecem um “pé de galinha”, bem na parte da via que os ciclistas utilizam, exigindo muita atenção de quem está pedalando.

É preciso tomar muito cuidado nesses pontos, pois uma pequena distração com os automóveis ao redor e pedestres atravessando pode ser suficiente para que a roda entre no buraco. E cair num ponto desses é uma situação de grande risco, porque muitas vezes há um carro vindo atrás para entrar na mesma rua. Mais um motivo para ocupar a faixa.

A cidade precisa rever com urgência esse modelo de sarjeta que, direta ou indiretamente, coloca em risco todos seus cidadãos em nome de uma suposta fluidez no tráfego. Há maneiras mais inteligentes – e seguras – de melhorar o trânsito.

O nome “mata-ciclista” é uma alusão ao mata-burro, uma estrutura com vãos que desencoraja o avanço de animais por colocá-los em risco. Foto: Tronco Pampa/Divulgação

20 comentários em “Cuidado com a sarjeta “mata-ciclista”

  1. Grave erro de engenharia. Não é necessária a canaleta para aumentar a capacidade de drenagem.Basta haver um bueiro próximo a cada esquina que a água não se acumula. Não atacam a causa do problema, mas somente as consequências. Padrão de serviço da nossa prefeitura.

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  2. Tenho 53 anos e sou ciclista nas horas vagas.cheguei do trabalho peguei minha bike e fui pedalar .quando passei na esquina de um posto de gasolina fui desviar de um carro a roda da frente da bike entrou na canaleta e freiou instantaneamente me jogando por cima do guidão. Quando cai no chão e foi muita dor quebrei o joelho direito.A rotula saiu do lugar e quebrou.Alguem sabe me dizer se tenho algum tipo de indenização?
    Foi muito cruel.

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