Qual o rumo das manifestações pela Tarifa Zero?
O que esperar como resultado? De onde pode vir a solução? O que mais pode ser buscado? Veja nossa análise.
Há dias minhas timelines do Twitter e Facebook estão praticamente monotemáticas – e não preciso explicar o porquê. Nos últimos dias, não consegui escrever nada aqui para o site. Nem revisar os textos das meninas eu consegui. Desde a quinta-feira 13, com a violência policial injustificável, as manifestações ocupavam minha cabeça com uma força que praticamente bloqueavam minha criatividade em outros aspectos.
Os protestos, inicialmente apenas contra o aumento das tarifas de transporte público, tomavam contornos cada vez mais abrangentes. Claro que o foco original é importantíssimo: cobra-se cada vez mais por um serviço que tem se tornado cada vez pior, principalmente em termos de lotação e velocidade média. Claro que o transporte de massa é a base para a solução da mobilidade nas cidades brasileiras. Claro que o Movimento Passe Livre tem todo o mérito de ter divulgado cada vez mais esses pontos e a sua proposta de solução, além de ter movimentado toda a massa de cidadãos para protestar contra o aumento. Mas, queiram ou não, gostem ou não, aceitem ou não, a questão já ficou muito maior que isso.
– frase que circulava nas redes sociais
na noite de 17 de junho
Com o início da repressão pesada por parte da polícia, a briga começou a ser pelo direito de manifestação. Direito esse que aflorou em forma de desejo de mudar o país, na população que tem muito do que se queixar mas não é ouvida pelos processos políticos tradicionais, não é informada sobre como participar deles e, muitas vezes, não é levada a sério quando participa. Esse caldo quente encontrou seu ponto de fervura, catalizado pela reação dos governos, tentando proibir as manifestações para não manchar a Copa das Confederações. Agora, as pessoas saem às ruas para pedir mais transporte, mais educação, mais segurança, mais saúde. E, em alguns casos, menos Copa.
Galeria |
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Veja aqui nossa galeria da manifestação de São Paulo. Será que você reconhece algum amigo nas fotos? Até Laerte estava por lá! Repare também nos textos dos cartazes, que mostram |
Transporte público
Qual a sequência natural desses acontecimentos? A tendência é que, depois desse grito que estava sufocado, as manifestações arrefeçam um pouco. Alguma conquista haverá em relação ao transporte público: provavelmente, pequena por enquanto, talvez grande no longo prazo. Mas haverá uma mudança de percepção por parte do poder público, no sentido de que não dá mais para continuar priorizando o automóvel no planejamento das cidades.
Planilhas de custo serão analisadas, vão conseguir espremer alguma coisa, mas a mudança grande não virá agora. Pode ser necessário mudar o formato de funcionamento das empresas de ônibus. Quem sabe comecem, finalmente, a discutir a sério o pedágio urbano, que poderia financiar uma parte do transporte público e fazer cair a tarifa. Talvez se lembrem de que o IPVA também pode custear parte do transporte público, caso aumentem a parcela que fica com os municípios.
De qualquer forma, é imprescindível inverter o paradigma vigente, de que o transporte motorizado individual deve ter prioridade de circulação e planejamento. Deve-se pensar sempre primeiro no transporte de massa e nos deslocamentos ativos (pedestrianismo, bicicleta), para depois ver onde o automóvel pode se encaixar, nunca o contrário. Chega de financiar obras milionárias que atendam apenas ao automóvel, chega de estimular o uso do carro em detrimento da qualidade do transporte coletivo. É hora de reverter a situação, fazendo com que o uso do carro, que traz incontáveis prejuízos para as cidades e para o país em diversas formas, passe a financiar a mudança que precisamos na mobilidade urbana.
Um passo maior
Não seria o caso de aproveitar esse momentum, essa energia, para realizarmos as mudanças que precisamos no país? Não, não falo em decapitar os reis, mas exigir, sim, que a população deixe de ser vista como estorvo ou mera fonte de votos e passe a ser reconhecida como os verdadeiros “patrões” dos políticos, que exigem que suas demandas sejam atendidas. Estes, estejam no executivo ou legislativo, devem finalmente passar a ser os “representantes do povo” que sempre se disseram.
Os gritos nas ruas são apenas a parte mais alta das vozes inconformadas da população. Já há algumas maneiras de ouvi-la, mas outras devem ser criadas e os cidadãos devem ser estimulados a questionar, exigir, fiscalizar, expor, denunciar e cobrar providências. Porque o povo parece ter cansado de sofrer em silêncio – e é melhor escutar o que ele tem a dizer.
Trânsito
Um dos saldos desse movimento talvez seja a população descobrir que pode, sim, ir às ruas. Que manifestante não é vagabundo, é alguém lutando por direitos que considera terem sido violados, por mudanças que deveriam ter vindo, pelo cumprimento de promessas propositalmente esquecidas. Um dos motes da Bicicletada, originalmente criado para representar o uso da rua nos deslocamentos, também se aplica ao que se aprende agora: “as ruas são de todos”.
Sim, manifestações atrapalham o trânsito, porque definem outra utilidade para as ruas naquele momento. E uma utilidade importantíssima: está se fazendo uso do espaço público para fazer valer a democracia, para elevar a voz do povo a um ponto em que não possa mais ser desconsiderada. Afinal, o que deve ser mais importante, chegar cedo para ver a novela ou ir às ruas mudar o país?
O Vá de Bike quer saber
Você acha válido aproveitar a movimentação popular para colocar outras causas em pauta? Ou isso seria leviano e devemos nos ater exclusivamente à questão das tarifas?
Foi em alguma das manifestações? Qual foi seu sentimento em estar ali? Conte aqui nos comentários.
Sobre o Jilmar Tatto no Wikipedia, apesar de falarem que não é fonte fidedigna:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Jilmar_Tatto
Mais um link apontando a ligação:
http://colunistas.ig.com.br/poderonline/tag/arselino-tatto/
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No Metro de hoje (25/06/2013), surgiu uma nota de que Jilmar Tatto tem rabo preso ( melhor, é o rabo ) com os barões dos transportes por ônibus. Desta ma eira é possível que tenha uma agenda secreta, e que se ameaçado com certeza, irá atrapalhar a mobilidade, se sentirem ameaçados, ou atrapalhar algum esquema. É ligar um ponto ao outro, sem trocadilhos.
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Que nota, Carlos? E no Metrô News mesmo? Se é, “folheando” a edição digital dele, não achei nenhuma nota, não. Então, por favor: fonte, fonte, fonte, fonte. E, quando for pra citar, cita esmiuçadinho, tá? (Porque, sério, ando meio de saco cheio dessa mania de telefone-sem-fio que se tornou padrão na internet.)
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Jilmar e Arselino São irmão. Tem rabo mais preso do que isto ?
Uma outra nota: http://www.estadao.com.br/noticias/cidades,prefeitura-de-sp-da-aumento-maior-do-que-a-inflacao-para-empresas-de-onibus,1050628,0.htm
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Ou este discurso intrigante de Patri Friedman: http://youtu.be/mgJ644LPL6g
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