Ação do Detran/RS conscientiza sobre importância de passar a 1,5m de ciclistas
Régua de um metro e meio instalada na lateral de bicicletas deu aos motoristas a real dimensão da distância segura para ultrapassar quem pedala
Um cruzamento na zona sul de Porto Alegre foi palco de um experimento social nesse mês de março. Oito ciclistas usando uma “régua” de 1,5m, batizada como Respeitômetro, pedalaram para mostrar a distância mais segura para que uma pessoa dirigindo um automóvel ultrapasse outra que esteja em uma bicicleta – lei expressa no artigo 201 do Código de Trânsito Brasileiro (CTB).
A ação fez parte do Dia de Mobilização pela Segurança dos Ciclistas, resultado de um grupo de trabalho constituído pelo Detran do Rio Grande do Sul, pela Associação pela Mobilidade Urbana em Bicicleta (Mobicidade), Associação dos Ciclistas de Porto Alegre (ACPA) e Laboratório de Políticas Públicas e Sociais (Lappus), além do Conselho Estadual de Trânsito (Cetran).
Diretor-geral do Detran participou ativamente da ação
Na esquina das avenidas Wenceslau Escobar e Otto Niemeyer, dois eixos importantes de transporte naquela região, o próprio diretor-geral do Detran/RS, Ildo Mário Szynvelski, acompanhado de servidores da autarquia e ciclistas, distribuíram entre os motoristas que passavam pelo local um panfleto que media 1,5m, justamente para dar a “medida da segurança”.
Szynvelski lamentou que muitos condutores não abriram a janela do automóvel para receber a mensagem. Antes disso, um transeunte exaltado tentava convencer o presidente do Cetran, Luis Noé, de que ele entendia a lógica do 1,5m, mas que os ciclistas não podiam “andar no meio dos carros”, ou seja, não podiam trocar de faixa nem aproveitar os carros parados no sinal para tomar sua frente (veja o que a legislação diz sobre isso).
Veja também |
---|
Por que 1,5m ao ultrapassar ciclista? Tem espaço pra isso? |
Como ultrapassar um ciclista sem colocá-lo em risco (vídeo) |
Por que há ciclistas que andam no meio da rua? |
Segundo Szynvelski, tanto o criação do GT quanto a campanha propriamente dita partem da percepção de que é necessário garantir aos ciclistas “o direito à rua”. “É importante conscientizar os ciclistas sobre os equipamentos necessários, o cuidado de trafegar pelos bordos, mas também despertar, no condutor do veículo, que aquele ciclista que está ali não é um intruso, é um sujeito de direitos”, disse. No entanto, o diretor admitiu que “qualquer mudança de cultura é difícil”, aludindo à rejeição dos motoristas com que lidou na ação.
Integrante do GT, o advogado Pablo Weiss, fundador da ACPA, salientou o quão decisivo para a vida do ciclista a escolha entre o respeito e o desrespeito, mais do que a própria existência de ciclovias e ciclofaixas. “Se pudéssemos escolher um único artigo do CTB que faria diferença na vida do ciclista, seria o 201, que prevê 1,5m para ultrapassar”, deixou claro.
Incidente com motorista
Durante a pedalada de conscientização – feita com a “régua gigante” pelos oito ciclistas – um taxista se aproximou de uma das bikes e acabou esbarrando e entortando a estrutura. Nada aconteceu com a pessoa que conduzia a bike, mas o episódio foi ilustrativo. O que teria ocorrido ao ciclista se, em vez da “régua”, o táxi tivesse atingido diretamente a bicicleta? E em alta velocidade, como na prática costuma acontecer no nosso trânsito?
Ao receber os panfletos e serem abordados pelos integrantes da ação, muitos motoristas também se surpreendiam com a real medida de 1,5m, ilustrados tanto pelo “respeitômetro” quanto pelo panfleto, admitindo que fazem a ultrapassagem de uma distância muito menor. “Ultrapassar em alta velocidade e a uma distância curta demais pode derrubar o ciclista por causa do deslocamento de ar”, explicava, em resposta, José Martinez, integrante da Mobicidade e do GT.
Quanto mais ciclistas, mais segurança
Com a ação, o Detran/RS também divulgou dados animadores. Com o aumento no número de usuários e frequência de uso da bicicleta, o número de mortes de ciclistas vem caindo ao longo do tempo, tanto no Rio Grande do Sul como em Porto Alegre. Analisando a série histórica de 2007 a 2016 no Estado, o registro de mortes foi reduzido ano a ano, havendo revés somente em 2012 e 2014. De 178 mortes em 2007, passou-se a 88 óbitos em 2016, uma redução de 50,6% em relação ao primeiro ano da série. Os ciclistas, que eram 9,7% do total das vítimas no trânsito em 2007, representaram 5,2% em 2016.
Já em Porto Alegre, o número de mortes entre ciclistas também vem caindo ao longo do tempo, passando de nove em 2007 para quatro em 2016. A capital também reduziu o número de feridos em bikes. De 408 em 2007, passou para 161 em 2016. A variação do total de acidentes que vitimaram ciclistas foi de 40% no período.
Concordo que os motoristas devam respeitar os 1,5 m., mas os ciclistas também devem evitar colocarem-se em situações de risco. Na Av. Faria Lima, apesar de haver uma ótima ciclovia, muitos ciclistas teimam em andar entre as centenas de ônibus que por ali passam.
1 0
Geralmente utilizo uma antena corta pipa no guidão com sinalização nas pontas e estico ao máximo a antena quando pedalo nas vias rápidas acima de 40km/h , assim vejo que minha segurança aumentou e raramente vejo alguém tirando fina do meu guidão com a antena.
0 0
Aqui em São Paulo, o pessoal ficou relapso. Depois de uma gestão tranquilão do Haddad para mobilidade. É hora de renovar os espíritos.
0 0