França começa a pagar quem usa a bicicleta para ir ao trabalho
Saiba como funciona essa fase de testes e o que tem sido feito para estimular a bicicleta, com o objetivo de melhorar a saúde dos franceses e diminuir o uso do automóvel.
Desde o dia 2 de junho, os trabalhadores franceses de 19 empresas e instituições que optam por usar a bicicleta como meio de transporte para ir ao trabalho ganharão €$ 0,25 por quilômetro percorrido. Cerca de 10 mil pessoas podem ser beneficiadas com a medida, que é parte do Plano de Ação para o Desenvolvimento de Modos Ativos do governo francês. A ação já havia sido antecipada pelo Vá de Bike em janeiro.
O experimento terá duração de seis meses e tem como objetivos melhorar a saúde dos franceses, reduzir o consumo de combustíveis e, consequentemente, a poluição gerada por veículos. A expectativa é que haja um aumento de 50% no uso da bicicleta nos deslocamentos casa-trabalho. Em declaração à imprensa, o ministro dos Transportes, Frédéric Cuvillier, disse que o carro e os transportes públicos também recebem subsídios e que “trabalha para o desenvolvimento de todos os tipos de mobilidade”.
A estimativa do governo francês é de que a medida represente uma economia de €$ 5,6 bilhões na área de saúde, em contrapartida a despesas de €$ 20 milhões com o projeto. O valor gasto com a iniciativa será repassado pelas empresas em troca de isenções fiscais.
O incentivo apresentado integra um programa amplo de melhoria das condições de transporte dos usuários de bicicleta nas cidades francesas, incluindo também iniciativas como a construção de bicicletários e paraciclos em pontos estratégicos como estações de trem, bonde, e terminais de ônibus, além de medidas de segurança para coibir furtos e roubos.
Critérios
O abono não é cumulativo com o vale-transporte, a menos que seja feita intermodalidade como trem/metrô + bicicleta ou vice-versa. Durante os seis meses do projeto, informações serão coletadas de empregadores e trabalhadores sobre:
- evolução dos deslocamentos diários de bicicleta;
- modos de viagem abandonados em favor da bicicleta;
- fatores favoráveis ou desfavoráveis à eficácia da medida;
- organização física estabelecida em diferentes estruturas.
Os resultados serão divulgados no final do ano e, se bem sucedido, um segundo experimento será considerado em uma fase de maior escala.
Atualmente, 2,4% das viagens casa-trabalho são realizadas de bicicleta com uma distância percorrida média de 3,5 km por viagem. Outros países já adotaram projetos de estímulo ao uso da bicicleta como principal meio de deslocamento, como Alemanha, Bélgica, Dinamarca, Holanda e Reino Unido.
Na Bélgica cerca de 8% de todos os deslocamentos são feitos por bicicleta, graças à isenção de impostos para esse modal em vigor há cinco anos (entre outros fatores). Na Holanda, país com excelente infraestrutura cicloviária, 25% dos trabalhadores utilizam a bike como meio de transporte.
Ações constantes
O ministro Mariani também apontou que outras medidas estão em estudo, como a modificação das regras de circulação para permitir que os ciclistas avancem o semáforo vermelho quando virarem à direita, além da construção de mais ciclovias. Estimativas apontam que, se cada europeu pedalar 2,6 quilômetros por dia em vez de usar um carro, haverá uma redução aproximada de 15% das emissões de gás carbônico provocadas pelo uso de veículos motorizados.
Cidades como Paris contam atualmente com uma ampla gama de serviços públicos destinados a favorecer o transporte por bicicleta. O próprio site da prefeitura parisiense tem um portal interno para esclarecer dúvidas tanto dos munícipes quanto dos turistas, com mapas, roteiros, simuladores de trajeto e dicas diversas sobre turismo e a conduta do ciclista na via.
Poluição
A Agência Europeia do Ambiente emitiu um comunicado no início do ano alertando para a existência de altos níveis de poluentes em vários países do centro da Europa, como a França, a Bélgica e a Alemanha. Em março, um terço do território francês, incluindo Paris, esteve em alerta por vários dias por causa da contaminação do ar. Medidas para mitigar o problema incluíram o uso gratuito dos transportes públicos, restrição de velocidade em algumas ruas, restrição de atividade industrial e do uso de chaminés.
Números franceses |
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14 mil km de vias urbanas são equipadas para os ciclistas – 6 mil deles nos últimos quatro anos. |
300 mil viagens de bicicleta são feitas diariamente em Paris e nas 29 cidades vizinhas. Dessas, 120 mil são em Vélib, sistema de compartilhamento de bikes. A título de comparação, em São Paulo são 333 mil viagens diárias (OD/2012). |
90% das viagens para ir para a escola na França são de menos de um quilômetro |
Mais de metade das viagens diárias na França são para distâncias inferiores a 3 km. E 3% delas são feitas de bicicleta. |
2% dos que viajam nos trens expressos regionais (TER) vão até a estação de bicicleta. |
10 mil km de ciclovias e vias verdes estão agora equipados para ciclistas, com uma meta de 20.700 km para 2020 |
show kkkkk
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Adorei esta iniciativa do governo Francês!
Realmente em Paris o grande lance é andar a pé, mas isso demanda tempo; de bicicleta é uma ótima opção. Pq andar de metrô lá é muito desgastante devido ao barulho e a hiperlotação nos horarios de rush, ônibus funciona mas não tão bem quanto deveria…para turista é complicado, eu conheço Paris, 05 vezes já fui lá e consegui me perder de ônibus e não gostei da experiência.
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Com o aumento do numero de bicicletas nas ruas das cidades, a evolução para um trânsito mais humano e seguro, é inevitável.
Bicicleta traz saúde para o usuário e para a cidades.
FATOS!
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Estive em Paris para pesquisar em sua biblioteca neste mês de Junho e tive a oportunidade de pedalar nas ruas. Para além de uma estrutura cicloviária que eu diria invejável, o respeito ao ciclista é coisa de outro mundo. Se é verdade que sempre existem um ou dois engraçadinhos, a regra lá é outra. Os carros não socam o ciclista no meio fio, e realmente sempre lhe dão a preferência. No caso do Brasil, acho que precisamos de mais do que simplesmente criar incentivos fiscais para o uso da bicicleta, é preciso ensinar esse respeito como um valor, para que mais e mais pessoas possam sair de casa sem medo com suas bikes. Uma máxima que eu percebi em Paris é que o trânsito e a rua não pertencem apenas aos carros, ao contrário, há de haver espaço para todos.
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Perfeito, Agnes! Veja esse vídeo, que mostra um ciclista compartilhando tranquilamente a faixa de ônibus em Paris, com o motorista aguardando atrás a uma distância segura e sem fazer nenhum tipo de pressão: http://vadebike.org/2012/03/exemplo-de-convivencia-entre-carros-onibus-e-a-bicicleta/
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isso é País de 1ºmundo, quem sabe um dia no Brasil mas sem querer ser pessimista é capaz de cobrarem por km percorrido
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A ideia é ótima e, certamente, deve funcionar bem em Paris. Por aqui, temos uma outra realidade. Andar de bicicleta em grandes cidades é extremamente temerário. Falta infraestrutura, respeito pelos ciclistas, segurança, hábito, enfim, nossa distância da Europa não se mede apenas em milhas. Lamentavelmente.
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Agora gosto mais ainda da França.
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No Brasil andar de bicicleta ainda não é um hábito comum entre a população. Não temos ciclovias, mas mesmo assim ando de bicicleta todos os dias para ir ao meu trabalho, sou professora, sei que fora o prazer de pedalar, associo também o de praticar um esporte que melhora a minha resistência física. Parabéns aos franceses, espero que outros países sigam este bom exemplo.
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Muito legal… gostei!!!
Cicloabraços
Joãozinho
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que exemplo hein!! mas covenhamos com o calor que faz no brasil nem tdo mundo pode ir trabalhar de bike..se bemque o calor que faz dentro dos onibus também…enfim!
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Preciso estar viva,p ver esse acontecimento
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Ou seja, ainda em 2012, já faziamos na grande SP mais viagens de bicicleta que num pais com mais infra estrutura.
Imagina quando vier a infra estrutura…
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