Ciclovia Rio Pinheiros, vista a partir do acesso da estação Santo Amaro. Foto: Willian Cruz

Sem aviso, Ciclovia Rio Pinheiros é interditada por três semanas em São Paulo

Obras de novas pontes e novo acesso interrompem fluxo de bicicletas. Veja a alternativa oferecida aos ciclistas, que foram surpreendidos com a interdição.

Ciclovia Rio Pinheiros, vista a partir do acesso da estação Santo Amaro. Interdição ocorre a partir deste ponto. Foto: Willian Cruz
Ciclovia Rio Pinheiros, vista a partir do acesso da estação Santo Amaro. Interdição ocorre a partir deste ponto. Foto: Willian Cruz

A Ciclovia Rio Pinheiros está interditada entre a Estação Santo Amaro e a Ponte João Dias, desde esta terça-feira 2 de dezembro. A interdição ocorre somente nos dias úteis e deve durar três semanas. Diferente do que ocorreu em outras ocasiões, os ciclistas não foram avisados com antecedência e foram surpreendidos com a interrupção.

“Depois de uma reunião que aconteceu no canteiro de obras da Odebrecht, no complexo viário Itapaiúna, em 10 de novembro, com a presença de ciclistas e representantes da CPTM, ficou combinado que a interdição do trecho da Ciclovia Rio Pinheiros seria avisada com antecedência para dar tempo de comunicar os ciclistas”, conta o Diretor de Comunicação do Instituto CicloBR, Felipe Aragonez. “Infelizmente isso não aconteceu e fomos pegos de surpresa”, completa.

A interdição se deve à construção do Complexo Viário Itapaiúna, obra da Operação Urbana Consorciada Água Espraiada, que contempla ainda o prolongamento da avenida Chucri Zaidan até a avenida João Dias e já contou com a construção da Ponte Estaiada (Otávio Frias Filho).

Detalhe de onde serão construídas as novas pontes. Imagem: Reprodução/Prefeitura de São Paulo
Detalhe de onde serão construídas as novas pontes. Imagem: Reprodução/Prefeitura de São Paulo

Ciclovia na ponte e novo acesso

Serão construídas duas pontes sobre o rio, denominadas Laguna e Itapaiúna. A ponte Laguna dará acesso à ciclovia, com pistas de bicicleta nos dois sentidos, totalizando seis metros de largura, como antecipamos aqui no Vá de Bike em fevereiro deste ano (saiba mais).

Já a ponte Itapaiúna não terá ciclovia. “Outra promessa [durante a reunião] foi a divulgação de um estudo para implementar uma ciclovia na Ponte Itapaiúna”, alerta Aragonez. “No projeto original a obra não tem ciclovia, o que fere uma lei municipal e vai contra a política pública da atual gestão municipal de São Paulo”, afirma o diretor do Instituto CicloBR. De fato, ao anunciar as medidas de proteção de pedestres e ciclistas em pontes, em 7 de outubro deste ano, o prefeito Fernando Haddad declarou: “daqui para frente, toda ponte tem que ser pensada neste sentido”.

Embora o projeto da ponte seja anterior à declaração do prefeito, a legislação municipal obriga a construção de via para ciclistas em novas pontes desde 1995. O decreto 28.485, que regulamenta a lei 10.907, determina que “novos projetos que impliquem em construção de pontes, viadutos e aberturas de túneis” devem prever ciclovias. A lei citada dispõe sobre a mesma obrigatoriedade em avenidas. Entenda aqui.

Van com carreta rack transportará ciclistas e suas bicicletas através da área da obra. Imagem: Metrô/Reprodução
Van com carreta rack transportará ciclistas e suas bicicletas através da área da obra. Imagem: Metrô/Reprodução

Alternativa para os ciclistas

Está sendo disponibilizado o transporte por vans pela área de obra, na pista antiga, perfazendo um trajeto de cerca de 7 km. As vans transportam uma pequena carreta atrás, com suportes, para carregar as bicicletas. O tráfego de bicicletas não poderá ser liberado por se tratar de um canteiro de obras, com movimentação de máquinas e materiais que poderiam representar risco aos ciclistas.

Os veículos serão disponibilizados pela Odebrecht, empresa responsável pela obra municipal. As obras ocorrem somente nos dias úteis e aos finais de semana e feriados o tráfego de bicicletas será liberado.

Vans com carretas já haviam sido utilizadas anteriormente, em pelo menos duas ocasiões. A última foi para um trabalho de elevação de linhas de transmissão de energia, que passam sobre o rio.

Segundo a CPTM, os usuários da Ciclovia Rio Pinheiros estão sendo informados por meio de placas perto do ponto de interdição e por funcionários da construtora em postos de vigilância no local. Há placas instaladas ao longo da ciclovia com informações sobre o novo trecho interditado e orientação sobre a utilização de vans. Mais informações pelo telefone 0800-0550121.

Serão instalados barreira fixa com gradil e posto de vigilância nos pontos de interdição temporária, ao lado Estação Santo Amaro e sob a Ponte João Dias, para orientação e proibição da circulação de ciclistas no trecho interditado e para controle de entrada e saída de pessoas e veículos autorizados.

12 comentários em “Sem aviso, Ciclovia Rio Pinheiros é interditada por três semanas em São Paulo

  1. Seria interessante que houvesse também a ciclovia da margem oposta a “antiga” ciclovia da Ponte Cidade Jardim a Ponte Jaguaré. E tivessem ciclopassarelas permanentes e adequada entre as ciclovias. Assim as alternativas no casos de interdição seriam automáticas. Precisamos que as ciclopassarelas perto das pontes tenham essas possibilidades.

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  2. Apesar de, ipsis literis, a ponte Itapaiúna precisar de ciclovia, deveríamos considerar que ela é uma “meia ponte”, junto com a Ponte Laguna. A ideia é que o tráfego de cada uma tenha um só sentido. Considerando isto, acho que não é grave só ter ciclovia em uma delas, visto que os acessos aos bairros e às duas margens cicláveis do rio serão possíveis (e, pelo projeto, de ótima qualidade).

    Porém, acho que a CPTM mandou muito mal de não ter avisado com antecedência, por mais que a decisão possa ter sido rápida. Recebi o aviso pois acesso o site da CPTM com frequência. Não fosse isso, teria dado de cara com um bloqueio na terça, e teria que ficar esperando a van chegar…

    Uma coisa que não ficou clara para mim: a margem oeste também foi bloqueada? Porque se não foi, ainda dá pra fazer o trajeto até a Ponte do Socorro por ela, e daí em diante pelo bairro, que é melhor que nada.

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    1. Bruno, tendo acesso em apenas uma delas, apenas as pessoas que estão em uma das margens do rio terá acesso à ciclovia, as demais terão que dar uma volta de quilômetros.

      Não temos informação sobre bloqueio na margem oeste.

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    1. Banco é uma instituição financeira, não social, e talvez por isso se fosse só por eles os bancos iam preferir ter as bicicletinhas em areas de trafego que gerem lucro para eles (não pelos 10 reais mensais, mas sim pela propaganda que a bicicleta faz). Entretanto, essas bicicletas do itau até onde eu sei fazem parte de um acordo com a prefeitura e totalizariam 400 estações (220 instaladas), mas não se tem um mapa de onde serão as instalações porque ainda não deve ter sido definido (eu mesmo moro na vila mariana próximo a ciclofaixa e não tenho uma estação tão perto de casa assim). Também não se sabe qual foi esse acordo com a prefeitura, e sinceramente eu não sei a quem perguntar, talvez a secretaria de transportes.

      Eu acho que ta na hora da perefiria começar a ser contemplada com bikes e ciclofaixas/ciclovias de maneira mais concisa. Já se tem ciclofaixas em algumas partes da Z. Sudoeste mas um pedaço gigante da cidade pro lado de Diadema (e quem mora em Diadema tem que pressionar a prefeitura de Diadema) não tem ciclovia e tem milhares de viagens de bike todo dia (minha sogra mora por ali e eu já vi de perto como é).

      Zé, eu acho que o lance é exigir mais comunicação e pedir as ciclofaixas nos locais que você acha que faz falta. Houve uma reunião a um tempo para isso, tem um artigo aqui mesmo no Va de Bike que tenho certeza que você gostaria de ler.

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    2. Já que falou sobre o bikesharing, na cidade de São Paulo, há dois sistemas, o Itaú e o do Bradesco. O Itaú é o que tem mais estações, no momento, mas o Bradesco também tem estações de bikesharing: http://veja.abril.com.br/blog/cidades-sem-fronteiras/2014/03/14/bikes/

      Em alguns lugares, como a Zona Oeste, Jaguaré aparentemente tem a maior quantidade de ciclofaixas. Claramente, Jaguaré é periferia sem dúvida alguma. Embora a sede do Bradesco seja a mais próxima. Não há estações de ambas as iniciativas perto, por exemplo, do Parque Villa-Lobos, na região da Vila Leopoldina.

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  3. Willian, realmente teremos acesso completo no fim de semana? Pergunto por causa da Rota Marcia Prado no dia 14. Estava pensando em pegar as avenidas da cidade para chegar em santo amaro caso houver interdição.

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    1. Felipe, a comunicação oficial diz que aos fins de semana a obra será interrompida e a circulação restabelecida. Também tentarei fazer esse percurso. Estou pensando em combinar o “bonde do Vá de Bike”, deixa só eu conseguir me programar aqui direitinho.

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  4. “No projeto original a obra não tem ciclovia, o que fere uma lei municipal e vai contra a política pública da atual gestão municipal de São Paulo”
    Mas a política pública municipal vai contra a política pública federal (e olha que estamos falando do mesmo partido).

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