A bicicleta de David Santos, destruída após o atropelamento em que perdeu o braço, chega ao 78º DP, nos Jardins. Foto: Daniel Guth

Atropelamento na Av. Paulista choca pela frieza do crime

Saiba como ocorreu o atropelamento do ciclista David. O motorista Alex Siwek fugiu levando seu braço no carro, para jogá-lo em um rio.

A bicicleta de Davi Santos Souza, destruída, chega ao 78º DP, nos Jardins. Foto: Daniel Guth
A bicicleta de Davi Santos Souza, destruída, chega ao 78º DP, nos Jardins. Foto: Daniel Guth
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Sim, crime. Não há como chamar de acidente um atropelamento em que o motorista, assumidamente bêbado e acima do limite de velocidade, além fugir sem prestar socorro ainda leva o braço da vítima dentro de seu carro por 7 km para jogá-lo em um córrego, numa atitude fria e inacreditável.

A caminho do trabalho

David Santos de Souza utilizava a Av. Paulista às 5h50 da manhã de um domingo, 10 de março de 2013. Apesar de ser um importante e muito utilizado corredor para deslocamento em bicicleta, a única estrutura ou sinalização que avisa sobre a presença de ciclistas ali informa a todos que eles só devem estar ali a passeio. E a brincadeira, que só acontece no domingo, deveria iniciar uma hora mais tarde.

Limpador de vidros de edifícios utilizando técnicas de rapel, David saiu de Diadema e se deslocava até o local onde trabalharia naquele dia, próximo ao Hospital das Clínicas. A Avenida Paulista era o caminho óbvio: uma reta só, sem subidas, pelas avenidas Jabaquara, Domingos de Morais, Vergueiro, Paulista e Doutor Arnaldo. O mesmo caminho que muitos ciclistas fazem, ainda que parcialmente, todos os dias de manhã. Seu trabalho começaria às 6 horas e saiu de casa de casa por volta das 4, imaginando que seria apenas mais um dia pendurado em uma corda limpando janelas, algo que gostava muito de fazer, pela adrenalina que a aventura em forma de trabalho lhe dava.

O advogado de defesa de Alex Siwec: trabalho difícil justificando o injustificável. Os cabelos vermelhos são da colega Renata Falzoni. Foto: Daniel Guth
O advogado de defesa de Alex Siwek: trabalho difícil justificando o injustificável. Os cabelos vermelhos são da colega Renata Falzoni. Foto: Daniel Guth

Ao passar pela Avenida Paulista, viu os cones da Ciclofaixa de Lazer já instalados e resolveu pedalar pela área segregada, que deveria ser mais segura.

Atropelamento, mutilação e fuga

Outro jovem, Alex Siwek, um estudante de psicologia de 22 anos, vinha em seu carro pela mesma avenida. Segundo testemunhas, fazia zigue-zague nos cones da Ciclofaixa, em alta velocidade. Alex atropela violentamente David, a ponto de destruir sua bicicleta e decepar seu braço direito. Informações de quem acompanhou o caso em frente à delegacia dão conta de que o vidro da frente do carro quebrou, provavelmente pelo impacto com o corpo, e o braço foi parar dentro do carro.

Em vez de parar, verificar se David estava vivo e acionar o socorro, Alex acelera e foge, levando um braço ensanguentado e inerte dentro de seu carro. Tenta se livrar daquilo que até então era parte do corpo do outro rapaz, imprescindível para seu trabalho. Alex dirige até o primeiro rio que lhe veio à mente, o córrego Ipiranga, na Av. Ricardo Jafet, e atira aquele braço para não mais ser encontrado.

O pai de Davi Santos Souza sendo entrevistado na delegacia. Foto: Daniel Guth
O pai de David Santos de Souza sendo entrevistado na delegacia. Foto: Daniel Guth

Consequências

Mais tarde, certamente aconselhado pelo advogado que o acompanhou, Alex decide se apresentar ao 78º DP, na Av. Estados Unidos, nos Jardins, numa tentativa de diminuir  a punição da justiça. Alegando não saber o que aconteceu com o braço de David, aceitou refazer seu trajeto junto com os policiais para “procurar” o braço pela rua, já que havia chance de reimplante. Mas no meio do caminho admite que havia se livrado daquele pedaço do rapaz que sofria no hospital.

“O que esse homem fez hoje com
meu tio não pode ficar impune,
não se joga o braço de um
ser humano em um rio”
– Gleice Silva, via Facebook

O Corpo de Bombeiros procurou pelo braço de David no córrego Ipiranga. O ciclista passou por cirurgia para sutura, já que não seria mais possível reimplantar o braço, situação que revoltou a equipe médica.

Esse é um caso em que a vítima pode contar sua versão, algo que Julie Dias e Márcia Prado, mortas na mesma avenida, não tiveram a chance de fazer, sendo culpadas até hoje por algozes que se fazem de vítimas.

O jovem de 21 anos já sabe que perdeu o membro superior e, segundo sua mãe, “está muito assustado”. David terá que se adaptar à falta de um braço, uma lembrança do encontro com Alex que o acompanhará pelo resto de sua vida. Já Alex, com maior poder aquisitivo e bem instruído por seu advogado, fará tudo o que a lei lhe permitir para tentar reduzir ao máximo as consequências do que fez.

O atropelador está detido por não ter prestado socorro e por tentativa de assassinato, ao menos por enquanto. Uma manifestação foi realizada no local do crime, na tarde do domingo.

Infraestrutura

Ciclistas continuarão utilizando a Avenida Paulista, um importante eixo de ligação da cidade, com topografia favorável. É preciso realizar uma intervenção emergencial na avenida, esclarecendo aos motoristas que ciclistas circulam por ali e possuem esse direito, acompanhada de fiscalização firme, enquanto infraestrutura adequada e alterações no viário são implementadas. A histórica omissão do poder público não pode continuar.

É para que casos como esse não aconteçam que ciclistas realizam manifestações que expõem sua vulnerabilidade, como a tão criticada Pedalada Pelada.

Leia tudo que já publicamos sobre o caso aqui no Vá de Bike

103 comentários em “Atropelamento na Av. Paulista choca pela frieza do crime

  1. Mais um caso de atropelamento de ciclista, em Recife.

    http://www.band.uol.com.br/brasilurgente/?id=14317421#area_conteudo

    Precisamos começar a ter leis muito mais rígidas para todos, para que as pessoas comecem a respeitar e se ser respeitados. Reparem no vídeo o numero de pedestres passando o semáfaro com verde para os carros.

    20 segundos aguardando o verde é o que pode fazer a diferença de estar vivo, e não vai ser por conta de 20 segundos que chegará mais rápido no seu destino.

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    1. Leonardo,

      Vi este vídeo e realmente é chocante. Estive no Recife por duas vezes, lá, pior que aqui em são paulo, os semáforos não são calculados de forma que beneficie o pedestre. Cheguei a esperar quase 10 minutos (sem exageros) um farol fechar para poder atravessar uma avenida e quando ele fechou, durou no máximo uns 20 segundos para poder atravessar. Isso acontece em muitos faróis da cidade. O pedestre nunca tem vez. No vídeo, nota-se que muitos pedestres atravessa com o farol verde, porque? Deveriam estar ali esperando há muito tempo. Além do mais, a motorista veio em alta velocidade, mesmo tendo percebido que os veículos da direita reduziram e havia uma faixa de pedestre. A culpa aí é da prefeitura que prepara os faróis direcionados a fluidez do trânsito e da motorista que veio em alta velocidade sem perceber o que estava ocorrendo.

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  2. um recado para a vitima que perdeu o braço pode ter certeza que Deus vai coprar dele ,a biblia fala que o homem plantar ele vai colher ,eu queria que o rapaz seria meu filho eu ia mandar cortar o braço dele,ou colocar fogo mas uma coisa eu te digo eu vou encontrar contigo na rua, ai voce vai ver a cobra fumar desgraçado

    gangue da ppnnmmpp

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  3. Eu imagenaria se fosse o filho do papaizinho acontessece isso com ele ia buscar os seus direitos ,como está a familia do rapaz o filho sem braço e desgraçado solto ,será delegado que o sr vai liberar ele ,ele tem pelo omenos pedir uma indenização de 100 mil reais

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  4. O CRIME QUE ESSE TAL DESSE ALEX SIWEK COMETEU FOI TERRÍVEL, BARBARO E SUJO,ESSE SUJEITINHO REALMENTE NÃO VALE UM CENTAVO FURADO E TEM QUE APODRECER NA CADEIA, E ESSE RAPAZ QUE FOI A VÍTIMA TEM QUE RECEBER INDENIZAÇÃO E APOSENTADORIA DO ESTADO.
    JÁ PARARAM PARA PENSAR QUE O RAPAZ PERDEU O BRAÇO DIREITO, E AGORA ? ALÉM DE NÃO CONSEGUIR EMPREGO NA ÁREA QUE ATUA AINDA VAI TER QUE APRENDER A ESCREVER COM O BRAÇO ESQUERDO.
    ESSE CRIME NÃO PODE FICAR IMPUNE !!!!!!

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    1. O Estado não tem nada que indenizar ninguém não! Quem tem que indenizar é esse moleque idiota que o atropelou. Outra coisa: Esse moleque que perdeu um braço tbm não é nenhum coitado não! Com a idade que tem já pode prever o risco em andar de bicicleta num trânsito assassino como o de São Paulo. Se perdeu o braço, vive-se sem ele. Ninguém morre por isso. Estuda e arranja outro emprego que não necessite tanto do braço. Esse povo tá acostumado com moleza.

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      1. Puts…. que pensamento é esse.

        Quer diser que o rapas andando no seu lugar de direito é atropelado por uma pessoa fazendo gracinha no meio da noite e a culpa é dele, por ele estar de bike.

        Bom, se o problema for o risco do transito, vamos todos ficar trancados em casa, porque acidentes fatais ocorrem todos dias, seja entre carro e bicicleta, carro e carro entre outros, se não sairmos pra rua ninguem corre risco

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  5. Ia comprar umas bicicletas para mim e minha esposa, mas o mar não tá peixe não, é cerol, assalto, atropelamento por carro , ônibus, caminhão, País sem lei e educação! Alpinismo é mais seguro!

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  6. Gostaria muito de ouvir a vítima deste crime, seus sentimentos, sua versão. Não entendo como ainda não colocaram o video do ocorrido na internet…

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  7. Veja a íntegra da declaração da médica Rachel Baptista, da equipe do Hospital das Clínicas:

    “Quero manifestar a minha indignação quanto a atitude desse monstro que atropelou o ciclista na avenida paulista e que inviabilizou a chance desse menino de 21anos de tentar recuperar o braço. A nossa equipe: Dr Guilherme Barreiro, Dra Rachel Baptista, Dr Kiril Kasai, Dr Daniel dos Anjos sente muito por essa desgraça. Estávamos prontos para tentar o reimplante e infelizmente a policia juntamente com os bombeiros não conseguiram encontrar o braço no rio. O tempo de tentativa já se foi e nos restou somente a opção de limpar e suturar a ferida. O paciente esta estável e foi terminada a cirurgia.

    Sou totalmente a favor da lei seca e de tolerância zero. Não há como ter brechas permitindo pessoas totalmente irresponsáveis dirigirem nestas condições. Tem que haver justiça neste pais.

    Sinto muito, mas chegamos ao nosso limite. Sinto pela família e pelo paciente.

    Espero que vcs divulguem e busquem mobilizar o governo para ter uma atitude incisiva na aplicação das leis e na punição dos responsáveis”

    Amigos, vamos assinar: http://naofoiacidente.org/blog/assine-a-peticao/

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  8. Como todos aqui, estou chocada com esse crime. Mas acredito que, além de ficar chocados, devemos ajudar. Como não sou advogada e sei que a família é bem humilde, gostaria de saber como posso ajudá-los, se precisam de alguma orientação, dinheiro, cesta-básica, acompanhamento psicológico, qualquer coisa. Não quero ficar de mãos abanando e só criticando a nossa justiça.

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  9. O cara nem parou o carro pra poder alegar “medo da reação”, depois mentiu que bebeu “só” 4 cervejas (a comanda mostra pelo menos 3 doses de vodka), jogou fora o braço, mentiu pra polícia levando-a a refazer o trajeto do carro. O que mais precisa pra ele ter a pior punição possível? Se entregar é atenuante? Só se for pra atenuar sua angústia, pois é insustentável viver sendo foragido mesmo que por alguns dias.
    E o pai deste animal, já pensou em prestar alguma assistência pra vítima, em limpar a cagada do filho? Tem uma movimentação pra adquirir um braço mecânico pro garoto. Ele que se antecipe e pague este braço. Por enquanto, ele só dá indícios de que é tal pai, tal filho.
    Espero sinceramente que esse Alex seja tratado como o lixo que é quando ganhar a liberdade, o que deve ocorrer em breve, porque ele tem bons antecedentes. Bons antecedentes deveria ser o que a pessoa fez quando se deparou com uma situação limite, e não o que ele não fez quando não teve que agir. Assim, qualquer um é santo.

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  10. Esse Alex devia, além de pegar uma boa condenação, pagar – e manter – uma protese, e das melhores, para o Davi, além das punições cabiveis no processo normal.

    O Davi não deve perder a vida por vários erros de um playboy, mas sim o playboy pagar com a dele e com o trabalho pelo que fez.

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  11. Tâo triste quanto esse acontecimento brutal é ler os comentários de alguns “cidadãos” nos diversos sites que noticiaram o atropelamento.

    Muita gente que diz que lugar de bicicleta não é na rua. Pessoas ignorantes que sequer sabem o que dispõe o Código Brasileiro de Trânsito porque muitos deles certamente compraram suas habilitações ou pagaram para alguém fazer a prova.

    Muito triste porque pessoas que pensam assim, para mim, são potenciais futuros atropeladores.

    Minha grande paixão desde criança é a bicicleta, mas confesso que diante de tanta selvageria que vem sendo noticiada e desses comentários infelizes que brotam na internet, para minha grande paixão tem restado algumas voltinhas tímidas e o gancho do bicicletário do meu condomínio.

    Justiça para o Davi!!!! Que o monstro do Alex pague caro
    pela sua irresponsabilidade.

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  12. Juntos mesmo distantes, é exatamente isso. E como o Vinícius disse, a questão vai mais fundo do que só a bicicleta, ela abrange nossa relação enquanto seres humanos.

    Situações como a do Davi despertam em nós sentimentos difíceis e contraditórios, mas o que fica no final é a sensação de que, a cada momento, mais do que nunca, devemos continuar firmes no que acreditamos.

    Entrar em contato com as pessoas aqui é renovar forças.

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  13. Ontem foi difícil levar o dia adiante depois de saber do atropelamento. Impossível não me imaginar na mesma situação do Davi, ainda mais quando lembro de um fato recente em que um carro, na sua ânsia de entrar numa faixa em que não cabia, me espreme contra o meio fio e quebra o retrovisor no meu braço (!). E, claro, eu é que tive que tentar entender o que estava acontecendo, porque o cara simplesmente seguiu adiante, com retrovisor quebrado.

    Ontem à noite, dominada por medo e pessimismo, confesso que pela primeira vez desde que comecei a pedalar, há três anos, senti vontade de desistir. Dá medo imaginar que por causa de uma escolha nossa, por causa de algo em que acreditamos, podemos – dá para acreditar? – perder um braço. Vale a pena? É a pergunta que ficou na minha cabeça…

    Hoje estou tentando resgatar a confiança na bicicleta, e ver sites como este e comentários como alguns acima me dão força. Já fui muito bem tratada no trânsito por diversos motoristas de carro, pedestres, motociclistas e motoristas de ônibus, e é a isso que estou tentando me agarrar, a essa fagulha de humanidade. Da bicicleta eu não largo!

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    1. O meu sentimento de desistência não foi nem pelo fato de me imaginar no lugar da vítima, mas pela luta.
      Eu quando pedalo, quando faço minha atividade no Bike Anjo, quando falo sobre as vantagens da bicicleta, estou lutando por melhores condições não apenas para ciclistas. Estou querendo uma cidade melhor, onde quem precisar usar o carro também possa fazê-lo sem pegar esses congestionamentos monstros que temos.
      Esse caso me fez pensar: “É por essa gente que eu luto tanto?”
      Me veio a sensação de que já era, que não tem mais solução.

      Mas com mais calma domingo a tarde eu lembrei que a luta é válida sim. Que eu acredito muito na minha cidade e que a bicicleta é um ponto fundamental nessa transformação.
      Ao Davi, desejar toda a sorte do mundo daqui pra frente.
      Ao criminoso, esperar que pague como deve e sirva de exemplo para quem assume o risco de matar.
      Ao poder público, a esperança de que esse episódio desencadeie medidas efetivas de proteção ao mais fraco no trânsito. Infelizmente, as leis só são lembradas em casos de tragédias, vide o que aconteceu na balada em Santa Maria.

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    2. Mary,

      Você não está sozinha nessas rusgas com a humanidade e com a esperança. Mas veja o depoimento do Vinícius: isso é muito bacana!

      Um abraço e estamos juntos mesmo distantes,
      Laudari

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  14. Ando de bicicleta há dois anos em São Paulo. Já tenho mais de 10 mil km marcados no odômetro. O que sinto é muita raiva, muito ódio e sensação de impotência. Esta notícia acabou com o meu dia. Vivemos em uma cidade violenta, selvagem, agressiva. Toda vez que vejo uma propaganda de carro fico revoltado, onde vamos parar? Estive 39 dias em Cuba, andei mais de 1400 km e não levei uma fina. Os caminhões praticamente param atrás da bicicleta esperando espaço para ultrapassar. E olha que lá não existe ciclovia, sinalização, pintura de faixa, nada disso. O que existe simplesmente é o respeito. Eu tenho orgulho desse país que teve a coragem de parar com a produção de carro e ainda recebe críticas por isso. Lá sim existe um verdadeiro compartilhamento. Vi nas ruas pedestre, moto, mobilete, carro, cavalo, carroça, bicitáxi e muita, muita bicicleta. Cuba é o país mais preservado do mundo segundo a Unesco e lá a bicicleta é vista como veículo de fato. Há multas para bicicleta, não se pode andar na contramão e nem na calçado e todo mundo zela por isso. Eu proponho a o Willian e ao Vá de bike que façam uma matéria sobre as bicicletas em Cuba. Só temos a ganhar.

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  15. Amigos,

    Fico muito emocionado ao ver tantas pessoas dispostas a fazer o certo. Honestidade, amor à vida, ética e respeito ao próximo. Nesse momento, sinto vontade de conhecer muitos de vocês que enxergam a verdade nos mesmos valores que eu.

    E, assim, permitem que eu ainda acredite no ser humano. Obrigado de coração.

    Laudari

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