
Foto: Willian Cruz
Ajudando deficientes visuais a pedalar
Veja como é um Passeio Ciclístico com deficientes visuais e saiba atuar como guia ao levar um cego de carona em uma bicicleta de dois lugares (tandem).

A ABRAG realizou em outubro de 2011, em parceria com a Fundação Dorina Nowill, a terceira edição do Passeio Ciclístico com deficientes visuais. Fui convidado novamente e dessa vez tive disponibilidade de horário, tendo a felicidade de participar.
O evento ocorreu no Parque Villa Lobos, em uma manhã agradável e de muito sol. Além dos passeios de bicicleta, houve gincanas e brincadeiras envolvendo pessoas com deficiência, guias e acompanhantes, em um clima descontraído e de muitos sorrisos.
O passeio é realizado com bicicletas do tipo tandem (conhecidas popularmente como “de dois lugares” ou “duplas”). A pessoa com deficiência senta atrás e um voluntário guia a bicicleta. Como as duas pessoas podem pedalar, o deficiente visual consegue ter uma experiência semelhante à de quem usa uma bicicleta individual. A sensação é de liberdade e alegria e é comum a associação com lembranças boas da infância.
Pedalada conjunta
É um privilégio poder atuar como guia em uma atividade como essa. A alegria de quem pedala pela primeira vez, ou pedala novamente depois de um longo tempo, é contagiante. A conversa flui de forma natural e agradável e você aproveita para contar por onde estão passando, o que está ao redor, o que são os sons ouvidos por onde se passa.
A experiência é também um aprendizado para o guia, principalmente para os que não convivem com um deficiente visual. Durante a conversa, sabendo ouvir aprende-se muitas coisas, tanto sobre a realidade de quem não exerga (ou enxerga muito pouco) como sobre a vida. Essa troca de experiências tem muito a ensinar para ambos.
Enquanto eu aprendia sobre como se orientam pelos outros sentidos, sobre pequenos desafios do dia a dia e o apoio que obtêm de instituições como a Dorina Nowill, algumas das pessoas que guiei me faziam diversas perguntas para conhecer também a minha realidade. Perguntavam como era ir para todos os lugares de bicicleta, preocupados com um trânsito que parece sempre tão agressivo. A uma senhora que pedalou comigo e fez diversas perguntas, contei também sobre o trabalho de Bike Anjo. Ela elogiou, compreendendo como uma iniciativa de solidariedade com quem está começando a pedalar nas ruas e precisa de apoio.
Como atuar como guia

Antes de começar, deve-se explicar como é a bicicleta e levar a pessoa até ela para reconhecê-la pelo tato, mostrando onde ficam o selim e o guidão. Explique que o pedal gira em conjunto e que vocês pedalarão juntos. Conte como será o passeio: até onde vamos, como é o terreno, se há inclinação ou curvas, etc.
Quando forem sair, sente na bicicleta primeiro e apoie os dois pés no chão, segurando a bike com firmeza. Peça para seu carona sentar e apoiar os dois pés no pedal, para você poder sair. Se você começar a pedalar sem a pessoa estar com os pés nos pedais, eles poderão machucá-la quando começarem a girar ou ela pode se desequilibrar por falta de apoio.
Como o guia fica responsável tanto por desviar de obstáculos como por frear, é importante avisar com antecedência ao colega quando você for precisar diminuir ou parar, para que ele não continue pedalando. Também é válido avisar sobre curvas, para que ele não se confunda com o equilíbrio, e também sobre irregularidades do terreno.
Alguns não têm experiência anterior com a bicicleta (ou a tiveram há muito tempo) e apresentam alguma dificuldade inicial em se equilibrar. Por isso, o guia precisa ter um bom equilíbrio. Mas a dificuldade é apenas na saída e o equilíbrio conjunto é encontrado assim que a bicicleta pega alguma velocidade.
Quem nunca andou de bicicleta costuma se assustar um pouco com medo de cair, portanto cabe ao guia passar muita tranquilidade, pedir para o novo ciclista relaxar e confiar na sua experiência e equilíbrio para conduzi-lo. Logo ela encontrará seu equilíbro, com mais facilidade do que se estivesse tentando fazer isso em uma bicicleta individual.
Agradecimento
Participar dessa atividade foi uma experiência única. Obrigado à ABRAG e à Dorina Nowill por propiciar essa oportunidade a todos, ao Zé Maria da Bike Time pela organização e pela animação nas gincanas e ao amigo Márcio Campos pelo convite. Podem me chamar novamente na próxima!
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Vocês tem essa bicicleta para vender???? Sou deficiente visual e gostaria muito de uma dessas. Sou de Coroatá no Maranhão
Nós da ong Atitude do Bem de Guarulhos SP, realizamos esse eventos na cidade a cada 15 dias, se alguem for da região e quiser conhecer o projeto ou trazer conhecidos que são deficientes visuais entre em contato para ver as datas dos encontros.
Fabio
9 4731.6176
Tenho um amigo cego que andou de bike e vi que ficou muito feliz queria saber montar um ong aqui em sp na zona norte para cegos andarem de bike
Marcelo tenho uma ONG em Guarulhos chamada Atitude do Bem, nós proporcionamos esses passeios as pessoas com deficiência visual a cada 15 dias, entre em contato comigo 9 4731.6176 Fabio. Aguardo
Adoramos a idéia e já estamos com projetos parecidos aqui em Porto Alegre: http://www.sul21.com.br/jornal/pedal-da-inclusao-leva-pessoas-com-deficiencia-visual-para-um-passeio-de-bicicleta/. Primeiro pedal no dia 10/07 e agora no dia 25/09 teremos o próximo – venham todos: http://g1.globo.com/rs/rio-grande-do-sul/noticia/2016/07/pedal-da-inclusao-promove-passeio-de-bicicleta-para-deficientes-visuais.html
Bom, minha esposa tem deficiencia visual e não consigo encontrar bicicleta para duas pessoas aqui no meu Estado, ela gosta muito quero tanto comprar uma pra nos dois.
Acabei de ver no Diário Catarinense: http://diariocatarinense.clicrbs.com.br/sc/geral/noticia/2012/08/projeto-de-florianopolis-leva-deficientes-visuais-para-pedalar-no-centro-da-cidade-3843654.html
Que essa ideia se prolifere!
Sensacional. Precisando de guias estou dentro.
Acho ótimo essa iniciativa e gostaria de ser informado quando será o próximo em São Paulo, pois tenho uma bike tandem e seria muito bom poder conduzir um deficiente visual num passeio de bike, abraço.
Edson
Em Floripa tem o Projeto Novos Horizontes, podem ver seu blog aqui:
http://novoshorizontesfloripa.blogspot.com/2011/11/primeiro-pedal-com-cinco-duplas.html
Oi! Aqui no DF tamos o “DV (Deficiente Visual) na trilha”, o nome explica tudo. Segue o endereço, lá tem fotos e tudo:
http://www.dvnatrilha.com.br
Se tivéssemos ciclovias com sinalização auditiva, para o “DV” pedalar sozinho… como nos jogos de futebol para-olímpico… que sonho, hein!
Fiquei realmente encantada com esta matéria.
Deu para imaginar a felicidade das pessoas pedalando livremente, sentindo o ar no rosto e toda a sensação de liberdade.
Parabéns a todos os que puderam colaborar para a alegria de quem não pode mais ver a luz do dia e a maravilha que é uma manhã ensolarada.
Denil
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