Tipos de bicicleta para cada uso (e o que levar na pedalada)

Já que eu preciso publicar alguma coisa aqui senão o iG cancela o blog por inatividade, vou postar uma resposta de um e-mail que recebi pedindo umas dicas de ciclismo. Vai acabar sendo útil pra alguém que cair aqui.

Se alguém que estiver lendo quiser me perguntar alguma coisa, mande um comentário. O que eu souber eu respondo! 🙂

Se você ler isso aí e discordar, deixe também um comentário que a gente discute o assunto. 😉

Mais pra frente eu posto uns outros textos de ciclismo que eu escrevi e estão aqui na manga, só precisam de uma revisão antes de ir pro ar. No fim era pra isso aqui ser sobre TI, gestão, etc, mas tá virando site de ciclismo…

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> Mas vou pedir mais umas dicas: De como onde e que tipo de
> bike para trilha e passeio no asfalto, uma bike pode servir
> para os dois passeios??

Não entendi o “como e onde”, mas quanto ao tipo de bike para cada coisa, depende do tipo trilha, depende da distância e/ou ritmo que você pretende ter no asfalto.

As mountain-bikes são bicicletas que a priori atendem a todo tipo de terreno (tanto que em portugal em nos países hispânicos são chamadas de BTT – Bicicletas Todo Terreno). Mas se você for fazer um percurso longo, é melhor pelo menos trocar os pneus por pneus slick (lisos e, de preferência, finos), porque isso vai deixar a bicicleta mais “leve” por ter menos atrito com o solo.

Seria mais ou menos isso:

– Para andar dentro da cidade, apenas em ruas asfaltadas: qualquer tipo de bicicleta, seja estradeira, mountain-bike, bicicletas de passeio, comfort-bikes, reclinadas, etc., etc. Com uma ressalva: se o asfalto for muito ruim e esburacado, ou se parte do percurso é de paralelepípedos ou outro tipo de piso baseado em blocos de pedra/concreto/etc., fica ruim para uma bicicleta de estrada.

– Para pegar estrada de asfalto, o ideal é uma estradeira, que o pessoal geralmente chama de speed, aquelas bicicletas que têm um conjunto mais leve, que colocam o ciclista em uma postura mais aerodinâmica, tem pneus finos, etc. Reclinadas também se dão muito bem nesse tipo de terreno, principalmente se a distância é longa. Dá pra usar mountain-bike também, mas é bom trocar os pneus por pneus slick, que são mais finos e sem cravos (senão haja perna) e quem estiver em uma MTB não vai conseguir acompanhar o ritmo dos speedeiros, não só porque a bike é mais pesada mas também pela aerodinâmica do conjunto e pela relação de marchas. Se o grupo todo estiver de MTB, beleza, mas de speed você iria mais longe.

– Para fazer uma cicloviagem (uma viagem de vários dias usando como meio de transporte principal a bicicleta) você precisa de uma bicicleta diferente, que não é uma mountain-bike e nem uma estradeira, que tenha bagageiros para pendurar alforges e etc. Para isso é preciso preparo (psicológico e físico) e planejamento, se um dia você for querer fazer isso posso te indicar umas boas fontes de consulta.

– Para fazer trilhas leves (basicamente estradas de terra sem muitas pedras nem buracos), você precisa de uma mountain-bike, que pode ser até essas bicicletas de supermercado que chamam de mountain-bike mas que pra mim não são, são bicicletas de passeio. Outros tipos de bicicleta estão fora de questão (com exceção de alguns tipos de reclinadas).

– Para fazer trilhas de nível técnico médio e alto (estradas de terra muito esburacadas, com pedras, “costelas” e valetas, single-tracks, barro, etc.) você precisa de uma mountain-bike de verdade (as de supermercado não aguentam). Essa bike não precisa necessariamente ter suspensão atrás, mas tem que ter quadro e rodas resistentes, pneus adequados e uma suspensão razoável na frente, além de um conjunto de peças que não coloquem em risco a sua segurança. Comprar uma bicicleta de 100 reais e ir pra uma trilha de verdade com ela é ter que deixá-la por lá (e talvez deixar alguns dentes junto com ela).

– Para fazer Downhill (que a grosso modo é descer ladeira), você precisa de uma bicicleta especializada e cara, além de muita técnica. No downhill o ciclista precisa saltar obstáculos em meio à descida, literalmente “cair” no que chamamos de drops e enfrentar situações de risco e perigosas. Quem pratica isso a sério o considera, junto com o Freeride, como “o lado extremo do ciclismo” (embora pra mim isso seja uma definição mais egocêntrica do que descritiva, porque passar dias viajando de bicicleta sozinho no meio do nada tanbém é um tanto “extremo”). De qualquer forma, é preciso uma bicicleta muito boa, equipamento de proteção adicional (capacete fechado, colete, joelheira, etc.) e uma boa dose de coragem. Talvez até um pouco de falta de instinto de auto-preservação, hehe.

Quanto a uma bike servir para os dois tipos de passeio, dá pra subentender do texto acima, mas é mais ou menos o seguinte: se você tem uma estradeira, você consegue fazer estrada e passeios no asfalto (mas cuidado com buracos e valetas, podem estragar as rodas). Se você tem uma mountain-bike, consegue fazer tudo, mas se for pegar estrada recomendo trocar o tipo de pneu.

Se você tiver uma bicicleta de baixo custo, dessas de supermercado, consegue fazer passeios no asfalto, trilhas leves e até um pouco de estrada, mas com algumas ressalvas: em trilhas leves ela pode quebrar ou entortar a roda e te deixar na mão; em estrada, ela pode dar algum problema e também te deixar na mão no meio do nada. Em ambas as situações, você pode ter que voltar quilômetros empurrando ela (caso ainda dê para empurrar).

Em qualquer passeio que você for fazer, principalmente se fora do perímetro urbano, é bom todo mundo levar:

– Água: essencial

– Comida: não precisa levar marmita, pode ser barrinha energética, biscoito ou um sanduíche pequeno de pão com geléia, por exemplo. Você não vai querer ficar de barriga cheia, mas também não pode passar fome. Se o passeio for na cidade, você pode fazer uma parada em algum lugar para comer alguma coisa e tomar um suco. Recomendo que não tome refrigerante e prefira água, suco ou isotônico, porque refrigerante mata a sede mas não hidrata o corpo.

– Ferramentas: você pode precisar apertar algum parafuso no meio do caminho. Se sua bike é boa, você só precisa de chaves allen, que são vendidas em forma de um “canivete” que em vez de lâminas tem diversos tamanhos de chave. Chave de corrente também é bom ter, se ela quebrar você tira o elo ruim e emenda de novo, pra poder pedalar até em casa (depois compre outra corrente!).

– Câmara reserva: se furar o pneu, você troca a câmara e continua. Não esqueça as espátulas para tirar o pneu e, se a bicicleta não tiver blocagem, da ferramenta para tirar a roda. Se o percurso for longo, leve duas câmaras.

– Kit de remendo: se todas as câmaras furarem, você vai precisar remendar alguma delas para prosseguir. Um kit de remendo custa 2 ou 3 reais e quase não ocupa espaço, não custa levar. Consiste em cola, lixa e pedaços de borracha especiais para fazer o remendo (antigamente chamados de manchões), que devem ser previamente cortados em círculos do tamanho de uma moeda.

– Um documento (pode ser uma xerox do RG) e um papel com o telefone de um parente em caso de emergência e seu tipo sangüíneo, para poderem te ajudar se for necessário. A gente torce pra nunca precisar, mas também não custa nada levar. Isso pode ajudar a salvar sua vida.

Acho que deu pra dar uma geral, se tiver mais dúvidas é só perguntar de forma mais específica, que no que eu souber ajudar, eu te ajudo.

Meio que por acaso eu acabei citando nessa mensagem algumas modalidades de ciclismo, mas ainda existem outras, como BMX e Trial, que não se aplicam ao contexto do nosso papo (até agora). Trial é algo muito bonito de se ver e muito difícil de se fazer. Se tiver oportunidade de assistir a alguma apresentação, vá.

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65 comentários em “Tipos de bicicleta para cada uso (e o que levar na pedalada)

  1. olá, meu marido comprou essa bicicleta para o meu filho, queria saber se ele conseguirá dar grau com ela, pois nas expecificações vem escrito que ela é de trilha, ele tem 1,72
    *bicicleta alumínio aro 29 ksw 24 velocidades freio a disco krw16 tamanho 15,5*

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    1. Daniela, não tem jeito, bicicleta com rodinhas vai acontecer isso mesmo. O que você pode tentar é dar a ele uma “bicicleta de equilíbrio” ou “balance bike”, que é uma bicicleta sem rodinhas mas também sem pedais, para que a criança mantenha os dois pés no chão o tempo todo e aprenda a se equilibrar antes de pedalar.

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  2. Oi estou iniciando gostaria de comprar uma bicicleta para fazer pedal de cicloturismo, estrada de terra e paralelepípedos.Preciso de uma sugestão de modelo que seja confortável, resistente,de fácil manutenção e que me de uma posição confortável em relação a coluna, minha altura é de 157 cm e peso 60 kg.

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  3. Olá!!
    Tenho 1,65m de altura e peso 65kg.
    Quero uma bike para ir e voltar do trabalho.
    O terreno é asfalto e tem algumas subidas.
    A distância é percorrer será em torno de 20km no total (ida e volta).
    Qual bike é a mais indicada? Não quero uma bike cara.
    Obrigada!
    Mirela

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    1. Ola
      Eu tenho 182cm e 100kg
      Ando uns 10km
      Eu uso uma caloi 100sport
      Ela me atende super bem e esta em uma faixa de preço inferior a 1000 reais
      Nao e super barata mas pelo menos tem um valor de revendo razoavel
      Alem de que vc pode comprar de segunda mao

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  4. Olá, gostei bastante do texto, bem útil.
    Gostaria de algumas dicas mais específicas, para cicloviagem.
    Estou pretendendo fazer uma viagem de Florianópolis-SC até Belém do Pará, mas minha bicicleta foi roubada recentemente, então ainda tenho que comprar uma nova.. (coisas da vida)
    Minha antiga bicicleta era uma mountain bike hard tail (amortecedor só na frente), aro 26, da Vicini. Estava pensando em comprar uma da b’twin, aro 29, também mountain bike hard tail, com marcha da Shimano (modelo altus, a minha antiga também era desse modelo). Gostaria de saber se esse tipo de bike serve para uma cicloviagem assim (cerca de 3600km), e gostaria também de saber a velocidade média e tempo por dia em viagens, pois as medidas de tempo que faço são em trechos curtos de poucas horas, e consigo manter uma média de 20 a 30 km/h, dependendo das condições do terreno (a maioria em terrenos planos). Por ser vários dias e muitas horas seguidas, imagino que a velocidade deva cair bastante, mas não sei quanto exatamente.
    Se puder passar algumas dicas sobre o que levar, além do básico, e caminhos menos perigosos do que as estradas de alta velocidade, eu agradeceria
    A viagem é para daqui um ou dois anos, ainda não tenho o dinheiro para a bike, mas para comprar gostaria de dicas.
    Muito obrigado
    (se for muita coisa e quiser responder pelo e-mail, é hmuller2016@gmail.com)

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  5. Oi, eu tenho uma freeride da Gios e eu queria saber se posso usar ela só para trilhas e asfalto? Principalmente pra pegar estrada. Estou iniciando na parte de trilhas mas já pedalo na cidade e pego estrada de vez em quando.

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  6. Willian, gostei do seu texto, estou em dúvida entre comprar uma MTB e uma híbrida, pois pretendo andar em terra e também em estrada de asfalto. Entendi que podemos ter uma MTB e colocar pneu slick quando formos pro asfalto, mas mesmo assim, eu gostaria que você falasse sobre as bicicletas híbridas.
    Elas seriam capazes de aguentar uma trilha pesada? No outro extremo, numa estrada de asfalto perfeito, elas teriam, de modo geral, desempenho melhor, pior ou igual ao de uma MTB com pneu slick?
    Percebo que geralmente as híbridas não vêm acompanhadas de componentes de ponta como as MTB.

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  7. Prezado ,Bom Dia
    Gostaria de saber qual bike mais indicada para fazer o Circuito Europeu em Santa Catarina ,estrada sem asfalto é um toda de 8 cidades e 300 km, em média 50 km por dia ! Tenho 1 metros e 54 centímetros e meu marido tamanho média ! Adorei seu relato e gostaria que me orientador!
    Obrigada
    Feliz 2017
    Rosana Itonaga

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  8. “Para fazer uma cicloviagem (uma viagem de vários dias usando como meio de transporte principal a bicicleta) você precisa de uma bicicleta diferente, que não é uma mountain-bike e nem uma estradeira, que tenha bagageiros para pendurar alforges e etc. Para isso é preciso preparo (psicológico e físico) e planejamento, se um dia você for querer fazer isso posso te indicar umas boas fontes de consulta.”

    Gostaria de saber qual é a bike ideal para percorrer 1.385 km

    Obrigada espero a resposta

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  9. Oi, sou iniciante e gostaria de comprar uma bicicleta para ir e voltar do trabalho, mas quem sabe as vezes fazer uma trilha.
    Estou em dúvida pois tenho 1,94 de altura e fico imaginando se comprar uma bicicleta aro 26 vai ser muito ruim.
    Gostaria de saber também se eu posso comprar uma bicicleta track & Bikes aro 26 que está em um bom preço.
    Como sou iniciante, estou pensando em comprar uma bicicleta relativamente mais barata e boa para começar, depois pretendo ir incrementando ou comprar outra melhor.

    Valeu

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    1. Estevão, a sua altura não interfere muito no tamanho da roda, você pode andar em uma de aro 26 normalmente, só deve analizar seu bike fit, pode calcular ele dai comprar uma bike do tamanho certo, assim se sentira confortavel em sua bike, OBS: a 29 é bem melhor para passar obstaculos, talvez fosse uma boa opção vc economizar um pouco mais(500 reais +-), dai vc compra uma bike aro 29 melhor que te deixara muito satisfeito

      link que calcula bike fit( http://www.nograu.com.br/bike-fit-no-grau/ )

      espero ter ajudado!!!!

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  10. QUAL A BICICLETA QUE VOCÊ MI RECOMENDA PARA ANDAR EM ESTRADA DE SITIO E TAMBÉM EM ASFALTO ( PE ) DE ÓTIMA QUALIDADE, MACIA, E LEVE?
    SOU NOVATO EM ANDAR DE BICICLETA, POR ISSO ESTOU LHE CONTACTANDO OK AMIGO. AGUARDO RESPOSTA URGENTE PARA COMPRAR A MESMA.

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  11. Olá
    tenho uma mormaii fusion,porém, troquei o amortecedor logan(que vem na bike)coloquei um Capa rst,Troquei os aros por aéreo, ai vem a questão.
    Será que ela aguenta uma trilha? em estradas rurais e tal

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