Atropelamento na Av. Paulista choca pela frieza do crime
Saiba como ocorreu o atropelamento do ciclista David. O motorista Alex Siwek fugiu levando seu braço no carro, para jogá-lo em um rio.
Sim, crime. Não há como chamar de acidente um atropelamento em que o motorista, assumidamente bêbado e acima do limite de velocidade, além fugir sem prestar socorro ainda leva o braço da vítima dentro de seu carro por 7 km para jogá-lo em um córrego, numa atitude fria e inacreditável.
A caminho do trabalho
David Santos de Souza utilizava a Av. Paulista às 5h50 da manhã de um domingo, 10 de março de 2013. Apesar de ser um importante e muito utilizado corredor para deslocamento em bicicleta, a única estrutura ou sinalização que avisa sobre a presença de ciclistas ali informa a todos que eles só devem estar ali a passeio. E a brincadeira, que só acontece no domingo, deveria iniciar uma hora mais tarde.
Limpador de vidros de edifícios utilizando técnicas de rapel, David saiu de Diadema e se deslocava até o local onde trabalharia naquele dia, próximo ao Hospital das Clínicas. A Avenida Paulista era o caminho óbvio: uma reta só, sem subidas, pelas avenidas Jabaquara, Domingos de Morais, Vergueiro, Paulista e Doutor Arnaldo. O mesmo caminho que muitos ciclistas fazem, ainda que parcialmente, todos os dias de manhã. Seu trabalho começaria às 6 horas e saiu de casa de casa por volta das 4, imaginando que seria apenas mais um dia pendurado em uma corda limpando janelas, algo que gostava muito de fazer, pela adrenalina que a aventura em forma de trabalho lhe dava.
Ao passar pela Avenida Paulista, viu os cones da Ciclofaixa de Lazer já instalados e resolveu pedalar pela área segregada, que deveria ser mais segura.
Atropelamento, mutilação e fuga
Outro jovem, Alex Siwek, um estudante de psicologia de 22 anos, vinha em seu carro pela mesma avenida. Segundo testemunhas, fazia zigue-zague nos cones da Ciclofaixa, em alta velocidade. Alex atropela violentamente David, a ponto de destruir sua bicicleta e decepar seu braço direito. Informações de quem acompanhou o caso em frente à delegacia dão conta de que o vidro da frente do carro quebrou, provavelmente pelo impacto com o corpo, e o braço foi parar dentro do carro.
Em vez de parar, verificar se David estava vivo e acionar o socorro, Alex acelera e foge, levando um braço ensanguentado e inerte dentro de seu carro. Tenta se livrar daquilo que até então era parte do corpo do outro rapaz, imprescindível para seu trabalho. Alex dirige até o primeiro rio que lhe veio à mente, o córrego Ipiranga, na Av. Ricardo Jafet, e atira aquele braço para não mais ser encontrado.
Consequências
Mais tarde, certamente aconselhado pelo advogado que o acompanhou, Alex decide se apresentar ao 78º DP, na Av. Estados Unidos, nos Jardins, numa tentativa de diminuir a punição da justiça. Alegando não saber o que aconteceu com o braço de David, aceitou refazer seu trajeto junto com os policiais para “procurar” o braço pela rua, já que havia chance de reimplante. Mas no meio do caminho admite que havia se livrado daquele pedaço do rapaz que sofria no hospital.
meu tio não pode ficar impune,
não se joga o braço de um
ser humano em um rio”
– Gleice Silva, via Facebook
O Corpo de Bombeiros procurou pelo braço de David no córrego Ipiranga. O ciclista passou por cirurgia para sutura, já que não seria mais possível reimplantar o braço, situação que revoltou a equipe médica.
Esse é um caso em que a vítima pode contar sua versão, algo que Julie Dias e Márcia Prado, mortas na mesma avenida, não tiveram a chance de fazer, sendo culpadas até hoje por algozes que se fazem de vítimas.
O jovem de 21 anos já sabe que perdeu o membro superior e, segundo sua mãe, “está muito assustado”. David terá que se adaptar à falta de um braço, uma lembrança do encontro com Alex que o acompanhará pelo resto de sua vida. Já Alex, com maior poder aquisitivo e bem instruído por seu advogado, fará tudo o que a lei lhe permitir para tentar reduzir ao máximo as consequências do que fez.
O atropelador está detido por não ter prestado socorro e por tentativa de assassinato, ao menos por enquanto. Uma manifestação foi realizada no local do crime, na tarde do domingo.
Infraestrutura
Ciclistas continuarão utilizando a Avenida Paulista, um importante eixo de ligação da cidade, com topografia favorável. É preciso realizar uma intervenção emergencial na avenida, esclarecendo aos motoristas que ciclistas circulam por ali e possuem esse direito, acompanhada de fiscalização firme, enquanto infraestrutura adequada e alterações no viário são implementadas. A histórica omissão do poder público não pode continuar.
É para que casos como esse não aconteçam que ciclistas realizam manifestações que expõem sua vulnerabilidade, como a tão criticada Pedalada Pelada.
Adoro andar de bike, moro aqui em Mogi das Cruzes e as ciclovias daqui são uma porcaria…Esse motorista filho da mãe que atropelou esse rapaz tem que no minimo perder sua habilitação. Que de habilitado ele não tem nada…
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Bom Dia sinval.
Concordo contigo. Uma pessoa que pode encher a boca para falar que é habilitado, tem que conhecer das leis que rege tal habilitação e respeita-las. Vejo que uma punição severa e a perca de sua habilitação sirva de exemplo para outros e evitar mais atrocidades.
Esta ideia de perder a habilitação tem que também ser utilizada para motoristas de ônibus, que por incrível que pareça, estes profissionais parecem que não conhece seus deveres, apenas os direitos.
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Muito triste com tudo isso e impressionado a que ponto a maldade pode chegar
Assim como todos, espero que dessa vez seja feita a justiça e que esse imbecil pague pelos seus atos.
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Mais do que isso, Diogo, é preciso mudar a visão que a cidade passa aos motoristas sobre os ciclistas e começar a atuar para protegê-los (de fato, não só no discurso).
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Puts…. é complicado viver assim, sabendo que no nosso Pais o que manda é o $$$$$.
Só fiquei sabendo desta noticia a noite, muito triste. Hoje foi muito difícil sair para trabalhar com a bike, quase vim de carro. Principalmente que o meu percurso não tem nenhum ponto com ciclovia, então o jeito é tentar dividir a rua com os motoristas.
Mas vamos continuar…… Embora eu sozinho não posso mudar o mundo, faço minha parte.
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Não sei se pela barbaridade do CRIME ou por lembrar que 2 dias antes era eu quem estava nesse horário dando um role de bike mas essa me pegou em cheio. Senti algo que não sentia a muito tempo e que vai contra tudo que eu prego e acredito como solução pra SP. Senti ÓDIO. Peguei minha bike pra ir pra casa da minha namorada e passando pela (bosta) de ciclovia da Faria Lima só imaginava o que faria se levasse um chingo, uma fechada… Inconscientemente pedia por um motivo pra arrebentar um carro, um motorista FDP. Graças a Deus não aconteceu, mas me lembrei daquela frase do Clube da Luta: “sinto vontade de destruir alguma coisa bela”. Foi horrível. Me senti mal pelo garoto, por mim, por todos que vivem em SP.
Não pretendo continuar cultivando essa raiva. Acho que esse desabafo vai ajudar muito nisso, mas, mais do que raiva do atropelador (que merece apodrecer na cadeia) sinto raiva da prefeitura que acabou com a vida de mais um (de uma forma diferente dessa vez). É triste pensar que esse menino podia ter chegado bem no trabalho se houvesse uma ciclovia na Paulista. Ou quem sabe teria ido de transporte publico se houvesse algum esforço do governo pra torna-lo eficiente. Quem sabe até mesmo o atropelador tivesse voltado pra casa de onibus ou metro eles funcionassem 24h pelo menos no fim de semana, ou até mesmo teria voltado cambaleando na sua bike se a Ciclofaixa funcionasse das 20h do sabado as 20h do domingo… Esse menino (Alex) merece sim pagar pelo que fez, mas ainda sim é junto com o pobre Davi mais uma vitima da cultura nojenta que se prega em SP, no BR… Que te diz o tempo todo que tudo bem pegar seu carro, não importa quando, como ou onde. Que te diz que usar transporte publico ou bicicleta é ruim, difícil, perigoso (e faz de tudo pra que isso seja verdade).
Mais um se fudendo por causa da omissão. Mais um na conta da Prefeitura.
Ps.: Desculpem pelos palavroes, pelo odio, pela desilusão. Espero não contagiar ninguem.
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ops onde se le alex leiam davi
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Não pude andar de bike hoje pela manhã pois fui dormir tarde em razão de uma festa ..fui dormir as 5 da manha ,ais ou menos a hora da tentativa de assassinato de nosso colega agora no fim do dia lendo isso pensei que poderia se eu ou milhares de pessoas que usam a ciclofaixa em sp , outra …. duvido que você não tenha imaginado … e se um desgraçado invadir essa ciclofaixa…meu temor aconteceu e acho que minhas pedaladas vão ser bem mais temerosas agora …. esse desgraçado além de acabar com a vida do alex ainda conseguiu destruir a paz de espirito de uma multidão de bikers ….espero que mofe na prisão exemplarmente …ei ai prefeito é contigo faça valer seus votos e torne as coisas melhores….. vamos ver
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Volto a dizer, culturalmente o brasileiro acha que a rua é exclusiva do carro. Muitos acham que só pq seu veículo custou mais caro (o que nem sempre é verdade), ele tem mais direito.
Para os que estão defendendo o motorista em questão, se ele estava bêbado como foi dito, não tem como ele estar certo, digam o que quiserem, mas dirigir bêbado é assumir o risco de fazer besteira, agora que encare as consequências.
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Dirigiu bêbado, atropelou, não prestou socorro, fugiu… até ai blza po. Zero stress. A gente sai de bike pra ser atropelado mesmo. Mas o fdp ainda joga o braço do cara num córrego. PQP, quem tava dirigindo, o capeta??
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Sou e sempre serei a favor do compartilhamento das ruas já que não há a possibilidade de separar os ciclistas.
Mas, para que isto aconteça com segurança na mais paulista das avenidas assim como em outras com várias pistas, onde os motoristas acreditam que o fluxo tenha que ser mais rápido, tenho uma proposta que pode ajudar: que tal as duas pistas da direita terem suas velocidades máximas reduzidas para 30 km/h, para um compartilhamento mais seguro? Radares eletrônicos ajudariam muito a controlar, obstáculos como aqueles tijolinhos amarelos também. As soluções têm que aproveitar a estrutura existente? Esta é viável.
Infelizmente o povo só aprende quando se mexe com o dinheiro, por isso multas, pontos na carteira, etc, também devem ser aplicadas.
Uma legislação mais rígida? Motoristas que fizerem qualquer infração nos três primeiros anos de CNH só voltam a se candidatar a uma nova carteira depois de cinco anos; se depois disso houver reincidência, nada de CNH.
Educação ou isso. Outra alternativa? Outras mortes.
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Vera concordo com vc, e a sua sujestão é bem viável agora eu pergunto: quem que vai peitar os caras pra que isso aconteça? acredito que nem se a mãe deles for atropelada e amputada isso aconteceria de pronto. Ainda teremos que batalhar muito pra provar que a rua pertence a todos e que todos tem que respeitar o outro que ali se encontra seja ele, carro,bikes,pedestres.Educação é tudo num país e o nosso Brasil ainda está engatinhando nesse quisito, infelizmente para os ciclistas isso ainda vai demorar a acontecer mas nao podemos deixar de lutar porque essa batalha será ganha um dia se Deus quiser e Ele ha de querer!
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Eu fico muito triste com isso. Após quase dois anos planejando finalmente comprei uma bike. Hoje foi meu primeiro dia usando-a na ciclofaixa de lazer… e a tarde vejo uma notícia dessa!
O que vem na minha cabeça é educação. Nosso país precisa urgente de educação e pessoas com a plena consciência de que vivemos em sociedade e não chegaremos a lugar algum não respeitando as regras e a conduta de boa convicência. Em meu primeiro pedal por SP constatei algo que já suspeitava. Existem motoristas mal-educados, ciclistas mal-educados e pedestres mal-educados. Então acredito que o primeiro passo para mudar essa situação doente da nossa sociedade é educação e punição para quem não segue as regras.
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Fabio,
Continue firme nas pedaladas, meu caro.
Concordo que a educação é ponto fundamental, embora seja um processo. Nada de imediato.
Mas, a despeito de toda essa discussão, a VIDA em primeiro lugar. Sempre. Sempre. E um automóvel passa de utilidade à arma num segundo.
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Caro Ricardo, muito obrigado pelas palavras de apoio!
Não pretendo mesmo desistir desse projeto que iniciei.
Acredito sim que podemos melhorar a cidade em que vivemos com ações simples… como vc mesmo escreveu, isso é um processo e nada muda de imediato… sendo assim, quero muito fazer parte desse universo ciclista e contribuir para uma mudança positiva!!
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Excelente! Leia muito, comece devagar, dias calmos, horários favoráveis, muita atenção, nada de fone, iluminação e retrovisor.
E, se não é frequente aqui no site, visite com frequência. O VdB faz a diferença! ;o)
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passei pelo local do acidente logo após o ocorrido, vi muito sangue pelo chão e me veio na lembrança a morte de meu pai que embora estivesse de carro foi arremessado para fora e teve morte instantanea, o motorista que causou o acidente fugiu e nunca foi encontrado, isto foi em 1973 eu tinha 13 anos estava junto e me machuquei muito, tenho marcas até hoje mas a maior delas é a perda da vida de meu pai.
Rezo por este rapaz e o causador disto tem que pagar com sua prisão.
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Andrade Prado. Concordaria com vc se o atroplelador fosse uma pessoa normal, que nao estivesse embriagado, que nao estivesse fazendo zigue-zague nos cones etc. Dirigiu embriagado meu filho, estah pondo tudo e todos em risco. Ciclista, pedestre, etc
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Puts passei na ricardo jafet qdo os policiais estavam lah com o safado so canalha. Naum entendi mto bem na hora o que estava rolando, imaginei q alguem pulou no rio ou coisa parecida. Se soubesse teria dado uma boa xingada: ae safado, vai pra cadeia disgraçado!!!! Mesmo sabendo que infelizmente vai ficar alguns dias/ horas na cadeia.
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Independente ou não de o ciclista estar na mão certa, não existe justificativa para fugir de um crime cara.
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Com um braço dentro do seu carro, por 7km.
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Rodolfo,
Ele trabalha com escalada e pelo que li, gostava do que fazia… trabalhar nesse emprego acredito que não será mais possível!
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Nossa amputar o dedo mindinho e um braço inteiro realmente é uma EXELENTE comparação parabéns !
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Pessoal do Vá de Bike, há alguma petição solicitando que a ciclovia da Paulista seja fixa? O que podemos fazer a respeito?
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Por enquanto não, Luana. Vamos acompanhar o desenrolar dos fatos. Tornar permanente a faixa como estã talvez não seja a melhor solução, em termos de viário.
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