SP: projeto propõe Parque dos Arcos no complexo viário da Paulista com Dr. Arnaldo
Inspirados em modelos da Europa e Estados Unidos, arquitetos criam projeto de parque na região da avenida Paulista. Iniciativa vem de grupo de moradores.
Quem passa de carro nem percebe, mas o complexo viário que liga a Paulista e a Consolação à Rebouças e à Doutor Arnaldo esconde áreas de lazer hoje inacessíveis. Essas “ilhas” surgiram na década de 70, com a conclusão da obra, mas a falta de acesso impede que a população ocupe esses espaços.
Desde maio de 2014, moradores e trabalhadores do entorno se reúnem toda sexta-feira para conversar sobre melhorias no bairro. Em um desses encontros surgiu a ideia de criar o Parque dos Arcos, para conectar os espaços e atrair vida em meio a ruas, túneis e viadutos.
“A obra, feita exclusivamente para os carros, tirou a prioridade das pessoas. Nossa proposta é inverter a ordem, sem negar os veículos mas deixando o pedestre em primeiro lugar”, explica Juan Pablo Rosenberg, do escritório AR Arquitetos, um dos idealizadores e arquiteto responsável pelo projeto.
O ponto de partida é a Praça dos Arcos, que já foi reformada e hoje tem bancos, mesas, cozinha e um bicicletário. Dali partiriam os decks que levariam a equipamentos de lazer, ginástica e bancos entre as árvores. Outro caminho seria usado para passar sobre uma das ruas do complexo viário até uma dessas ilhas. Pelo desenho, o espaço terá estruturas para fazer parkour, mini academia, duas quadras de street basket, slackline, além de um bowl para skatistas. “Quando se criam esses caminhos, humaniza-se o lugar. As pessoas ficam com vontade de andar”, resume bem o arquiteto.
A praça Thomas Edison, que muita gente nem sabe que existe, pode ser ampliada por meio de um deck montado sobre a passagem subterrânea. A estrutura serviria para melhorar o acesso a outra área esquecida: a Praça José Molina (entre o complexo viário e o final da Consolação). Além de tirar algumas vagas de estacionamento para melhorar a circulação das pessoas, a proposta é instalar equipamentos para a prática de parkour e usar a empena cega de um dos prédios como parede de escalada para profissionais.
Parque urbano
Por ser uma área cheia de carros, barulho e poluição, não adianta fazer um parque para relaxar ou contemplar a natureza. A ideia foi projetar então um local para a prática de esportes e atrair principalmente o público jovem, cheio de vontade de ocupar a cidade. Ainda assim, o Parque dos Arcos poderá ter áreas para descanso, como a Praça Minas Gerais, onde os vizinhos já cultivam uma horta.
O monumento dos arcos também pode servir de apoio para redes, como já aconteceu durante uma intervenção no local. “Conversamos com as pessoas que circulam pela região para descobrir a vocação dessa área e desenhamos o projeto com base nas respostas”, conta Pablo.
Além de tudo, o local vai ser tornar em breve um importante cruzamento de ciclovias: da Paulista, já existente, e da Consolação, com obras avançadas. Outra ligação será construída no complexo viário no sentido doutor Arnaldo, onde já há projeto para uma faixa exclusiva para bicicletas.
Ruas compartilhadas
Nas ruas, o projeto propõe a demarcação de áreas de redução de velocidade para os carros. “Pode ser uma pintura diferente no asfalto, uma passagem no nível da calçada ou feita com blocos intertravados, como na rua Avanhadava, na região central”, esclarece Pablo. O objetivo é que os motoristas entrem e logo percebam que naquela área eles são secundários e têm que ficar em atenção total aos pedestres.
Pela proposta, o cruzamento da Paulista com a Consolação também deve mudar. Hoje, as pessoas circulam para todo lado, carros passam nos dois sentidos e ainda tem os coletivos que cruzam a Consolação. O arquiteto diz que “basta ficar alguns minutos por lá pra ver pelo menos uma situação de risco envolvendo carros, ônibus e pedestres.”
A inspiração para a nova configuração nesse trecho vem do Oxford Circus, em Londres, onde as pessoas tem total prioridade e os veículos sabem que devem passar com atenção redobrada.
Projeto realista
Para não perder tempo apresentando um projeto inviável, o pessoal do movimento Parque dos Arcos já se reuniu com servidores de vários órgãos da prefeitura, inclusive arquitetos, antes de concluir o desenho.
“Estamos há um ano peregrinando pela subprefeitura da Sé, na superintendência de obras, CET, Secretaria de Desenvolvimento Urbano, SP Urbanismo”. Segundo Pablo Rosenberg, todos adoraram, mas para tirar do papel, a decisão tem que vir de cima, nesse caso, o prefeito. Eles aproveitaram a inauguração do mirante na Praça dos Arcos para mostrar o projeto a Fernando Haddad (PT), que gostou e mandou agendar uma reunião. Em breve pode haver novidades.
A periferia, como sempre, esquecida.
Quem mora naquela região é de classe média para cima. Esses vão viajar para o litoral norte nos fins de semana e não precisam de parquinho.
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Então vamos tirar o Ibirapuera e o Parque Vila – Lobos, que fica em regiões nobres….pra que né? Todo mundo tem carro, todo mundo ganha R$ 5 mil por mês, ninguém usa metrô ou trem…
Faça o favor hein!
A periferia fica esquecida pq o povo de lá não cobra, pressiona e nem exige do poder publico as melhorias que tanto desejam, diferente do pessoal de região nobre que tem mais instrução e sabem seus direitos.
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Paulo, tem como colocar uma mapinha simples indicando onde fica todas essas praça pois nem mesmo o Google consegue acha-las.
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