A baixa premiação nas competições de mountain-bike
(publicado em 29 de abril de 2005)
Comento abaixo a matéria do Webventure que fala sobre premiação nas competições de Mountain-Bike. Vale muito a pena ser lida. Na última página das 4 tem uma entrevista com o Edvando, que mostra o lado do atleta.
Parabéns à Camila pela matéria, está excelente e presta um grande serviço ao esporte. E ela deu chance tanto para atletas como para organizadores se manifestarem. E foi justo aí que ficou ruim para alguns organizadores, porque as declarações deles parecem piada! 🙂
Olha essa por exemplo: “A partir do momento que se oferece dinheiro para categorias que não são profissionais, o evento perde um pouco de poesia”. Ah, fala sério! Seria mais bonito ter dito que o objetivo é premiar os profissionais, porque eles vivem do esporte, enquanto o amador se preocupa mais em ter um troféu ou medalha bacana do que receber uma remuneração pelo “trabalho” que realizou na pista.
Com esse argumento eu até concordo. Se o amador ganhar duzentão junto com o troféu é claro que ele vai gostar, mas eu prefiro que esse dinheiro não vá para o amador, DESDE QUE VÁ PARA O PROFISSIONAL. O cara vive disso, se dedica integralmente ao esporte e não tem outros rendimentos, muitas vezes não tem nem um patrocinador que lhe dê uns pares de pneus por exemplo, sai tudo do bolso. Quebrou o quadro na competição? $e vira… A suspensão foi pro vinagre? $e vira…
Comentando a mensagem do César de Sertãozinho/SP [no forum Webventure]: eu entendo a dificuldade da organização, principalmente para quem organiza um evento pequeno e com pouco (ás vezes quase nenhum) patrocínio, mas também precisamos ver o lado de quem vive do esporte. Ou melhor, tenta viver. Tá, quem organiza muitas vezes também vive ou tenta viver disso. E de quem é a culpa então?
Não adianta a gente ficar dizendo que a culpa é desse ou daquele. Existem casos em que o cara que organiza embolsa uma boa grana e não premia quase nada, como existem os casos em que o cara leva prejuízo por ter organizado e às vezes até desiste e não organiza nunca mais. Precisamos é pensar em soluções em vez de ficar procurando Joana D’Arc para queimar na fogueira.
A melhor maneira de resolver esse problema, falando em termos gerais, é conseguir mais patrocinadores, ou patrocinadores melhores, ou cobrar mais dos patrocinadores sem correr o risco de perdê-los. Isso se faz mostrando a eles que o retorno que terão é bem maior do que o investimento que estão fazendo. E a maneira mais fácil de convencê-los disso é aumentando a exposição das marcas. Não estou falando de colocar uma faixa maior na entrada do evento e sim de exposição na mídia. Internet, revistas e, se possível, TV. Se o Webventure e a Bike Action, por exemplo, vão cobrir o evento, *venda* isso ao patrocinador, explique para ele que nas fotos publicadas VAI sair a imagem dele, já que ela está em todas as plaquetas de numeração! Explique à Gatorade que o isotônico que eles dão no final da prova pode fidelizar o consumidor, não só por experimentar o produto mas pela sensação psicológica que o competidor terá ao receber aquilo geladinho no final da prova…
A diretoria de Marketing dessas empresas SABE de tudo isso. Vocês não vão precisar exatamente *explicar* essas coisas, mas evidenciá-las e mostrar que vocês também sabem como funciona isso. Que o cara quer dar um patrocínio de mil reais pra levar tudo isso de brinde, quando o “valor agregado” disso tudo chega a no mínimo uns dez paus. Se tiver TV mostrando então, pode subir esse valor! Quanto vocês acham que custa quinze segundos de exposição na TV, ainda mais sabendo que o público que está assistindo aquilo é seu público-alvo?
E como aumentar a exposição? Convidar os meios de comunicação para participar, dando inclusive alguma infra do tipo sala de imprensa é uma boa, mas não é suficiente. Aí passa por todo mundo, no sentido de divulgar e prestigiar o esporte. Quando a Globo mostrar alguma prova de MTB, estrada, 4X ou qualquer outra coisa, mandem um e-mail elogiando. Quando houver um campeonato, prestigie indo ao evento. Se puder, consuma nas barraquinhas que foram montadas lá, para valorizar o trabalho de quem está ali. Se você tem condições, compre a revista que cobriu o evento para ver como ficou a matéria, em vez de ler rápido no jornaleiro e devolver para a prateleira. Visite os sites que divulgam os eventos e apóiam o esporte. Valorize as marcas e empresas que patrocinam nosso esporte – e faça elas saberem disso. O serviço de atendimento ao consumidor das empresas não serve apenas para receber reclamação não, digam a eles que gostaram de ver a empresa apoiando o esporte e que isso fortaleceu o apreço que vocês tem por aquela marca. Afinal, a gente fica mesmo feliz quando vê uma empresa patrocinando um evento, não fica? Só que se a empresa não percebe retorno, ela pode não tentar novamente, porque muitas vezes não tem como medir se o investimento teve retorno ou não. Até porque se o patrocinador é um fabricante de quadros por exemplo, mesmo que aquele evento tenha tornado você um consumidor em potencial daquela empresa, você só vai comprar um quadro novo daqui meses, talvez até anos, então é praticamente impossível medir esse efeito. Um isotônico que vende muito, vai ter um pequeno aumento que também é difícil de distinguir de um aumento de vendas sazonal ou em conseqüência do calor em uma determinada cidade naquele final de semana específico. Nem sempre dá pra medir o retorno, entendem? O feedback do cliente é importante para isso.
Em resumo, todo mundo pode ajudar um pouquinho. Os amadores e amantes do esporte podem ajudar valorizando o esporte, os patrocinadores e a mídia especializada; os organizadores, valorizando seu próprio trabalho na hora de estabelecer as quotas e trabalhando em conjunto, em vez de ficarem um tentando prejudicar o outro, na hora de montar os calendários de provas e definir valores de patrocínio; os atletas de elite, valorizando também seu trabalho (sim, é um trabalho!), não participando de competições que vão dar uma premiação de R$250 pro primeiro colocado da elite (piada isso, melhor o evento assumir que não é profissional e sim amador, como o Paulinho justificou em relação ao 12h).
Postei esse texto também no forum do site no dia 26, mas até agora não apareceu. Não sei se é porque o texto é muito longo, se tem uma demora pra aparecer, se tem moderação e barraram… Na dúvida, deve ser culpa do programador que criou o fórum! 🙂
Já lí muito sobre esse assunto, realmente é muito difícil conseguir se profissionalizar num esporte que não é tido como um futrebol, afinal viver com essa premiações se torna muito precário, participo de competições amadoras e não ganho nada a não ser caramanholas, troféus, medalhas e o prazer de ter competido, mas que uma graninha poderia ajudar isso poderia, e mais, porq as tvs não mostram mais competições, nunca sai num jornal q não seja o zé pedal o ranking brasileiro ou quando haverá uma competição, e se ela já ocorreu como foi e os resultados, em suma, aqui se publica até o fato de um atleta estar gordo em uma página inteira, só pelo simples fato de envolver o futebol, alguns jornais, ditos de esporte deviam mudar para jornal de futebol, já que é o que fazem na realidade. tudo por dinheiro?
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