Tentando convencer que não polui
A propaganda acima, veiculada pela Volkswagen na Alemanha, tenta convencer que o Polo Blue Motion é tão amigo do meio ambiente quanto uma bicicleta. A mensagem que esse anúncio tenta passar é mais ou menos essa: para não agredir o meio ambiente, você pode usar uma bicicleta ou o nosso novo carro, dá na mesma.
As constantes altas do petróleo fizeram o mercado consumidor passar a demandar carros que gastem menos combustível. A polêmica em relação ao Efeito Estufa e o hype do ecologicamente correto conduz as montadoras para a fabricação de veículos menos poluentes. Pressão de mercado daqui, pressão de imagem dali e a Volkswagen (a mesma que recebeu meio bilhão do BNDES para aumentar a produção do Fox), fez um certo esforço de engenharia para seus carros poluirem menos. Mudaram a suspensão e a aerodinâmica para diminuir a resistência ao ar, a transmissão para ter marchas mais longas e menor rotação do motor e mudaram um pouco o motor e a filtragem dos gases que saem do escapamento.
Ok, com tudo isso esse novo carro polui menos que os que já rodam por aí. Emite menos CO2, que é o principal causador do efeito estufa. Mas ainda polui. E está muito longe de um veículo sem motor, que não queima qualquer tipo de combustível ao se mover.
E o ponto principal é que um carro não emite apenas CO2. Um carro como esse, movido a diesel, emite também material particulado (fuligem), óxidos de nitrogênio e dióxido de enxofre. Um motor a gasolina ou álcool emite, além do CO2, hidrocarbonetos, monóxido de carbono e aldeídos.
O site Planeta Sustentável (Ed. Abril) tem uma página descrevendo bem os efeitos desses poluentes. Para resumir (se é que dá), podemos dizer que, em conjunto, provocam dor de cabeça, diminuição da capacidade respiratória, irritação nos olhos e nas vias respiratórias e causam problemas cardiovasculares, além de contribuir para o aquecimento global, causar danos em construções e na vegetação, diminuir a visibilidade (ar com cara de fumaça) e são materiais venenosos, que em alta concentração matariam um ser humano. Não é à toa que tanta gente morre em São Paulo em decorrência da poluição gerada pelos carros.
Fazer um carro que polui menos, mesmo que não seja por amor ao planeta e à Humanidade, não deixa de ser algum tipo de avanço. O que não podemos aceitar é indução do consumidor a erro, fazendo-o acreditar que o carro é ecologicamente correto. Não existe carro ecológico. Tenta-se vender uma consciência limpa para quem compra o produto ou serviço, como aquele posto de combustível que diz que neutraliza as emissões de carbono, sem dizer e nem mostrar como faz isso (e como se o único veneno que sai do escapamento fosse o CO2). Tentam convencer que gastando alguns trocados a mais podemos estragar o planeta à vontade, como se comprássemos um alvará de assassinato. Compre nosso carro, queime nosso combustível, mas durma tranqüilo: você é uma pessoa comprometida com o meio ambiente.
Em tempo: o anúncio foi proibido na Alemanha. Mas não é por exagerar na comparação, por mostrar um carro estacionado em local proibido, nada assim. Foi por desrespeitar uma lei que obriga a mostrar informações sobre o consumo de combustível e emissão de CO2…
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Reflexões
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