Como transportar a bike em ônibus de viagem

Quando a gente viaja de bicicleta, geralmente tem algum trecho do percurso em que vamos precisar transportar a bicicleta em um ônibus de viagem.

Decreto nº 2521/1998, de 20/03/1998, publicado em 23/03/1998.    

SEÇÃO VII

Da Bagagem e das Encomendas

Art. 70. O preço da passagem abrange, a título de franquia, o transporte obrigatório e gratuito de bagagem no bagageiro e volume no porta-embrulhos, observados os seguintes limites máximos de peso e dimensão:

I – no bagageiro, trinta quilos de peso total e volume máximo de trezentos decímetro cúbicos, limitada a maior dimensão de qualquer volume a um metro;

II – no porta-embrulhos, cinco quilos de peso total, com dimensões que se adaptem ao porta-embrulhos, desde que não sejam comprometidos o conforto, a segurança e a higiene dos passageiros.

Parágrafo único. Excedida a franquia fixada nos incisos I e II deste artigo, o passageiro pagará até meio por cento do preço da passagem correspondente ao serviço convencional pelo transporte de cada quilograma de excesso.

A lei nos dá amparo para transportar bagagem até um certo volume (veja quadro ao lado). Só tem um problema, a bicicleta montada dá mais do que o volume permitido! Portanto, se o motorista encrencar, ele estará com a razão (mesmo que não saiba disso) e fica difícil discutir. Você vai ter que fazer o seguinte:
– abaixar totalmente o selim
– tirar as duas rodas
– colocar uma roda de cada lado do quadro, presas a ele de alguma forma
– embalar, o que pode ser feito com um saco de lixo preto mas fica melhor se for feito com papelão

Se você for ver, é exatamente o mesmo procedimento de embalar num mala-bike, com a diferença que o mala-bike é caro e difícil de carregar depois. Essa solução do papelão ou saco de lixo tem a vantagem de você poder jogar no lixo quando chegar no destino e improvisar de novo quando precisar embarcar mais uma vez. A não ser que você tenha onde deixar o mala-bike para pegar na volta, antes de reembarcar, o papelão ou saco de lixo é a solução.

Alguns motoristas reclamam porque ficam preocupados com a possibilidade da bike estragar a bagagem de algum passageiro, o que é dor de cabeça para ele. Nesses casos, se você embalar com papelão o cara não reclama. Tem outros que querem lucrar sobre a sua desinformação mesmo, aí se ela estiver embalada você pode esfregar o texto da lei na cara dele. Mas o principal é desmontar e embalar, para ela se enquadrar na lei.

Eu viajei com a bike no ônibus duas vezes (mesma viagem, uma vez na ida e outra na volta) e dei sorte de conseguir colocar ela montadinha no bagageiro, sem embalar. E ainda por cima eram duas bikes.

As duas bikes cheias de terra, no bagageiro do busão
As duas bikes cheias de terra, no bagageiro do busão

Na ida foi complicado, o motorista encrencou, disse que não ia levar, mas como tinha meio bagageiro sobrando ele teve que deixar. Na volta, o motorista não falou nada, mesmo as bikes estando sujas de terra. Mas também elas estavam isoladas numa das três partes do bagageiro, sem contato com a bagagem de ninguém. Quando descemos, o motorista nos abordou com um sorriso e disse que adorava ver bicicleta no bagageiro do ônibus. Ele contou que era presidente da associação dos colecionadores de bicicleta de Itajaí (se não me falha a memória) e que tinha mais de 70 bicicletas em casa. Mas pegar um motorista desses é ganhar na loteria! 🙂

Detalhe: isso aí aconteceu em Santa Catarina (viação Catarinense). Aqui em São Paulo, os motoristas são bem mais intransigentes e “espertos”.

Tem gente que faz a Carteirinha de Cicloturista da Federação Paulista de Ciclismo. Não precisa se associar, não precisa ser residente no estado de São Paulo e é de graça. Não tem nenhum efeito legal, mas tem essa lei aí no verso dela e tem cara de “oficial”, o que ajuda a convencer alguns motoristas de que você tem o respaldo de uma associação e conhece seus direitos. Um amigo meu já conseguiu embarcar a bike na base dessa “carteirada”… Mas se você não estiver dentro da lei, ou seja, com a bagagem dentro do limite de volume, não adianta nada.

Outra iniciativa que vale citar: tem um pessoal do Clube de Cicloturismo juntando assinaturas para permitir o embarque de bicicletas em ônibus, veja aqui. Dá pra fazer assinatura on-line, participe!

28 comentários em “Como transportar a bike em ônibus de viagem

  1. Sempre fica na mão de algum funcionário criar caso.
    Sempre transportei minha bike montada e sem precisara embalar. A gente faz o Caminho da Fé e quando chega em Aparecida/SP, pode colocar no ônibus da Viação Cometa e trazer sem problemas. Já chegamos a levar 20 bikes montadas e não teve problema.
    Só que essa semana precisei voltar para casa, quando estava em Ouro Fino/MG. E a única empresa que atendia a cidade era o Expresso Gardênia. O motorista só ia transportar se ela fosse embalada. Fui procurar alguém da empresa e me disseram que o motorista é quem tinha a decisão final. Bom, o motorista acabou deixando eu trazer a bike, se ficasse num bagageiro separado.
    Sentei numa poltrona ao lado de um funcionário da empresa e ele me falou que já aconteceu de estragar bicicletas caras e o dono processar a empresa, sendo que o motorista é que teve que pagar.
    Na verdade, eles não sabem o que falam. Se é norma da empresa todos funcionários deveriam saber. Acabam dando qualquer desculpa por não saberem como agir.

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    1. Acabei de passar por algo semelhante no RS com a empresa Citral. Ja carreguei minha BMX diversas vezes nos onibus deles e nunca fui proibido de carregar e quando liguei para eles perguntando se tinha alguma coisa que precisava fazer para levar a Bmx, me responderam que nao. Que era apenas pedir ao motorista ou o cobrador que um deles guardariam no bagageiro. Entao depois de varias vezes usar esse metodo, hoje passei por esse caso , de o motorista me dizer que o Daer nao permite bicicletas sem embalagem ao redor. Ai disse a ele que nao tinha mais oassageiros que iriam usar o bagageiro, entao ele disse que nao fazia diferenla a mala de outro, mas sim o que o Daer manda. Pesquisei aqui no site deles e mostrei ao motorista que nao e o Daer quem tem que permitir ou nao, entao ele acabou deixando depois de muita incistencia de minha parte. Concordo muito com vc sobre os motoristas serem mal treinados sobre esses casos.

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