Não há previsão de instalação de infraestrutura cicloviária no local. Foto: Divulgação/Ciclocidade

Contagem de ciclistas na zona sul de São Paulo mostra urgência de ciclovia na Ponte do Socorro

Contagem foi realizada pela Ciclocidade a pedido do coletivo Bike Zona Sul. Com os dados obtidos, ciclistas pretendem pressionar o poder público.

Não há previsão de instalação de infraestrutura cicloviária no local. Foto: Divulgação/Ciclocidade
Não há previsão de instalação de infraestrutura cicloviária no local. Foto: Divulgação/Ciclocidade

No último dia 4 de agosto, a Ciclocidade (Associação dos Ciclistas Urbanos de São Paulo) realizou mais uma contagem do fluxo de ciclistas. Desta vez, o estudo aconteceu no Largo do Socorro, zona sul da capital, a pedido do coletivo Bike Zona Sul.

PONTE DO SOCORRO

971 ciclistas em 14 horas
um a cada 52 segundos
99% adultos
97% homens

De acordo com o levantamento, foram ao menos 971 ciclistas registrados no período entre 6 da manhã e 20 horas, representando uma média de 69,36 ciclistas por hora ou 1,16 pessoas pedalando por minuto. Foram registrados ainda picos de bicicletas em horários de rush, sendo 183 ciclistas no período da manhã, entre 6h e 8h, e 205 pessoas que pedalavam entre 16h e 18h, o que evidencia o uso da bicicleta como meio de deslocamento da residência ao trabalho ou em direção a instituição de ensino.

Outro ponto que merece atenção é o fato de 99% dos ciclistas registrados no estudo serem adultos. Destes, 97% eram homens, mostrando a predominância de pessoas do sexo masculino pedalando em São Paulo. O fato se confirma em outras contagens, como a feita na avenida Eliseu de Almeida, onde foram registrados apenas 11% de mulheres no período analisado. Os maiores índices de ciclistas do público feminino registrados em contagens foram na ponte da Cidade Universitária e na Faria Lima, ambos com 13% de mulheres nas análises.

Contagem de ciclistas no Largo do Socorro foi feito a pedido do coletivo Bike Zona Sul. Foto: Divulgação/Ciclocidade
Contagem de ciclistas no Largo do Socorro foi feito a pedido do coletivo Bike Zona Sul. Foto: Divulgação/Ciclocidade

Falta de segurança pode inibir mulheres

A predominância de homens pedalando na região pode ser em consequência da falta de segurança no viário. É o que aponta Alex Gomes, professor de História da Arte e um dos coordenadores do coletivo Bike Zona Sul. “Ficou clara a urgente necessidade de uma estrutura cicloviária para permitir uma travessia segura aos ciclistas na ponte, que passou por uma grande reforma recentemente, na qual foi implantado um corredor de ônibus sem ciclovia. Além disso, é uma via sem redutores de velocidade e, tendo um piso praticamente liso por causa da reforma, virou uma autêntica pista de autódromo”, diz Alex.

Não existe previsão, por parte do poder público, para a instalação de infraestrutura cicloviária na ponte mencionada. Foi exposto que a Ponte do Socorro ainda não tem um projeto de travessia, o que nos preocupa muito”, pontua o ciclista e professor.

Para ver os dados completos da contagem, acesse a página do relatório, no site da Ciclocidade.

Pressionar com dados

Alex conta que o coletivo de ciclistas da zona sul procurou a Ciclocidade para a realização da contagem com o objetivo de, a partir dos dados, pressionar o poder público para instalação de estruturas aos ciclistas. “Decidimos procurar a Ciclocidade para fazer a contagem porque já percebíamos o grande movimento de ciclistas na região. Tínhamos já uma ideia por causa da antiga pesquisa origem/destino do Metrô, feita em 2007”, afirma o ciclista.

A região em que foi feita o estudo é um local em que três avenidas, uma rua e uma ponte se cruzam. Somado a esse fato, o alto número de ciclistas que passam pela região, o acesso à ciclovia do Rio Pinheiros que há no local e o intenso fluxo de carros e ônibus em alta velocidade tornam o Largo do Socorro um lugar propício a graves incidentes de trânsito. Em 2009, um pedestre e um ciclista morreram após serem atropelados por um ônibus no Largo do Socorro, sendo que ambos estavam na calçada.

Com dados obtidos pelo estudo, coletivo pretende pressionar poder público. Foto: Divulgação/Ciclocidade
Com dados obtidos pelo estudo, coletivo pretende pressionar poder público. Foto: Divulgação/Ciclocidade