Ciclistas pressionam por implantação de ciclofaixas prometidas em Fortaleza
Obra prometida pela prefeitura está atrasada desde o ano passado. Janeiro e fevereiro foram marcados por protestos de ciclistas.
Dois protestos, nos meses de janeiro e fevereiro, movimentaram a comunidade ciclística de Fortaleza para exigir da Prefeitura a implantação imediata de ciclofaixas nas ruas Joaquim Nabuco e Oswaldo Cruz, no bairro Aldeota. De acordo com a Ciclovida (Associação de Ciclistas Urbanos de Fortaleza) e participantes da Massa Crítica na capital cearense, o início das obras estava marcado para 15 de dezembro do ano passado, mas nada foi feito ainda e a administração municipal não expressou nenhuma posição a respeito.
O último protesto, realizado em 16 de fevereiro, reuniu centenas de ciclistas. Eles percorreram seis bairros, reunindo-se também na frente do Paço Municipal. A promessa de infraestrutura cicloviária nas vias faz parte de um estudo prévio para a ligação entre a zona sul e o centro da Capital. As ciclofaixas integram a construção de um Plano Diretor Cicloviário Integrado para Fortaleza, cuja conclusão também está na pauta de reivindicações dos ciclistas. De acordo com declarações dadas à imprensa local pela Secretaria Municipal de Infraestrutura (Seinf), responsável pela elaboração do plano, o documento será apresentado em julho deste ano.
Mídia carrocêntrica
Uma parte dos veículos de comunicação de Fortaleza faz eco principalmente às reclamações de motoristas que alegam que a ciclofaixa “atrapalha” o trânsito e o estacionamento de automóveis no local. Reportagem da TV Verdes Mares, afiliada da TV Globo no Ceará, veiculada em 7 de janeiro, utilizou somente depoimentos negativos de motoristas atribuindo o aumento dos engarrafamentos à existência da ciclofaixa e alegando pouco uso da infraestrutura por parte de ciclistas.
Por conta das reclamações sobre congestionamentos, a Autarquia Municipal de Trânsito, Serviços Públicos e Cidadania (AMC), avalia a extinção parcial do estacionamento do lado esquerdo da rua Ana Bilhar, onde existe a ciclofaixa que foi alvo das críticas de motoristas na reportagem. A restrição se daria em determinados horários, provavelmente no pico de presença de automóveis. Implantada em outubro de 2013, a ciclovia da rua Ana Bilhar foi a resposta da prefeitura à pintura informal de uma ciclovia, feita por ciclistas. Na sequência ocorreu a implantação de infraestrutura na rua Canuto de Aguiar.
Dados de 2011 da AMC apontavam que, em Fortaleza, um ciclista era ferido em incidentes a cada 15 horas, além da ocorrência de uma morte a cada nove dias. Nas redes sociais, muitos ciclistas alegam não sentir segurança para trafegar fora de ciclovias ou ciclofaixas.
Viagens em dobro
Apesar da alegação de falta de uso das ciclofaixas, a máxima “construa e eles virão” vale para a infraestrutura construída no ano passado na rua Canuto de Aguiar, que foi alvo de uma contagem de ciclistas antes e depois da implantação da ciclofaixa. Em agosto de 2013, a AMC constatou uma movimentação de 38 ciclistas, das 16h45 às 18h45, média de um ciclista passando na via a cada 3,1 minutos.
Em novembro do mesmo ano, a Ciclovida realizou uma nova contagem, registrando o dobro de viagens no mesmo horário: foram 74 ciclistas em duas horas, aumentando a média para um ciclista a cada 1,6 minutos. Uma nova contagem, feita no dia 6 de janeiro, período de férias escolares, constatou um novo aumento do fluxo de ciclistas: foram 78 bicicletas em 2 horas, fazendo a média crescer para um ciclista a cada 1,53 minutos. A experiência avaliou, ainda, que a maior parte dos usuários utilizava a ciclofaixa para transporte e respeitando a sinalização.