Ciclofaixas aos domingos: como vão funcionar

Após muita informação parcial, veio a comunicação oficial de que essas ciclofaixas serão mesmo implementadas. E na data anunciada, 30 de agosto. O circuito ligará três parques que ficam próximos um do outro – Ibirapuera, das Bicicletas e do Povo – e funcionará aos domingos, das 7h da manhã ao meio-dia.

Traçado da ligação entre parques por meio de ciclofaixas aos domingos. Clique para ampliar.
Imagem: SMT/Divulgação

A SMT não diz, mas os desenhos aplicados sobre o mapa (ao lado, clique para ampliar) dão a entender que a sinalização vertical (placas) indicará, ao longo do percurso, que aos domingos e naquele horário específico há bicicletas transitando naquela faixa. As placas me parecem muito parecidas com a que existem atualmente sobre as faixas de ônibus.

A ligação entre os parques será feita pelo que a SMT chama de “ciclofaixas operacionais”. O comunicado não explica o que querem dizer com esse termo, mas provavelmente serão isoladas do fluxo de carros por cones ou algum outro obstáculo removível. Não sei se haverá sinalização de solo.

Pessoalmente, considero importante isolar o fluxo, por dois motivos principais. Primeiro, para ensinar a motoristas desavisados que aquele espacinho ali do canto está reservado para as bicicletas. São Paulo não tem essa cultura ainda e, como medida educativa e de segurança, acho interessante fazer isso ate que se crie o hábito de ter a ciclofaixa ali, tanto em termos de volume do fluxo de ciclistas como pelo respeito dos motoristas ao espaço exclusivo.

Em segundo lugar, como a ciclofaixa é desativada todo o tempo e só funciona aos domingos, enquanto não houver massa suficiente de ciclistas circulando, é importante mostrar que, naquele momento pelo menos, a ciclofaixa está “ativada” e o espaço deve ser respeitado.

Separada dos demais veículos ou não, o mais importante para a inicativa das ciclofaixas funcionar e se tornar segura é a presença de ciclistas. Quanto mais gente usando as ciclofaixas, mais seguro para todo mundo. E eu espero, sinceramente, que essa ciclofaixa seja segura para os pais pedalarem com seus filhos de um parque ao outro.

Traçado

Apesar da SMT não ter divulgado explicitamente os nomes das ruas e avenidas onde as ciclofaixas serão implementadas, um olhar atento sobre o mapa permite identificar as ruas por onde o percurso deve passar.

Segundo o mapa, a ligação entre os parques do Ibirapuera e das Bicicletas será feito pela própria Av. República do Líbano. Aparentemente, a ciclovia começará, no Parque do Ibirapuera, no portão próximo ao Viveiro Manequinho Lopes, seguindo até a Av. Ibirapuera e virando à esquerda para entrar no Parque das Bicicletas.

Não há indicação no mapa e nem informação no texto que recebi que indique se a ciclofaixa será em alguma faixa central da avenida ou nas laterais, mas faz mais sentido ser junto ao canteiro central, já que os carros virando à direita em ruas e estabelecimentos comerciais precisariam passar pela ciclofaixa. Creio que antes mesmo do sia 30 de agosto as placas serão colocadas, logo vamos ver no que a CET pensou.

O caminho que leva ao Parque do Povo parte da metade desse percurso da Av. República do Líbano, seguindo pela Av. Hélio Pellegrino até a Av. Juscelino Kubitschek, onde o ciclista vira à esquerda para prosseguir por ela até o Parque do Povo, que fica na altura da R. Funchal.

Montei o mapa no Google Maps para facilitar a consulta, clique aqui para abrir.

Será que vai “pegar”?

Segundo Walter Feldman, Secretário de Esportes do município e defensor da iniciativa, essa ligação entre os parque é um piloto, ou seja, uma experiência inicial para ver se funciona e se tem utilização. A iniciativa é bem inovadora em uma cidade que tem por histórico priorizar e incentivar o uso do automóvel e, por isso mesmo, precisa ser implementada aos poucos. Mesmo porque, no início a tendência é ter pouca gente usando. Já pensou se colocam ciclofaixas na cidade inteira e ninguém usa, porque ainda não sabe que está lá, porque ainda não criou o hábito? Os defensores do modelo de mobilidade atual, centrado nou automóvel, diriam que não existe bicicleta na cidade e que é bobagem investir nisso… (ha!)

Segundo Feldman, se a iniciativa “pegar”, ou seja, se tiver bastante utilização, será ampliada “para a cidade toda”. O traçado que a que ele se refere provavelmente é o que foi publicado no jornal Metro um mês atrás, chegando até o Parque da Aclimação. O Secretário pede o apoio dos ciclistas à iniciativa. E é de nosso interesse que essas ciclofaixas funcionem e demonstrem a demanda reprimida por infraestrutura cicloviária em São Paulo, portanto vamos lá!

A implantacao sera gradual e, se pegar, na cidade toda. Bogota tem 120k de Ciclofaixas aos domingo, por ex.
Walter Feldman, Secretário de Esportes,
via Twitter

A estimativa da SMT é que 5 a 10 mil bicicletas passem pela ligação a cada domingo. Vamos ajudá-los a chegar nesse número: limpe a poeira da sua bicicleta, passe um óleo na corrente, regule os freios e ajude a mostrar que há demanda para infraestrutura que incentive o uso da bicicleta nessa cidade. Domingo, dia 30 de agosto, aproveite a manhã para passear no parque do Ibirapuera e conhecer os outros parques, que ficam ali por perto.

Precisamos do apoio de todos os ciclistas. Mesmo!
Walter Feldman,
Secretário de Esportes,
via Twitter

O circuito é todo plano e pode ser vencido por qualquer pessoa, até por quem está fora de forma. Não há NENHUMA subida o caminho todo e o percurso é sinalizado, não tem como se perder. É a oportunidade ideal para quem ainda tinha receio de pedalar nas ruas.

Essa iniciativa é voltada ao lazer, mas tem potencial para dar uma visibilidade enorme para a quantidade de bicicletas que circula nas ruas, mas que detrás dos vidros “filmados” dos carros fica difícil enxergar.

14 comentários em “Ciclofaixas aos domingos: como vão funcionar

  1. Oi Thiago. Entendo sua preocupação e sempre vai ter mesmo algum motorista mané que vai preferir pensar assim (aliás, eles pensam que bicicleta não deve usar a rua e pronto, com ou sem placa). Mas as placas não dizem “apenas aos domingos”. É como nas faixas de ônibus que são exclusivas apenas em determinados dias e horários: nos outros dias e horários, os ônibus podem trafegar ali também, apenas a faixa não é mais exclusiva.

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  2. Mas aí colocar placa dizendo que em tais horários tem bicicletas não dá a entender que nos outros horários NÃO DEVE TER bicicletas ali?

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  3. Oi Claudio, esqueci de colocar isso no texto: são aproximadamente 5km. Se você entrar no mapa que eu tracei no Google Maps (link ali no texto) e clicar nos traçados, ele dá a distância. Somando os dois traçados que eu fiz, dá um pouquinho menos de 5km.

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  4. é, toda mudança vem aos poucos, e sim, será um sucesso essa ciclofaixa, minha namorada e eu estaremos lá; noticiarei à galera que anda a noite com o Prê.

    abs

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