Omissão da Prefeitura resulta em morte de ciclista em São Paulo
Em 2007, a Prefeitura de São Paulo anunciou a construção de uma ciclovia no eixo da Av. Eliseu de Almeida, Zona Oeste de São Paulo. Se estivesse pronta, o ciclista atropelado por motorista e poder público irresponsáveis, ainda pedalaria por aí. Ciclistas organizam manifestação no local.
Ciclovia deveria estar pronta desde 2010. Ciclistas organizam manifestação no local.
Manhã de terça-feira. Lauro Neri, pedreiro de 49 anos, ia para o trabalho de bicicleta, na Av. Pirajussara – continuação da Eliseu de Almeida. De repente, uma freada e um impacto. Depois disso, mais nada. Uma vida interrompida por um ataque pelas costas, de alguém com pressa demais. Lauro não chegou no trabalho, não voltou para sua esposa. Uma bicicleta a menos.
Em 2007, a Prefeitura de São Paulo anunciou a construção de uma ciclovia no eixo da Av. Eliseu de Almeida, Zona Oeste de São Paulo. A obra ficaria pronta até 2010. Se estivesse pronta, o ciclista que faleceu ali, atropelado por motorista e poder público irresponsáveis, ainda pedalaria por aí.
Demanda
Em 2010, a Ciclocidade realizou uma contagem de ciclistas na Eliseu de Almeida. Nas 14 horas em que a medição foi realizada, foram registrados 561 ciclistas.
Os leitores do Vá de Bike também comentam com frequência a ausência da ciclovia. “Não entendo como o poder público é tão incapaz de implantar algo que milhares de pessoas alguardam com muita expectativa e que está tão simples de executar”, comentou dez dias atrás o leitor Thiago Donadon.
“Queremos a Ciclovia, que é de extrema importancia”, alertava Sebastião Pereira da Silva, ainda em 2011, contando que as obras de canalização do córrego já estavam concluidas. Hoje, um canteiro central sem ciclovia percorre toda a extensão da avenida, prolongando-se pela Pirajussara.
De quem é a ciclovia?
Seguramos a publicação dessa matéria por algumas horas para tentar descobrir em que gaveta está a ciclovia que deveria estar ali, debaixo das rodas da bicicleta de Lauro. A SMT (Secretaria Municipal de Transportes) informou que a responsabilidade por ciclovias é da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) e transferiu a ligação. Na CET, fomos informados que esse projeto estava nas mãos da Subprefeitura do Butantã.
Por sua vez, a Assessoria de Comunicação da Subprefeitura nos respondeu que “a questão da construção da ciclovia diz respeito à Secretaria de Infra-estrutura e Obras – SIURB”. Tentamos contato por bastante tempo no telefone que consta no site da SIURB, sem sucesso (apresentava sempre sinal de ocupado). Terminamos por desistir, para não adiar mais a publicação desse texto.
Não faltaram avisos
Além das cobranças da imprensa e de ciclistas, que chegaram a preparar um abaixo assinado, a Ciclocidade realizou uma reunião com a subprefeitura em setembro de 2010 (que, naquele momento, assumia para si a responsabilidade pela ciclovia).
Nessa reunião, os representantes da entidade ficaram sabendo que o início das obras não ocorreria antes do final de 2011, quando seria concluída a canalização do córrego Pirajussara. A Ciclocidade sugeriu então a possibilidade de uma nova proposta cicloviária, com a infraestrutura para bicicletas junto à calçada. Desse modo, a segurança dos ciclistas naquele importante e bastante utilizado eixo de deslocamento seria atendida mais rapidamente.
Mas, pelo jeito, a imprensa, os ciclistas e a Ciclocidade não foram levadas a sério. A canalização foi concluída, mas as obras da ciclovia estão longe de começar.
As fotos mostram que a bicicleta foi atingida na roda traseira. Lauro certamente não trafegava de ré na avenida. E o corpo do ciclista bateu contra o para-brisa do veículo, indicando um provável excesso de velocidade (ou teria sido arremessado para a frente). Mas a Prefeitura de São Paulo também subscreve esse homicídio, por sua omissão em tornar a via segura para TODOS os cidadãos.
A proteção à vida não pode ter adiamento. Agora, não adianta lamentar o sangue derramado, chamando o descaso de fatalidade.
Manifestação e ghost bike
Uma manifestação está sendo organizada para a noite dessa terça-feira dia 3 de abril. Será instalada uma ghost bike no local, uma bicicleta branca em homenagem ao ciclista, para que os motoristas que passam pelo local lembrem que a pressa pode custar vidas. Mais informações no evento do Facebook.
Triste realidade que vivemos em um país cheio de corrupção e descaso para com o povo,já pedalei muito nessa Av.Eliseu de Almeida quando trabalhei por anos em Pinheiros,como moro perto do portal do Morumbi,eu usei a bike por uns quatro anos para fazer esse percurso de casa-trabalho e vice-versa.Eu vi essa avenida praticamente interditada com obras em seu canteiro central,ouvi rumores sobre a construção sobre essa ciclovia tão sonhada por todos nós,mas passaram-se os anos e no final…nada de ciclovia…se esse governo prestasse um pouco de atenção no povo e menos em seus próprios umbigos,construiria a ciclovia,aproveitando o material existentes lá no local e os homens que lá trabalharam,já que causaram tantos transtornos por anos…pelo menos deveriam ter construido essa ciclovia e uma vida ou quem sabe,até mais vidas poderiam ter sido poupadas,esperamos que os nossos “queridos” governantes tomem vergonha na cara e construa uma coisa que hà anos deveria de estar lá.Até hoje pedalo por essa via,de vez em quando uso ela para ir até Pinheiros,Centro e até a nossa querida ciclofaixa aos domingos e feriados,mas agora quando passo pela ghost bike lá existente,me vem no coração um sentimento forte,uma mistura de revolta e medo.
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Que Deus de muita força para a familia de Lauro, passei por está dor de perder uma pessoa( meu pai Luis Roberto Derico) que amo muito a 2 anos atrás e sei como é doloroso.
E espero que este motoristas paguem aqui por pela vida que tiram e pela dor causada as familias.
Até hoje eu e minha familia estamos correndo atraz de justiça …. espero que o motorista da Viação Pirajuça que atropelou meu para na Br 116 tenha pelo menos um pouco de bom carater e assum o que ele
fez e não continue afirmando que meu pai se jogou na frente do ônibus.
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Que dá raiva dá. A gente xinga pula e grita, mas no fim “é só um lado que está atacando”; o lado fisicamente mais forte. São pessoas que com alguns reais tornam-se “habilitados”, que vivem competindo pelo primeiro lugar, e que muitas vezes não terão qualquer ressentimento em atropelar um de nós, na direção de mais de 500 kg de metal a 60 km/h. Mas violência nenhuma vai resolver nada. Prende hoje, solta amanhã, depois de amanhã tá dirigindo e matando de novo. Temos direitos. mas de que valerão depois do acidente? Pedalada defensiva!!!
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esse é um dos canalhas que temos dirigindo por aí a solta… e não há campanha que de jeito nestes marginais, só cadeia mesmo pois não justifica o cara ter dinheiro pra ter um carro destes e ainda assim não ter educação de transito nenhuma.
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A solução é fazer esse pobre motorista inocente pedalar numa avenida cheia de gente que dirige igual a ele.
Não prende não. Dá uma bike pre ele e solta. Na avenida.
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O motorista prestou depoimento dizendo que o Lauro Neri cruzou o sinal vermelho, mas a bike foi atingida por trás. Bela perícia essa. PS: A roda traseira foi arrancada e parou a 10m do resto da bike. O Lauro mais uns 20m pra frente. A quanto estava o meliante? Devia ter sido preso em flagrante.
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É, se a bike cruzou o motorista cruzou também, e bem mais depressa…
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