Menino de 12 anos tenta viajar de bicicleta do PR até SP, mas é impedido
Garoto já havia viajado mais de 20 km, mas ainda faltavam 250. Conseguiria concluir a aventura?
Um menino de 12 anos tentou viajar de bicicleta do Paraná até o estado de São Paulo na noite de 13 de agosto de 2019, uma terça-feira, mas foi impedido pela Polícia Rodoviária Federal no km 70 da BR-116, em Campina Grande do Sul, região metropolitana de Curitiba/PR. Ele foi levado ao Conselho Tutelar, que entrou em contato com sua mãe para que fosse buscá-lo.
Robert já havia pedalado cerca de 25* km desde São José dos Pinhais, onde mora com a mãe e o padrasto. Apenas para ilustrar o tamanho da aventura que ele se propunha, seriam 272 km até Miracatu/SP, onde reside sua avó. Sua intenção era ficar mais da cidade do seu time de coração, o Santos.
Entendemos que uma criança sozinha não teria condições de fazer uma cicloviagem dessas, que levaria vários dias. Além dos problemas para conseguir comida e descanso adequado pelo caminho, haveria o frio extremo que tem feito na região nos últimos dias, com temperaturas abaixo dos 10º nas madrugadas. E talvez ainda tivesse dificuldade em encontrar o endereço da avó, caso chegasse na cidade de destino.
Ainda em que países com boa infraestrutura e respeito aos ciclistas as crianças dessa idade tenham mais autonomia e por vezes até se desloquem sozinhas, o fazem com preparo, em trajetos muito mais curtos e com uma rede de apoio da sociedade ao seu redor.
É certo portanto que a aventura estava muito mais para um sonho de criança do que para uma viagem planejada, por isso foi importante que o tenham retornado à família em segurança. Não há o que se discutir aqui.
* Uma reportagem da Record TV afirma que ele havia pedalado 70 km, mas a informação da PRF é que a aventura terminou no km 70 da BR-116. De lá até São José dos Pinhais são cerca de 25 km.
Para sua segurança, não pedale
Dito isso, devemos considerar que talvez nem tenham chegado ao ponto de ter preocupações como distância, alimentação e repouso. A maior preocupação parece ter sido mesmo o risco viário. De acordo com o portal G1, “a concessionária responsável pelo trecho acionou os policiais depois de ver a criança sozinha à beira da rodovia, segundo a PRF”, que afirmou que “o ponto onde o menino foi encontrado tem alto risco de acidentes”**.
Quem pedala pelas rodovias brasileiras percebe de forma clara que as concessionárias raramente se preocupam em dar condições de segurança a quem quer que esteja fora de veículos motorizados. A medida tomada em muitos casos é simplesmente impedir a passagem de quem se desloca pedalando, por vezes multando indevidamente ou até apreendendo a bicicleta. Correto – e determinado por Lei, no art. 21 item II do Código de Trânsito – seria garantir de fato a segurança de quem se desloca de bicicleta, não apenas provendo infraestrutura mas também sinalizando ou montando operação especial para permitir esse tráfego enquanto uma medida definitiva não é concretizada. Nunca impedir a circulação.
Guardadas as devidas proporções e feitas as ressalvas quanto à viabilidade dessa aventura, o caso do menino do Paraná acaba por ilustrar o real problema. As situações pelas quais passamos nas rodovias demonstram que, apesar das alegações, o cuidado do poder público e das concessionárias não é tanto com a segurança do esportista ou cicloviajante, que não são considerados “clientes” pelas empresas que administram as rodovias.
As preocupações parecem ser principalmente com o impacto no trânsito (e na arrecadação) da rodovia em caso de atropelamento, além do custo das medidas necessárias caso isso ocorra, como alocação de veículos, pessoal e insumos para restabelecer as condições de tráfego. Além, claro, da fluidez de quem está sobre um motor, mesmo que em detrimento da segurança de quem se desloca por outros meios.
Infelizmente, a pressa de quem dirige continua valendo mais do que a vida de quem pedala. E parece que isso ainda está longe de mudar.
** A reportagem da Record afirma que o garoto pediu ajuda no posto de apoio (que aparece na foto que abre essa matéria), pois estava anoitecendo.
Mas houve uma investigação do porque o menino tomou essa atitude? Parece até que estava fugindo, uma atitude um tanto desesperada. Muito estranho.
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Oi, Vanessa. A matéria do G1 tem mais algumas informações, mas não deixa isso claro. De qualquer forma o Conselho Tutelar passaria a acompanhar a família.
https://g1.globo.com/pr/parana/noticia/2019/08/14/menino-de-12-anos-tenta-ir-de-bicicleta-do-parana-ate-a-casa-dos-avos-em-sao-paulo-diz-prf.ghtml
Comentário bem votado! 4 0
Menores não podem viajar sozinhos sem autorização dos pais. Mesmo com a autorização, os pais são responsáveis. Se a acontece algo ao garoto, os pais serão responsabilizados criminalmente.
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Creio que a mesma situação pode ser aplicada para um menor de idade pegar um ônibus ( sem autorizações dos pais, responsáveis ), para sair de um lugar e ir a um outro lugar.
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