Assista ao documentário que procura explicar o significado das ghost bikes, as bicicletas brancas encontradas em tantas cidades do Brasil e do mundo
Ghost Bike em homenagem a Gustavo Franco de Queiroz. Imagem: Memória em Branco/Reprodução
Um documentário sobre ghost bikes produzido por pessoas que não usam a bicicleta regularmente, mas que emociona qualquer um que pedale. Principalmente quem já perdeu alguém para a violência do trânsito. É o filme “Memória em Branco”, que você pode assistir na íntegra aqui, no final da página.
Produzido em outubro de 2017 por alunos do VI semestre de Jornalismo da Universidade Metodista de São Paulo, o filme tem por objetivo explicar o significado das ghost bikes, as bicicletas brancas encontradas em tantas cidades do Brasil e do mundo. “A ideia é fazer desse documentário uma ferramenta de conscientização para que mais nenhuma ghost bike precise ser instalada”, diz o texto de divulgação.
Entrevistamos a diretora e editora, Natália Florentino, para entender como surgiu a ideia e como foi produzir esse documentário.
A equipe do documentário Memória em Branco entrevista Silvia Ballan em frente à ghost bike de Márcia Prado, na Avenida Paulista. Imagem: Divulgação
Vá de Bike – Como surgiu a ideia de fazer um documentário sobre as ghost bikes?
Natália Florentino – O tema principal do nosso trabalho do semestre era “morte” e as ghost bikes surgiram como ideia para o documentário de vídeo justamente – e infelizmente – por se tratar de um símbolo atual que representa isso.
O objetivo foi explicar de forma didática – e emocionante – a importante mensagem que esse ícone transmite, uma vez que, em conversa com integrantes do próprio grupo, professores, amigos, familiares e através de uma pesquisa realizada pelo Google Formulários, percebemos que grande parte das pessoas “comuns”, ou seja, aquelas que são pedestres ou motoristas sem nenhuma relação com o cicloativismo (e aqui estamos falando de pessoas das mais diversas classes sociais, idade e grau de instrução) desconhecem o significado que as ghost bikes querem transmitir.
Ficamos com a impressão que a mensagem que as ghost bikes querem passar não está chegando com sucesso ao seu receptor, ou seja, ao motorista que é imprudente, que fala ao celular enquanto dirige ou que não respeita os limites de velocidade. O doc entra como ferramenta para democratizar essa informação.
VdB – Como levantaram as informações?
NF – Em uma lamentável coincidência, na mesma semana em que já estávamos em pré-produção, aconteceu o crime com o ciclista Gilmar, no Cebolão. Decorrente disso, a grande mídia produziu algumas reportagens que tratavam do aumento do número de ciclistas mortos por imprudência no trânsito e mais dados foram divulgados.
Em paralelo, o levantamento dos locais com ghost bikes era feito por integrantes do grupo que sabiam onde estavam algumas delas (uma parcela já tinha visto as bikes brancas mas não necessariamente sabia o significado da intervenção) e pelo cruzamento de informações publicadas tanto em reportagens da época dos acidentes, quanto em sites especializados.
Entrevista com Paulo Alves, do Bike Zona Sul. Imagem: Divulgação
VdB – Como entraram em contato com os entrevistados?
NF – As redes sociais facilitam muito essa abordagem. Entretanto, nada supera a ajuda dos amigos: a Silvia Ballan, por exemplo, foi indicação de vários que pedalam. O contato tanto com ela, quanto com os demais foi feito quase cem por cento através do Facebook e – ainda bem – todos foram muito receptivos. Entramos em contato com vários outros cicloativistas que, infelizmente, não puderam nos ajudar efetivamente na frente das câmeras (principalmente por incompatibilidade de agenda, já que trabalhamos com um prazo super apertado). Mas, em grande maioria, as conversas em off renderam muita base de pesquisa para o doc.
VdB – Vocês usam a bicicleta?
NF – Ironicamente, nenhum integrante do grupo é ciclista (no máximo a bike é utilizada como lazer). Acredito que falta “coragem” para encarar o trânsito de forma tão vulnerável, já que a falta de respeito e civilidade, infelizmente, prevalecem.
VdB – Como vêem esse momento que estamos passando em São Paulo, com a paralisação da expansão, a remoção de trechos de estruturas e o aumento nas mortes de quem pedala?
NF – Todo esse desincentivo ao uso da bike e paralisação do que já vinha sendo feito só reforça o momento tenebroso de pensamentos retrógrados e individualistas que estamos vivendo. Temos muito trabalho pela frente para tentar reverter ou minimizar isso. O importante é não desistir.
(Se o vídeo não for exibido automaticamente, clique aqui para abrir em outra janela.)
O vídeo não está aparecendo, vcs talvez possam incorporar o do youtube: https://www.youtube.com/watch?v=F_AhbSnL60k