Encontros e treinamentos melhoram relação com motoristas de ônibus
Ações têm o objetivo de promover o bom relacionamento e a redução de conflitos entre motoristas de ônibus e ciclistas.
Em setembro de 2012, integrantes do Coletivo Mobicidade, com área de atuação na Região Metropolitana de Salvador, foram convidados para participar de um encontro com as empresas de ônibus ‘Ondina’ e ‘Central’ para explicar e promover a boa convivência entre os motoristas do transporte coletivo e usuários da bicicleta.
A iniciativa, inédita na cidade, procurou sensibilizar esses profissionais do volante que são responsáveis diretos e indiretos pela vida de milhares de pessoas diariamente. “Participamos nas sessões da manhã e de tarde (30 minutos), cada uma delas com 50 motoristas e funcionários do Grupo. Nossa apresentação procurou ilustrar uma visão diferente da convivência entre os motoristas e usuários da bicicleta, destacando as dificuldades vividas, tanto pela diferença das dimensões e resistência dos veículos, quanto pelas condições de compartilhamento dos espaços (corredores e pontos de ônibus por exemplo)”, diz relato no site do Coletivo.
Duas Mobicidades |
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Há duas Mobicidades no Brasil: o coletivo de Salvador e a associação de Porto Alegre. E não, ninguém copiou de ninguém: foram iniciativas independentes e isoladas, embora com objetivos muito parecidos. Sinal de que o nome é bastante representativo e de que os ciclistas estão se organizando cada vez mais, em todo o país, para exigir seus direitos e trabalhar por cidades mais justas, mais humanas e mais agradáveis. Longa vida a ambos! |
Houve ainda um debate muito produtivo sobre o uso compartilhado das vias públicas entre bicicleta e ônibus – uma relação que parece difícil e distante, mas que pode (e deve) ser próxima e de proteção, especialmente porque, no geral, esses profissionais também são usuários da bicicleta. “Percebemos que os motoristas entendem nossas preocupações, ou seja, com pouco esforço de cada parte podemos todos obter maior segurança e tranquilidade”.
Esse tipo de parceria com certeza reflete bons frutos para toda a sociedade, na medida em que humaniza a relação de convivência no trânsito, seja entre ciclistas, pedestres ou outros motoristas. É importante percebermos que a rotina para esses profissionais costuma ser, no Brasil, bastante sobrecarregada e desvalorizada, com cargas horárias abusivas, salários baixos e pressão do próprio sistema pelo cumprimento de horários – uma sistemática doentia que é causa e conseqüência do alto número de acidentes mortais no trânsito e falta de qualidade desses trabalhadores.
“O Coletivo Mobicidade está aberto para ampliar este tipo de ação com outras empresas e/ou sindicatos. Desta forma, acreditamos que podemos melhorar aos poucos a convivência mais amigável e compartilhada entre ônibus e bicicleta nas ruas de Salvador e incentivar que motoristas de ônibus tornem-se também adeptos do uso das bicicletas para deslocamento pessoal”
Salvador é um lugar que, apesar dos morros e crescimento desenfreado em determinadas regiões, tem bastante área plana, ciclovias à beira mar, turismo, beleza natural, uso intenso da bicicleta e um potencial enorme de se tornar uma cidade-ciclável-modelo no nordeste. Daí o papel imprescindível da sociedade civil na cobrança por mais qualidade de vida e segurança pública. O Coletivo Mobicidade foi formado em meados de junho de 2012 e procura, desde então, promover e articular ações para estimular o uso da bicicleta como meio de transporte. Seus integrantes são usuários da bicicleta e acreditam nela como ferramenta transformadora na busca por uma cidade mais humana, segura, saudável e justa.
Promova ações como essa também em sua cidade!
São Paulo
Em São Paulo um projeto semelhante vem sendo tocado desde 2011 pela Ciclocidade, em parceria com o Instituto CicloBR, para redução do número de conflitos entre motoristas de ônibus, taxistas e ciclistas, a partir das dificuldades vivenciadas diariamente nas ruas da capital paulista.
“O delineamento inicial do projeto escolheu como foco inicial a redução de conflitos entre ônibus e bicicletas, detectando a necessidade de buscar informações sobre a atuação da SPTrans, EMTU e empresas concessionárias na educação e fiscalização de motoristas, bem como na organização do sistema de transporte público na cidade”, diz o site da Ciclocidade. Acompanhe o andamento do projeto.
Iniciativas anteriores
Em 2009, em uma iniciativa independente, o ciclista André Pasqualini já havia ministrado um curso dessa natureza na cidade de São Paulo, com apoio da SPTrans – veja aqui. A iniciativa foi repetida em 2012, em novo formato.
Ressaltamos que é importante haver uma política oficial e contínua de treinamento e fiscalização dos motoristas, para que a convivência com os ciclistas se torne cada vez mais natural e amistosa. Afinal, a rua é de todos.
Na sua cidade há alguma articulação no sentido de educar e promover a convivência pacífica com os motoristas profissionais?
Conte aqui nos comentários!