Por receber bem quem chega de bicicleta, local acabou se tornando ponto de encontro de muita gente. Foto: Divulgação

Em frente a ciclofaixa, comércio floresce conquistando ciclistas em Fortaleza

Fundado em Fortaleza há dois anos, o Úrbici Café vê que a gentileza urbana, além de uma necessidade, é uma oportunidade de negócios

Foto: Guilherme Lins
O empreendimento adaptou o espaço onde antes funcionava uma banca de revistas. Foto: Guilherme Lins

Um espaço de convivência à sombra de uma mangueira em plena avenida Antônio Sales, uma das mais movimentadas de Fortaleza. Com várias opções de cafés, bebidas geladas, quitutes e cortesias para os clientes como a possibilidade de tomar água de graça e decidir quanto vai pagar numa fatia de bolo. E tem ainda uma estação de manutenção de bicicletas, com ferramentas disponíveis para quem souber fazer os ajustes na própria bike. Estamos falando do Úrbici Café, iniciativa de Diego Vieira, 31.

Formado em contabilidade e militante da mobilidade urbana, Diego sentia falta de um local interessante e que recebesse bem ciclistas. Além disso, queria fugir da situação de trabalhar num escritório fechado. Em 2015, após conhecer a experiência do Bike Café, fundou o Úrbici no espaço onde funcionava uma banca de revistas. Veja mais fotos do estabelecimento aqui.

Estrutura para ciclistas em frente ao estabelecimento ajuda a atrair clientes. Foto: Divulgação
Estrutura para ciclistas em frente ao estabelecimento ajuda a atrair clientes. Foto: Divulgação

Ciclofaixa atrai clientes, atitude os fideliza

Meses antes, a avenida Antônio Sales havia recebido uma ciclofaixa e uma faixa exclusiva de ônibus, o que causou polêmica. De um lado, pedestres, ciclistas e usuários do transporte público comemoravam; de outro, condutores profissionais e de veículos particulares e comerciantes reclamavam de pouco espaço para locomoção e falta de estacionamento para clientes.

Para Diego, que além de pedalar estava iniciando seu próprio negócio, a ciclofaixa era uma oportunidade. “Não só outros negócios, mas a cidade como um todo sai ganhando. A dificuldade é fazer o empresário tradicional perceber isso e fazer com que ele adeque seu negócio a uma nova realidade”, defende.

Segundo o empresário, os produtos que fazem mais sucesso são os diferentes tipos de café (coado, espresso e capuccino). Para comer, a clientela procura principalmente os bolos caseiros, sanduíches e cuscuz.

A cirurgiã dentista Luisa Pinheiro é ciclista e frequentadora do café. Para ela, a gentileza do lugar é o maior atrativo. “Gosto do Úrbici porque é um lugar que partilha de ideias nas quais acredito; é um espaço que existe para incluir, e isso pode ser visto nos detalhes. Há o interesse na convivência, inclusive com as diferenças”, diz. Do cardápio, suas preferências são o pão sem queijo, o cuscuz com queijo e os drinks com café autorais. Ocasionalmente se permite uma cerveja artesanal brasileira.

Por receber bem quem chega de bicicleta, local acabou se tornando ponto de encontro de muita gente. Foto: Divulgação
Por receber bem quem chega de bicicleta, local acabou se tornando ponto de encontro de muita gente. Foto: Divulgação

Estação de manutenção, água grátis e bolo sem preço

Entre as opções do cardápio estão os bolos, e quem decide o preço de um deles é o cliente. Mas assim como a água de graça e a estação de manutenção das bicicletas, Diego garante que a cortesia não representa prejuízo para o estabelecimento.

“Acima de tudo é preciso ter planejamento e organização. Meu modelo de negócio não depende da venda de água, até porque acreditamos na água como direito e não produto. Também não dependemos da venda do bolo sem preço, e ele nunca dá prejuízo pois as pessoas pagam valores justos. Já em relação à estação de manutenção, o investimento foi pequeno e a manutenção dela é super baixa, então também não precisamos nos preocupar em mantê-la financeiramente”, ensina.

Ano passado, o café foi agraciado com o prêmio Promoção da Mobilidade por Bicicleta 2016, realizado pela ONG Transporte Ativo, na categoria empreendimento. Além desse reconhecimento, é comum que grupos cicloativistas realizem eventos no local, como debates, reuniões, festas e exibições de filmes. Para Diego, tudo isso representa que o empreendimento atingiu seu objetivo, que é reunir pessoas para falar sobre a bicicleta.

Uma das opções no cardápio é o Bolo sem Preço: todo dia um sabor diferente e o cliente paga o valor que desejar. Foto: Divulgação/Facebook Úrbici
Uma das opções no cardápio é o Bolo sem Preço: todo dia um sabor diferente e o cliente paga o valor que desejar. Foto: Divulgação/Facebook Úrbici

2 comentários em “Em frente a ciclofaixa, comércio floresce conquistando ciclistas em Fortaleza

  1. Parabéns pela iniciativa. Fortaleza precisa de mais ambientes agradáveis como este. Pena que ainda não conheço, passo em frente quando vou de bike para o trabalho, mas ainda quero conhecer.

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  2. Eu quando estava fazendo uma viagem de bike pela América do Sul tive o prazer de passar por aí, realizamos um bate papo com as meninas do coletivo Ciclanas. Eu realmente fiquei impressionada como Fortaleza se desenvolveu no quesito uso da bike como meio de transporte. Muitas ciclovias e ciclofaixas por toda cidade.
    Mas sei também que tudo isso foi conquistado com muita luta do pessoal.

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